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Economia
O RR ouviu suas fontes e ninguém entendeu muito bem as conclusões do Relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central. A estimativa para a inflação mensurada pelo IPCA subiu de 5,98% para 6,01%. Mas subiu por quê? Por que subiu? Ora, a mediana da taxa Selic projetada para 2023 caiu dos 12,75% para 12,50%? Uma Selic em queda pressupõe um IPCA no mínimo contido e um dólar no mínimo estável. Pois bem, o câmbio está abaixo do resiliente R$ 5, para ser mais preciso em R$ 4,93. O Focus, contudo, mantém sua projeção inalterada do câmbio em R$ 5,24 no ano de 2023. É isso mesmo. Apesar do fluxo cambial extremamente positivo e da promessa de ingresso de um bocado de dinheiro resultante da política externa do governo. Também não há mais a desculpa de que inexiste um arcabouço fiscal.
A estimativa para o PIB de 2023 é ainda mais nebulosa: a projeção caiu ligeiramente para 0,90%. Mas caiu por quê? Por que caiu? Qual é o motivo para um PIB mais modesto? A expectativa é que os índices de incerteza estejam mais baixos nas próximas medições. Há uma montanha de dinheiro já reservada para investimentos, em diversos programas sociais, como Minha Casa Minha Vida. São recursos previstos na PEC da Transição, que impactam positivamente o Produto Interno. Há ainda a garantia de aumento dos financiamentos do BNDES. Está prevista um caminhão de concessões. Virá dinheiro de fora. Onde está o vetor da queda do PIB? Será que o impeditivo é o Congresso Nacional? E o fator de manutenção do câmbio nas alturas? Por que diacho o dólar vai se manter caprichosamente alto?
A impressão é que o termômetro do Focus está se depreciando cada vez mais. O modelo de medianas com base em informações normalmente inalteradas, e quando alteradas, inexplicáveis, apontam para expectativas pouco racionais. Provavelmente fundamentadas em outros critérios, menos sinceros do que os números conseguem revelar.
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