Tag: Vale do Rio Doce
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Destaque
Vale constrói uma ponte para hub de hidrogênio verde do Piauí
7/11/2024Infraestrutura
VLI encontra mais um obstáculo para a devolução de trechos da FCA
4/11/2024A VLI, leia-se Vale, Brookfield e Mitsui, entrou na linha de tiro dos próprios clientes. Há informações em Brasília que grandes grupos usuários da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a exemplo da Braskem e da RHI Magnesita, têm feito pressão junto ao ministro dos Transportes, Renan Filho, para brecar a possível devolução de trechos da linha férrea. As empresas alegam risco de descontinuidade no serviço de transporte de cargas – sabe-se lá quando o governo conseguirá relicitar esses ramais. A reação de importantes empresas aumenta o enrosco em torno da renovação antecipada do contrato da FCA. A VLI quer prorrogar a concessão, mas insiste em devolver à União trechos menos rentáveis ou mesmo deficitários, notadamente na Bahia. É o caso do ramal entre Corinto (MG) e o Porto de Aratu, nas proximidades de Salvador.
Destaque
Votorantim pode ser sócio da Vale na Aliança Energia
20/09/2024Mais de 27 anos após o leilão de privatização da Vale – quando Antônio Ermírio foi derrotado por Benjamin Steinbruch -, os caminhos da companhia e dos Ermírio de Moraes voltam a se cruzar. Há informações no mercado de que a Auren, leia-se o Grupo Votorantim e a canadense CPP Investments, entrou no páreo para adquirir uma participação majoritária na Aliança Energia.
A mineradora pretende vender 70% do capital, parcela que estaria avaliada em cerca de R$ 4 bilhões. A concorrência não é pequena. Entre as empresas que mantém conversações com o Itaú BBA e o Morgan Stanley, advisers da Vale, estão a chinesa CTG e a francesa TotalEnergies – conforme informou o Pipeline, do Valor Econômico, no último dia 2.
Executivos do setor ouvidos pelo RR apontam alguns fatores que fariam a Auren avançar com mais sede ao pote da Aliança. Criada há apenas dois anos, a empresa parece disposta a pular etapas e acelerar seu crescimento por meio de M&As. Foi assim com a compra da AES Brasil em março, por R$ 7 bilhões, o maior investimento já realizado pela dobradinha Votorantim/CPP.
A operação permitiu à Auren saltar da 13ª para a 3ª posição entre os maiores grupos de geração do país. O segundo lugar do ranking é logo ali na frente, e a Aliança desponta como um atalho. Com a eventual aquisição, a Auren sairia de 8,8 GW para 10,8 GW, em um empate técnico com a Engie (10,7 MW) – à frente das duas, a inalcançável Eletrobras (44 GW).
E com um benefício adicional: além da venda da energia em mercado, a Aliança carrega um grande potencial de crescimento, na condição de fornecedora do insumo para a própria Vale, um cliente cativo que já está dentro de casa. Procurada pelo RR, a Auren informou que “não comenta rumores sobre eventuais processos de fusões e aquisições”. Também consultada, a Vale não se pronunciou.
Sob certo aspecto, causa até certa surpresa que uma companhia que vinha sendo conduzida em banho-maria pela Vale e pela Cemig atraia um número razoável de pretendentes. Ainda assim, a negociação para a compra da Aliança Energia tem alguns senões.
A começar pelo preço. Em março, quando a Vale comprou os 45% até então pertencentes à estatal mineira, os 100% da Aliança foram avaliados em R$ 6 bilhões. No entanto, o que se diz é que a Auren, assim como a CTG e a TotalEnergies, consideram o valuation elevado. Existe ainda outro complicador.
A informação é que a Vale pretende condicionar o negócio a um acordo de acionistas que lhe permita manter algum grau de participação na gestão, mesmo como minoritária. Talvez seja um pedágio que o comprador da Aliança terá de pagar. A ver.
Destaque
“Reforma agrária da mineração” é o novo embate entre governo e Vale
12/09/2024Surge um novo ponto de conflito entre as empresas de mineração e o governo. Na verdade, onde está escrito “empresas” leia-se Vale. Há informações, em Brasília, de que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pretende anunciar até outubro uma proposta de revisão do marco legal da mineração, com foco nas normas para a concessão de alvarás de pesquisa e lavra.
Uma das principais medidas em discussão é condicionar os direitos para a realização de estudos geológicos e a extração propriamente dita a investimentos obrigatórios e à efetiva exploração da jazida. O governo quer também impor sanções em caso de descumprimento dessas regras, que iriam de multas à cassação da licença.
As mudanças no marco legal terão de passar pelo Congresso. Nos gabinetes da Câmara e do Senado, já é possível detectar a movimentação de líderes da Frente Parlamentar Mista da Mineração na tentativa de barrar a proposta. O bloco de deputados e senadores é assediado dia e noite pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entidade, que, para não variar, é comandada pela Vale.
É o mesmo Ibram que tem gastado mundos e fundos em publicidade para tirar a mineração dos setores que deverão ser gravados com o “Imposto do Pecado”.
De acordo com números que circulam no Ministério de Minas e Energia, há no Brasil cerca de 14 mil concessão de lavra em vigor. Desse total, em quase 30% das reservas não há qualquer atividade de extração. Os projetos suspensos estão paralisados, em média, há 12 anos. Ou seja: simplesmente, as mineradoras estão sentadas sob a permissão.
Por essa razão, no Ministério de Minas e Energia, há quem se refira ao projeto como uma espécie de “reforma agrária da mineração”. O objetivo do governo é “democratizar” a atividade mineral – expressão que tem sido repetida pelo próprio Silveira em reuniões com assessores e com a Agência Nacional de Mineração (ANM).
Não custa lembrar que, em março deste ano, durante a inauguração da fábrica de fertilizantes da Eurochem em Minas Gerais, o ministro criticou publicamente a “conduta irresponsável” das grandes mineradoras, por manterem um número elevado de permissões sem investir nas áreas, apenas como forma de impedir que outros o façam.
Não precisou mencionar o nome da Vale para que todos soubessem a quem o petardo se endereçava. Lula, no entanto, não teve o mesmo prurido. Um mês antes, em entrevista à Rede TV, o presidente da República criticou abertamente a Vale, pela “quantidade de minas” que estão nas mãos da empresa e “ela não explora há mais de 30 anos e fica funcionando como se fosse dona e vendendo.”
Destaque
Vale e Opportunity querem atracar no Porto Sudeste
23/08/2024Seis anos após seu turbulento desenlace societário, Vale e Opportunity devem ter um novo duelo pela frente. Segundo o adviser de uma das empresas envolvidas na negociação, a mineradora e a gestora de Daniel Dantas estão na disputa pela aquisição do Porto Sudeste, colocado à venda pelo Mubadala e pela Trafigura. As conversas são conduzidas pelo UBS BB e pela Goldman Sachs, contratados pelo fundo árabe e pela trading de Cingapura.
Tanto a Vale quanto o Opportunity jogam o jogo com uma carta em cada mão. De acordo com a mesma fonte, a mineradora poderia entrar diretamente na operação ou “terceirizar” o investimento, por meio da VLI, empresa de logística portuária e ferroviária da qual é uma das maiores acionistas, ao lado da Brookfield.
O mesmo se aplica ao Opportunity, que teria a possibilidade de comprar o Porto Sudeste de forma direta ou por intermédio da Santos Brasil, da qual é um dos principais investidores. Nesta segunda hipótese, o M&A resultaria na consolidação do grande conglomerado do setor portuário brasileiro, que reuniria um dos maiores terminais de contêineres da América Latina, em Santos, e uma importante estrutura logística para exportação de minério de ferro – no ano passado, cerca de 26 milhões de toneladas saíram do Porto Sudeste.
Em tempo: a eventual aquisição do complexo portuário, localizado em Itaguaí (RJ), dissiparia os rumores sobre a saída do Opportunity do setor – no ano passado, circularam notícias de que a instituição financeira de Dantas teria colocado à venda a sua participação na Santos Brasil.
Do lado da Vale, há todo um contexto em torno do seu interesse pelo Porto Sudeste.
A mineradora já controla um porto na região de Itaguaí, a Cia. Portuária Baía de Sepetiba (CPBS), responsável pela exportação de mais de 17 milhões de toneladas de minério de ferro no ano passado. E, no que dependesse da sua vontade, entraria com as garras afiadas no leilão de arrendamento do IGT 02, o novo terminal de minério de Itaguaí. No entanto, conforme o RR antecipou, o edital da Antaq cria restrições à participação tanto da Vale quanto da CSN na disputa – a siderúrgica controla o Tecar, terminal de granéis de Itaguaí.
As duas empresas têm feito lobby em Brasília na tentativa de derrubar os entraves para a sua entrada na licitação. Porém, até o momento, a Antaq segue firme na sua disposição de impedir uma concentração ainda maior dos embarques de minério de ferro na Baía de Sepetiba nas mãos da mineradora e da siderúrgica.
Ou seja: a Vale – assim como a CSN – está em uma espécie de índex da agência reguladora, ao menos quando o assunto é o complexo portuário de Itaguaí. É justamente essa amarra regulatória que justificaria a entrada em cena da VLI, como candidata à compra do Porto Sudeste. Em conversa com o RR, ao ser perguntada sobre a possibilidade de comprar o empreendimento, a empresa de logística afirmou que “não há nada nesse sentido”. Está feito o registro.
No entanto, o que se diz no setor é que, diante do cerco da Antaq, a saída mais plausível para a Vale não perder o negócio seria a VLI se posicionar na linha de frente da operação de compra do Porto Sudeste. Seria, digamos assim, um “outsourcing societário”.
A aquisição daria à Vale, quer dizer, à VLI uma capacidade adicional de exportação de 50 milhões de toneladas de minério de ferro por ano – ainda que atualmente, o Porto Sudeste opere com quase 50% de ociosidade. O mundo roda, gira, capota e, por vezes, volta ao mesmo lugar. Em 2014, quando do início da derrocada do “Império X”, a Vale chegou a sinalizar a Eike Batista o interesse em comprar o Porto Sudeste. E talvez só não tenha levado porque Eike não podia vender o que já não era mais seu. Mubadala e Trafigura assumiram o ativo, em troca de dívidas do empresário.
Empresa
Mitsui e Rubens Ometto já não falam a mesma língua na sucessão da Vale
9/07/2024Em meio ao intenso disse-me-disse nos corredores da Vale, circula a informação de que a Mitsui teria adotado uma posição de neutralidade no processo de sucessão da mineradora. O recuo é uma ducha de água fria para Rubens Ometto, que via no grupo japonês o principal aliado no lobby para a nomeação de Luiz Henrique Guimarães, ex-CEO da Cosan, para a presidência da Vale. A ver como Ometto vai digerir o distanciamento da Mitsui, sua sócia não apenas na mineradora, mas em uma série de distribuidoras de gás. Procurada, a Mitsui não se manifestou.
Empresa
Ativos da Teck Resources voltam ao radar da Vale
20/03/2024O RR apurou que a Vale retomou conversações com a Teck Resources. As tratativas para uma possível associação envolvem a operação de metais básicos do grupo canadense, notadamente cobre e zinco. São minas no Canadá e no Chile. No primeiro semestre do ano passado, Vale e Teck Resources abriram negociações – conforme a Reuters informou à época. Na ocasião, Anglo American e Freeport-McMoRan também se apresentaram para a compra de um pedaço da divisão de não ferrosos da empresa canadense. De lá para cá, a Vale passou a ter um parceiro de peso para seus investimentos no negócio de metais básicos: o consórcio Manara Minerals, leia-se o FIP, fundo soberano da Arábia Saudita, e a mineradora Ma´adene. Procurada, a Vale não quis se manifestar.
Empresa
Vale faz prestação de contas on demand para o governo Lula
7/03/2024A diretoria da Vale vai dar visibilidade a diversas ações, mesmo inconclusas, que estejam alinhadas a demandas do governo em relação à companhia, ao menos as previsíveis. Entram nesse rol investimentos na equação de problemas de meio ambiente, uma solução final para Brumadinho, gastos com sustentabilidade e integração regional e apoios a comunidades mais distantes. Tudo que remeta ao ambiental e social.
O que está em discussão, nas interpelações e interferências de Lula, não são exatamente os resultados financeiros da mineradora. O presidente quer afago nas áreas que lhe apetecem e sensibilizam suas bases políticas. Como é de costume, Lula ameaça antes com um Exocet – no caso a indicação extravagante de Guido Mantega para a presidência da companhia – para, mais à frente, obter alguma reciprocidade, ainda que proporcionalmente inferior as suas demandas megalomaníacas e intervencionistas. O fato é que vai ter muito trabalho na Vale para agências de publicidade e assessorias de imprensa.
RR Destaques
Vale e Petrobras: os planos do governo
28/02/2024No que concerne a relação entre Vale e governo, fundamental ter uma questão em mente: é difícil que o Planalto adote iniciativas realmente heterodoxas, que sejam lidas como uma espécie de intervenção, mas em nenhum momento deixou ou deixará de querer emplacar um nome de sua confiança no comando da empresa.
É ilusório avaliar, em qualquer cenário, que houve ou haverá recuo nesse interesse. Trata-se de uma convicção pessoal de Lula, que converge com a visão do PT e não terá nenhuma intervenção da Fazenda, salvo em uma hipótese “radical”, que é muito improvável. O que pode acontecer, aí sim, são pausas e avanços, de acordo com o momento, os balões de ensaio e as “oportunidades” que o Planalto detectar, em termos de custo benefício.
Em outra questão polêmica, algo similar se aplica a Petrobras. A declaração do presidente da estatal, Jean Paul Prates, indicando “cautela” no pagamento de dividendos, obviamente causa um impacto imediato, pela natureza do mercado.
Mas não se trata de um movimento pendular, ou de uma tese que encontra adversários dentro do governo, pelo contrário. É uma questão, apenas, de tempo ou timing. O planejamento do atual governo é esse e não mudará: ampliar os valores reinvestidos e direcionar fortemente a estatal para a energia renovável, entre outros campos. Difícil que haja surpresas aí, a não ser para quem queira ser surpreendido.
Ainda mais porque há forte indefinição quanto ao que a Fazenda conseguirá pôr na mesa (que dirá aprovar), via Projeto de Lei, para substituir as desonerações de 17 setores da economia. Assim como se terá força de negociação para manter o “corte” do Perse, programa criado na pandemia e voltado ao setor de eventos. O processo está anda mais embaralhado porque há inúmeras disputas em curso no Congresso, com destaque pelos postos em comissões, e o ministro se ausentou momentaneamente do cenário.
A despeito desses fatores, entretanto, o número gera, efetivamente, impacto positivo para a credibilidade de Haddad e dá a ele, ao menos conjunturalmente, mais capital tanto junto ao mercado e aos agentes econômicos como em uma batalha que já está sendo travada internamente, acerca da necessidade de contingenciamentos orçamentários.
Externamente – e no mundo politico – diminui e muito a argumentação de que os planos do ministro para o equilíbrio das contas, via a correção do que avalia como brechas fiscais, seria utópico.
Já os adversários do ministro dentro do PT, embora menos vocais recentemente, mantém a “espada no pescoço” de Haddad, antecipando um possível desgaste com a falta (ou até incerteza) de verbas para programas importantes do governo, se acabar sendo necessário represar recursos pelo não cumprimento da meta, visando respeitar o arcabouço fiscal.
A hora dos aplicativos
A grande variável que o governo levará em conta na proposta final a ser apresentada sobre a nova regulamentação para os motoristas de aplicativos, a princípio semana que vem, não será o Uber, nem mesmo o Congresso (embora ele seja uma preocupação). O “público alvo” é a classe de motoristas, que o governo avalia como sendo um nicho do “novo trabalhismo”, mas, no fundo, dominada politicamente pela linha do ex-presidente Bolsonaro.
Há, também, outro fator: é essencial que o acordo a que se chegar represente um sentimento de maioria. É isso que tenderia a garantir que o STF evitaria uma decisão que se sobrepusesse ao projeto, em julgamento que está em suas mãos, ainda sem data para ir a plenário.
Empresa
Venture capital é a próxima parada da VLI
7/11/2023A VLI – o conglomerado de logística controlado por Vale, Mitsui e Brookfield – vai criar um braço de venture capital. Já teria reservado cerca de R$ 30 milhões para dar a partida no fundo. Na mira, startups ligadas ao agronegócio e à área de logística. A VLI – dona das ferrovias Centro-Atlântica e Norte- Sul – já fez uma espécie de teste driver ao aportar R$ 1,5 milhão na agtech Brasil Agritest. Procurada pelo RR, a VLI não quis se manifestar.
Destaque
Os “candidatos do governo” à presidência da Vale
6/11/2023Dois nomes antípodas vêm sendo soprados nos corredores da Vale como candidatos a substituir Eduardo Bartolomeo na presidência da companhia: Pedro Parente e Luciano Coutinho. O primeiro, não obstante a identificação com FHC, não se incompatibilizou com o PT, leva o rótulo de um dos maiores executivos do país e é especialista em crises cabeludas, vide o racionamento de energia de 2001. Seria um executivo talhado para comandar uma empresa que ainda carrega a nódoa reputacional de Mariana e Brumadinho. Luciano Coutinho, por sua vez, não precisa de apresentações. O ex-presidente do BNDES cumpriria o papel de ser um presidente próximo da cúpula do governo e do PT. E Guido Mantega, que chegou a ser aventado para o comando da Vale? Talvez não tenha passado de um boi de piranha.
Destaque
Vale e CSN se unem para derrubar edital do Porto de Itaguaí
10/10/2023Benjamin Steinbruch e a Vale estão do mesmo lado novamente. A causa que os une é a concessão do futuro terminal de minério de ferro do Porto de Itaguaí, o ITG 02. CSN e a Vale prometem jogar duro para brecar o edital de licitação do empreendimento. As regras traçadas pela Antaq restringem a participação de grandes mineradoras na disputa.
Segundo o RR apurou, dirigentes das duas companhias já solicitaram audiências ao ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para tratar do assunto. O objetivo é assegurar a revogação do edital antes que ele seja submetido e aprovado pelo TCU. Se necessário, Vale e CSN cogitam judicializar o caso, buscando nos tribunais o direito de disputar a concessão do ITG 02. Procuradas pelo RR, as duas empresas não quiseram comentar o assunto.
A premissa da Antaq é aumentar a concorrência e permitir que pequenas e médias produtoras de minério de ferro tenham uma porta de saída para as suas exportações. Por essa razão, o edital prevê que empresas com contratos de arrendamento ou autorização de terminais para minério só poderão participar da licitação caso não haja propostas. Nos bastidores, em conversas travadas na Antaq, CSN e Vale alegam, de forma uníssona, que a trava afronta a livre concorrência e pune as mineradoras com maior capacidade de investimento em infraestrutura.
A regra parece ter sido feita sob encomenda para barrar ou ao menos limitar a entrada da Vale e da CSN na disputa. Além de serem as maiores produtoras de minério do Brasil, as duas companhias são notoriamente as grandes interessadas em arrematar o ITG 02. O Porto de Itaguaí é uma peça estratégica no mosaico logístico de ambas, pela localização de suas minas.
A CSN opera o Tecar, terminal de granéis de Itaguaí, com capacidade para 45 milhões de toneladas/ano – além do Sepetiba Tecon, dedicado à movimentação de contêineres. A Vale, por sua vez, é dona da Cia. Portuária Baía de Sepetiba (CPBS), terminal por onde exportou quase 17 milhões de toneladas no ano passado. O que está em jogo é justamente a manutenção dessa primazia. A siderúrgica de Benjamin Steinbruch e a mineradora não gostariam de ver um intruso, ou seja, um competidor se intrometendo nessa sesmaria portuária. Literalmente se intrometendo. Os mais de 340 mil metros quadrados do ITG 02 ficam exatamente entre os terminais da CSN e da Vale. Não por acaso, essa parte do Porto é chamada informalmente de “Área do meio”.
Empresa
Vale e sindicatos começam negociação já em desacordo
4/10/2023As negociações para o novo acordo coletivo de trabalho da Vale, que começam formalmente hoje, prometem algum grau de tensão. Há, desde já, um cabo de guerra entre a mineradora e os nove sindicatos que representam seus mais de 53 mil funcionários. A companhia já sinalizou a disposição de encurtar as rédeas de alguns benefícios dos trabalhadores. A Vale quer aumentar a participação dos empregados no pagamento do plano de saúde. Acena também com cortes no adicional de insalubridade, incluindo os trabalhadores que atuam diretamente nas minas. Os sindicatos, por sua vez, já avisaram que vão rechaçar tais condições. Já existem até ameaças de paralisação. Sob certo aspecto, trata-se de uma postura que contrasta com a fragilidade encontrada pela Vale do outro lado da mesa nos últimos anos. Procurada pelo RR, a companhia não quis se manifestar.
Infraestrutura
CRCC desponta como a “maquinista” da Ferrovia de Integração Centro-Oeste
25/09/2023Representantes da Representantes da China Railway Construction Corporation (CRCC) mantiveram contato há pouco mais de duas semanas com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Em pauta, o interesse dos chineses em participar da construção da Fico 2, como é chamado no governo o segundo trecho da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) – a implantação da Fico 1 está a cargo da Vale. São 505 quilômetros entre as cidades de Água Boa e Lucas do Rio Verde, ambas no Mato Grosso, um investimento total próximo dos R$ 3 bilhões. Trata-se de um dos empreendimentos ferroviários do ‘Novo PAC”. A CRCC foi responsável pela construção de mais de 50 mil quilômetros de linhas férreas em aproximadamente 30 províncias chinesas. Além da disposição de entrar no projeto da Fico 2, há informações de que o grupo chinês vem mantendo conversações com governos estaduais que têm projetos de concessão ferroviária, como Mato Grosso. (CRCC) mantiveram contato há pouco mais de duas semanas com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Em pauta, o interesse dos chineses em participar da construção da Fico 2, como é chamado no governo o segundo trecho da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) – a implantação da Fico 1 está a cargo da Vale. São 505 quilômetros entre as cidades de Água Boa e Lucas do Rio Verde, ambas no Mato Grosso, um investimento total próximo dos R$ 3 bilhões. Trata-se de um dos empreendimentos ferroviários do ‘Novo PAC”. A CRCC foi responsável pela construção de mais de 50 mil quilômetros de linhas férreas em aproximadamente 30 províncias chinesas. Além da disposição de entrar no projeto da Fico 2, há informações de que o grupo chinês vem mantendo conversações com governos estaduais que têm projetos de concessão ferroviária, como Mato Grosso.
Negócios
Consórcio retoma antigo projeto da Vale em potássio na Argentina
12/09/2023Destaque
Fator Mantega provoca forte mal-estar no comando da Vale
10/08/2023As sinalizações de que o governo Lula quer emplacar Guido Mantega na presidência da Vale têm provocado um grande mal-estar no comando da companhia. O mais incomodado é o atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo, que seria “sacrificado” para dar lugar ao ex-ministro. Segundo o RR apurou, conselheiros da empresa também já se manifestaram, intramuros, contra a possível mudança – em tese, a eventual indicação de um novo presidente da Vale teria de ser submetida ao board. Como se não bastasse a tentativa de ingerência do governo em uma empresa privada, a reação adversa é alimentada por outras informações que chegaram ao conhecimento de dirigentes da mineradora. Mantega já teria falado a terceiros de pelo menos dois nomes que levaria para as vice-presidências da Vale. O ex-ministro é boquirroto. Ele também teria dito que, se estivesse à frente da companhia, não faria agora a venda de parte da operação de metais básicos, leia-se a Vale Base Metals (VBM). Há cerca de duas semanas, a empresa anunciou a transferência de 13% do negócio para a Manara Minerals, joint-venture entre o fundo soberano da Arábia Saudita e a companhia de mineração estatal Ma’adene, e o fundo californiano Engine No.1. Ressalte-se que o mercado considerou o acordo bastante positivo para a Vale. A companhia amealhou US$ 3,4 bilhões, o que significou um valuation de US$ 26 bilhões para 100% da VBM. O RR enviou uma série de perguntas à Vale, mas a empresa não se manifestou.
Mantega prega a ideia de que a Vale Base Metals tem um valor ainda não mensurado de seus ativos, que permitiria uma precificação maior. Mais uma do ex-ministro: Mantega defende que a VBM ou a própria Vale seja um agente do Brasil para a costura de acordos multilaterais, a começar pela entrada do país na “Opep do Lítio”. Trata-se do grupo que está sendo criado por Bolívia, Argentina e Chile, detentores de quase 70% das reservas globais do metal. Até o momento, o Brasil, dono de algo em torno de 8% das jazidas já comprovadas, está fora da mesa de negociações. Hoje, por sinal, já haveria tentativas do governador Romeu Zema para que a Vale se tornasse um dos investidores no Vale do Jequitinhonha, onde estão concentrados cerca de 85% do lítio brasileiro. Ressalte-se que a VBM tem ainda outro ativo estratégico e com potencial de grandes reservas, o cobalto, também valioso para a transição energética.
Na Vale, a leitura é que as “confidências” de Guido Mantega foram feitas sob medida para serem vazadas. Elas quase que configuram um programa de campanha de Mantega na tentativa de emplacar seu nome na presidência da mineradora com o apoio ou talvez seja mais adequado dizer a intervenção direta de Lula. É como se o ex-ministro já estivesse atropelando o Conselho da companhia de antemão. Além disso, as afirmações atribuídas a Mantega foram interpretadas dentro da Vale como mais uma evidência da disposição do governo de “reestatizar” a empresa, sem necessariamente mexer na sua composição societária, mas, sim, com um take over da sua gestão. Desde 2020 a Vale deixou de ter um bloco de controle com a pulverização do seu capital. Ainda assim, o governo tem um certo peso decisório. A Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, é o maior acionista individual, com 8,72%. Não seria nada improvável que o fundo de pensão tivesse capacidade de aglutinar outros sócios relevantes para a construção de um bloco de influência, capaz, entre outras decisões, de impor mudanças na gestão da empresa.
Empresa
Vale começa a pagar o pedágio por renovação antecipada de ferrovias
10/07/2023A Vale sinalizou à ANTT e ao governo do Espírito Santo que vai apresentar até o fim do mês o projeto final para a construção da fase 1 da ferrovia entre Santa Leopoldina e Anchieta. Já não era sem tempo. A implantação do trecho de aproximadamente 80 km foi um dos compromissos assumidos pela mineradora em troca da renovação antecipada das concessões das estradas de ferro de Carajás e Vitória-Minas. O acordo foi assinado em dezembro de 2020. Desde então, o governo capixaba tem pressionado a Vale a cumprir a promessa. A companhia comprometeu-se ainda a construir um segundo trecho, de Anchieta a Presidente Kennedy. Procurada pelo RR, a mineradora não quis comentar o assunto.
Empresa
Cosan pretende disputar arrendamento de terminal em Itaguaí
19/06/2023A Cosan avalia disputar o arrendamento do novo terminal de granéis sólidos minerais do Porto de Itaguaí (RJ), área conhecida ITG-02. Uma das hipóteses é entrar na licitação em parceria com a Vale, da qual é acionista. A mineradora, ressalte-se, já opera no Porto de Itaguaí por meio da Companhia Portuária de Sepetiba (CPSB). O arrendamento do terminal é uma peça que se encaixa na crescente atuação da Cosan na área de mineração. Além da posição estratégica no capital da Vale, a companhia de Rubens Ometto mantém uma joint venture com o empresário Paulo Britto, fundador da Aura Minerals, para atuar no segmento de minério de ferro. De mãos dadas ou cada qual separadamente, Cosan e Vale deverão enfrentar a concorrência da CSN no leilão. A siderúrgica também já atua em Itaguaí, por meio da Sepetiba Tecon.
Energia
Cemig e Vale negociam venda da participação em Belo Monte
14/06/2023Vale e Cemig, sócias na Aliança Energia, parecem caminhar em sentidos opostos. Ao menos no que diz respeito à participação da joint venture na Norte Energia S/A, controladora da Usina de Belo Monte. A estatal mineira não apenas quer vender a fatia de 9% na hidrelétrica para a Eletrobras como já teria até iniciado conversações nesse sentido. A Vale, no entanto, pensa diferente e estaria disposta a permanecer no negócio, seguindo ao lado da Eletrobras. No caso da Cemig, o que está em jogo é a própria parceria com a mineradora. Não é de que a estatal mineira busca uma saída para encerrar a joint venture com a Vale. No ano passado, chegou a contratar a BR Partners para buscar um comprador para a sua participação no negócio (45%). Mas as tratativas não avançaram. O assunto parece causar algum desconforto, notadamente no caso da Cemig. Perguntada sobre a venda da sua participação em Belo Monte e sobre a possibilidade de rompimento da joint venture, a estatal mineira disse ao RR que o assunto deveria ser tratado com a própria Aliança Norte Energia, o consórcio detentor da participação na hidrelétrica. Esta, no entanto, não quis se pronunciar, assim como a Vale.
Em tempo: do lado da Eletrobras, a compra dos 10% de Belo Monte pertencentes à Aliança Energia seria um passo a mais na sua estratégia de consolidar posições acionárias em grandes empresas do seu portfólio de ativos. Foi assim na Usina de Santo Antônio, com a recente compra das participações da própria Cemig, Andrade Gutierrez e Novonor (antiga Odebrecht).
Empresa
A Vale é bem maior do que seus números da superfície revelam
19/05/2023É difícil saber o que a Vale tem feito para ampliar o seu arsenal mineral. Está fazendo pesquisas? Em que áreas? Há descobertas novas? A companhia divulga de forma meio mequetrefe o seu estoque de reservas medidas e inferidas. Historicamente, a empresa sempre deteve áreas geológicas riquíssimas. Não houve nada que tenha feito isso mudar. A Vale tinha uma subsidiária, a Docegeo, voltada exclusivamente para a pesquisa e prospecção mineral. Foi extinta há exatos 20 anos. Era uma espécie de “mini CPRM” – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – só que com um portfólio de maior valor. Ficavam na Docegeo os alvarás de pesquisa, ou seja, a subsidiária funcionava como responsável pelas atividades geológicas e uma espécie de banco das potenciais jazidas da companhia. No intervalo entre os anos 70 e 90, a companhia atualizava duas a três vezes por ano descobertas e investimentos, através de comunicados e entrevistas à imprensa.
Lá nos idos da privatização da Vale, o histórico ex-presidente da empresa, Eliezer Batista, se levantou contra o modelo de venda em função da precificação indevida desses ativos. Na época dizia-se que somente as jazidas da companhia somavam R$ 100 bilhões, enquanto a mineradora foi privatizada por “somente” R$ 3,3 bilhões. Só para se ter um aperitivo dessa riqueza, apenas em Carajás a Vale tem grandes reservas inferidas de quase todos os minérios mais relevantes. No agregado, certamente elas são maiores e mais valiosas do que as pertencentes a qualquer outra empresa no Brasil, à exceção da Petrobras. Duvida-se que essa fortuna esteja contida no valor de mercado da companhia ou mesmo seja auditada nos seus balanços sociais. Aliás, quanto vale esse estoque? E por que a empresa, que atualiza seus dados minerais na CVM e na SEC, não divulga oficialmente os valores do seu maior ativo, aquele que está guardado debaixo da terra? Métodos para aferição existem. É só fazer conta. O RR encaminhou uma série de perguntas à Vale e fez seguidos contatos com a companhia, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.
Negócios
CSN e Vale duelam para ampliar seus domínios no Porto de Itaguaí
3/05/2023Promete ser acirrada a disputa pela concessão do novo terminal do Porto de Itaguaí (RJ), o ITG 02. Segundo informações filtradas junto à Antaq, CSN e Vale já sinalizaram que vão participar da disputa. Sob certo aspecto, trata-se de um duelo que remonta aos tempos em que as duas empresas detinham participações cruzadas e eram sócias da Sepetiba Tecon, parceria esta rompida em 2009. Já no primeiro ano de contrato, o futuro concessionário precisará investir cerca de R$ 3 bilhões no ITG 02. Projetado para movimentar cerca de 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o novo terminal surge como um ativo estratégico tanto para a CSN quanto para a Vale, que já operam no Porto de Itaguaí, por meio, respectivamente, da Sepetiba Tecon e da Companhia Portuária de Sepetiba (CPSB). O complexo portuário é o maior escoadouro de minério de ferro do Brasil, concentrando cerca de 85% das exportações do produto.
Destaque
Vale, JBS e Anglo American disputam a corrida do níquel
25/04/2023Há um duelo de gigantes se desenhando na área de mineração. Segundo o RR apurou, Vale e JBS têm interesse em disputar a licitação das jazidas de níquel no Morro do Engenho e Santa Fé, em Goiás. No Ministério de Minas e Energia, a Anglo American também é identificada como uma das candidatas à operação. Segundo o RR apurou, o governo pretende lançar o edital no segundo semestre. Trata-se de uma das mais promissoras fronteiras do níquel no Brasil. Estimativas do Serviço Geológico Brasileiro indicam jazidas da ordem de 14 milhões de toneladas, um ativo que atrai players dos mais diversos matizes. No setor, há informações de que até Eike Batista vislumbra a oportunidade de voltar ao game, pegando carona na licitação das reservas. O empresário estaria se candidatando como adviser para trazer investidores estrangeiros.
No ano passado, o governo Bolsonaro anunciou que a concessão das jazidas de Morro do Engenho e Santa Fé faria parte do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), mas os estudos não ficaram prontos a tempo. O fato é que, entre idas e vindas, a licitação está para sair há quase uma década. No segundo mandato de Dilma Rousseff, a área foi incluída no rol dos bens da União que seriam privatizados. No entanto, àquela altura o governo recuou uma vez que o Código de Mineração passaria por uma atualização. Sob certo prisma, talvez tenha sido até melhor. Hoje há uma corrida global por insumos minerais fundamentais para a transição energética, caso do níquel. A Vale, por exemplo, tem aumentado sua aposta em metais básicos, vislumbrando um salto com a crescente demanda para a geração de energia verde. A companhia já anunciou a cisão da sua operação de níquel e cobre e a intenção de buscar um sócio. A transição energética também é o combustível que tem feito a Anglo American intensificar seus investimentos globais na produção de níquel. Recentemente, comprou 9,9% da Canada Nickel. No Brasil, o grupo alocou R$ 2,2 bilhões para aumentar sua capacidade de extração em Goiás.
No caso da JBS, a aquisição das reservas do Morro do Engenho e Santa Fé representaria seu ingresso no mercado de níquel, um salto considerável para uma corporação que ainda engatinha no setor. A empresa da família Batista entrou na área de mineração há exatamente um ano com a compra de ativos de minério de ferro da própria Vale no Mato Grosso do Sul.
Destaque
J&F garimpa os metais básicos da Vale
18/11/2022A J&F mantém conversações para se associar à operação de metais básicos da Vale. Segundo o RR apurou, as tratativas envolvem alguns ativos específicos – ainda que, a princípio, a intenção da mineradora seja buscar um sócio minoritário para toda a divisão. De acordo com a mesma fonte, a holding dos irmãos Batista teria especial interesse no projeto de cobre de Salobo, no Pará. A unidade tem uma produção anual em torno de 190 mil toneladas, sendo responsável por metade das vendas do metal feitas pela Vale. Procuradas, as duas empresas não se pronunciaram.
A associação seria um passo a mais para a construção da “JBS da mineração”, com os próprios executivos da J&F se referem à investida do no setor. Investida esta que tem passado prioritariamente pela Vale. Em abril, os irmãos Joesley e Wesley Batista compraram as minas de minério de ferro e manganês da companhia em Mato Grosso por R$ 1 bilhão. No caso de Salobo, a associação colocaria a J&F em um negócio com notório potencial de crescimento. A Vale investiu de US$ 1,1 bilhão na unidade.
Negócios
Clima tenso
26/10/2022A negociação do novo Acordo Coletivo de Trabalho da Vale promete ser tensa. A companhia já sinalizou aos sindicatos a intenção de reduzir benefícios, como o pagamento de horas extras. Em contrapartida, os trabalhadores estariam organizando paralisações para o início de novembro, quando vence o atual acordo.
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Vale renovável
18/07/2022A Vale, que é praticamente independente no autosuprimento de energia, pretende se tornar uma gigante em geração renovável. A dúvida é se investe no greenfield ou se associa a outro player.
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Vale tira o pé do manganês
12/07/2022A Petrobras está fazendo escola ao dar prioridade ao valuation, com a desmobilização de ativos. A Vale estuda a venda de pequenas reservas de manganês. O anúncio da transferência pode ser feito a qualquer momento. É o que sobrou do que foi uma das maiores minas do mineral no mundo, a jazida de Igarapé Azul, em Carajás, inteiramente exaurida. Para se ter uma ideia do que representou a reserva do Azul, quando ela estava em exploração, o Brasil perfilava entre os três maiores produtores do minério no mundo. A Vale chegou a pensar em adotar o modelo “minominas”, restrito ao minério de ferro, no qual ela cede os direitos minerais de pequenas propriedades, com a garantia de compra do minério de ferro explorado dessas jazidas. Mas a decisão foi sair de vez do manganês. Em tempo: a Vale vendeu todas as suas empresas de ferro liga com o metal. Com a crise da guerra da Rússia com a Ucrânia, segundo maior produtor de manganês do mundo, pode ser que as propriedades mineralógicas da Vale subam de preço. Um bom negócio é razão também da sua circunstância.
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A “reforma trabalhista” da Vale
22/06/2022No que depender da Vale, o novo Acordo Coletivo de Trabalho vai achatar os benefícios concedidos aos colaboradores. O RR apurou que a empresa abriu tratativas com os sindicatos para antecipar a renovação do Acordo atualmente em vigor que vence apenas em 2023. Uma das medidas seria a redução no reembolso dos gasto com educação de 80% para 70%. Outra proposta que será colocada sobre a mesa é um corte no pagamento de horas extra. Hoje, a empresa paga um adicional de até 120% sobre o valor de referência da hora trabalhada. O novo teto passaria a ser de 100%. Em tempo: por si só, a renegociação antecipada do Acordo Coletivo chama a atenção. Nos últimos anos, a mineradora tem deixado essa revisão mais para a reta final. Seria um hedge contra a eleição de Lula e uma eventual revisão da reforma trabalhista?
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O bye, bye, Brasil da Vale?
15/06/2022Há na Vale um “manda chuva” que defende a mudança da sede fiscal da companhia para Bruxelas. O assunto é sério. E pode ir ao Conselho. Em seus idos de empresa estatal, a Vale, então conhecida pelas iniciais do seu nome, CVRD, tinha uma cabeça de ponte naquele país, a Rio Doce Europa. A subsidiária era comandada por Eliezer Batista, um mito entre os “valerianos”, o que por si só já justificava ser considerada uma segunda sede.
A partir de Bruxelas, a Vale lançava seus tentáculos pelo mundo, fazendo daquele país um corredor para suas vendas. A sede da Vale só não se foi de vez porque Carlos Lessa, em sua polêmica gestão na presidência do BNDES, comprou ações suficientes da empresa para evitar a medida. De certa forma, guardadas as devidas proporções, é o que acontece com a JBS. A expressiva presença do banco no capital da empresa (cerca de 20%) é um impeditivo ao velho projeto dos irmãos Batista de transferir o centro de decisões da companhia para o exterior.
No caso da Vale, ressalte-se, essa trava não existe mais: em fevereiro do ano passado, o BNDES zerou sua participação societária na mineradora. Consultada pelo RR, a Vale não se manifestou. Um ex-diretor da Vale afirmou ao RR que a ideia é muito difícil, quase impossível, devido a resistências de ordem política. Mas, se fosse para ser implementada, a escolha não deveria ser Bruxelas, mas, sim, Pequim, pois a China é o grande comprador de minério de ferro do Brasil e, portanto, o hub natural para vendas no Oriente.
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Revival
14/06/2022A Vale voltou a se interessar por metais estratégicos para a transição energética. Topa até sair às compras.
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Vale entra no túnel do tempo
3/06/2022A estratégia que vem sendo chamada a “Vale do futuro” na verdade deveria se chamar “Vale do passado. A “Vale do futuro” consiste na exploração de minérios fundamentais à transição energética, como níquel, cobre e lítio. À exceção deste último, os demais já vinham sendo extraídos por obra e graça do seu ex-presidente, Eliezer Batista, responsável pela criação de uma holding “multimetais”. Batista levantou a catedral. O ex-presidente da companhia, Roger Agnelli, colocou-a abaixo, direcionando a empresa somente para a exploração de minério de ferro, com crescimento baseado em grandes aquisições. Ficaram fora dessa decisão “monoferrífera” apenas as minas de níquel do Canadá, que, assim como foram compradas – juntamente com um jazida de Eike Batista – não muito depois foram vendidas. Agora, o futuro da Vale é fazer mais do mesmo a preços mais caros.
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Fertilizante vira tema estratégico da área de Defesa
7/03/2022O conflito entre Rússia e Ucrânia levou o Plano Nacional de Fertilizantes para o âmbito da segurança nacional. Segundo o RR apurou, o presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado a tirar a elaboração do futuro programa da Casa Civil e levá-la para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, a cargo do almirante Flavio Rocha, ou para o próprio Ministério da Defesa. A recomendação vem da ala militar do governo. A dependência brasileira dos fertilizantes importados, assunto que, durante décadas, foi conduzido com pouca atenção por seguidas gestões, passou a ser discutido nos Altos-Comandos das Forças Armadas, inteiramente debruçados sobre os impactos da guerra na Europa.
Cabe lembrar que o próprio ministro da Defesa, general Braga Netto, acompanhou Bolsonaro na recente visita à Rússia, principal fornecedor de adubo ao Brasil. Para muitos, o encontro com Putin não passou de marketing diplomático, um evento sem agenda específica. No entanto, naquele momento, a questão dos fertilizantes estava há algum tempo no radar das Forças Armadas.
A reunião com o presidente russo já tinha como objetivo a garantia de manutenção do suprimento dos nutrientes. Foram os militares e não os ministros Tereza Cristina, Paulo Guedes ou Carlos Alberto de França que fizeram o Palácio do Planalto mudar de rota e eleger o assunto como prioridade. A cada dia que passa, as preocupações dos Altos-Comandos mais se justificam. Na última sexta-feira, o governo russo determinou que os produtores de fertilizantes suspendam temporariamente as exportações devido aos problemas logísticos provocados pela guerra. No caso dos fertilizantes, o Brasil depende tanto ou mais dos russos quanto os chineses das proteínas brasileiras.
Não custa lembrar que o Plano Quinquienal da China prevê intensivo plantio de grãos em países como Indonésia, Tailândia e Vietnã, como forma de reduzir a necessidade de importação de grãos brasileiros. O Brasil precisa fazer o mesmo: diversificar suas fontes e aumentar expressivamente a produção interna de adubo, o que deve se dar através de estímulo ao capital estrangeiro, leia-se, por exemplo, a Mosaic ou mesmo a russa Eurochem. Além da atração de investimentos externos, a redução da dependência estrangeira passa também pela entrada ou retorno de grandes companhias ao setor de fertilizantes, casos de Petrobras, Bunge e Vale (ver RR de 21 de fevereiro).
Para os militares, o que está em jogo é uma questão de soberania. Quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, o Brasil importa o equivalente a 85% da demanda interna. Praticamente um quarto desse insumo vem da Rússia. Entre 2020 e 2021, as compras de nutrientes russos saltaram de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,5 bilhões. Esse valor corresponde a mais de 60% das importações provenientes da Rússia. Ou seja: a depender da extensão dos combates com a Ucrânia e das consequências comerciais do conflito, o Brasil pode vir a ser duramente afetado na sua principal área de produção econômica, o agronegócio.
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Vale cogita sua volta ao mercado de fertilizantes
21/02/2022A Vale estuda o retorno à mineração de fertilizantes. Dessa vez, o flashback se daria através da exploração de potássio. As jazidas no radar estão localizadas nos estados do Amazonas e de Goiás. O Brasil é dependente de 76% dos nutrientes fosfato e potássio, que juntamente como o nitrogênio formam o composto do fertilizante NPK.
Praticamente toda a produção agrícola brasileira depende do NPK. A fabricação do fertilizante foi considerada prioritária pelo governo militar nos anos 70, quando a então Vale do Rio Doce e a Petrobras tinham empresas voltadas para a mineração dos nutrientes, a Valefértil e a Petrofértil, respectivamente. Ou seja: o Brasil parece um cachorro correndo atrás do próprio rabo quando o assunto é a mineração de potássio e fosfato. O curioso é que a Vale, há cerca de quatro anos, vendeu suas operações de fertilizantes para a norte-americana Mosaic Company, inclusive suas áreas mineralizáveis de potássio.
Procurada, a mineradora não se pronunciou. Se a volta da empresa à exploração do minério se confirmar, coincidência ou não, ela antecede o Plano Nacional de Fertilizantes, que o governo pretende empinar através de Decreto, nos próximos dias. O Brasil é o único grande produtor de commodities agrícolas com uma elevada dependência do exterior para atendimento da sua demanda por fertilizantes, uma contradição tendo em vista a importância estratégica do setor e o seu potencial de ampliação no mercado internacional.
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Preço da Eletrobras repete engodos das privatizações
17/02/2022Não é a primeira vez que os preços da privatização são subavaliados no Brasil. A desconsideração do valor econômico da potência instalada nas empresas da Eletrobras encontra similar nas desestatizações da CSN, no governo Itamar Franco, e da então Vale do Rio Doce, na gestão FHC. O motivo do “rouba montinho” da União foi a dificuldade de precificação de áreas mineralizadas e mineralizáveis de ambas as companhias.
No caso da CSN, a mina de Casa Pedra, um ativo considerado mais valioso do que a usina de Volta Redonda, passou quase batido no valuation. Em relação à Vale, a Docegeo – subsidiária da companhia onde estavam depositadas suas reservas prospectáveis – não foi computada no cálculo do valor de venda. Com isso, foi dada de graça uma fortuna incalculável em riquezas minerais. Em uma improvável dobradinha àquela altura, dois personagens lutaram como leões, nos bastidores, para que a comercialização da Vale a preço de banana não ocorresse: Eliezer Batista, ex-presidente da companhia, e o ex-prefeito do Rio, Césa Maia.
Hoje, inexistem personagens públicos com a mesma envergadura para tentar barrar a liquidação da Eletrobras. Segundo a decisão inicial do TCU, o cálculo da potência de geração futura da Eletrobras foi descartado, porque não é medível ou realizável para efeito de precificação. Ressalte- se que o relator Aroldo Cedraz ficou bastante incomodado com a decisão do colegiado. O veredito do TCU foi resultante de um tour de force do Ministério da Economia, para convencer o Tribunal.
Vale tudo para vender a estatal, inclusive sonegar a consulta a companhias especializadas em realizar a precificação correta. Paulo Guedes e cia. querem privatizar a toque de caixa, desprezando o valuation real para atender a agenda política. Portanto, sendo aprovado o atual preço de venda, o comprador levará um bônus muito além do valor fixado. O Ministério da Economia, de braços dados com o TCU, aproveita para, de lambuja, desmascarar o velho Marx, alterando a máxima de que a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. No Brasil, a fraude e a realidade são categorias indissociáveis. O engodo sobrevive ao tempo. Inalterável.
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“Ministro do emprego”
14/02/2022Nos próximos dias, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, deverá autorizar a Vale a construir um ramal ferroviário de 60 km entre Parauapebas e Marabá, no Pará. O DNIT já concedeu o aval ao projeto. Serão cerca de 1,7 mil postos de trabalho a mais na conta de Tarcísio Freitas.
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Governo da Bahia e VLI estão a um passo dos tribunais
23/12/2021O governo da Bahia e a VLI – leia-se Vale, Mitsui, Brookfield e BNDES – estão à beira de um contencioso. Segundo o RR apurou, a estatal Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) pretende entrar na Justiça contra a empresa de logística, controladora da Ferrovia Centro -Atlântica (FCA). Um dos objetivos é brecar a renovação antecipada da concessão da FCA, neste momento tema de tratativas entre a VLI e a ANTT.
O governo baiano alega que o mau estado de conservação da ferrovia tem inviabilizado novos investimentos em mineração no estado. De acordo com a fonte do RR, ao menos dois grandes projetos, da ordem de R$ 5 bilhões, estariam parados por conta de gargalos logísticos relacionados à FCA. Coincidência ou não, os investimentos em conservação da ferrovia em território baiano começaram a escassear depois que a Vale, uma das maiores acionistas da VLI, encerrou sua operação de ferroligas de manganês no estado.
Em conversa com o RR, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral informou que, “no momento” não há qualquer ação judicial contra a VLI. Talvez seja só uma questão de tempo. A empresa confirmou à newsletter que “tem consultado órgãos do Governo da Bahia, como a Procuradoria Geral do Estado e a Secretaria de Infraestrutura, para que se trace uma estratégia conjunta de defesa da logística ferroviária utilizando todos os meios possíveis”. A CBPM também relatou ao RR que tem questionado a VLI através de ofícios enviados à ANTT, o mais recente na segunda semana de novembro. Também procurada, a VLI não quis se pronunciar.
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TST abre um caminho perigoso para a Vale
11/10/2021A Vale está preocupada que sua mais nova derrota judicial em relação à tragédia de Brumadinho gere jurisprudência. Há muitos outros trabalhadores da companhia na mesma situação do mecânico que acaba de ganhar uma causa contra a mineradora no Tribunal Superior do Trabalho. O TST confirmou que o funcionário, que trabalhava na Mina Córrego do Feijão no momento da rompimento da barragem, tem direito ao acordo de estabilidade no emprego por três anos. A Vale alegava que o colaborador era lotado em outra unidade da empresa e estava cedido provisoriamente à operação de Brumadinho. Por essa razão, não estaria coberto pelo acordo. Procurada, a Vale não se pronunciou.
Acervo RR
Vidas secas
30/09/2021A reduzida navegabilidade no Rio Paraguai, por conta das secas, está atingindo a Vale. A empresa tem sido obrigada a reduzir o transporte de minério pela hidrovia, importante rota para o escoamento do produto de Corumbá (MS) para a Argentina.
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Terceira via
3/09/2021O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), teria chamado para si o papel de algodão entre cristais entre a Vale e o governo de Minas Gerais, que exige uma indenização de R$ 100 bilhões pela tragédia de Mariana.
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Alvo fácil
23/08/2021Na Vale, o novo pedido de indenização do governo de Minas Gerais por conta da tragédia de Mariana, no valor de R$ 100 bilhões, vem sendo considerado pirotecnia pré-eleitoral de Romeu Zema. E daí?
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Termostato
28/07/2021A Vale estuda reduzir o ritmo de produção de minério de ferro até o fim do ano, em um movimento que seria sincronizado com outros players internacionais do setor. A medida seria uma forma de ajustar a oferta da commodity e manter os preços no atual patamar, o maior em mais de uma década.
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“Me ajuda a te ajudar”
12/01/2021O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, tenta atrair a VLI Logística, leia-se Vale, para o leilão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). O investimento na construção do trecho entre Caetité e Ilhéus, na Bahia, seria a contrapartida da empresa para a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Mais do que isso: a VLI ajudaria a resolver um problema do próprio Freitas, que pena para encontrar interessados em disputar o leilão da Fiol. No entanto, segundo o RR apurou, a VLI prefere pagar o “pedágio” pela prorrogação do contrato de concessão da FCA de outra forma, com aportes na própria ferrovia. Procurada, a companhia informa que “investimentos decorrentes do processo de renovação da concessão começarão a ser discutidos apenas a partir da audiência pública agendada para 3 de fevereiro”.
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Resíduos
14/12/2020A Fundação Renova, ligada à Vale, vai doar R$ 93 milhões para o Parque Estadual do Rio Doce, uma das mais antigas unidades de conservação de mata atlântica do país. Ótima iniciativa. Mas melhor mesmo seria se a mineradora pagasse de uma vez a indenização pela tragédia de Brumadinho.
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A Vale agradece
30/11/2020O governo mineiro e o Ministério Público Estadual, de um lado, e a AGU e o Ministério Público Federal, do outro, vêm se desentendendo quanto ao valor total da indenização a ser cobrada da Vale pela tragédia de Brumadinho. A cada hora, sedentos por arrecadação, a União e o estado tentam puxar um pouco mais a cifra. Os valore exigidos já estão na casa dos R$ 55 milhões, quase o triplo da proposta máxima apresentada pela Vale – em torno de R$ 20 bilhões. Enquanto não se chega a um denominador comum, a companhia vai escapando da cobrança.
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Minas Gerais dá um “desconto” à Vale por Brumadinho
26/10/2020A crise fiscal dos estados tornou-se um “atenuante” para a mais grave tragédia ambiental e maior acidente de trabalho da história do Brasil, com 259 mortos. O RR apurou que o governo de Minas Gerais baixou o sarrafo e vai abrandar o valor da indenização a ser cobrada da Vale pelo rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. Segundo a fonte da newsletter, o acordo deverá ser fechado até dezembro no valor de R$ 23 bilhões, cerca de R$ 7 bilhões a menos do que o governo mineiro havia estipulado inicialmente.
O deságio está vinculado à delicada situação financeira do estado. Minas Gerais precisa de dinheiro para ontem, ainda que isso signifique uma penalização menor pela catástrofe de Brumadinho. Melhor para a Vale. Em contrapartida ao “desconto”, a mineradora teria se comprometido a desembolsar ainda neste ano a primeira parcela da indenização, recursos estes que ajudariam o governo de Romeu Zema no pagamento do 13º salário do funcionalismo. A Vale está nadando em dinheiro, graças à alta dos preços do minério.
No primeiro semestre deste ano, teve um lucro líquido de R$ 5,5 bilhões, contra um prejuízo de quase R$ 7 bilhões entre janeiro e junho de 2019. Ou seja: a mineradora poderia ser magnânima em relação ao estrago que causou e não barganhar nem o valor nem o prazo de quitação da multa. Segundo a fonte do RR, a indenização deverá ser divida em até cinco pagamentos anuais. Procurado, o Governo de Minas informou que, em audiência realizada na última quinta-feira, “as partes evoluíram em premissas e nos fundamentos do acordo.” Uma nova audiência está marcada para 17 de novembro. Perguntado sobre valores e prazos de pagamento da indenização, o governo mineiro não se pronunciou. Também consultada, a Vale não se manifestou
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Descarrilamento
8/09/2020A Vale é uma das grandes interessadas que o governo acelere a relicitação da Malha Oeste, no Mato Grosso – a atual concessionária, a Rumo Logística, já iniciou os trâmites para a devolução da licença. O impasse e o atraso nas obras de recuperação da ferrovia têm obrigado a empresa a recorrer ao transporte rodoviário, mais caro, para escoar cem mil toneladas de minério de ferro extraídas pelaMCR, subsidiária integral da Vale.
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Aliança enferrujada
5/08/2020A postura da Vale tem contribuído para arrastar a negociação de compra da participação da sócia Cemig na Aliança Energia. Quando a operação parece perto do desfecho, a mineradora recua e regateia o valor. Mesmo tendo que fazer caixa para arcar com uma dívida de R$ 13 bilhões, a Cemig resiste e mantém a pedida de R$ 2 bilhões pela sua parte.
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Vale vs. Brumadinho
19/06/2020Onde mais deveria semear empatia, a Vale planta rancor. A Prefeitura de Brumadinho pretende recorrer da decisão da Justiça, que autorizou a mineradora a retomar as obras de reparação na fatídica barragem de Córrego do Feijão. O município havia determinado a suspensão das atividades por conta da pandemia. Para a Vale, no entanto, a medida do prefeito Avimar Barcelos seria uma retaliação. Como se apenas o alcaide estivesse insatisfeito com a empresa. Não bastasse toda a tragédia, recentemente a Vale restringiu o pagamento integral de auxílio emergencial a nove bairros da cidade. O restante da população passou a receber só metade do benefício.
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A prosperidade da Vale
9/06/2020A Vale não tem do que reclamar da pandemia: já está vendendo minério com entrega para setembro a US$ 108, maior valor dos últimos dez meses. Boa notícia: sinal de que não faltará dinheiro para a companhia pagar o acordo adicional de indenização pelas mortes de Brumadinho, em negociação com o Ministério Público. O valor pode chegar ao equivalente a US$ 2 bilhões.
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Renovação antecipada
26/05/2020O Ministério da Infraestrutura planeja acelerar as tratativas com a Vale para a renovação antecipada das concessões da Estrada de Ferro Carajás e da Vitória-Minas – os contratos atuais vencem em 2027. Na Pasta, a interpretação é que a decisão do TCU de autorizar a prorrogação da licença da Malha Paulista abriu a porteira para outras concessões.
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A virada da Vale?
25/03/2020A Vale vai usar o novo coronavírus para voltar a ser uma “boa moça”. A meta é ser a primeira no ranking de doações para o combate à epidemia. Seja como for, é o caso de dar parabéns à companhia.
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Na contramão da economia
19/03/2020Segundo informações filtradas da própria Vale, a companhia já trabalha com a projeção de que a tonelada do minério de ferro rompa a barreira dos US$ 100 nos próximos dias. Em pouco mais de três semanas, a cotação saiu de US$ 77 para US$ 92, impulsionada, sobretudo, pelas notícias de que a China conseguiu isolar os focos de coronavírus em seu território.
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Vale de mortes
17/12/2019A Agência Nacional de Mineração vai redobrar a fiscalização no leito do rio Paraopeba. Ali repousa um dos riscos deixados pela tragédia da Vale em Brumadinho. Estudos apontam para a ameaça de descolamento de grandes volumes de resíduos nas margens do rio com o início do período de chuvas. Neste caso, milhares de toneladas de rejeitos depositados no Paraopeba podem ser transportados rio abaixo. Em tempo: a ANM tem uma razão extra para mitigar as sequelas de Brumadinho. Sua reputação foi fortemente atingida pela tragédia. Some-se a isso o fato de a agência ter sido apontada pelo TCU como o segundo órgão federal mais exposto a fraudes e atos de corrupção.
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Vale ensaia um bye, bye, Brasil para sua sede fiscal
13/12/2019A Vale está negociando todas as suas fichas com o governo para a mudança de sua sede fiscal para um paraíso tributário. A expectativa
da empresa é que a gestão liberal da economia e a nova política do BNDES de venda de participações da carteira da BNDESPar facilitem a iniciativa. Hoje, o que emperra a exportação da sede fiscal é a titularidade pela União das ações de classe especial, as golden share. Segundo o artigo 3.2.1 do edital de licitação da Vale, as golden share têm poder de veto sobre as seguintes matérias: alteração da denominação social, mudança da sede social, mudança no objeto social no que se refere à exploração mineral, liquidação, entre outras.
Um dos fatores que, no passado, poderiam dificultar essa medida é a participação expressiva da BNDESPar no capital, além da qualidade de titular das golden share, em nome da União.
Ressalte-se que a transferência da sede da Vale chegou a ser cogitada no governo FHC, responsável pela sua privatização, e, por incrível que pareça, até mesmo na gestão Lula, ambas sem êxito. A mudança de status do BNDES no capital acionário se deu justamente no mandato do petista, quando o presidente do banco era Carlos Lessa. O economista ampliou a participação da BNDESPar para evitar a desnacionalização da mineradora e consequentemente a transferência da sede. O tempo passou e o BNDES mudou. A expectativa agora é de venda expressiva de ações da Vale em poder do banco, o que facilita os entendimentos para o “bye, bye, Brasil” da companhia. Se for realizado, as ações disparam.
A priori, as prerrogativas da golden share não parecem existir para serem levadas tão a sério quanto outrora. As chamadas ações de “Classe A”, em uma de suas cláusulas, impediam a troca da razão social da empresa. A mudança de Vale do Rio Doce ou CVRD para a nomenclatura diminuta da Vale, em 2007, passou ao largo da golden share. E, se a aprovação ocorreu formalmente, o silêncio e a discrição deram a tônica do acordo. O RR enviou uma série de perguntas à Vale e estendeu seguidamente o prazo para pronunciamento, devido à gravidade do assunto. A companhia limitou-se a dizer que “as informações disponíveis estão no relatório anual 20F”, publicado em seu site.
A resposta representou a mesma coisa que fugir do assunto: a Vale não quer falar sobre a mudança de sede. Cabe o registro histórico de que, nos idos dos anos 70, a operação da então Vale do Rio Doce em Bruxelas, comandada por Eliezer Batista, era tão importante do ponto de vista estratégico e político quanto a própria sede da corporação no Brasil. Todos os contratos internacionais e mesmo projetos de economia física em solo brasileiro – a começar pelo maior de todos, Carajás – foram formulados a partir do QG na Bélgica. Hoje, a mudança da sede fi scal para o exterior seria bem-vinda também para a descontaminação da Vale em relação aos malefícios ambientais e mortes causadas pela responsabilidade da companhia em duas das maiores tragédias sociais da história do país – Mariana e Brumadinho.
Os acidentes têm dimensão para serem recordados ainda por muitos anos, e não custa lembrar que a mineradora pode estar sentada ainda sobre outras áreas de risco. Por isso, diz uma fonte estratégica, uma rearrumação de ativos seria bem vista. A medida seria uma forma de blindar a companhia contra possíveis e bilionárias indenizações e eventuais probabilidades de novos rompimentos de barragens. Do ponto de vista da lógica econômica, a diretoria da Vale estaria coberta de razão em sua blitzkrieg para a mudança da sede fiscal. Se não conseguir passaporte para um paraíso tributário, a empresa ainda poderia migrar para a Suíça, transformando a sua subsidiária internacional naquele país em sede. A Suíça já não é mais a mesma do ponto de vista fiscal, mas quebraria um galho
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ONU mapeia passivos ambientais do governo Bolsonaro
10/12/2019A situação do Brasil na ONU no que diz respeito à área ambiental deteriora-se rapidamente. O Ministério do Meio Ambiente tem informações de que o relator especial da Organização para direitos humanos e substâncias e resíduos tóxicos, Baskut Tuncak, produzirá um documento bastante duro em relação à política ambiental do país. Tuncak iniciou, no último dia 2, uma visita técnica de nove dias ao Brasil. De acordo com fonte da própria Pasta, o relatório produzido por Tuncak e sua equipe deverá focar nas circunstâncias socioambientais que cercam a indústria de ferro-gusa, notadamente no pólo de Açailândia (MA). Ainda que indiretamente, a Vale é um personagem importante deste enredo. A rigor, a companhia sempre se utilizou do argumento de que apenas fornece minério para as usinas de gusa da região. Não é comportamento mais apropriado para uma corporação que carrega 272 cruzes – o número de vítimas em Brumadinho e Mariana. Além de novas críticas da comunidade internacional ao governo Bolsonaro, provavelmente o relatório da ONU deverá dar gás a entidades ambientais que cobram da Vale critérios comerciais mais rígidos e a suspensão do fornecimento de minério a diversas usinas de gusa de Açailândia.
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“Bancada da Vale” tenta implodir novo tributo do minério
6/11/2019A PEC 42/2019, que revoga a velha Lei Kandir, parece condenada à morte antes mesmo de ser votada. Depois dos ruralistas conseguirem excluir o agronegócio do texto final, com a participação decisiva da própria ministra Teresa Cristina, agora é a “bancada da Vale” que lidera um pesado lobby contra o projeto. O objetivo é tirar também o setor de mineração da alça de mira da nova PEC, garantindo, assim, a continuidade da isenção do ICMS para as exportações de minério de ferro. A Proposta de Emenda Constitucional, de autoria do senador Vital do Rego (PSB-PB) estabelece uma alíquota de 9% na venda ao exterior de produtos não-industrializados e semielaborados. Se a pressão dos parlamentares vingar – o que é mais provável –, ainda que siga adiante, a PEC vai virar uma “PECzinha”. Os dois setores responsáveis por mais de 60% das exportações brasileiras estariam fora da principal mudança proposta no projeto. Criada há menos de quatro meses, a Frente Parlamentar da Mineração, que logo ganhou dentro do próprio Congresso a alcunha de “Bancada da Vale”, tem a sua primeira grande missão. À frente estão os deputados Ricardo Izar (PP-SP) e os mineiros Domingos Sávio e Rodrigo de Castro, ambos do PSDB.
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Cartas marcadas
5/11/2019Bastou uma reunião, na quinta-feira passada, para a direção da Vale e os 11 sindicatos que representam os 55 mil trabalhadores da companhia chegarem a um consenso sobre o novo Acordo Coletivo de Trabalho. De “novo”, aliás, ele não tem nada. As cláusulas do contrato deste ano serão repetidas, sem qualquer exigência adicional dos empregados – uma confirmação da fragilidade dos sindicatos.
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O fim da Vale verde e amarela?
12/09/2019Há planos no BNDES de reduzir a participação no capital da Vale. O RR já escutou a mesma coisa na Previ. A ação conjunta levaria a uma definitiva “privatização” da companhia. Hoje, mesmo sendo uma corporation, as duas estatais dão as cartas por lá. É um golpe de morte na estratégia engendrada pelo ex-presidente do BNDES professor Carlos Lessa, para evitar que à época a Vale fosse desnacionalizada. Aliás, exigência de controle nacional parece ter se tornado uma coisa kitsch.
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Brumadinho já é coisa do passado?
2/08/2019A Vale ganhou um fôlego de liquidez. Conseguiu o desbloqueio de R$ 5 bilhões que estavam em suas contas e foram imobilizados a pedido do Ministério Público de Minas Gerais. A decisão foi da Vara de Fazenda Pública de Belo Horizonte. Os recursos foram retidos para cobrir pagamentos de indenizações às famílias das vítimas e financiar projetos de recuperação ambiental decorrentes da tragédia de Brumadinho. Para todos os efeitos, a punição continua, mas a companhia dará à Justiça garantias via imóveis ou fiança bancária.
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Culpa no cartório
4/06/2019A temperatura vai subir na CPI de Brumadinho. Na semana passada, a Polícia Federal e o Ministério Público de Minas Gerais encaminharam aos parlamentares novos e-mails comprometedores trocados entre funcionários da Vale e empresas terceirizadas.
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CPI internacional
23/05/2019A CPI de Brumadinho vai encaminhar ao governo da Alemanha um pedido formal de investigação da TUV Sud. A empresa emitiu os laudos atestando a segurança da barragem da Vale. Na pior das hipóteses, servirá para fazer espuma na mídia internacional.
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CPI da Vale a passos de cágado
1/03/2019As assinaturas de todos os 74 deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) parecem ter sido feitas a lápis. O presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PV), tem postergado a abertura da CPI para investigar a tragédia de Brumadinho. Havia a promessa de que a Comissão seria instaurada ainda nesta semana, o que não ocorreu. O novo horizonte é a semana depois do Carnaval. Ao que tudo indica, o lobby da Vale está funcionando.
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A indesejada Vale
6/02/2019O prefeito de Congonhas (MG), José de Freitas Cordeiro, e autoridades da área ambiental pressionam a Vale para que a empresa suspenda as obras de alteamento da barragem de Itabiruçu. O projeto prevê a elevação da estrutura de 836 metros para 850 metros e, com isso, o aumento dos rejeitos minerais despejados no reservatório. Com as obras, a barragem de Itabiruçu passaria a ter capacidade para 220 milhões de metros cúbicos – ou seja, quase 18 “Brumadinhos”.
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A Vale entre a integridade e a farsa
31/01/2019A decisão da Vale, anunciada pelo seu presidente Fabio Schvartsman, de desativar 10 reservatórios de rejeitos construídos em Minas Gerais, é um enigma. Perguntaria a esfinge: Schvartsman tomou a decisão com a coragem daqueles que cortam na própria carne – no caso investimentos de R$ 5 bilhões – demonstrando um senso de humanidade à altura da tragédia? Ou o anúncio da desativação das barragens e redução da produção é uma confissão de que o risco estava bem à frente dos seus olhos, e a ganância simplesmente cegou-o, exigindo que um desastre acontecesse para a medida ser tomada? Se vai fazer agora, por que não fez antes? Precisava do estímulo de quase uma centena de mortos? Na verdade há um pouco de marketing institucional na decisão. Basta ver a publicidade do fechamento das barragens. A Vale gastou rios de dinheiro em anúncios institucionais. Deveria também ter informado que em seus planos já estava a transferência das operações de mineração de Minas Gerais para o Norte do país, onde o complexo de ferro S11D sozinho tem um potencial de produção dez vezes maior do que as extrações mineiras conjuntas e com uma economicidade muito superior. Não é incorreto dizer que a companhia estava em Minas Gerais por atraso, ineficiência e falta de velocidade na execução do planejamento. Em nenhum momento, antes da calamidade, pensou no genocídio que Brumadinho e possivelmente outras barragens poderia provocar. Agora, enquanto conta os mortos, diz que fará um esforço de corte da produção. Cartas para a esfinge.
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Afinal, para que serve a golden share da Vale?
30/01/2019O gabinete de crise do Palácio do Planalto trouxe para o centro das discussões uma questão shakespeariana: usar ou não usar a golden share que o governo detém na Vale para substituir a direção da companhia. O assunto tem uma conotação político-estratégica que vai além de uma punição pela irresponsabilidade na administração do risco. A dúvida é se a manutenção dos gestores não compromete o governo de certa forma, pelo menos no imaginário da sociedade, com a tragédia de Brumadinho.
Depois do desastre de Mariana, a recorrência de um acidente dessas proporções enseja que o assunto deixe de ter conotações meramente corporativas. O segundo erro, com um número maior de mortes, exige uma atitude enérgica da autoridade pública, além das políticas convencionais de evacuação, socorro, apoio e solidariedade. A dúvida do governo é se a extensão jurídica da golden share permite seu uso para promover a mudança da administração. O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, sacou rápido do coldre. Disse que estuda sim essa possibilidade no âmbito do gabinete de crise.
O RR apurou que os ministros envolvidos na discussão estão divididos. Há quem defenda que, se a golden share for aplicada para troca da diretoria, a interpretação é que não há mais gestão profissional nem governança corporativa. Até porque não estão definidos os casos em que essa intervenção ocorre. Por outro lado, ignorar o instrumento parece um contrassenso. Afinal, para que ter uma ação de classe especial para ser usada em situações excepcionais, se quando ocorrer uma calamidade pública o governo simplesmente esconde o instrumento. Afinal, a golden share só serve para evitar que a companhia mude de nome ou leve sua sede para o exterior? São decisões prosaicas em comparação com o apocalipse de Brumadinho.
Segundo a fonte do RR, os ministros favoráveis à degola consideram que, além da necessidade de alguma providência oficial, os diretores da companhia não teriam mais clima de trabalho na empresa. A calamidade inquietou o quadro de pessoal ainda mais do que Mariana. A Vale passou a ser considerada uma companhia que dá pouco valor à vida. Pelo menos é o que diz a mídia internacional. A banda econômica do governo é contrária ao uso da golden share.
O ministro da Economia Paulo Guedes et caterva prefeririam que o instrumento ficasse no armário, tendo em vista o programa de concessões e privatizações do governo. Ele criaria uma insegurança regulatória. O ministro do Gabinete Civil, Onix Lorenzoni, contudo, afina o coro com o general Mourão. Diz que se for comprovada a falha da Vale, a diretoria será mudada. O mais simples é deixar que Previ faça o trabalho na próxima reunião do Conselho de Administração. Conforme o RR já publicou, a fundação está com a faca nos dentes para remover o presidente da Vale, Fabio Schvartsman.
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Esclarecimento e sugestão
30/01/2019Alguns leitores do RR confundiram o teto fixado para indenização por dano moral pela nova CLT – de 50 salários mínimos – com a doação de R$ 100 mil feita, pela Vale, para cada uma das famílias de mortos e desaparecidos no rompimento da barragem da mina de ferro Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). Nada a ver. O RR apenas chamou atenção para o fato de que, não fosse o teto, a soma da indenização e da doação poderiam ser maiores do que o previsível pagamento na faixa de R$ 150 mil. A dimensão da tragédia clama por isso.
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Dica para a Vale: a prática de responsabilidade corporativa não exclui o quadro de funcionários da empresa. A Vale deveria pagar os mesmos R$ 100 mil, a título de dano moral, a todos os seus colaboradores. Os trabalhadores da companhia não são relapsos nem têm culpa pela lambança cometida por sua governança.
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Prazo encerrado
30/01/2019Se encerra hoje o prazo para o resultado das análises químicas colhidas em 47 pontos de captação do Rio Paraopeba, atingido pelos rejeitos de mineração liberados após o rompimento da barragem em Brumadinho.
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O orgulho de ser Vale começa a ficar no passado
3/12/2018À primeira vista, a gestão Fabio Schvartsman ganhou o cabo de guerra com os funcionários da Vale. Segundo o RR apurou, os 12 sindicatos que representam os mais de 52 mil empregados da mineradora aceitaram assinar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), colocando um ponto final no impasse que se arrastava há quase dois meses. Mas, ponto final, uma vírgula. De acordo com a mesma fonte, três dos maiores sindicatos pretendem questionar na Justiça a imposição da Vale para que os funcionários assinem anualmente uma declaração de quitação de débitos trabalhistas. A judicialização do imbróglio é a única rota de escape possível para os empregados da mineradora, obrigados a engolir a seco condições indesejáveis impostas pela direção da empresa.
O RR consultou a Vale, mas a companhia não se pronunciou até o fechamento desta edição. Os trabalhadores queriam 9% de reajuste salarial, mas a mineradora fez valer todo o seu peso à mesa de negociações e parou nos 6%. Empurrou ainda outras variáveis a contragosto dos sindicatos: reajuste de 3,8% no cartão alimentação – os funcionários pediam quase o dobro – e redução do adicional noturno de 65% para 45%.
Para se ter ideia do que isto significa, ressalte-se que quase metade dos empregados da empresa atua em regime de 24 horas. Por fim, a Vale apertou as regras referentes ao adicional de periculosidade. O valor extra só passará a contar a partir do vigésimo primeiro minuto de exposição do trabalhador a uma área de risco. Ou seja: durante 20 minutos, seja o que Deus quiser. Os tempos do “orgulho valeriano”, ao que tudo indica, ficaram no passado. A Vale “namoradinha” dos seus funcionários parece ter se transmutado em “madrasta má” na gestão de Fabio Schvartsman. O impasse nas negociações e a disposição dos sindicatos para o contencioso refletem o clima de tensão entre a Vale e seus funcionários. Hoje, a companhia acumula R$ 6,4 bilhões em passivos trabalhistas.
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Eliezer e Conceição: um memorável dueto pelo Brasil
9/07/2018Eram os idos do governo Figueiredo. O engenheiro Eliezer Batista era o todo poderoso presidente da então Vale do Rio Doce. Na ocasião, ele já se debruçava sobre os mapas que posteriormente levaria para a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Collor. Eram estudos transversais à estrutura federativa do Brasil, que propunham uma correção da divisão do país em estados e municípios, por meio de uma espécie de consolidação que levasse em vista a logística, a produção, a demografia, o meio ambiente, entre muitas outras variáveis.
Alguns estados e municípios simplesmente seriam objeto de fusão. Eliezer queria dar uma organização mais racional e econômica ao formato bizarro de pé de galinha que via no desenho da federação. Achava que levaria o projeto à frente, pois exigira de Fernando Collor carta branca para aceitar o cargo de manda-chuva da Secretaria. Só se reportaria ao presidente. À época, mais do que nunca, Eliezer era o mago da economia física nacional, consultado pelos maiores empresários do país e do mundo. Distante desse mundo, a professora Maria da Conceição Tavares, um ícone entre os economistas de esquerda, perdeu-se de curiosidade de conhecer Eliezer. Não havia liga entre ambos.
Eliezer achava a portuguesa destemperada e comunista, e Ceiça tinha Mr. Batista como um tecnocrata alinhado com os empresários golpistas de 64. Mas o desejo intelectual foi maior. Conceição pediu a Raphael de Almeida Magalhães que fizesse uma ponte com Eliezer para um encontro. O mesmo pedido foi feito ao jornalista Luiz César Faro, à época assessor informal do barão da Vale. Em uma quinta-feira, por volta das 10 horas, Conceição adentrou a “sala dos mapas” que Eliezer mantinha ao lado do seu gabinete, assistidos por Raphael e Faro, prudentemente calados durante todo o encontro. Foram poucos os minutos de formalidade.
Os dois partiram logo a dissecar os mapas e falar sobre o Brasil que aqueles projetos prometiam, um país de verdadeiros coliseus da infraestrutura. Conceição era matemática, o que facilitou a conversa. Ela dava tapinhas no braço de Eliezer às gargalhadas, que retribuía com seu riso metálico. Pareciam amigos de infância. O saldo daquela reunião de inteligências acuradas foi o compromisso cívico de reunirem suas hostes na academia para produzirem estudos juntos na Secretaria, pois ali estava o futuro do país. E assim ficou acordado entre os dois Titãs. Eliezer se meteu a seguir no imbróglio da gestão Collor. Conceição enveredou na politica. Ao que se saiba, nunca mais se encontraram. Os preciosos mapas de Eliezer se perderam por aí, alguns no Palácio do Planalto, outros na Vale, e uns esquecidos na Firjan. Desperdício de um encontro que tanto poderia emular soluções nacionais quanto, no mínimo, inspirar um libreto de ópera sobre dois personagens estupendos. Nada mais a fazer. Conceição descansa em seu refugio, sem o elã de 30 anos atrás, mas ainda produzindo artigos indignados. Eliezer foi construir catedrais no firmamento.