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Governo quer reativar investimentos em energia nuclear

11/07/2023
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O governo Lula pretende avançar no programa nuclear brasileiro. A Pasta de Minas e Energia tem feito estudos em torno não apenas da conclusão das obras de Angra 3 – já anunciada pelo ministro Alexandre Silveira -, mas também da instalação de novas usinas atômicas no país. O ministro Alexandre da Silveira e seus assessores trabalham com a possibilidade de construção de até três geradoras, notadamente no Nordeste. Sob certo aspecto, é como se o Lula III estivesse voltando no tempo até o Dilma I: em seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff lançou o projeto de implantação de cinco usinas nucleares até 2030 – com o impeachment, a iniciativa viraria poeira atômica. Por coincidência – ou talvez não -, a própria composição da atual cadeia de comando da Eletronuclear sugere uma certa influência de Dilma Rousseff sobre a área. A ex-presidente indicou o presidente da estatal, Raul Lycurgo Leite. Foi responsável também pela nomeação do ex-diretor da Eletrobras Valter Cardeal para o Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), controladora da Eletronuclear.  

O governo enxerga a ampliação do parque nuclear brasileiro como parte de um projeto maior: ao lado de outras fontes de geração limpa, como eólicas, solares e hidrogênio verde, trata-se de mais um movimento com o propósito de consolidar o Brasil como uma das grandes potências globais da transição energética. É justamente a peça de mais difícil encaixe nesse quebra-cabeças. A retomada do programa nuclear é uma questão delicada. No front interno, resvala em grupos de interesse e agentes institucionais sensíveis, como ambientalistas e militares. Os novos investimentos esbarram também na resistência de auxiliares próximos a Lula. É o caso de Nelson Hubner, que comandou o Ministério de Minas e Energia no segundo mandato do petista e hoje também ocupa um assento no Conselho da ENBPar. Dentro do governo, Hubner é tido como uma das vozes mais fortes contra a construção de novas usinas atômicas e até mesmo a entrada em operação de Angra 3.  

Na área internacional, por sua vez, o tema também depende de intrincadas conexões. Em abril, o presidente Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, aproveitaram a passagem do chanceler russo Serguei Lavrov por Brasília para discutir possíveis cenários de parceria no setor. O ponto focal foi o fornecimento de combustível para o reator do submarino de propulsão nuclear que está sendo construído pela Marinha do Brasil. Mas a conversa envolveu também Angra 3. Ressalte-se que, em 2021, a Eletronuclear e a estatal russa Rosatom assinaram um memorando de entendimentos em torno de investimentos em energia nuclear. O acordo continua em vigor, mas a declaração de guerra da Rússia à Ucrânia esfriou as tratativas entre as duas empresas. Neste momento, avançar em uma negociação com o governo Putin em uma área tão complexa como essa no mínimo criaria pontos de fricção com os Estados Unidos e a União Europeia. No governo Lula, a China é vista como a alternativa mais à mão para um possível acordo de cooperação na energia nuclear. Nesse caso, todos os caminhos apontam na direção da CNCC (China National Nuclear Corporation), que seria um potencial parceiro não somente para a construção de Angra 3 como de futuras usinas.

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China manifesta interesse em investir em energia nuclear no Brasil

29/11/2022
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O RR apurou que a China já fez chegar a auxiliares do presidente eleito Lula o interesse em participar de projetos para a expansão do parque nuclear brasileiro. Por meio da estatal CNCC (China National Nuclear Corporation), os chineses estariam dispostos a firmar parceria tanto para a conclusão das obras de Angra 3 quanto para a construção de novas usinas atômicas no país. Ainda que, por ora, sejam apenas acenos preliminares, não é de hoje que a China vem tentando se posicionar como parceira do governo brasileiro na área de energia nuclear. Em 2019, emissários da CNCC abriram tratativas com o então ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, e com a direção da Eletronuclear. À época, uma comitiva da estatal chinesa chegou a visitar as instalações de Angra 3, cujas obras estão paradas desde 2015. No entanto, as conversações ficaram pelo caminho, muito em razão da inclinação do governo Bolsonaro pró-Rússia. Em setembro do ano passado, a Eletronuclear e a estatal russa Rosatom firmaram um memorando de entendimentos para transferência de tecnologia nuclear e gestão e construção de usinas. Desde então, a Rússia tornou-se o mais próximo de um parceiro estratégico do Brasil em geração nuclear. Ao menos no papel, já que na prática o acordo com a Eletrobras não rendeu qualquer consequência efetiva até o momento.

Qualquer iniciativa do futuro governo Lula no sentido de expandir a produção de energia nuclear no Brasil seria uma revisita ao passado do próprio PT. Durante seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff anunciou o plano de construir quatro novas geradoras atômicas até 2030 – ao menos duas das novas plantas ficariam no Nordeste. Agora o tema volta à baila. Mauricio Tolmasquim, um dos principais formuladores do programa de Lula para a área de energia, já disse publicamente da intenção do futuro governo de investir em energia nuclear e de buscar parceiros privados. Nesse caso, as circunstâncias podem favorecer tratativas com Pequim para eventuais investimentos conjuntos. Neste momento, em função da guerra contra a Ucrânia, qualquer parceria com a Rússia, de Vladimir Putin, traz inevitavelmente uma carga de desgaste e de pressões contrárias. Sobretudo tratando-se de uma área tão sensível, como a energia atômica, visceralmente imbricada com a própria segurança nacional. A guerra entre Rússia e Ucrânia e as tensões entre China e Taiwan aumentaram as preocupações internacionais em relação a novos projetos que envolvam energia atômica. O próprio Brasil, por exemplo, não tem conseguido aval da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para a construção de seu primeiro submarino de propulsão nuclear.

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