Tag: Evo Morales

Uma caçada bilateral em meio às eleições brasileiras

6/10/2022
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Um assunto razoavelmente delicado no âmbito da diplomacia sul-americana ganha corpo em meio às eleições brasileiras. A gestão do presidente boliviano Luiz Arce não esperou pelo segundo turno: tem mantido tratativas tanto com o Itamaraty quanto com assessores de Lula para a área de política ex-terna, buscando apoio do governo brasileiro – seja quem for a partir de 2023 – na caçada ao ex-ministro da Defesa Luis Fernando López. Investigações recentes dos órgãos da Inteligência boliviana indicam que López estaria vivendo no Mato Grosso do Sul sob identidade falsa.

De acordo com informações das autoridades da Bolívia, ele teria o apoio de agricultores locais para se esconder. Foragido desde 2020, o ex-ministro é acusado em seu país de crimes de terrorismo pelo golpe de Estado que levou à deposição de Evo Morales em 2019. López é suspeito também de ter participado de um esquema de corrupção em compras da Pasta de Defesa. O Ministério Público da Bolívia pede a sua extradição e a sua condenação por até 20 anos.

O tema tem uma natural imbricação com as eleições no Brasil. Caso López não seja encontrado até janeiro, em tese a eventual volta de Lula ao Poder aumentaria as chances de um maior suporte do governo brasileiro nas operações de busca. Facilitaria também um acordo para a consequente extradição do ex-ministro. Nesse jogo, há uma variável de ordem ideológica. López comandou a Pasta da Defesa durante a gestão da líder de direita boliviana, Jeanine Añez, que assumiu a presidência após a deposição de Evo Morales, notório aliado de Lula.

O atual presidente boliviano, Luiz Arce, também é próximo do petista. Portanto, para quem está ligando este episódio ao rumoroso caso do terrorista italiano Cesare Battisti, há uma diferença. Ao contrário de López, Battisti era um ativista da esquerda – não custa lembrar que, em seu último dia na Presidência, 31 de dezembro de 2010, Lula vetou a extradição do italiano. Exatamente por questões de natureza ideológica, nos meios diplomáticos os bolivianos não escondem a baixa expectativa em relação aos esforços do governo Bolsonaro nas buscas a López. O presidente Jair Bolsonaro era aliado de Jeanine Añez. O Brasil foi um dos raros países latino-americanos a reconhecer a legitimidade do governo de Jeanine, em 2019.

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Brasil na mira do “Foro de São Paulo”

3/08/2021
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Segundo informação que circula no Itamaraty, o governo brasileiro também deverá ser chamado a dar explicações à Comissão Especial criada pelo Parlasul para investigar se países vizinhos cooperaram com o golpe de estado na Bolívia em 2019 – Argentina e Equador já foram convocados. Há denúncias de que empresas brasileiras teriam vendido balas de borracha e gás lacrimogênio a grupos paramilitares bolivianos contrários a Evo Morales. O Parlamento do Mercosul quer apurar se houve algum apoio de autoridades brasileiras a essa iniciativa. O mais provável é que o governo Bolsonaro não dê a mínima para a convocação e ainda explore o caso politicamente, tratando-o como uma provocação dos partidos de esquerda com representação no Parlasul.

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Diplomacia à la Bolsonaro

18/07/2019
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Ontem, em conversa com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e outros integrantes da comitiva presidencial em Santa Fé, na Argentina, Jair Bolsonaro soltou a seguinte ideia: esperar pela eleição boliviana e, “melhor”, pela eventual saída de Evo Morales do poder, para aprovar a entrada do país no Mercosul. Pelo tom com que falou, já, já o balão de ensaio ganha os céus da América.

#Evo Morales #Jair Bolsonaro

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