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Venda da Kraft Heinz entra no radar de Lemann e seus sócios

13/03/2023
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O escândalo da Americanas pode levar a uma rearrumação na prateleira mais alta dos negócios de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Entre os cenários traçados pelo trio a partir da grave crise financeira da rede varejista está a venda da participação na Kraft Heinz – segundo informações apuradas pelo RR junto a duas fontes próximas à 3G Capital. A operação ajudaria a reduzir o impacto que a inexorável capitalização da Americanas terá no bolso de Lemann, Telles e Sicupira. O caminho mais provável, de acordo com as mesmas fontes consultadas pelo RR, seria uma negociação em bloco das ações da gigante global da área de alimentos, o que permitiria aos três investidores capturar um prêmio sobre o preço da ação em bolsa. A 3G detém 7,9% do capital da Kraft Heinz. Com base no valor de mercado da companhia, trata-se de algo equivalente a US$ 3,7 bilhões ou o correspondente a R$ 19 bilhões, quase duas vezes o aumento de capital de R$ 10 bilhões que os acionistas de referência da Americanas negociam com os credores. Em tempo: ao que tudo indica, o mercado ainda não acusou a possibilidade de venda da Kraft Heinz, dada a acomodação dos preços do papel. Desde meados de janeiro, a cotação tem oscilado em um intervalo pequeno, entre US$ 38 e US$ 41. 

A fraude contábil na Americanas, ao que tudo indica, já começou a mexer no mosaico de ativos de Lemann, Sicupira e Telles. No início de março, a 3G Capital negociou em bolsa cerca de 2,2 milhões da Restaurant Brands International, dona do Burger King, amealhando US$ 143 milhões. Difícil dissociar a venda da Kraft da crise na rede varejista e da necessidade de um aporte emergencial na companhia. A negociação de ambas as empresas seria o desmonte da dobradinha entre hambúrguer e ketchup, que, ao lado da cerveja, leia-se AmBev, formou a tríade de alimentos nada saudáveis que fez de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles os mais transnacionais entre todos os empresários brasileiros.  

Sob certo aspecto, talvez a hecatombe da Americanas esteja apenas precipitando decisões e acelerando passos que já vinham sendo dados, ainda que em uma cadência mais lenta. Em novembro de 2021, a 3G vendeu em mercado 30,6 milhões de ações da Kraft Heinz. Poucos meses depois, em maio de 2022, aumentou a dose, repassando a outros investidores mais 88 milhões de ações. Sua participação, que chegou a ser de 24%, caiu para os atuais 7,9%. Ou seja: a inapetência de Lemann, Sicupira e Telles pela companhia não vem de hoje. Não custa lembrar que, a exemplo da Americanas, a Kraft também carrega a mácula de uma fraude contábil. Em 2021, a empresa fechou um acordo com a SEC e pagou uma multa de US$ 62 milhões para encerrar uma investigação sobre a assinatura de contratos falsos com fornecedores.  

O fato é que a fusão entre as antigas Kraft e Heinz não surtiu as sinergias e ganhos na proporção idealizada por seus acionistas. Que o diga Warren Buffett, sócio do trio na empresa. Há pouco mais de um mês, Charles Munger, vice-presidente do Conselho da Berkshire Hathaway, fundo de Buffett, e um dos principais vocalizadores do megainvestidor, disse que “a parceria da empresa com a 3G Capital para a formação da Kraft Heinz não funcionou bem”. E 2019, o próprio Buffett afirmou que “pagou caro demais pela Kraft”. Talvez a Americanas seja apenas o acelerador de um desmanche mais do que anunciado. Ou o trio Lemann, Sicupira e Telles esteja mesmo fazendo uma inflexão com o objetivo de partir para outros negócios. 

#Beto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Kraft Heinz #Lojas Americanas #Marcel Telles

Investidores não engolem derrota na Kraft Heinz

8/06/2022
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A “rebelião do ketchup” está apenas começando. Segundo uma das fontes que se sente lesada, um grupo de acionistas da Kraft Heinz contratou dois grandes escritórios de advocacia norte-americanos para tentar reaver parte das perdas sofridas com o mico da década. Os investidores reclamam de má gestão por parte de Bernardo Hess e Alexandre Behring, respectivamente ex-CEO e ex-chairman da companhia.

Não é difícil imaginar que algo saiu da rota com uma perda pela empresa de mais de US$ 60 bilhões em valor de mercado. Hess e Behring carregavam ainda outro chapéu: eram gestores dos fundos da 3G Capital – de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – responsáveis pelos investimentos na Kraft Heinz. Ou seja: são responsáveis em dose dupla pelo fracasso da companhia, talvez o maior vexame da vitoriosa trajetória de Lemann. No fim das contas, a 3G repassou a maior parte do prejuízo para os acionistas: há cerca de duas semanas, transferiu metade da sua participação direta – cerca de 88 milhões de ações, ou US$ 3,5 bilhões – aos investidores.

Hess e Behring não têm do que reclamar. Ganharam sucessivos fees como administradores dos fundos da 3G. Isso inclui o fundo V. Criado em 2016, o veículo de investimento captou US$ 10 bilhões para o deal da Unilever, que acabou não ocorrendo. O fundo só viria a comprar uma empresa – a fabricante de persianas Hunter Douglas – em 2021. Nesse intervalo de cinco anos, Hess e Behring ganharam fees supermilionários pela gestão dos recursos.

A eventual ação dos investidores na Securities and Exchange Commission (SEC) contra atuais e ex-gestores da Kraft Heinz já vai encontrar a companhia em uma posição de fragilidade no órgão regulador norte-americano. No ano passado, a SEC moveu um processo contra a empresa sob a acusação de má conduta contábil entre o último trimestre de 2015 e o fim de 2018. Segundo a SEC, a Kraft Heinz tinha como prática o reconhecimento de descontos não ganhos de fornecedores e a manutenção de contratos de fornecedores falsos e enganosos. A empresa teve de pagar uma indenização de US$ 62 milhões para encerrar a ação. E Jorge Paulo Lemann, como ficou nisso? Entrou mudo, saiu calado e com menos dinheiro no bolso.

#Beto Sicupira #Jorge Paulo Lemann #Kraft Heinz #Unilever

A última gota de ketchup

30/05/2022
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O processo dos minoritários da Kraft Heinz contra 16 executivos e conselheiros da 3G Capital está acelerando uma decisão que, na realidade, já está tomada há algum tempo: Jorge Paulo Lemann vai vender sua participação na companhia.

#Jorge Paulo Lemann #Kraft Heinz

Caso Kraft Heinz pode contaminar a 3G Capital

22/02/2019
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A notícia da investigação da SEC sobre políticas contábeis suspeitas na Kraft Heinz, publicada ontem à noite no site norte-americano CNBC, traz uma miríade de questões que podem alterar a imagem olímpica do mítico trio de investidores Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – reunidos na empresa de private equity 3G Capital. O inquérito foi divulgado depois de uma entrevista atípica dada há três dias, ao Financial Times, pelo CEO da Kraft Heinz, Bernardo Hees. O executivo traça uma estratégia de um otimismo incomum. Saberia Hees do que estava por vir? Nesta semana circulou também a notícia de que Marcel Telles pediu para sair do board da Kraft Heinz. Os fatos estão relacionados? Warren Buffett, parceiro fiel de Lemann, deixou o Conselho da empresa no ano passado sem maiores explicações. Há conexão entre a saída de Buffett e o problema identificado pela SEC – as investigações podem vir de longe? A trama contábil pode se estender à Anheuser-Busch? Desde o episódio da compra do títulos da dívida russa que levou à quebra do Banco Garantia, o trio de sócios-amigos nunca sofreu um revés tão grande. Para Lemann o incidente é um machucado maior. Interfere no seu legado. A Eleva Educação, criada pelo empresário, está assentada em um discurso ético rigoroso. É um projeto lindo. O RR torce para que tudo seja esclarecido e não haja contaminação.

#3G Capital #Jorge Paulo Lemann #Kraft Heinz #SEC

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