Novo ministro, mesma política?
INSTITUCIONAL
Novo ministro, mesma política?
A primeira impressão é de que o presidente Bolsonaro sairá enfraquecido com a substituição do ministro Mandetta pelo oncologista Nelson Teich. Em pronunciamento no qual deixou claro que buscará atribuir a governadores a responsabilidade pela recessão econômica que advirá do coronavírus, o presidente não conseguiu anunciar, na realidade, nenhuma mudança concreta na política de saúde.
Apesar da retórica crítica ao isolamento, tanto Bolsonaro quanto Teich mencionaram transição gradual e sem data específica, além de ampliação de testes. Nada muito diferente do que vinha sendo afirmado pelo antigo ministro.
A grande questão nesta sexta será a atitude concreta de Teich a frente de decisões diárias do ministério e recomendações a governadores. Sua posição não será fácil. Se tomar medidas imediatas de afrouxamento no isolamento social, sem massificação prévia de testes, fortalecerá a autoridade de Bolsonaro, mas aprofundará o embate com o Congresso, o STF e os estados.
Se, por outro lado, mantiver a política anterior, ainda que com o horizonte de abertura a partir de aumento de testes, ficará a percepção de que Bolsonaro, mesmo trocado o ministro, não tem poder para mudar a política de saúde. O que exigirá do presidente novos malabarismos retóricos.
Dois pontos, no entanto, são certos: continuará o o conflito entre o Planalto e a maioria dos governadores; qualquer retomada mais forte da atividade econômica estará ligada a enorme ampliação na capacidade de se testar a população para mapear a contaminação pelo coronavírus.
POLÍTICA
A ampliação do “coronavoucher” e a relação entre Câmara e Senado
Em relação a medidas econômicas, destaque amanhã para o resultado de votação na Câmara, hoje, de projeto que aumenta o auxílio para trabalhadores formais. Expectativa é de que o texto que veio do Senado, que previa ampliação para até três salários mínimos, sofra desidratação. Mas ainda está em aberto alteração nos critérios para concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O resultado da votação indicará, ainda, se haverá maior ou menor possibilidade de composição com o Senado no que se refere a pacote de auxílio a estados, no qual há disputa aberta entre propostas da Câmara e do governo federal.
ECONOMIA
Inflação e rivalidade China X EUA
No Brasil, sai amanhã o IGP-M Segundo Decêndio (FGV). O índice apresentou aceleração no início do mês, com destaque para alimentação. No exterior, aumenta preocupação com embate entre EUA e China, sob o pano de fundo do coronavírus e da exportação de insumos médicos.
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