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Há algo de estranho nos negócios da Petrobras na Colômbia

13/12/2022
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Uma guinada nas operações da Petrobras na Colômbia tem causado estranheza nos corredores da própria estatal. Subitamente, a direção da Petrobras passou a tratar como prioridade o projeto de exploração e produção de gás no poço Uchuva-1, no bloco Tayrona. Nos últimos dias, as reuniões entre executivos das duas empresas se intensificaram, envolvendo, inclusive, órgãos de governo e autoridades regulatórias da Colômbia. Na Petrobras, já se fala na criação de uma força tarefa para agilizar a contratação de serviços e equipamentos. O objetivo seria iniciar as atividades em Uchuva-1 no primeiro semestre de 2023, um ano antes do que prevê o cronograma original.

Em contato com o RR, a Petrobras informou que “o consórcio do bloco Tayrona está em fase de planejamento das atividades relativas ao Plano de Avaliação da descoberta do poço Uchuva-1, incluindo possibilidades de otimização do projeto.” Perguntada sobre o cronograma do projeto, a estatal saiu pela tangente: “A primeira etapa da campanha exploratória se deu com a perfuração do poço Uchuva-1 e a próxima etapa respeitará os prazos contratuais do bloco Tayrona, incluindo aqueles relativos ao Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) do poço Uchuva, conforme compromissos firmados junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos). Consultada se já existem movimentações para a contratação de equipamentos e serviços, mais evasivas: “O consórcio do bloco Tayrona atua de forma diligente para o cumprimento contratual dos prazos junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos).” 

O súbito interesse da direção da Petrobras em relação ao projeto tem incomodado a área técnica da estatal, por uma série de razões. De acordo com a mesma fonte, não há, até momento, qualquer cálculo financeiro aprovado ou estudo definitivo do corpo técnico que embase a antecipação dos investimentos em Uchuva-1. Ao RR, a Petrobras informou o projeto “está em processo de avaliação econômica, conforme compromissos firmados junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos) no Plano de Avaliação da Descoberta.” Além disso, dentro da Petrobras sempre vigorou o entendimento de que o projeto é relevante para a Colômbia, mas de menor importância para a estratégia de negócios da própria companhia. Os reservatórios de gás no país estão declinando. Estima-se que já a partir de 2025 a Colômbia terá de importar um volume expressivo do insumo, o que explica a pressa do governo do presidente Gustavo Petro em acelerar o início da campanha de exploração em Uchuva-1. Ou seja: o empreendimento é prioritário para a Colômbia, mas não exatamente para a Petrobras.

Desde 2020, a operação no bloco Tayrona já era tratada como carta fora do baralho da Petrobras. Tanto que, há mais dois anos, a empresa vem tentando vender sua participação no consórcio com a Ecopetrol. Dentro da própria estatal, há informações desencontradas sobre o processo de desmobilização do ativo. O RR perguntou à Petrobras se a companhia desistiu de se desfazer da sua participação no bloco Tayrona. A resposta? Nenhuma palavra sobre o assunto.

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