O que está acontecendo com a Unimed-Rio?

  • 17/10/2014
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Um grupo de redes hospitalares entrou com uma queixa formal contra a Unimed-Rio na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A razão são os repetidos atrasos da operadora de planos de saúde no pagamento de exames e outros procedimentos médicos, que, em alguns casos, já chegam a cinco meses. O que mais irrita os conveniados da Unimed, de acordo com uma das fontes ouvidas pelo RR, são as estratégias, artimanhas e despistes usados pela empresa para descumprir os acordos. Segundo relatos, a operadora chegou a marcar quase uma dezena de reuniões para tratar do assunto, todas canceladas de véspera. Nas palavras do executivo de uma rede hospitalar, “coisa de gente pouco séria”. A expectativa dos hospitais é que a ANS dê uma solução para o caso, seja intermediando as negociações para a quitação dos atrasados, seja, no limite, com a intervenção na Unimed-Rio. Procurada, a companhia afirma não ter recebido “qualquer notificação da ANS sobre o tema”.A própria agência reguladora informou que “até o momento não há nenhuma notificação protocolada”. No caso da ANS, entende-se o excesso de zelo diante de um assunto tão delicado. A fonte do RR, no entanto, garante que o pedido foi formalizado na segunda semana de setembro e assinado por cinco grupos hospitalares. A inadimplência não afeta apenas as unidades de saúde. A Unimed-Rio estaria deixando de honrar compromissos com toda a sua família corporativa, de clientes a médicos – embora, oficialmente, afirme que os pagamentos aos profissionais credenciados estão em dia. No último ano, a Unimed encerrou o histórico convênio com o Labs D ‘Or. Segundo o RR apurou, as relações com outro parceiro de longa data, o CDPI, também estão abaladas. A operadora está postergando o pagamento de exames a  rede de medicina diagnóstica. Procurado, o CDPI confirma que há atrasos. Por sua vez, a Unimed afirma que a relação com a empresa “segue normal”, mas “há negociações frequentes com prestadores, o que pode gerar descompasso nas previsões de recebimento”. A expressão mais fiel dessa desordem é o número de reclamações de usuários do plano. A Unimed-Rio está em terceiro lugar no ranking nacional de queixas a  ANS, com um índice de reclamações acima da média das operadoras de mesmo porte. Cada um dos braços regionais do Sistema Unimed é uma empresa independente. No entanto, no imaginário da rede credenciada, a vinculação com outras “Unimed”, notadamente a Paulistana, é inevitável. A empresa está sob regime de fiscalização especial da ANS há cinco anos. Alguns cooperativados tiveram de desembolsar até R$ 70 mil para cobrir prejuízos da operadora. O próprio modelo organizacional da Unimed ajuda a criar esta situação sui generis. a€ medida que os atrasos avançam, o cooperativado se torna não apenas sócio, mas também credor da empresa. É justamente com este duplo chapéu que os médicos têm pressionado a diretoria comandada por Celso Barros a normalizar os pagamentos. Questionada sobre as cobranças dos cooperativados, a Unimed disse que “entende como natural a diversidade de opiniões sobre as decisões de gestão”. O embate, ressalte-se, pega Barros em um momento político pouco confortável. Em fevereiro, pela primeira vez desde que assumiu a presidência da Unimed- Rio, em 1998, o híbrido de pediatra e empresário teve um adversário nas urnas. O médico Claudio Salles alcançou 40% dos votos. Se a eleição fosse hoje…

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