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Omã finca raízes no Brasil em busca de suprimento alimentar
12/08/2025Em meio à entropia no comércio internacional provocada pelo surto tarifário de Donald Trump, o Brasil desponta como o potencial fiador da segurança alimentar de mais uma nação estrangeira. O governo de Omã pretende montar uma operação verticalizada no agronegócio brasileiro, com o objetivo de suprir sua demanda interna. Todo o projeto ficará debaixo do guarda-chuva da Solaris, braço do Sultanate of Oman Sovereign Wealth Fund, fundo soberano do país asiático.
A compra da trading Agribrasil e do terminal portuário Tesc, em Santa Catarina, no mês passado, foi apenas a primeira semente plantada. Segundo informações que circulam no setor, o próximo passo previsto é a entrada da Solaris no setor de originação, com a compra de empresas produtoras de grãos ou mesmo por meio de parcerias com cooperativas brasileiras. Há relatos ainda sobre o interesse do governo de Omã em investir em estruturas de armazenagem.
O Brasil tem um enorme déficit nessa área: somando-se todos os silos privados e públicos existentes, a capacidade de estocagem cobre apenas a metade da produção de grãos. O que está em jogo é um movimento de caráter geoeconômico. Guardadas as devidas proporções, Omã está se juntando a países como China e Arábia Saudita, que, por meio de projetos de Estado e seguidos investimentos, vêm buscando no Brasil a garantia do seu suprimento alimentar.
Omã padece de um significativo déficit nessa área. Seu território é um pouco maior do que o Rio Grande do Sul, e mais 80% dele são ocupados por desertos e regiões áridas. As áreas aptas para plantio e pastagens somam apenas 5% da extensão total. Resultado: sua dependência em relação às importações de grãos passa de 85%.
No caso de proteína animal, a produção interna responde por apenas 30% da demanda. Ou seja, é mais do que provável que investimentos ou acordos com frigoríficos brasileiros também estejam no alvo do governo de Omã. Ressalte-se que o Brasil não está sozinho. Por meio da Solaris, Omã tem aportado recursos na compra de terras e na produção de grãos na África, também com o objetivo de assegurar o fornecimento de alimentos — tudo devidamente turbinado pelo Sultanate of Oman Sovereign Wealth Fund, com seu patrimônio de quase US$ 60 bilhões.