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Petrobras pilota um bonde sem freio no mercado de etanol

  • 6/05/2011
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Os críticos da excessiva participação do Estado em setores-chave da economia vão ter mais um prato cheio para destilar seu fel. Após arrochar a fiscalização sobre o mercado de etanol por meio da ANP, o governo pretende estimular o apetite da Petrobras no segmento, por meio da compra de participações em grupos usineiros. A intenção é usar a influência societária da estatal para balizar os preços do álcool e impedir oscilações bruscas das cotações. A Petrobras Biocombustíveis, que já é sócia da São Martinho e da francesa Tereos na Açúcar Guarani, está mapeando novas possibilidades de aquisição no setor. Esse clone de private equity movido a álcool seguiria o mesmo modelo de participações minoritárias, de, no máximo, 30%. Um dos nomes cotados na estatal é o da paranaense Santa Terezinha, maior produtora da Região Sul, com capacidade de moagem de aproximadamente 18 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Seria apenas um aquecimento. Dentro da estatal, o movimento visto como fundamental para o aumento da influência do governo no mercado de etanol seria a compra de uma fatia em uma empresa do porte da Copersucar, uma das três maiores produtoras de álcool do país. A associação com a Copersucar é vista na Petrobras Biocombustíveis como uma operação complexa. A empresa é uma cabeça com 48 sentenças diferentes, número de usinas que formam a cooperativa. A venda de parte do capital dependeria de um novo formato societário e da anuência da maioria dos associados. Para o governo, vale o esforço em nome do poder de ingerência sobre a política de preços no setor. Ao montar um cinturão de participações envolvendo a São Martinho, a Açúcar Guarani e, eventualmente, a Santa Terezinha e a Copersucar, a Petrobras terá ingerência sobre a moagem de mais de 160 milhões de toneladas de cana, o equivalente a quase 30% da capacidade total da indústria brasileira. No que diz respeito ao refino de etanol, juntos os quatro grupos respondem por 28% da produção brasileira, o equivalente a 7,3 bilhões de litros por safra. Ao mesmo tempo em que o Estado pretende ampliar sua interferência sobre a política de preços do setor, a investida da Petrobras Biocombustíveis teria ainda um efeito colateral: impedir o avanço do capital estrangeiro no setor, alvo de preocupação tanto do governo quanto dos próprios usineiros. Estudo recente da ašnica aponta que, pelo andar da carruagem, até 2015, grupos internacionais deverão controlar até 40% da produção de álcool no país.

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