Crise da Petrobras respinga nas relações entre Brasil e Japão

  • 21/11/2014
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As denúncias contra a Petrobras começam a criar um efeito-dominó sobre os próprios investimentos da estatal. Um dos mais importantes projetos da companhia corre o risco de ir para a geladeira por força das circunstâncias. O que está em jogo é a criação de um grande hub logístico para suporte a todas as operações da empresa no présal. A Petrobras vinha mantendo conversações com alguns dos maiores grupos empresariais do Japão, como Mitsui, Kawasaki e Mitsubishi, que ficariam encarregados da implementação do projeto. O assunto, inclusive, chegou a ser abordado no encontro entre Dilma Rousseff e o primeiroministro japonês, Shinzo Abe, em Brasília, no último mês de agosto. No entanto, do lado da Petrobras as tratativas foram abruptamente interrompidas, gerando um mal-estar diplomático entre os dois países. Shinzo Abe fez chegar ao governo brasileiro seu descontentamento com a suspensão das negociações sem qualquer sinalização prévia. Pelo jeito, os japoneses vão ter de esperar um pouco mais. Não obstante sua importância para a Petrobras, os fatos empurraram o investimento lá para trás na fila de prioridades da estatal. O projeto consiste na implantação de uma complexa e sofisticada rede de atendimento a plataformas offshore, por meio do uso integrado de helicópteros, embarcações de Floating Production Storage and Offloading (FPSO), navios-sonda e barcos de alta velocidade, todos interligados dentro do chamado Logistics Hub Concept. A operação envolve não apenas a atividade convencional de supply, mas toda a estrutura de segurança nas instalações da estatal na costa brasileira, notadamente na Bacia de Campos. O novo sistema permitiria a  Petrobras uma economia anual de algumas centenas de milhões de dólares. Mitsui, Kawasaki, Mitsubishi têm notória expertise no assunto. O trio engloba um grupo de dez grandes conglomerados japoneses – reunidos sob a égide da J-DeEP Technology & Engineering Research Associaton – que prestam serviços a grandes petroleiras internacionais dentro do conceito de Logistics Hub. Por ora, ao que parece, a Petrobras não vai figurar nessa lista.

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