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Política
Janja vai acumulando “cargos” no governo Lula
19/12/2024O mercado – como disse o RR (https://relatorioreservado.com.br/noticias/mercado-ja-precificou-um-futuro-sem-o-governo-lula/) – não teve o menor prurido em precificar os riscos à saúde de Lula, vide a queda do dólar e dos juros futuros nos dias de UTI. No entanto, o que talvez os agentes financeiros ainda não tenham aquilatado é a apreciação do “fator Janja”. A primeira-dama, que já atuava como chefe informal da Secom, “assumiu” também funções da Secretária Geral da Presidência ou algo equivalente. Janja tem participado ativamente de uma série de decisões de ordem política e administrativa. Sua rotina passou a incluir despachos com ministros e assessores palacianos. Para quem priva da rotina do Planalto, sua ascensão dentro do governo já estava mais do que anunciada. No entanto, a internação de Lula não apenas precipitou como potencializou responsabilidades que possivelmente seriam incorporadas por Janja de forma gradual, diferidas ao longo do tempo. Desde a semana passada, é a primeira-dama quem filtra os assuntos que circulam entre ministros e o presidente.
Aqueles que acompanharam in loco a internação de Lula no Sírio Libanês puderam testemunhar ocasiões em que a ascendência de Janja se pronunciou. Todo o trabalho de divulgação das informações clínicas do petista passou por ela, assim como a aprovação dos conteúdos veículos nos canais oficiais da Presidência nas redes. A primeira-dama também defendeu que Lula deveria conceder um depoimento à imprensa ainda no hospital. Dito e feito. O presidente irrompeu “de surpresa” durante a coletiva de imprensa da equipe médica. Janja participou também dos preparativos para a entrevista exclusiva que Lula concedeu no próprio domingo ao Fantástico, da Rede Globo, além de ter prestado seu depoimento ao programa. Por sinal, a exposição na mídia é um bom termômetro da sua influência no governo. Desde o início do terceiro mandato de Lula, portanto em 1 de janeiro de 2023, Janja soma 23.101 menções nos 80 veículos jornalísticos de maior audiência e alcance no Brasil – segundo pesquisa feita pelo RR com o uso de ferramenta da Knewin, maior empresa de monitoramento das mídias da América Latina. Ou seja: a primeira-dama tem uma 0.
Destaque
CBF e clubes partem ao ataque contra proibição de publicidade das bets
19/12/2024Há uma bola dividida entre o governo e dirigentes dos grandes clubes brasileiros, além da própria CBF. Segundo o RR apurou, os “cartolas” se movimentam nos bastidores do Congresso para dinamitar o projeto de lei 3.563/24, do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que propõe pesadas restrições à publicidade das empresas de bets, com apoio do Palácio do Planalto e da Fazenda. A operação de lobby é capitaneada pelo próprio presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que conta com uma linha de frente no Senado, formada, entre outros, por Jacques Wagner (PT-BA), Eduardo Gomes (PL-TO) e Chico Rodrigues (PSB-RR), seus principais interlocutores na Casa.
O projeto de lei de Randolfe Rodrigues transforma as apostas esportivas no “novo cigarro”, ao praticamente banir a propaganda da modalidade – assim como foi feito com os produtos fumígenos em 1996. O texto prevê a proibição da “veiculação de anúncios em rádio, televisão, jornais, revistas, outdoors, internet, redes sociais e quaisquer outros meios de comunicação” e da “realização de patrocínios a eventos esportivos…, bem como a clubes, entidades, empresas…”. Esse é o ponto que faz os dirigentes calçarem chuteiras com travas altas e afiadas contra o governo. A proibição à publicidade das bets será um tiro na jugular dos clubes, quase todos com as finanças encalacradas – juntos, os chamados 12 grandes somam um passivo superior a R$ 10 bilhões.
Os sites de apostas são hoje o grande financiador do futebol brasileiro, seja sob a forma de patrocínio direto aos clubes, seja com a compra de naming rights das principais competições do país. Neste ano, os clubes da Série A vão receber das casas de apostas R$ 550,7 milhões, contabilizando-se apenas os patrocínios máster. É mais do que o dobro do valor desembolsado em 2023 (R$ 209 milhões) – conforme informou o colunista Lauro Jardim, de O Globo, no último domingo. Os quatro maiores contratos – Flamengo, Corinthians, Vasco e São Paulo – somam R$ 329 milhões, pagos, respectivamente, por PixBet, Esportes da Sorte, Betfair e Superbet.
O circuit breaker na publicidade dos sites de apostas atingiria em cheio também os cofres da abastada CBF. Estima-se que a Betano pague mais de R$ 150 milhões por ano pelos naming rights do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil.
Empresa
Brasil entra na linha de cortes da Vale Metais Básicos
19/12/2024O fim de ano não tem sido exatamente de festa para os funcionários da Vale, ao menos na área de não-ferrosos. Gestores da subsidiária Vale Metais Básicos chegam para trabalhar todos os dias com o temor de que seja o último. Na empresa, corre a informação de que a “reorganização gerencial” iniciada no Canadá, sede da divisão de metais básicos, está prestes a chegar ao Brasil. Por “reorganização gerencial”, leia-se a eliminação de níveis hierárquicos e demissões em níveis sêniores da gestão que já afeta o escritório da companhia em Toronto – conforme informou a Bloomberg no último dia 5 de dezembro. É o cartão de visitas do sul-africano Shaun Usmar, que assumiu o cargo de CEO global da Vale Metais Básicos em 1º de outubro. Procurada pelo RR, a Vale não se manifestou.
Empresa
Privatização da Cemig vira um blefe no escuro
19/12/2024Quanto mais o governador Romeu Zema fala na privatização da Cemig, menos o mercado acredita que o negócio vai sair – ao menos não nos dois anos que lhe restam de mandato. O novo modelo apresentado por Zema para a desestatização da empresa mais confundiu do que animou os investidores.
Usando a Eletrobras como inspiração, o governo mineiro quer transformar a Cemig em uma public company, sem controle definido, com o estado mantendo 17% do capital. Até aí, tudo bem.
Mas, na semana passada, Zema mencionou a possibilidade de transferência da participação remanescente do estado para a União, no âmbito da renegociação da dívida de Minas Gerais. A hipótese de ter o governo federal como sócio – ainda mais este governo federal – causa urticária nos players do setor elétrico. A própria Eletrobras que o diga. No mercado, já há, inclusive, quem enxergue que tudo não passa de um blefe de Zema. Ciente de que dificilmente a Assembleia Legislativa aprovará a privatização da Cemig, o governador estaria jogando para a galera. E, ao mesmo tempo, valorizando o ativo para o caso de uma eventual transferência integral do controle da companhia para a União em troca do perdão de um pedacinho da dívida mineira.