Cosan e Sumitomo ensaiam dueto na distribuição de gás

  • 10/04/2013
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Rubens Ometto sabe comprar. E, tanto quanto ou talvez até mais, sabe também vender. A Cosan está envolvida em uma operação que, a um só tempo, poderá dar origem a uma grande parceria no mercado de gás natural e, de quebra, gerar um expressivo lucro ao grupo sucroalcooleiro. A empresa negocia com a Sumitomo a transferência de uma parcela minoritária da sua fatia na Comgás. Este movimento, ressalte-se, é parte de uma operação maior, que envolve ainda a Shell, também sócia de Ometto na Raízen. A trading japonesa pretende comprar em um só pacote 20% do capital da distribuidora paulista. Segundo executivos que acompanham a negociação, a Shell deverá vender seus 8% e deixar definitivamente a empresa paulista. O restante viria da Cosan. É justamente neste ponto que reside a grande tacada de Ometto. Além da oportunidade de se associar a  Sumitomo, o empresário poderá realizar um lucro para ninguém botar defeito. Em maio do ano passado, ao comprar a Comgás, Rubens Ometto pagou o equivalente a R$ 47,25 por ação. Agora, de acordo com as mesmas fontes, o preço de venda poderá chegar a até R$ 60 – cifra que embute um ágio de quase 20% sobre a cotação de mercado, uma vez que os japoneses entrarão no bloco de controle da concessionária paulista. Significa dizer que, em menos de um ano, a Cosan vai ganhar quase 30% sobre o valor desembolsado. Mais do que isso: com a chegada da Sumitomo, passará a ter ao lado um parceiro com muito mais apetite do que a Shell para investir no setor de distribuição de gás no Brasil. A iminente parceria com a Cosan representa uma brusca mudança na estratégia da Sumitomo no mercado brasileiro de gás. Durante muito tempo, aos olhos dos japoneses, a expansão de seus negócios no Brasil se resumiu a um só nome: Petrobras. Com as dificuldades de caixa da estatal e sua necessidade de peneirar os projetos realmente estratégicos, a trading nipônica se viu sozinha no mundo. Até olhar para a empresa de Rubens Ometto. A Sumitomo enxerga a entrada no capital da companhia paulista e a parceria com a Comgás uma antessala para a posterior compra de ações da própria Petrobras em outras distribuidoras de gás.

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