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Ronaldo Nazário voltou ao ataque. Tem conversado com investidores em busca de parceiros para uma eventual ofensiva sobre o Corinthians. Um dos seus principais interlocutores é Pedro Mesquita, da Exa Capital. Ambos se conhecem de outras tabelinhas. Mesquita era o head de investimentos da XP quando o banco atuou na venda da SAF do Cruzeiro para o Fenômeno. Ronaldo não dá ponto sem nó. Em um auto lobby às claras, já disse publicamente que a única saída para o Corinthians é virar Sociedade Anônima do Futebol e negociar uma parcela majoritária do capital. O ex-atacante parece escolher a dedo os gramados onde pisa. Guardadas as devidas proporções, o clube paulista vive uma situação similar à do Cruzeiro, a começar pelo altíssimo endividamento, acima de R$ 2 bilhões. Ressalte-se que um dos maiores obstáculos à criação da SAF do Corinthians está praticamente fora do game. Augusto Mello, que ocupava a presidência do clube, foi afastado temporariamente do cargo, enfrenta um processo de impeachment e foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo sob a acusação de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Mello sempre foi terminante contra a venda do futebol do clube, mas sua voz hoje não passa de um sussurro inaudível.

Ronaldo Nazário tem trocado figurinhas com a XP sobre possíveis negócios conjuntos no futebol, em outras áreas que não a compra de clubes. As conversas iriam da intermediação na venda de direitos de transmissão até mesmo à aquisição de participações societárias em ligas internacionais, na própria América do Sul. A XP foi um importante parceiro de Ronaldo na compra, na gestão e na venda do Cruzeiro. A instituição financeira cuidou tão bem do investimento que parecia até que o dinheiro aportado era seu. Procurada, a XP não quis comentar o assunto.

O prometido aporte de R$ 400 milhões no Cruzeiro não será uma jogada individual de Ronaldo Nazário. Segundo uma fonte que participa das negociações, o “Fenômeno” estaria buscando sócios para consumar a compra de 90% da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) do clube mineiro. Um dos possíveis parceiros seria o empresário iraniano Kia Joorabchian. Caberia a ele carrear recursos entre investidores internacionais, notadamente ingleses e russos. O risco da operação é alto, seja por se tratar do primeiro negócio firmado com base na nova legislação, seja pelo rombo financeiro dos mineiros. Até o momento, por exemplo, Ronaldo não detalhou o plano de equacionamento do passivo do clube, da ordem de R$ 1 bilhão. Kia Joorabchian já conta uma passagem, controversa, pelo futebol brasileiro: ele era o homem forte da MSI no país. A empresa, com sede em Londres, foi parceira do Corinthians entre 2004 e 2007. Logo depois, o Ministério Público acusou a MSI de participar de um esquema de lavagem de dinheiro. À época, a Justiça chegou a pedir a prisão do iraniano. Kia foi apontado como testa de ferro do magnata Boris Berezovski, encontrado morto em seu apartamento em Londres, em 2013.