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Economia

A quem interessa uma projeção de câmbio tão divorciada da realidade?

17/07/2023
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Há mistérios a borbulhar no interior de caldeirões efervescentes de cifras, morcegos e lagartixas. A projeção do câmbio, estabelecida em graníticos R$ 5 até quase o final dos tempos, parece as profecias das três feiticeiras que levaram Macbeth ao seu cadafalso. A apreciação do câmbio não resultará em nada tão trágico, mas, convenhamos, poderia haver um pouco mais de método nessa loucura. Pois, senão, vejamos. O Brasil praticamente alcançou um superávit estrutural na balança comercial. O Focus prevê três anos com taxas Selic altas, a despeito das quedas projetadas. Acabou o tempo do presidente do BC, Alexandre Tombini, e sua Selic a 2%. Vamos conviver com taxas de juros reais de 4% a 5%, no barato. Esse percentual garante que o fluxo financeiro, o pessoal do carry trade, ou o jocosamente chamado o capital moteleiro, vai continuar achando o Brasil uma boa pousada para arbitragem entre os juros externos e internos. Em tempo: mesmo com toda a disposição do Fed e a cada vez mais desimportante interferência do Banco Central da Europa, não há no front de dois mil anos, como diria Nelson Rodrigues, uma previsão de taxas reais de 5% ou 6%, disparatando o mercado internacional.  

Com o país caminhando para a estabilização, torna-se ainda mais digno de estranheza esse câmbio nas alturas. No balanço de riscos não consta tensão política, descontrole fiscal ou uma inflação recalcitrante. Diversos analistas calculam o câmbio de equilíbrio em R$ 4,50, mas caminhando para R$ 4,30 ou R$ 4,00. E o maná da produção do agrobusiness não vai secar. Se Jair Bolsonaro estivesse por aí, poderia se dizer até que o câmbio estava capturando alguma tentativa de golpe. Mas o vulgo já foi. Por que, então, as projeções do câmbio estão tão descoladas – já há quem diga que voltam logo para R$ 5,30 a R$ 5,50? Talvez, com todas as análises fundamentalistas e modelos econométricos, haja um componente nas projeções intrinsicamente despreocupado com o acerto. Afinal, sejamos tautológicos, uma projeção não passa de uma projeção. E como a maior parte das estimativas tem um componente menor de ciência do que feeling, até o RR se sente confortável apostar em um câmbio de R$ 4,30 neste ano e um câmbio médio de R$ 3,90 nos três anos seguintes, inclusive o atual. Se acertarmos, vai valer a gozação. 

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