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A parceria estratégica entre a Vale e a Green Energy Park, anunciada no início de outubro, tem provocado uma descarga elétrica de especulações no setor. O que se diz no setor é que o acordo pode ser a ponte para a entrada da mineradora em um dos maiores projetos em desenvolvimento na área de energia no Brasil. Trata-se da instalação do hub de hidrogênio verde de Parnaíba, no Piauí, com previsão de um aporte total da ordem de R$ 200 bilhões.

O empreendimento é capitaneado pela própria Green Energy – sediada na Croácia -, que já tem como sócia a espanhola Solatio. Seria o primeiro investimento da Vale em hidrogênio verde. Sua chegada daria outra envergadura ao projeto. A mineradora vestiria, ao mesmo tempo, o figurino de investidora e cliente, assegurando o fornecimento de energia para suas operações.

A primeira etapa do hub deverá ser concluída em 2027. A meta é chegar a 20 GW de potência – o equivalente a uma Itaipu e meia – até 2035. Procurada pelo RR, a Vale não se manifestou. O frisson causado pela parceria entre a Vale e a Green Energy Park não se limita ao complexo de hidrogênio verde no Piauí. Em um movimento cruzado, o acordo poderia pavimentar o caminho para o ingresso da Green Energy no capital da Aliança Energia, braço de geração renovável da mineradora.

Desde que comprou a parte da Cemig, em março deste ano, e assumiu o controle integral da empresa, a Vale busca um sócio. Ou – quem sabe? – sócios. A Casa dos Ventos, a chinesa China Three Gorges (CTG) e a Global Infrastructure Partners (GIP) são os principais candidatos ao negócio até o momento, segundo o FL Journal. Para a Vale, a associação com a CTG teria um importante componente geoeconômico: a China é o maior comprador global do seu minério de ferro.

Por sua vez, a eventual entrada da Green Energy na Aliança Energia representaria uma aproximação com a União Europeia. De origem croata, o grupo tornou-se praticamente uma iniciativa em bloco das grandes economias europeias. A Green Energy conta com fartos recursos do Global Gateway, programa criado pela EU que prevê investimentos de 300 bilhões de euros em projetos de transição energética.