Volatilidade nos mercados
ECONOMIA
Volatilidade nos mercados
Após semana de recuperação em mercados globais, em função sobretudo do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões dos EUA (que foi assinado hoje pelo presidente Trump), a queda nessa sexta-feira indica que a próxima semana começará com maior volatilidade.
A injeção de recursos tende a servir como âncora para evitar o descontrole que marcou as semanas anteriores, quando houve a realização dos drásticos efeitos da pandemia do coronavírus na economia global. No Brasil, inclusive, as medidas de maior escopo começaram a ser anunciadas nos últimos dias como o “coronavucher”, a liberação de R$ 40 bilhões em crédito para pequenas e médias empresas pelo BC e a própria declaração do ministro Guedes, afirmando que, no total, serão injetados R$ 700 bilhões na economia para mitigar os efeitos do vírus. Terão impacto positivo internamente, no início da semana que vem, especialmente se o dinheiro começar a fluir.
A maior instabilidade, no entanto, deve vir:
1) De dados mostrando os pesados efeitos econômicos já auferidos. Na segunda-feira, dentre outros indicadores, saem as Vendas Pendentes de Moradias nos EUA em fevereiro, que devem trazer forte queda. Na Europa, o Indicador de Confiança na Economia de março também deve vir muito negativo. No Brasil, a Sondagem de Serviços de março (FGV) deve trazer pesado recuo, o Boletim Focus apresentará nova queda em projeções do PIB e há ainda os Resultados do Tesouro de fevereiro.
A possibilidade de contraponto seria a indicação de alguma retomada na China, com o anúncio, segunda-feira, do PMI Industrial de março;
2) Do avanço do vírus na Europa e, possivelmente até mais, nos EUA, com destaque para Nova York.
No contexto geral, o que se aguardará com mais ansiedade serão os primeiros sinais claros de que a curva de contágio começa a se arrefecer na Europa, o que teria efeitos mais duradouros na bolsa, ainda que a depender da evolução da doença nos EUA no final de semana e início da semana que vem.
INSTITUCIONAL
Guerra declarada deve preservar a economia
No Brasil, nada indica o arrefecimento da guerra institucional capitaneada pelo presidente Bolsonaro, que buscará ampliar o apoio popular para um plano ainda não muito claro do chamado “isolamento vertical”. As medidas econômicas não devem ser afetadas – no máximo haverá cobrança por maior injeção de recursos da parte de governadores e Congresso.
Mas tanto politicamente quanto na Saúde, os atritos tendem a se proliferar pela divergência de diretrizes públicas pregadas entre o Planalto e diversos estados e municípios; pelo aumento de matérias de teor mais “pessoal” na mídia, com foco em dificuldades de médicos, hospitais e pacientes; e pela dificuldade que o ministro Mandetta terá para se equilibrar entre o presidente e os secretários estaduais de saúde.
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