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O apetite do Mubadala pelo mercado de fast food no Brasil parece não ter limites. No setor, crepita, feito uma chapa quente, a informação de que o fundo árabe está se movimentando para assumir a operação do Subway no país. Trata-se de uma rede com aproximadamente 1,6 mil lojas e faturamento na casa dos R$ 2 bilhões. Quem conhece de perto alguns dos segredos da “cozinha” do Mubadala sopra que a investida sobre o Subway seria parte de um projeto maior dos árabes: a criação de uma nova holding que reuniria todos os seus negócios em fast food no Brasil. Além do Subway, essa empresa guarda-chuva também teria sob seu controle o Burger King, já pertencente ao fundo, e a Starbucks – o Mubadala está em negociações para ficar com todos os ativos da rede de cafeteiras no país.

Essa grande “praça de alimentação” somaria cerca de 2,8 mil restaurantes, aproximadamente R$ 6,5 bilhões de receita líquida e um Ebitda acima dos R$ 700 milhões – a números de 2023. O plano explicaria a fome com que a companhia de investimentos de Abu Dhabi tem comprado ações da Zamp no mercado – já chegou a 58%. Para levar seu projeto adiante, não bastaria “apenas” ser o sócio majoritário da empresa, controladora do Burger King (BK) no Brasil.

Para o Mubadala, o ideal seria buscar uma posição acionária folgada, que lhe permitisse lançar uma oferta para o fechamento de capital da Zamp a um custo menor e assumir integralmente o controle do BK no país, sem ter de dividir a mesa com outros investidores – entre as quais a Restaurant Brands International, de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que mantém 9% da rede no Brasil. O passo seguinte seria a fusão do Burger King com Subway e Starbucks. A “operação trator” do fundo já conseguiu, por exemplo, tirar do caminho a FitPart, dos ex-Garantia Antônio Valle, Eric Hime e Fernando Prado.

A gestora era o principal antagonista do Mubadala e maior empecilho à possível oferta para o fechamento de capital – no fim, os árabes compraram a sua participação de 16%. O RR entrou em contato com o Mubadala e o Subway, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O roteiro do Subway é muito similar ao da Starbucks. Primeiro, a SouthRock, do investidor Keneth Pope, gestora das duas redes no país, entrou em recuperação judicial.

A crise da empresa levou a matriz da Starbucks a romper o contrato e reassumir a operação da bandeira no Brasil. Em um segundo momento, a SouthRock entrou com pedido de recuperação judicial da própria subsidiária do Subway. O grupo norte-americano desfez o acordo e retomou o comando do negócio no país. A matriz decidiu ficar com a administração do Subway no Brasil até encontrar um candidato a incorporar a operação. Ao que tudo indica, já encontrou. O Mubadala, que soma mais de US$ 270 bilhões em ativos, é o parceiro que todo mundo gostaria de ter.

Nem tudo é inapetência no setor de varejo de alimentos no Brasil. Se a Starbucks e a Subway definham no país, o grupo Bloomin´Brands vai abrir dez restaurantes Outback em 2024. A holding aposta também na expansão da marca Aussie Grill – uma espécie de “Outback pocket”. Hoje, são duas lojas. A meta é abrir outras três em 12 meses.

A matriz do Subway está chamando todos os franqueados no Brasil para reavaliar contratos e zerar pendências. Lojas deficitárias serão fechadas. É o tratamento de choque dos norte-americanos para arrumar a casa após retomar a operação brasileira, até então nas mãos da SouthRock – do investidor Kenneth Pope -, que entrou em recuperação judicial. O Subway EUA não quer ficar muito tempo cuidando dessa cozinha. O objetivo é fazer uma gestão de transição para entregar os restaurantes no Brasil a um novo operador. Consultado, o Subway não se manifestou até o fechamento desta matéria.