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Acervo RR
A JBS Friboi inaugurou o modelo do desenvolvimento insustentável corporativo, o DIC. Trata-se de um sistema holístico peculiar, a partir do qual a empresa tem conseguido alimentar a insatisfação de fornecedores, clientes e trabalhadores. O descontentamento destas categorias é assunto bastante batido no noticiário. Basta verificar o Google. Agora, um novo agrupamento anti-JBS começa a ganhar corpo e se destacar pela combatividade contra os procedimentos da companhia: os acionistas minoritários. Entre os sócios do frigorífico, há um crescente número de consultas e reclamações junto a CVM por conta das práticas de governança adotadas pela família Batista. A visão que o mercado tem hoje da JBS é a de uma companhia com baixíssima taxa de disclosure, reduzida transparência das informações operacionais e contábeis e marcada por relações incestuosas com as demais empresas da família. O RR consultou três grandes corretoras de valores que simplesmente deixaram de negociar ações da JBS por considerar que o frigorífico não atende aos requisitos mínimos de governança corporativa estipulados como parâmetro para suas operações em Bolsa. Procurada pelo RR, a JBS não se pronunciou até o fechamento desta edição. A conflituosa relação entre a JBS e o mercado de capitais começou ainda no ventre, antes mesmo do IPO. Na página 55 do prospecto de lançamento de ações, divulgado em 27 de março de 2007, a empresa afirmou que não mais recolhia o Funrural. Na ocasião, chegou a entrar com um mandado de segurança contra a taxação. No entanto, no mesmo período, a JBS teria cobrado indevidamente dos pecuaristas a cifra referente ao tributo – o valor do imposto, que, a época, incidia sobre o produtor rural, deveria ser depositado pelo frigorífico e o custo, posteriormente repassado ao fornecedor. Desde então, a antipatia dos minoritários em relação a empresa só fez crescer, a medida que procedimentos pouco ortodoxos da JBS foram se revelando. Um dos motivos de estresse são as nebulosas relações entre o frigorífico e os demais negócios da família, notadamente a atividade pecuária. Os próprios Batista são fornecedores de gado para a companhia. Os minoritários reclamam de falta de transparência em relação aos valores e a s condições dos contratos firmados entre a empresa e seus controladores. No ano passado, um importante fundo de private equity teria solicitado que a JBS soltasse um comunicado com mais detalhes sobre estas operações. Ficou a ver navios. Entre os acionistas, cresce também a percepção de que a JBS aumentou a capacidade de algumas de suas plantas com o deliberado intuito de criar um truque de prestidigitação e iludir investidores e bancos credores. Um caso emblemático é o das duas unidades de abate da empresa em Campo Grande (MS), uma delas herdada com a compra da Bertin. Com os projetos de expansão, ambas passaram a ter capacidade para o abate de 6,5 mil cabeças de gado por dia. Nem que a família comprasse todo o rebanho do estado e ainda pagasse a passagem de avião para que bois de São Paulo, Paraná e adjacências viajassem para Mato Grosso do Sul, seria possível atingir esta marca. As tenebrosas histórias da JBS dariam para escrever um livrotexto sobre desgovernança corporativa. As informações são facilmente acessíveis
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