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Nestlé precisa ter mais cuidado com o que vende

  • 7/07/2021
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A ideia de que a Nestlé é uma empresa padrão ESG é pura farinha láctea, ao menos do ponto de vista do respeito ao consumidor. A fabricante suíça tem sido alvo de uma sucessão de denúncias que colocam em xeque o controle de qualidade e a propaganda de seus produtos – práticas nocivas que não encontram eco no “S” de social. O caso mais recente veio à tona na semana passada: o Procon-SP vai abrir investigação contra a Nestlé por publicidade enganosa em três marcas de biscoito e um cereal matinal da linha Nesfit.

Segundo denúncia do Observatório de Publicidade e Alimentos (OPA) do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), os produtos dessa linha têm mel no nome, há imagem de mel na embalagem de todos eles, mas nenhum deles contém o ingrediente em sua composição. Procurado, o Procon-SP confirmou que “o processo da Nestlé está em análise”. Ainda segundo o órgão de defesa do consumidor, “a empresa responderá a um processo administrativo. Ao final, poderá ser multada”. O valor da punição, segundo o Procon-SP, “depende da gravidade da infração, da vantagem auferida e da condição econômica do fornecedor”. No que depender deste último critério, uma eventual sanção não deve ser pequena: a Nestlé fatura por ano mais de R$ 15 bilhões no Brasil.

A multinacional, ressalte-se, já está na mira do próprio IDEC, por um caso ainda mais delicado. Segundo o Instituto informou ao RR, estudo recente da entidade detectou a presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados da Nestlé e de outras sete empresas. Mais uma vez, o cereal matinal Nesfit aparece na lista. Ou seja: a julgar pelo trabalho do IDEC, quando não é vítima de propaganda enganosa, o comprador do produto está fadado a ingerir pesticida. A Nestlé tem feito um enorme esforço para se consolidar como uma corporação ESG.

Em outubro do ano passado, anunciou o plantio de um milhão de árvores no Brasil, mais precisamente na Mata Atlântica. Mas não basta plantar árvores; é preciso também ter cuidado com a saúde do consumidor. A empresa divulgou ainda investimentos em tecnologias de geomonitoramento e rastreabilidade para garantir que as matérias-primas utilizadas na fabricação de seus alimentos sejam de origem ambiental e socialmente responsável. No entanto, ainda há uma distância entre a teoria e a prática. A própria Nestlé reconheceu em documento interno, vazado no último mês de maio ao Financial Times, que 60% de seus produtos não atendem aos critérios de alimentos saudáveis.

No mesmo material, a empresa admite ainda que algumas das suas categorias de bebidas e alimentos “nunca serão saudáveis, por mais que sejam renovadas”. O RR enviou uma série de perguntas à assessoria da Nestlé, por e-mail, mas a empresa não se pronunciou. Propaganda enganosa e falta de transparência certamente não fazem parte das melhores práticas sociocorporativas. No Brasil, a Nestlé carrega um rosário de acusações. Em outubro do ano passado, foi multada pelo Procon-SP em R$ 10 milhões por descumprir regras de rotulagem estabelecidas pela Anvisa na embalagem do cereal matinal Crunch.

Em setembro de 2018, a 5a Turma do TRF-1 condenou a companhia a pagar uma multa de R$ 500 mil aplicada pela Secretaria de Direito Econômico (SDE). A punição se deu após a Nestlé alterar os nutrientes de sua farinha láctea sem informar aos consumidores. A prática da Nestlé de ocultar ingredientes utilizados já gerou casos graves. Em março de 2016, a companhia chegou a ser condenada pelo TJ-SP a pagar R$ 90 mil de indenização a uma família paulista por não discriminar na embalagem a presença de leite na composição de dois de seus biscoitos.

O caso se deu depois que uma criança teve uma forte reação alérgica ao ingerir os alimentos sem que os pais soubessem da presença de matéria-prima de origem láctea. A menina sofre de hemossiderose pulmonar, quando sangue dos vasos capilares extravasa para o interior dos pulmões em decorrência da ingestão de proteínas do leite de vaca. Dessa forma, o ESG da Nestlé vai derreter feito uma barra de Kit Kat exposta ao sol.

#ESG #Nestlé

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