Copagaz abre uma fresta em seu absolutismo societário

  • 30/05/2014
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“Qual será o futuro da Copagaz?” O empresário Ueze Zahran, decano do mercado brasileiro de GLP, já perdeu as contas de quantas vezes ouviu esta pergunta, e, sobretudo, de quantas vezes escapou da resposta com um lacônico e nada amistoso “Não vendo!”. Agora, no entanto, a menos de dois meses de completar 90 anos de idade, Zahran parece disposto a desdizer a si próprio. a€ luz do dia, segue negando a transferência da empresa; mas, quando a noite cai, costura com fundos de investimento a venda de até 25% da Copagaz. Pessoas próximas ao empresário enxergam na operação uma antessala para a posterior negociação do controle da distribuidora de GLP. E por que um fundo de private equity? Olhando para o curto prazo, seria uma maneira de Zahran capitalizar a companhia sem abrir mão do controle, que ainda hoje ele exerce com punhos de titânio. E, no limite, se for para vender a Copagaz em um segundo movimento, há quem aposte que Zahran prefere fazer negócio com um fundo de investimento a vê-la no botijão de um de seus concorrentes. Para a insatisfação tanto de seus oponentes quanto dos mais de 30 herdeiros da família Zahran. Oficialmente, a Copagaz mantém o discurso de sempre e garante que não há qualquer negociação com fundos de investimento. O recado está dado. O que não dá para negar é que a empresa, dona de um faturamento anual de R$ 1,5 bilhão, vive uma curiosa dicotomia. Faz tempo que a companhia abdicou da ambição de brigar no andar de cima do mercado de GLP. Há anos, seu market share está parado na casa dos 8%, numa enorme distância para o quarteto fantástico do setor: Ultragaz, Liquigás, Supergasbras e Nacional Gás, que dividem praticamente 80% das vendas de GLP no país. A rentabilidade da Copagaz patina nos 4%, índice baixo para a média do segmento. Diferentemente de seus concorrentes, que centraram sua operação em determinadas regiões, a empresa se espalhou pelo país. Com isso, perdeu foco, aumentou os custos operacionais e não conseguiu transformar escala em aumento da rentabilidade. Ainda assim, mesmo com tantos senões, a Copagaz é disparadamente o ativo mais cobiçado do mercado, por razões absolutamente óbvias. A aquisição da empresa por um dos líderes do setor significaria a liderança folgada do ranking do GLP. Quem conhece Ueze Zahran – personagem de ideias fixas e frases de efeito, como “Sou ocupado demais para morrer” – sabe que ele vai resistir ao máximo a dar esse gostinho a um de seus competidores.

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