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Acervo RR
Para os acionistas da Brasil Foods, o Cade é um mero detalhe. Antes mesmo do órgão antitruste se pronunciar sobre a fusão entre a Sadia e a Perdigão, os acionistas da nova companhia deram a partida em uma reestruturação societária. Sobre a mesa o projeto de um aumento de capital na empresa. A cifra oscila entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. Além do aporte per si, que alavancará a musculatura financeira da Brasil Foods, a operação serviria a dois propósitos: atender ao desejo da Previ de aumentar sua participação, hoje em torno de 13%, e abrir uma porta para a entrada do BNDES no capital da companhia. O banco teria uma fatia pequena, dificilmente superior a 5%, uma vez que não há muita margem de manobra entre os acionistas que integram o bloco de controle. Estes sócios a frente Previ e Petros detêm apenas 31% das ações. O restante está pulverizado em Bolsa. Ou seja: a participação final do BNDES e dos próprios fundos de pensão dependerá excessivamente da proporção dos minoritários que atenderem a chamada de capital. Procurada pelo RR – Negócios & Finanças, a Brasil Foods preferiu não se pronunciar. As articulações para o redesenho do capital da Brasil Foods começaram há cerca de três meses, não por coincidência no mesmo período em que os fundos de pensão acertaram a renovação do acordo de acionistas que venceria apenas em abril de 2011. As fundações estenderam o acordo por prazo indeterminado, para todos os efeitos com o objetivo de “dar estabilidade societária e administrativa” para a fusão entre Sadia e Perdigão. Na verdade, ampliaram ainda mais seu poder de mando na Brasil Foods mesmo tendo uma participação que não chega a um terço das ações, já com o objetivo de preparar o terreno para o aumento de capital. As conversas entre Previ, Petros e BNDES têm como ponto central resgatar um dos princípios que nortearam a fusão entre Perdigão e Sadia: criar uma companhia consolidadora de ativos na indústria de alimentos não apenas no Brasil, mas também no exterior. A percepção dos fundos de pensão é que este projeto não irá adiante sem um novo aporte de capital e, sobretudo, a presença do BNDES. Mesmo com uma participação societária pequena, o banco seria o grande avalista da criação de um colar de empresas no setor de alimentos. Além do projeto de construir fábricas no Oriente Médio e na africa, a Brasil Foods avalia possibilidades de aquisição, principalmente na Europa e nos Estados Unidos. O plano de expansão envolve principalmente o abate de aves, a área de laticínios e a compra de marcas de alimentos industrializados.
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