Uma estrela que cai na constelação do BTG Pactual

  • 13/11/2015
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O Google exibe uma única foto de André Esteves e Carlos Fonseca juntos. Talvez nunca mais exista outra. Responsável por algumas das mais engenhosas operações financeiras feitas pelo BTG nos últimos anos – a ponto de ser incensado pela mídia e tratado por muitos como uma espécie de “André Esteves” do André Esteves –, Fonseca sofreu um downgrade em sua reputação. O outrora todo-poderoso comandante da área de private equity, onde chegou a ter sob seus condões quase R$ 40 bilhões aplicados em mais de três dezenas de empresas, tem perdido influência sobre esse e outros setores da instituição financeira. Aos poucos, suas funções estariam sendo absorvidas por outros sócios, notadamente Marcello Hallack, seu par na chamada divisão de Merchant Banking. Das tantas atribuições que tinha, estaria se dedicando basicamente à ingrata missão de administrar uma série de ativos problemáticos do BTG, entre eles um fundo de real estate que só dá dor de cabeça e, sobretudo, as participações deficitárias do banco, a começar pela Leader Magazine e pela BR Pharma. Boa parte dessas operações foi engendrada pelo próprio Fonseca. Procurado pelo RR, o BTG nega que o executivo tenha sido afastado de suas funções na área de Merchant Banking. Pode ser que tudo não passe de uma condição temporária e, dependendo dos resultados da faxina na carteira de participações do BTG, Carlos Fonseca saia do seu purgatório particular; pode ser que sua travessia pela barca de Caronte seja um caminho sem volta. O fato é que ele não está sozinho nessa viagem. Sua delicada posição dentro do BTG neste momento é reflexo da estratégia demasiadamente agressiva e, muitas vezes, desmedida adotada pelo banco para crescer na área de private equity. No afã de avançar rapidamente, a instituição imprimiu um ritmo frenético. Entre 2008 e 2012, houve períodos em que Fonseca chegou a fechar uma nova aquisição a cada trimestre. Já diz o adágio popular que a pressa e a perfeição não convivem em harmonia. Até hoje, algumas dessas operações são alvo de críticas dentro do próprio banco. Um dos casos mais emblemáticos é a compra de 70% da Leader Magazine, conduzida por Fonseca. Um negócio razoavelmente complexo teria sido fechado com uma ligeireza incomum. Entre as primeiras tratativas com os controladores da rede varejista e a assinatura do cheque, não teria se passado sequer um mês. Consta que o BTG dispensou a due diligence e aceitou pagar algo em torno de R$ 1 bilhão – três meses antes, a GP Investimentos havia oferecido R$ 700 milhões pela mesma participação. Hoje, a Leader dá seguidos prejuízos e precisa de uma capitalização emergencial, da ordem de R$ 300 milhões. É um caso similar ao da BR Pharma, que terá de receber um aporte de R$ 600 milhões para cobrir os prejuízos e reduzir seu endividamento. Aliás, a venda da bandeira Mais Econômica, anunciada nesta semana, é um exemplo bem acabado de como o BTG tem perdido dinheiro com seus negócios em private equity. Segundo o valor divulgado, a rede de farmácias gaúcha foi vendida à Verti Capital por apenas R$ 44 milhões, ou aproximadamente US$ 12 milhões. Estima-se que, em fevereiro de 2011, o banco não pagou menos de US$ 120 milhões pela empresa.

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