Tag: França
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Agro
Um solavanco a mais nas relações entre Brasil e França
9/12/2024Publicamente, o Carrefour pagou o pato sozinho. No entanto, por razões similares, outro grupo francês, a Tereos, entrou no índex do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Em 24 de novembro, o CEO global do conglomerado sucroalcooleiro, Olivier Leducq, fez críticas a um possível acordo entre a União Europeia e o Mercosul. Assim como o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, também disse textualmente que produtos importados da América do Sul não cumprem normas ambientais e sociais. Três dias depois, Leducq saiu-se com um clássico “não tive intenção de ofender os agricultores brasileiros”. No Ministério da Agricultura, o recuo não colou. Segundo informações que circulam na Pasta, a Tereos Brasil não fez qualquer gesto de distensionamento junto a Carlos Fávaro. Em tempo: a operação brasileira responde por mais de 60% da receita mundial do conglomerado francês.

Destaque
Rusgas com a França respingam na indicação de Mauro Vieira para embaixada em Paris
2/12/2024Lula conseguiu criar um segundo problema diplomático dentro do problema diplomático com a França. Segundo o RR apurou, o presidente da República já havia decidido nomear o atual chanceler Mauro Vieira como futuro embaixador do Brasil em Paris. De acordo com a mesma fonte, sua saída da chefia do Itamaraty está prevista no bojo da reforma ministerial programada para o ano que vem.
O abalo nas relações com o governo Macron não necessariamente inviabiliza a indicação de Vieira. No entanto, na melhor das hipóteses, coloca o embaixador e – por que não dizer? – a própria diplomacia brasileira em uma situação constrangedora. Confirmada a sua nomeação, Vieira chegará a Paris como um dos artífices da operação que forçou o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, a se retratar após lançar um boicote à carne brasileira.
Mais do que isso: aos olhos do governo francês, carregará a pecha de ter sido o ministro das Relações Exteriores que chancelou a estapafúrdia declaração de Lula – “Franceses não apitam mais nada”. Muito provavelmente, caso assuma a embaixada, Vieira terá de encontrar alguma forma de interlocução, com os floreios de praxe, que seja compreendida pela diplomacia francesa como um desagravo ou pedido de desculpas.
Seja pelo tom desrespeitoso, seja pelos seus desdobramentos, a tagarelice de Lula encontra paralelo no episódio protagonizado por Jair Bolsonaro em 2019.
Na ocasião, Bolsonaro zombou da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, ao comentar a postagem de um apoiador no Facebook que comparava as feições da esposa de Emmanuel Macron com as de Michele Bolsonaro. Para completar a ofensa, poucos dias depois Paulo Guedes disse “a mulher do Macron é feia mesmo”. Curiosamente, as bravatas internacionais de Lula têm repercussões diferentes aqui e lá fora.
Se, no exterior, causam repercussão, no Itamaraty ninguém leva muito a sério. À diplomacia brasileira interessam menos as declarações de Lula e mais as notas posteriores de Celso Amorim, assessor especial da Presidência para a área de política externa. Amorim funciona como intérprete, ou melhor, “reinterpréte” das falas de Lula. Não as desmente, mas suaviza o tom. Talvez Celso Amorim tenha de entrar em campo mais uma vez e ajudar a preparar o terreno para a chegada de Mauro Vieira à embaixada em Paris.