CEEE é uma bijuteria pendurada no pescoço da Eletrobras

  • 16/07/2013
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Onde terminam os critérios técnicos e começam os escambos políticos na definição da estratégia de negócios da Eletrobras? A companhia está diante de uma rara situação em que esta resposta poderá ser dada de forma explícita. Tudo depende do rumo que tomar a sua relação societária com a CEEE. O governador Tarso Genro tem movido mundos e fundos em Brasília para evitar que a estatal venda sua fatia de 33% na distribuidora gaúcha. Se fosse uma empresa privada, o assunto nem sequer estaria em discussão. A própria direção da Eletrobras não vê o menor sentido na manutenção deste cordão umbilical com os pampas, principalmente diante do aperto orçamentário da companhia. A negociação das ações é um movimento vital dentro do enorme esforço que a empresa tem feito para compensar parte das perdas sofridas com a adesão compulsória ao programa de renovação das concessões de transmissão e geração. Estima-se que a profundidade do buraco contábil possa chegar a R$ 20 bilhões, por conta da depreciação das usinas e das linhas transmissoras. Não por outro motivo, o grupo Eletrobras tem feito cortes em todas as subsidiárias e avalia até mesmo medidas mais drásticas, como um enxugamento do quadro de pessoal. Tarso Genro, que não tem nada a ver com os problemas da Eletrobras, tenta resolver a sua maneira, ainda que a  custa do combalido caixa da empresa. Alega que a CEEE não pode prescindir em hipótese alguma da presença da holding federal. Garante que o plano de investimentos da concessionária gaúcha, que prevê o desembolso de R$ 1,7 bilhão no triênio 2012-2014, ficará seriamente comprometido sem os recursos da Eletrobras. Mesmo porque o mais provável é que os 30% pertencentes a  estatal acabem despejados no mercado de capitais por meio de uma oferta pública, e não transferidos a um sócio estratégico que ajudasse a capitalizar a CEEE. Difícil imaginar que um investidor aceite comprar um terço da distribuidora sem qualquer garantia de assento na diretoria e ingerência sobre as decisões estratégicas. Ainda mais se tratando de uma empresa que figura no ranking dos 20 maiores prejuízos entre as companhias abertas brasileiras em 2012, com perdas superiores a R$ 300 milhões. Tarso Genro tem razão. E a Eletrobras também.

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