Itochu paga o café e a conta da Montesanto Tavares

  • 17/07/2015
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A Itochu cansou de ser figurante no mercado brasileiro de café. Há dois anos, a portentosa trading nipônica pisou em solo brasileiro com a criação da comercializadora de café verde Cafebras, em associação com a Montesanto Tavares. O negócio, longe de ser o ponto final, é a partida em uma operação muito maior, que envolve a compra da sócia mineira. Ichiro Nakamura, CEO da Itochu Brasil e América Latina, negocia diretamente com Ricardo Tavares um acordo. As primeiras conversas começaram no fim de junho e têm fluído bem. Oficialmente, a Montesanto Tavares nega as negociações. Está feito o registro. Mas cabe lembrar que vender não é exatamente um problema para o dono da empresa. Ricardo fez isso com a Café Três Corações – negociada em meados dos anos 90 para a israelense Strauss – e com a Sucos Mais, controlada pela Coca- Cola desde 2005. Com a compra do grupo, a Itochu terá uma base de operações no Brasil que inclui as várias pontas do setor cafeeiro – plantio, reflorestamento, comercialização, armazenagem e transporte, em um modelo mais próximo do que a companhia asiática faz em outros mercados no mundo, como América do Norte e àsia. A Montesanto Tavares é considerada um dos melhores ativos de capital nacional para a Itochu. Fatura em torno de R$ 800 milhões, vende 1,5 milhão de sacas e tem apresentado lucro nos últimos anos superior a 10% da receita. A aquisição dará também à  Itochu, porteira fechada, uma estrutura de comercialização de alcance internacional. Além do QG em Minas Gerais, a Montesanto dispõe de uma sede em Miami, com ramificações em diversos outros mercados, notadamente na América Latina. A sociedade na Cafebras serviu como uma antessala para que os japoneses conhecessem a fundo o setor no país, que está entre os líderes mundiais na exportação do grão. De quebra, ainda insere o grupo nipônico no processo de consolidação do setor, cada vez mais dominado por estrangeiros. Além da Strauss, que comprou a Café Três Corações, estão entre as líderes no processamento de café a holandesa Master Blenders e a japonesa Marubeni, dona da Café Iguaçu.

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