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Há uma bola quicando à frente do Palácio do Planalto que só não será chutada por muita falta de entrosamento do time. O quarteto formado pelo marqueteiro João Santana, George Hilton, ministro dos Esportes, Edinho Silva, ministro da Secom, e Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil e centroavante parado da equipe, discute a hipótese de o governo encampar a candidatura de Zico à presidência da Fifa. Além da chancela oficial, o Galinho teria amplo suporte da estrutura de Estado, tanto interna quanto, principalmente, no exterior. A diplomacia brasileira entraria em campo para auxiliar no contato com autoridades e federações internacionais. O marqueteiro João Santana também colaboraria com a campanha de Zico. Em termos de comunicação, o desafio seria mobilizar a sociedade em torno da ideia de que a eleição do ex-jogador ao comando da Fifa seria uma vitória do povo brasileiro. Como nada é de graça e de boas intenções o governo não é tão pródigo assim, o que se pretende de fato é inflar a imagem de um herói nacional, um dos raros quindins do povo brasileiro, elevá-lo ao posto maior do futebol, e, depois, fazer o take over da conquista. Com a aprovação ao seu governo prestes a cair para a terceira divisão, Dilma Rousseff teria uma oportunidade sem paralelo de se associar a um personagem clean, de reputação impoluta e, sobretudo, de grande apelo popular. Ao mesmo o tempo, o país poderia reconquistar seu prestígio na diplomacia da bola e ter um protagonista na burocracia internacional que fosse motivo de orgulho guardadas as devidas proporções, algo que não ocorre desde a morte do embaixador Sergio Vieira de Mello. Na avaliação do Planalto, Dilma sairia vitoriosa independentemente do resultado das eleições na Fifa. Até porque, pensando-se friamente, esta é uma partida em que as chances do Brasil são bem diminutas. Todas as evidências indicam que o Galinho sofrerá a terceira derrota no confronto direto com Platini – somando-se o duelo pela artilharia no Campeonato Italiano de 1985 e a disputa nas quartas de final da Copa de 1986. Zico é praticamente um neófito na geopolítica do futebol. Com quantos presidentes de federações já se reuniu? De quantos encontros com integrantes do comitê executivo da Fifa já participou? Provavelmente, só agora ele esteja se inteirando de como essa engrenagem funciona. Platini, por sua vez, conhece muito bem os atalhos desse campo. O francês é uma espécie de João Havelange ou Joseph Blatter que jogou bola. Desde que assumiu a presidência da Uefa, abriu espaço para países de menor expressão no cenário do futebol e aumentou o número de participantes na Eurocopa. Sabedor de que é disso que o eleitor gosta, já acenou ser favorável a uma Copa do Mundo com 40 seleções, em vez das atuais 32. Como se vê, também tem PMDB em Genebra.
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