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Brasil recebe novos investimentos e se torna o hub da BYD na América Latina

  • 26/09/2024
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A BYD vai aumentar seus investimentos no Brasil. O que se diz em petit comité no setor é que a cifra poderá chegar aos R$ 7 bilhões, ou seja, um acréscimo de aproximadamente 25% em relação ao montante anunciado em março – R$ 5,5 bilhões. A maior parte dos recursos segue reservada para a construção da fábrica de veículos elétricos de Camaçari (BA), com inauguração prevista para o início de 2025. Mas não é só.

O RR apurou que a ampliação dos investimentos contempla a diversificação dos negócios da BYD no Brasil, inclusive com a verticalização de parte da produção. Um dos projetos em análise é a fabricação de componentes automotivos, visando não apenas o autossuprimento, mas também a venda a terceiros. Tudo a seu tempo.

O martelo deverá ser batido em 2025 ou mesmo no começo de 2026, quando a fábrica de Camaçari já estará a pleno vapor – a primeira etapa prevê a produção de 150 mil veículos/ano. Os asiáticos vislumbram a oportunidade de pegar carona no crescente mercado de veículos elétricos e híbridos no Brasil e na América Latina como um todo. A fabricação de autopeças já é um dos principais verticals de negócios do grupo. Na China, a BYD fornece baterias, entre outros insumos, para concorrentes.

Em junho, por exemplo, fechou um contrato de venda de células de bateria para a megafábrica da Tesla, de Elon Musk, em Xangai. Em contato com o RR, a BYD informou que “está analisando todas as oportunidades e opções para a fabricação dos veículos no Brasil. A companhia confirma que “com a produção em Camaçari, certamente teremos a fabricação de diversos componentes no país” e que “a venda de componentes para outras empresas poderá ser estudada no futuro”.

Guardadas as devidas proporções, aos poucos o Brasil está se tornando uma espécie de segunda China para a BYD. Por “segunda China”, entenda-se um lócus estratégico do ponto de vista geoeconômico e que, por esta razão, tem concentrado um volume cada vez maior de investimentos. Uma combinação de fatores tem empurrado os chineses na direção do Brasil. A começar pelas barreiras erguidas contra a BYD mercados-chave.

Nos Estados Unidos há uma pressão por um novo aumento do imposto de importação para veículos elétricos chineses. Em maio, o governo Biden aumentou a alíquota de 25% para 100%. Se Donald Trump ganhar as eleições, é praticamente líquido e certo que o pedágio será ainda mais alto. Até porque a BYD já anunciou a instalação de uma fábrica no México.

Na indústria automobilística norte-americana, o receio é que a empresa se aproveite dos acordos comerciais no âmbito do Nafta para e use sua operação mexicana como cabeça de ponte para acessar o mercado dos Estados Unidos driblando as tarifas alfandegárias. Na Europa, o cenário também é desafiador, para se dizer o mínimo.

Em julho, a União Europeia aumentou os impostos para a importação de veículos elétricos chineses – em alguns casos, a alíquota quintuplicou. No primeiro mês de vigência das novas regras, as vendas da BYD para os países da UE caíram praticamente à metade. Ou seja: até prova em contrário, o Brasil desponta como um porto seguro para o grupo asiático.

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