“Operação Oban” na versão Paulo Skaf

  • 4/04/2016
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 A premissa inverídica é que os empresários associados à Fiesp e pulverizados em meio às festas bacantes pró-impeachment são facilmente manipuláveis e não têm qualquer controle sobre o caixa da entidade. O raciocínio é inspirado na dinheirama que o presidente Paulo Skaf raspou da Federação para financiar sua campanha fracassada a governador de São Paulo sem consultar os empresários mantenedores, que responderam à malversação com abulia e sonolência. Diga-se de passagem, a base aliada de Skaf é o empresariado mais conservador que já passou pelo latifúndio da Fiesp nesses anos todos.  A premissa verídica é que os industriais sabem da gastança na campanha a favor do impeachment e vão cobrar caro do eventual ministro Paulo Skaf, em um provável governo Michel Temer. Já estaria acertada a Pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, contrapartida explícita do dispendioso apoio ao projeto de impedimento da presidente Dilma Rousseff. O combinado não sai caro. As faixas de plástico, a iluminação do prédio da Av. Paulista, os bonecos inflados, os folhetos e anúncios e mais anúncios têm na sua raiz ideologia de alta octanagem. O ódio a Lula, em primeiro lugar, e a Dilma sempre foi muito maior do que a bronca objetiva com os desacertos de ambos. Mas, nesse caso, o útil estaria de mãos dadas com o agradável. Skaf negociou com Temer, com quem toca de ouvido, que o Ministério será de fato da entidade.  Esse “Ministério da Fiesp” foi vendido para as bases como a moeda de troca do apoio financeiro à deposição da presidente – gana por tirá-la todos sempre tiveram. As políticas do setor real da economia seriam primeiramente discutidas nos departamentos de estudos da entidade e depois subiriam para aprovação do baronato da indústria e sua Câmara dos Lordes. Após a obediência a essa hierarquia, desceriam, então, ao Ministério do Desenvolvimento para seguir a tramitação de praxe.  Paulo Skaf acha que essa simbiose entre a entidade e o Ministério vai destravar o setor, permitindo-lhe um suporte único e condições de competitividade eleitoral futura excepcionais. Skaf acredita piamente que esse “Ministério Fiesp” poderá empurrá-lo para a Presidência da República – por mais despropositada que a ideia possa parecer. Aliás, não é de hoje que ele só pensa nisso. Se João Doria se eleger prefeito de São Paulo, o apoio do animador de auditório será automático. Doria será o puxador da campanha presidencial do presidente da Fiesp. E aí há abrigo para os Eduardo Cunha, Romero Jucá, Michel Temer etc. Como diria o ministro Luís Roberto Barroso, do STF: “Meu Deus!”

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