Brasil busca o sinal verde da AIEA para o submarino nuclear

  • 8/09/2022
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O governo brasileiro negocia com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, novas salvaguardas na tentativa de dobrar a resistência da comunidade internacional à construção do primeiro submarino nuclear do país. O ponto nevrálgico é a fiscalização sobre o urânio enriquecido. Segundo uma fonte da área militar, o Brasil teria se comprometido a instalar um detector de neutrino na embarcação.

O sofisticado equipamento acompanha em tempo real a atividade do reator. Permite monitorar permanentemente o volume de urânio empregado e, sobretudo, atestar o uso efetivo do combustível no submarino. A exigência deverá provocar um aumento do custo em até US$ 100 milhões, a essa altura uma cifra proporcionalmente pequena se comparada aos mais de R$ 21 bilhões que o governo já desembolsou no desenvolvimento do projeto. Consultada pelo RR, a Marinha não se pronunciou.

O RR apurou também que o governo brasileiro articula uma visita técnica da AIEA ao Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP), onde estão sendo montadas duas das três seções da parte inferior do reator nuclear do submarino. É parte do esforço para obter o aval da Agência ao projeto, uma negociação internacional complexa. As articulações têm sido marcadas por sístoles e diástoles. No mês passado, por exemplo, o diretor geral da AIEA, o argentino Rafael Grossi, elogiou publicamente a aproximação entre o governo brasileiro e a entidade e o empenho do país em seguir os procedimentos especiais de inspeção do submarino de propulsão nuclear.

No entanto, em termos práticos, a simpática declaração contrasta com as duras tratativas e os poucos avanços obtidos. Nem mesmo a existência de um acordo militar Brasil-França, assinado em 2009 e que prevê a transferência de tecnologia, tem sido suficiente para amainar as restrições ao investimento. A “culpa” não é exatamente do Brasil. Até hoje nenhum país signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear que não seja membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, caso exatamente do Brasil, desenvolveu um equipamento desse tipo. As circunstâncias geopolíticas também não ajudam, A guerra entre Rússia e Ucrânia e as tensões entre China e Taiwan aumentam a preocupação da AIEA e das grandes potências em relação a projetos

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