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Economia
Dois singelos e didáticos exemplos de como a burocracia – ou seja lá o nome que se queira dar à enfermidade – congestiona as vias respiratórias do Brasil. A rinite em questão está atacando o comércio internacional. Nas duas pontas. O RR apurou que o governo do Uruguai levou ao Itamaraty e ao Ministério da Agricultura uma reclamação formal em relação ao trabalho de controle sanitário dos produtos agropecuários exportados para o Brasil.
A informação é que caminhões vindos do país vizinho, carregados, notadamente, de grãos e carnes, têm ficado até uma semana parados nos postos aduaneiros à espera da fiscalização e liberação das guias de importação. O mais curioso é que Brasil e Uruguai mantêm um acordo de cooperação em área de fronteira, assinado em outubro de 2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro. O assunto já está na mesa do ministro Carlos Fávaro, à espera da sua “inspeção”.
Do lado da exportação, quem tem sofrido de “burocratite” é a indústria madeireira. Centenas de contêineres com madeiras de diferentes tipos estão armazenados nos portos do Pará e de Manaus. E de lá não saem. O motivo é a demora na concessão das licenças de exportação (LPCO) pelo Ibama.
A greve dos servidores do Instituto acentuou o problema, como de resto em muitas outras áreas – estima-se que a paralisação já tenha causado cerca de R$ 80 bilhões em perdas para o país. No entanto, o gargalo na liberação das licenças antecede o movimento grevista, iniciado em 24 de junho. Não são poucos os carregamentos de madeira no Pará e em Manaus que aguardam pelo do documento há até oito semanas.
Enquanto isso, as empresas que extraíram ou compraram matéria-prima certificada para exportação têm sido obrigadas a pagar sobretaxa diária pela permanência da carga nos terminais. Ao menos nos casos acima, as travas da burocracia são coerentes: atrapalham igualmente as importações e as exportações brasileiras.
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