Nos pampas, Gatsby se escreve com “G” de Grendene

  • 27/02/2015
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Se Scott Fitzgerald tivesse nascido em Porto Alegre, o Gatsby seria um nouveau riche, com modos toscos e o hábito de usar camisas rosa e azul bebê espalhafatosas. O Gatsby dos pampas seria a mais perfeita tradução de Alexandre Grendene, o mais novo bilionário brasileiro a ser incluso na lista da Forbes e Midas da indústria calçadista tupiniquim. Se, no passado, Alexandre e a sua sandália melissinha, emoldurada pelo rosto redondo da Xuxa, mais parecia uma imagem reflexa de Humberto Saade e suas calças índigo blue Dijon, vestidas bem atarracadas pela angulosa modelo Luiza Brunet, qualquer comparação agora é fora de propósito. O conglomerado Grendene, com suas participações cruzadas com a Vulcabras, pertencente ao seu irmão gêmeo, Pedro, é vaca leiteira de divinas tetas da raça Nelore Grendene, criada exclusivamente por este último mano. Aliás, Pedro é o que se pode chamar de o oposto de Alexandre, discreto na medida em que biliardários conseguem ser: vive malocado no seu Citation Sovereign, mora em um prédio no Jardim Paulista, onde é vizinho de Hortência, a rainha do basquete, e prefere Saint-Tropez a  Punta. O augusto nome de Pedro somente saiu da risca quando sua esposa, Tânia Bulhões, foi investigada pela Polícia Federal por subfaturamento de bens importados vendidos pelas suas lojas de luxo. Mau momento em que a PF realizava uma batida em sua propriedade, onde recolheu R$ 1,5 milhão em cheques e R$ 630 mil em espécie. Ainda bem que, nesta nefanda hora, Tânia e Pedro estavam bem longe, almoçando na Riviera francesa. É bem verdade que os ventos empresariais não sopram boas novas para os dois irmãos. O planejamento feito no final de 2014 incluiu o cancelamento de novas contratações e cortes duros nos gastos da Grendene. Futuras demissões são comentadas no chão de fábrica, prática que Alexandre tira de letra (já demitiu milhares e milhares). Mas nada que seja capaz de alterar muito a bagatela de R$ 450 milhões que o empresário tira líquido por ano. É essa dinheirama que lhe permite almejar um novo voo, entre a benemerência e o empreendedorismo. Alexandre Grendene quer assumir a controvertida Arena Grêmio, entregue praticamente de mãos beijadas pela combalida OAS ao clube de Baltazar, Renato Gaúcho e Hugo de León. Gremista inveterado, Alexandre só possui uma paixão maior do que a pelo tricolor gaúcho: a sua cadelinha Kate, alva como a neve de Aspen. Um amor tão grande, tão grande, e desfrutado também por sua senhora, a belíssima Nora Teixeira, a quem foi dado um papel bem mais importante na construção do império do que Alexandre teima em não enxergar, com olhos somente voltados as suas compreensíveis futilidades. Ele e “Norinha” comemoraram com o luxo de um verdadeiro Gatsby o aniversário de 10 anos da mimosa Kate próximo do Carnaval, em sua mansarda de Punta del Este. Já foi um upgrade em relação ao aniversário anterior, celebrado em um hotel em Miami, quando Kate tomou algumas gotas de um vinho com preço em torno de US$ 900 em um pratinho de prata. Mas olhando o futuro é tudo pequeneza. Punta já ficou minúsculo. Quem sabe na próxima festa, Kate corra sozinha, livre e exuberante pelo gramado verde da Arena Grêmio, ao grito uníssono da torcida do Gre-Nal: “Parabéns, au, au! Parabéns, au, au!”

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