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Uma “praga” ronda o mercado brasileiro de café

4/08/2020
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O mercado brasileiro de café está em estado de alerta. A pandemia começa a atingir importantes players globais do setor, desencadeando um efeito cascata no fluxo financeiro de toda a cadeia internacional. O caso mais agudo e preocupante até o momento vem dos Estados Unidos: o colapso da Coex Coffee International, uma das principais tradings norte-americanas. A empresa entrou em bancarrota com uma dívida declarada de US$ 200 milhões.

Desse total, segundo o RR apurou, cerca de US$ 60 milhões são referentes a operações de compra de café brasileiro a preços fechados. Estima-se que um terço desse valor esteja pendurado em uma única exportadora nacional, que vendeu e muito provavelmente nunca vai ver a cor do dinheiro. O tamanho do buraco, no entanto, pode ser ainda maior. A Coex carrega uma caixa preta de operações contratadas a futuro, sem emissão de notas de débito e de crédito.

À primeira vista, o valor das perdas com a Coex pode parecer um grão se comparado ao total de exportações brasileiras de café – algo em torno de US$ 5 bilhões/safra. No entanto, é preciso lembrar que este já é o segundo baque mais forte sofrido pelo mercado em pouco mais de um ano. Em 2019, a Terra Forte, uma das maiores exportadoras do país, entrou em recuperação judicial com um passivo de R$ 1,1 bilhão. A ameaça maior, no entanto, vem mesmo de fora para dentro.

Entre os grandes exportadores e produtores brasileiros, o temor é de que outras tradings internacionais estejam indo pelo mesmo caminho, sufocadas por falta de liquidez. Há evidências nesta direção. Um exemplo: é cada vez maior o número de exportadores e importadores que estão recorrendo a bancos para fazer a liquidação dos documentos da operação de compra e venda. Em condições normais de temperatura e pressão do mercado, o comandante do navio é o fiel depositário da mercadoria, cabendo à companhia de navegação emitir um bill landing (BL), ou o conhecimento de embarque – um atestado que comprova a existência e envio do produto físico.

Ou seja: não há intermediação bancária. Ocorre que, nas últimas semanas, grandes exportadores e importadores, inclusive brasileiros, estão recorrendo a bancos para fazer a liquidação da operação – nesse caso, a instituição financeira se torna a avalista do negócio. É o tipo de movimento que costuma anteceder grandes “ventanias”. O procedimento sugere um aumento da percepção de risco no mercado internacional de café.

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