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Governo

Há alguma “contabilidade criativa” para os precatórios?

18/06/2024
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Há uma discussão na área econômica do governo se os precatórios com pagamento previsto para 2025 – mais de R$ 100 bilhões – não poderiam receber uma solução engenhosa. A quitação das dívidas referentes a processos contra a União transitados em julgado são uma pancada no resultado primário do ano que vem. O ex-ministro da Economia Paulo Guedes queria transformá-las em títulos que pudessem ser usados nas privatizações e concessões. Algo similar às “moedas podres” da antiga Sunaman, que permitiram ao empresário Júlio Bozano comprar a Embraer. Essa hipótese Lula já descartou. Disse que não haverá moratória com os precatórios nem invencionices que prejudiquem os credores. O que não significa a impossibilidade de soluções criativas. A ver.

#2025 #precatórios

Economia

Um novo ruído na praça: o encontro dos precatórios com as águas de Porto Alegre

5/06/2024
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Há cientólogos unicampistas próximos ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que veem uma semelhança entre o arranjo fiscal feito com a combinação dos gastos com a pandemia e o atraso dos precatórios, de autoria do ex-ministro Paulo Guedes, e a atual conjuntura, na qual o desastre do Rio Grande do Sul pode impactar as contas públicas e o arcabouço fiscal. Segundo esses economistas, haveria margem para uma manobra fiscal heterodoxa, digamos assim. Alguma geringonça como um waiver de qualquer acréscimo no resultado primário que alterasse a meta de 0%. No seu tempo, Guedes usou o argumento dos gastos extraordinários com a pandemia para criar a chamada “moratória dos precatórios”, ou seja, uma agenda de postergação das dívidas do governo transitadas em julgado. Com a manobra, o então ministro da Economia conseguiu driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal e arrumar uma folga nas contas públicas, já esmagadas com a pandemia  e o Aumento do Auxílio Emergencial. Palavras de Guedes para justificar o empurrão dos precatórios para o governo seguinte: “De um lado, existe o compromisso social, a responsabilidade social. Tivemos aumento no preço da comida, crise hídrica e uma série de pressões inflacionárias. Precisamos proteger as camadas mais vulneráveis”. O argumento é uma meia verdade. A outra metade foi o jogo de rouba montinho na contabilidade das despesas públicas. Um estelionato fiscal, digamos assim.
A gestão de Lula já iniciou trilhando o calvário fiscal deixado com o atraso dos precatórios. Em cima de uma meta do primário apertadíssima veio ainda a tragedia do Rio Grande do Sul, com um custo tremendo, que provavelmente vai se estender por todo o atual governo. Os unicampistas acham pouco. Querem expurgar qualquer despesa que ultrapasse a meta de 0%. O Congresso já concordou em retirar esses gastos do resultado primário deste ano. Uma medida correta. Os cientólogos mais exaltados que  circunvizinham Mercadante, porém, querem mais: defendem que o governo faça um pacto com a Câmara e o Senado de forma a parcelar o valor das emendas parlamentares. Seria o “precatório das emendas”. Surreal! O governo continua com arrecadações recordes e tem tido melhorias em outras variáveis: uma inflação relativamente no centro da meta, a renda e o emprego bombam e a expectativa de um PIB razoável permanece.
De qualquer forma, jeito e maneira, zerar o déficit primário, conforme o prometido, é uma tarefa hercúlea tendo em vista os próprios precatórios e o pantagruelismo do Centrão. Melhor seria esquecer qualquer fuligem no resultado primário desse ano e concentrar esforços nas medidas estruturais que permitiriam uma sustentabilidade fiscal permanente. São as regras de correção do salário-mínimo, a indexação de todos os benefícios sociais – inclusa a Previdência – e o engessamento do orçamento. Esses três fardos inviabilizam crescentemente o ajuste das contas públicas. São piores do que um oceano de precatórios engolfando a área fiscal do país.

#BNDES #Porto Alegre #precatórios

Economia

Passivo dos precatórios pode ser um rato que ruge

7/08/2023
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Do seu jeito de fala mansa, quase pedinte, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua última preleção ao secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e ao secretário a Receita Federal, Robinson Barreirinhas, deixou registrada a lembrança; “Olha, comecem a ver esse de negócio de precatório…” O recado mira em 2027, quando vence a “Emenda Caloteira dos Precatórios” – inventada por Paulo Guedes para simplesmente não pagar o passivo transitado e julgado da União e entulhada na Constituição. “Devo, não nego, pago quando puder” foi o slogan da época. Haddad não quer repetir a situação vivida pelo ex-ministro da Economia e pretende antecipar em três anos o debate de alguma solução para o problema (uma dívida de R$ 199 bilhões, na hipótese de não haver algum deságio dos precatórios). E se for ele o candidato do PT à Presidência? A moratória fica sendo uma espada sob sua cabeça.  

A fórmula, pelo que o RR pescou, seria a montagem de algum fundo, para variar. É dele que se poderia descontar o pagamento dos precatórios. Lula já disse que não aceita nem pagamentos antecipados com deságios nem encontro de contas. Mas concorda, pragmaticamente, de tirar essa fatura de dentro do arcabouço fiscal. Seria um fura-teto pré-datado para 2027. Caso contrário, os precatórios serão abatidos dos gastos discricionários do governo, com os ministros tendo que parar seus pagamentos. Seria um shutdown da máquina pública, algo nunca experimentado antes por qualquer governo brasileiro. Na boa, não vai rolar.  

Os governos são pródigos em inventar soluções de inadimplência e diferimento de impostos. E Lula e Haddad parecem ser pródigos em gerar receitas adicionais. O presidente não quer de jeito nenhum repetir Bolsonaro e dar um beiço nos credores do governo. Além do mais, ao contrário de Guedes, que foi vítima de uma barbeirada da sua equipe – seu staff, absurdamente, esqueceu-se do fator precatórios e não avisou o ministro -, Haddad está careca de saber que vai descascar um abacaxi. O prazo para encaminhar uma solução é o final do governo Lula. Haddad pretende lançar uma proposta ao debate ao longo de 2024. Explica-se a pressa: 2026 é o ano da eleição (ou reeleição), e esse não é um assunto que coaduna com o calendário eleitoral.  

Conforme já dito, o governo deverá optar pela criação de um fundo ou coisa e tal que permita a contribuição com ativos e rendimentos do governo, para daí arcar com os compromissos. Paulo Guedes achava que poderia arrecadar o expressivo valor de mais de R$ 1 trilhão em imóveis e terras, além de outro tanto com a venda de estatais. A turma da Receita não vê incongruência na venda de propriedades, leitmotiv da construção guediana. Mas os terrenos da União não geram tanto dinheiro assim: se forem colocados em um fundo, não têm liquidez; são poucas as terras disponíveis e bem valorizadas, e sob as quais não haja embarreiramento de ordem ambiental. Os demais ativos estão bastante desagiados; e alguns serão difíceis de arrancar dos seus estamentos (praias da Marinha e pistas da Aeronáutica).  

Mas digamos que um fundo árabe ou chinês, caçadores de terras pelo mundo, tivesse interesse em uma operação dessas. A expectativa de retorno máximo não seria superior a um intervalo entre R$ 17 bilhões e R$ 25 bilhões, segundo cálculos atualizados. E esse valor só seria alcançado com a venda de uma enormidade do estoque. Para formar um fundo, agora, à vera, o governo disporia de R$ 50 bilhões da carteira da BNDESPAR. Poderia arrancar também alguma antecipação de pagamento das dívidas das estatais, leia-se principalmente BNDES, além de antecipar o pagamento de dividendos das companhias do governo durante algum intervalo de tempo. Há 90% de probabilidade de Lula vetar a maior parte dessas medidas. Sobra mesmo o aumento da carga tributária. Colocar sobre alguns segmentos a responsabilidade desse pagamento. O setor de commodities, por exemplo, bem poderia participar com uma contribuição provisória. Difícil seria furar o bloqueio da bancada rural na Câmara dos Deputados, com mais de 200 parlamentares, em que pese que alguma parcela desses precatórios serão pagos ao próprio setor agrícola.  

De qualquer forma, há muitos meses para que a criatividade do fisco dê conta do desafio. Na hipótese mais simplória, a Fazenda lança uma espécie de Contribuição Provisória para Movimentação Financeira do Desenvolvimento (uma CPMFD mirando errado para acertar no alvo, o pagamento dos precatórios). Ou – quem sabe? – antecipar receita de descoberta de petróleo a futuro. Ou correlacionar de alguma forma a dinheiro trazido por Lula do exterior para outras finanalidades. Ou lança um título soberano no exterior. Depois coloca o esforço de aprovação nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira, principal articulador da PEC dos Precatórios no Congresso. Quer saber, não vai ser tão difícil assim.

#precatórios

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