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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, começa a se perguntar se os maiores adversários da PEC da Segurança Pública estão realmente fora ou dentro do governo Lula. Não bastasse a resistência dos governadores ao projeto, Lewandowski enfrenta a falta de apoio, para não dizer a sabotagem, do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
No entorno do ministro da Justiça, o que se diz é que Costa mais tem atrapalhado do que ajudado nas negociações com o Congresso para a tramitação da PEC.
O projeto ficou parado na Casa Civil por mais de dois meses até ser levado ao presidente Lula. Lewandowski também não digeriu o “by-pass” que levou de Rui Costa. No último mês de novembro, o chefe da Casa Civil organizou uma reunião com governadores para tratar do assunto a latere do ministro da Justiça.
Ressalte-se que Costa não agiu sozinho na tarefa de esvaziar politicamente a PEC da Segurança. Durante todo o tempo de discussão do projeto contou também com a cumplicidade do então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, agora remanejado para a Pasta da Saúde.
Nos últimos meses, Padilha chegou a ser cobrado por parlamentares da base aliada, como Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo no Congresso, e Áureo Ribeiro, líder do Solidariedade na Câmara, a se empenhar mais pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional. Nada aconteceu.
Noves fora a economia, mais precisamente o impacto dos juros e da inflação no bolso do brasileiro, segurança pública é hoje a questão mais sensível para a população. Certamente terá um peso grande nas eleições de 2026. Não é por acaso que, desde já, tantos prefeitos, como Eduardo Paes e Ricardo Nunes, estejam batendo tanto na questão, ainda que a área de segurança seja de competência dos governadores.
A PEC da Segurança Pública está longe de ser uma obra-prima, mas Ricardo Lewandowski tem em suas mãos uma proposta palpável, em uma área em que normalmente governos federais falam muito e fazem pouco. Talvez já esteja passando da hora do próprio Lula entrar em campo e dar um respaldo ainda maior às tratativas políticas conduzidas por Lewandowski. Ocorre que na outra ponta do cabo de guerra está o “primeiro-ministro” Rui Costa, que já demonstrou inúmeras vezes ter o poder de decidir o que anda e o que empaca na gestão Lula.
De toda a forma, Lewandowski não é um ministro qualquer. Lula lhe deve muito. Ainda no STF, foi, ao lado do então titular da Pasta da Justiça, Flavio Dino, um dos principais fiadores do governo no 8 de janeiro.
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