Tag: Paulo Guedes
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Governo
Caixa prepara sua transição das loterias “fósseis” para as bets esportivas
2/10/2024A Caixa Econômica tem sido abordada por sites internacionais de apostas esportivas, dispostos a se associar à plataforma de bets que o banco pretende criar. A diretoria da Caixa ainda não decidiu se o negócio será 100% tocado dentro de casa ou ao lado de um parceiro, mas vem dando corda nas conversas.
O banco quer iniciar seu processo de “transição lotérica”, ou seja, reduzir sua dependência das modalidades “fósseis” – como a loteria esportiva, mega-sena, quina etc. – e migrar para as novas fontes de geração de grana, as bets esportivas.
Gleisi Hoffmann disse recentemente que a liberação das apostas foi “como se a gente tivesse aberto as portas do inferno”; Lula declarou que “Através do celular, o jogo está dentro da casa da família, na sala.
Estamos percebendo o endividamento das pessoas mais pobres”; Haddad afirmou que “tudo está sendo discutido para limitar as formas de pagamento e proteger as famílias”.
Mas é aquela velha história: a iniciativa da Caixa apenas corrobora que, no fundo, no fundo, o governo pensa mesmo é em pegar a sua parte nessa fezinha. Sob esse prisma, Paulo Guedes foi muito mais sincero e transparente na célebre reunião ministerial de 22 de abril de 2020, quando defendeu com unhas e dentes a abertura de cassinos no Brasil: “Deixa cada um se foder (SIC) do jeito que quiser. Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário”.
Destaque
Bolsonaro, quem diria, pode acabar no mercado financeiro
26/08/2024Se o futuro fosse hoje, Bolsonaro já estaria com ele garantido. O ex-presidente tem sido seduzido por Paulo Guedes para se juntar a ele e ao influenciador Thiago Nigro, mais conhecido como Primo Rico, fundador do Grupo Primo. Bolsonaro seria uma espécie de garoto-propaganda da plataforma de investimentos e cursos, que faturou mais de R$ 200 milhões em 2023.
Ressalte-se que o projeto é apenas para depois de 2026. Nos próximos dois anos, a missão prioritária de Bolsonaro é trabalhar pela candidatura de um dos seus à sucessão de Lula – até prova em contrário, ele está inelegível até 2030. Mas Lula também estava inelegível. Quem sabe Bolsonaro não repita o feito. Depois das eleições, dependendo do resultado, aí, sim, Bolsonaro teria o caminho livre para se unir, ou melhor, se reunir ao “Posto Ipiranga”, emprestando sua popularidade e seu maior ativo, o próprio rosto, para propagandear os mais diversos produtos financeiros.
O ex-presidente é um “vendedor” que carrega por onde vai um mercado cativo de aproximadamente 30% do eleitorado. Outro handicap de Bolsonaro, mais especificamente, é o notório acesso aos evangélicos, um dos pilares da sua base política. Bem, para um ex-presidente da República que, logo após deixar o cargo, começou a vender camisas, pôsteres e calendários, migrar para o mercado financeiro seria um considerável upgrade.
Entre as possibilidades que crepitam na cabeça de Paulo Guedes está o lançamento de um título de capitalização. Talvez seja algum fetiche do ex-ministro.
Em 2018, durante a campanha eleitoral, ele chegou a sugerir a criação de um sistema de capitalização como alternativa ao modelo da Previdência Social. Em 2021, à frente do Ministério da Economia, voltou a levantar a mesma lebre. Na ocasião, disse que era um erro o governo ainda não ter adotado a medida e que tentaria fazer a “capitalização da Previdência” até o fim da sua gestão no Ministério.
A promessa e o cargo se foram, mas a ideia, não. Só que dessa vez o mote é outro, algo como um “papa evangélico”, alusão a uma coqueluche financeira do final século passado, o “Papa-Tudo”, título de capitalização pertencente ao controverso empresário Arthur Falk e ao jornalista Roberto Marinho. Paulo Guedes já está trabalhando com o Primo Rico, um popstar entre os influencers da área financeira – seu canal YouTube está perto de atingir os sete milhões de seguidores. Guedes é o nome-âncora do MBA em Macroeconomia e Portfolio Management, lançado pelo Grupo Primo no ano passado.
Ele vai uma vez por semana a São Paulo para gravar sua aula. A pessoas próximas afirma que recebe R$ 20 mil por mês – praticamente com a mesma veemência com que costuma dizer que só perdeu dinheiro durante os quatro anos em Brasília. A modesta cifra, tratando-se de um plenipotenciário ex-ministro da Economia, permite inferir que talvez Guedes tenha uma participação no negócio. Bem, o corpo docente foi montado a sua imagem e semelhança. Entre os professores estão também Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES, Adolfo Sachsida, ex-secretário de Política Econômica, e Marcos Troyjo, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia. É praticamente uma versão acadêmica do governo Bolsonaro. Só falta mesmo o chefe.
Governo
Reajuste frustrado da diretoria do BB é um remake da era Paulo Guedes
2/05/2024Há uma razoável dose de memória curta em toda a celeuma causada pela tentativa da atual diretoria do Banco do Brasil de elevar sua remuneração em 57%. Em 2022, no que seria o último ano do governo Bolsonaro, o então presidente do BB, Fausto Ribeiro, propôs um reajuste de 40% nos salários de vice-presidentes, diretores e, claro, dele mesmo. Próximo a Paulo Guedes, Ribeiro articulou o aumento junto ao próprio ministro da Economia, que deu o sinal verde. Diante da repercussão negativa, Paulo Guedes foi Paulo Guedes: “desautorizou” em público o que ele próprio havia autorizado reservadamente. Tanto em 2022 quanto agora, os acionistas do BB barraram a proposta.
Posto Ipiranga
Paulo Guedes em estado bruto. Bem bruto
3/04/2024Recomenda-se cuidado em qualquer abordagem a Paulo Guedes durante suas caminhadas diárias pelo calçadão da Praia do Leblon. O ex-ministro costuma reagir com gritos e impropérios a provocações, como mostra o vídeo que circula desde o fim da manhã nas redes sociais. Cheio de combustível verbal, o ex-Posto Ipiranga aparece discutindo com uma mulher e dizendo para ela “roubar bastante”, ao mesmo tempo que faz gestos com as mãos. Ao perceber que estava sendo gravado, fala aos gritos “filma aí”. Quem conhece o personagem de perto sabe: é Paulo Guedes em estado bruto. Poucas horas depois, o vídeo já acumulava milhares de visualizações e posts nas redes sociais, muitas delas com menções a sua offshore de US$ 9,5 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas.
Destaque
Lula pode copiar Bolsonaro para reduzir preços dos alimentos
22/03/2024Qualquer que seja a política para redução de preços, notadamente dos alimentos, que Lula venha a estimular vai se chocar com as contas fiscais. Mas há uma solução, menos onerosa para o Estado, que o presidente poderá colocar sobre a mesa. Uma receita parecida com o jogo de “rouba montinho”. Os supermercados entrariam agora assumindo a redução dos preços em troca do aumento imediato da demanda resultante da medida. Ou seja: o aumento da escala compensaria o “sacrifício” das margens. O varejo teria outras compensações. O governo faria a publicidade pró-supermercadista, enaltecendo o apoio dos empresários do setor – e, claro, tirando sua casquinha. Em troca, emitiria precatórios a perder de vista para cobrir as “perdas” dos varejistas.
A proposta soa familiar? Lembra algo? Sim, Lula está bebendo na fonte de Paulo Guedes. O ministro da Economia do governo Bolsonaro namorou a queda dos preços da cesta básica – pelo menos de alguns deles – dividindo o custo com os supermercados. Chegou a se reunir com seu chefe e dirigentes dos “grandões do varejo”. O modelo era razoavelmente simples. O que parece não coadunar com a iniciativa é que o presidente estaria colocando uma azeitona na empada de Bolsonaro. O capitão poderia muito bem dizer que Lula estaria copiando uma receita sua.
A dobradinha com o supermercados, ressalte-se, seria uma solução menos calórica do ponto de vista fiscal do que outras aventadas pelo governo para conter a alta dos alimentos. Uma delas – conforme o RR antecipou – é a recomposição dos estoques da Conab. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, quer cerca de R$ 500 milhões para a compra em leilões públicos de feijão, arroz, trigo e milho. A causa é justa. O que não se sabe é de onde esse dinheiro, que não está em rubrica nenhuma do Orçamento, sairia.
"Novo Trump"
Será que Paulo Guedes vai virar estrela de TV?
2/01/2024Entreouvido nos corredores da JGP, asset management da qual o ex-ministro da Economia foi sócio: “O Paulo Guedes agora deveria fazer um programa chamado ´O sabe tudo´, nos moldes do “O aprendiz”. O reality show, criado e interpretado por Donald Trump, foi protagonizado por Roberto Justus no Brasil. Aliás, Guedes e Justus agora são sócios. E o publicitário, com sua experiência bem-sucedida, poderia levar e treinar o ex-superministro para o show business. A informação sobre o virtual plano de Guedes pode até ser um chiste daqueles que implicam com ele. Mas digamos que seja verdade. O programa teria potencial para uma baita audiência. O RR mesmo estaria na primeira fila da plateia de ´O Sabe tudo´. Em tempo: Guedes e Justus já estão a pleno vapor em sua consultoria. Sua mais nova cliente é a modelo e apresentadora de TV Ana Hickmann. A celebridade arrumou, em um imbróglio de empresas com seu ex-marido e empresário Alexandre Correa, uma dívida de R$ 40 milhões e não tem como pagar. A dupla de consultores foi contratada para reestruturar o passivo. Com Justus no game, os dois têm tudo para serem os “advisers das estrelas.”
Educação
Irmã de Paulo Guedes sai de cena para não contaminar lobby das universidades
12/12/2023Juliano Griebeler, vice-presidente da ANUP (Associação Nacional de Universidades Particulares), deverá ficar com a missão de negociar com o ministro Camilo Santana e convencê-lo a rever a sua decisão de proibir cursos de licenciatura 100% a distância no país. Em tempos de governo Lula, grupos privados filiados à entidade defendem que o n° 2 da Associação tome à frente das conversas em Brasília. Trata-se de um movimento pragmático. A n° 1 da ANUP, Elizabeth Guedes, irmã do ex-ministro Paulo Guedes, não conta com a simpatia da cúpula do Ministério da Educação, a começar pelo próprio Santana. Quem te viu, quem vê. Em outros tempos, quando o irmão era o czar da economia, Elizabeth chegou a ser cogitada para assumir a própria Pasta da Educação.
Economia
Paulo Guedes faz eco à extinção do Banco Central argentino
21/11/2023Economia
FAT seguirá cobrindo o rombo do INSS
23/08/2023Apesar da pressão contrária das centrais sindicais, os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) vão ser usados “até 2025 ou 2026” para tapar os buracos do INSS. Palavra do próprio ministro do Trabalho, Luiz Marinho, na reunião fechada do Codefat, que terminou há pouco, em Brasília. Para insatisfação dos sindicalistas presentes, o ministro deixou claro que haverá um período de transição de até três anos até que os repasses sejam zerados. “Não dá para corrigir do dia para a noite o estrago feito pelo governo anterior”, disse um resignado Marinho aos demais membros do colegiado. Por “estrago” leia-se o expediente de transferir dinheiro do FAT para cobrir o pagamento de aposentadorias e benefícios da Previdência Social, prática que se tornou comum na gestão de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Só em 2022, foram R$ 17,6 bilhões. Por esse motivo, na reunião de hoje, os representantes das centrais sindicais aprovaram a prestação de contas do FAT no ano passado com ressalvas.
Governo
Governo Lula repete gambiarra orçamentária de Jair Bolsonaro
8/08/2023O ministro Fernando Haddad vem demonstrando que no seu íntimo ainda estão guardadas formas de agir do governo Bolsonaro. Difícil se livrar de um tiquinho de tanta malandragem fiscal. A ortodoxia do ex-ministro Paulo Guedes nunca foi impeditiva de manobras para desmoralizar o orçamento em prol do equilíbrio de contas. A medida matricial é quase singela: simplesmente se autoriza o gasto condicionado a uma receita futura. Ou seja: a despesa não tem cobertura; está indexado a um “recebível” que ainda não existe. O recurso pode até surgir por Medida Provisória, mas, na prática, continua sendo um estelionato orçamentário.
A mensagem modificatória do PLDO enviada pelo governo, evitando um corte de até R$ 40 bilhões com base em uma receita inexistente, é puro Bolsonaro, ou melhor, Paulo Guedes. O governo passado usava o expediente para evitar artificialmente que o teto furasse, assim como jogava para tempos distantes pagamentos, como os precatórios, simplesmente inexequíveis do ponto de vista orçamentário. É verdade que não conseguiu passar a boiada desejada devido à insuficiência de verbas para programas como o Farmácia Popular e o Minha Casa, Minha Vida. Mas passou um outro tanto.
Pois bem, para cada delito deveria haver uma punição. Mas no caso de desrespeito orçamentário só sobrou a desmoralização. A regra de ouro – ditame constitucional criado para evitar que as operações de crédito não superem as despesas de capital, circunstância em que estavam previstas graves advertências e punições, inclusive ao mandatário da República – virou deboche. Hoje, ela está restrita ao pedido de créditos adicionais suplementares, feitos como um lugar comum e sempre aprovados pelo Poder Legislativo. Não consta que qualquer desses pedidos tenha sido negado ou que o presidente e seu ministro da Fazenda tenham levado carão.
O expediente do gasto condicionado a receita futura é maroto, porque ele não realiza a ação irregular, ele somente difere a solução. No caso presente, ele permite que Lula não tenha que comprimir as despesas do governo e ajuda também na arquitetura das contas públicas. Em tempo: esse mecanismo, usado pelo chefe da Nação, não estava previsto no projeto do arcabouço fiscal. O argumento é o mesmo de sempre: as despesas do governo não cabem no orçamento. Esse expediente já causou momentos hilários.
Bolsonaro, por exemplo, em medida festejada pelos grileiros, cortou 40% das verbas ambientais no comparativo do PLOA de 2021/2022. A complementação dos recursos ficou condicionada a receitas futuras ou à aprovação de medida provisória. Em 2019, Bolsonaro precisava de R$ 250 bilhões de créditos adicionais para fechar o orçamento, não furar o teto e se livrar da desmoralizada Regra de Ouro, que, a priori, poderia levá-lo à acusação de crime de responsabilidade fiscal e impeachment. Foi uma balinha de jujuba. A Regra seguiu sendo ridicularizada, e foi aprovado um crédito monstro suplementar, sem passar pela Regra de Ouro devido ao coronavírus. Com os precatórios, aposentadorias e pensões deu-se o mesmo.
O ex-governador Antônio Carlos Magalhaes foi um cruzado do orçamento impositivo. Hoje estaria se regozijando com a festa das emendas parlamentares, calculadas a partir de um buraco sem fundo. O orçamento, pelo jeito, serve só como indicativo. No resto, é uma geleia disforme que pode ser moldada conforme o gosto do freguês.
Destaque
Paulo Guedes e empresas de educação são quase um sinônimo
27/07/2023O RR soube por um amigo comum que Paulo Guedes, agora sócio e CEO da Legend Capital – private equity, reestruturação de empresas e administração de fortunas, em associação com o BTG Pactual – já tem três companhias na mira. Guedes é um fazedor de riquezas e na posição em que se encontra é um dos mais argutos e preparados leitores do cenário econômico. Foi assim no Pactual, no JGP e na Bozano Investimentos, sua última parada antes de partir para o Ministério da Economia. O banqueiro Luiz Cezar Fernandes, que levou Guedes para estrear no mercado financeiro como sócio do Banco Pactual, dizia “que todos ganhamos muito dinheiro com o Paulo. Ele enxergava além das muralhas”.
Segundo a fonte, uma das empresas na mira do ex-ministro é do setor de educação. Guedes gosta dessa área. Já foi um dos sócios do Ibmec, Anima Educação e Abril Educação. Na Bozano, comandou operações de private equity na Estapar, Oba Hortifruti, Hospital Vera Cruz de Campinas. Sempre soube entrar e sair dos negócios na hora correta. Muitos acreditam que ele está no lugar certo. Mas, fora as peculiaridades do seu estilo muito pessoal, Guedes deixou grandes realizações em sua passagem pelo Ministério: a reforma da Previdência, a Lei de Falências e a privatização da Eletrobras. Se depender do histórico, Guedes vai fazer um arrastão de empresas no mercado.
Destaque
Paulo Guedes coloca algumas pitadas na reforma tributária
19/07/2023Além dos naturais representantes de setores que serão impactados pelos aumentos de impostos – como serviços, comércio, agronegócios e e-commerce – o deputado Aguinaldo Ribeiro, relator da Reforma Tributária, consultou Paulo Guedes sobre alguns pontos polêmicos do projeto. Entram nesse rol, por exemplo, os impostos seletivos e a alíquota básica. Guedes, segundo apurou o RR, defendeu uma ampliação dos tributos junto a alguns segmentos de forma a reduzir a alíquota básica, que atinge toda a economia graúda. O ex-ministro bateu em uma tecla bem conhecida, ou seja, resgatar a ideia do “sin tax”, ou imposto do pecado, que se traduz em tributar alimentos ultraprocessados e com muito teor de açúcar, entre outros que não fariam bem à saúde. O aumento do gravame nos setores de tabaco e bebida também estaria na lista de medidas sugeridas.
Perguntado se esses últimos setores já não estariam demasiadamente tributados, Guedes saiu-se com a seguinte resposta: “Vejam o balanço deles…” Para aliviar essas medidas duras e politicamente antipáticas, o ex-ministro sacou da mesma receita de sempre: que se resgate a CPMF, modulado conforme o gosto do freguês. É o Paulo Guedes de sempre. Sem o action e o espaço para provocações, tem propostas sensatas.
Destaque
Como a BAT pretende reagir à mordida do Imposto Seletivo
12/06/2023Dessa vez, o medão do Fisco chegou ao topo do termômetro da BAT (British American Tobacco). Os funcionários, o elo frágil da correia, já se organizam para ver o que fazer com a inevitável demissão em massa na companhia. O ministro Fernando Haddad anunciou que o governo vai mesmo lançar o Imposto Seletivo (IS), que grava os produtos prejudiciais à saúde. No balaio do IS cabem baratas e lagartixas. Entre elas, com certeza estarão os cigarros. O RR acompanha de perto essa novela desde 2016, no governo Temer, quando surgiram os primeiros raios de uma tributação mais pesada sobre o tabaco. Posteriormente, na gestão Bolsonaro, o então ministro Paulo Guedes chegou a ensaiar a criação do “Imposto do Pecado”, que incidiria sobre cigarros, cigarros, bebidas alcoólicas e produtos com adição de açúcar. A antiga Souza Cruz conseguiu se safar de todas as investidas. Agora, ao que tudo indica, não há mais rota de escape. O Imposto Seletivo, segundo fonte do RR, levará a três movimentos reativos por parte da BAT Brasil: os dois primeiros, de curto prazo, serão intensificar o lobby – legítimo diga-se de passagem – para combate ao contrabando de cigarros pelo Paraguai (que caiu, por sinal) e sofisticar suas operações de arbitragem nas exportações e importações. Sabe-se que depois de Lula e das falecidas empreiteiras, quem tem mais carinho por Cuba é a BAT. A empresa às vezes importa mais para o Brasil, as vezes exporta, e tem uma joint venture com o governo cubano – à Brascuba Cigarrillos, em associação com a Tabacuba. A Brascuba é uma caixa preta. A empresa também produz os cigarros da mítica marca Cohiba.
O terceiro movimento, esse mais estratégico e trancado a sete chaves, é como surfar a inexorável disseminação da cultura do cânhamo – leia-se maconha. Não se trata de um pensamento simplório de que a BAT vai fazer o “lobby do baseado”, para produzir e comercializar cigarros da erva. Até pode ser em algum dia, mas não está na mira agora. O que está no foco é o canabidiol, substância extraída da maconha, cujas várias bulas possíveis indicam da cura da isquemia ao calo do pé, entre dois milhões e quinhentas enfermidades. Ironias à parte, o canabidiol tem base científica e vai invadir o mercado. A BAT é que tem a melhor estrutura já montada para plantio, escoamento e logística do insumo do novo super remédio. Pode ficar somente nesta atividade primária como também verticalizar a produção e fabricar o canabidiol, em uma empresa subsidiária ou associada com um dos laboratórios que estão surgindo com vocação de líderes no setor. Consultada pelo RR, a BAT Brasil não se pronunciou.
Ressalte-se que a BAT já tem feito investidas nessa direção em diversos países. No ano passado, por exemplo, comprou uma participação na empresa alemã Sanity Group, fabricante de produtos à base de cannabis. Em 2021, adquiriu um pedaço da Organigram, uma das líderes do setor no Canadá. É essa combinação de fatores que Aldous Huxley não teve tempo de incluir na sua obra “Admirável Mundo Novo”. Cuba, BAT, maconha, canabidiol e Brasil e uma eventual maresia entorpecedora. Seria cômico se não estivesse próximo de se transformar em real.
Política
Bolsonaro tem o lobista “perfeito” contra a tributação de recursos no exterior
3/05/2023Jair Bolsonaro está se preparando para entrar no lobby contra a tributação dos recursos de brasileiros no exterior. O seu ponta de lança junto ao mercado financeiro, como não poderia deixar de ser, será Paulo Guedes. Caberá ao ex-ministro da Economia fazer a cabeça de investidores contra a proposta. Bolsonaro não poderia ter um lobista melhor do que o seu velho “Posto Ipiranga”. Guedes é um expert no assunto, com o estímulo de batalhar em causa própria. O ex-ministro mantém sabidamente uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, em sociedade com a filha. Para quem não se lembra, em depoimento na Câmara dos Deputados, Guedes se recusou a divulgar os dados aos parlamentares, alegando que as aplicações já haviam sido declaradas à Receita Federal. Pois bem, Paulo Guedes não deu disclosure antes à offshore, mas terá de dar agora, caso haja alguma inconsistência nos valores.
Destaque
Haddad quer para ontem nova regulamentação sobre o uso de precatórios
2/05/2023Em um movimento de vai e volta, o Ministério da Fazenda está pressionando a Advocacia-Geral da União para que corra com o prazo de 120 dias previsto para a revisão da Portaria Normativa AGU n°73/2022. Trata-se da instrução que regulamenta a utilização de precatórios na compra de imóveis, quitação de dívidas e pagamento de outorgas. Inicialmente, o governo atual não queria que os precatórios fossem utilizados como moeda para o pagamento do preço de outorga, uma iniciativa praticamente sancionada pelo ex-ministro da Economia, Paulo Guedes. Voltou atrás. O incomodo da Fazenda é com a enorme burocracia que atrasa os processos. Com certeza, o prazo para a regulamentação não ficará nos 120 dias previstos. Um grupo de trabalho formado por representantes dos principais órgãos de direção da AGU será responsável por apresentar ao advogado-geral da União, Jorge Messias, a proposta de nova portaria para regulamentar o assunto no âmbito das instituições. O texto deverá ser compatível não só com a nova estrutura organizacional da AGU, mas também com normas e procedimentos adotados pelo Conselho Nacional de Justiça, bem como refletir outras previsões já adotadas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), e, eventualmente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As agências reguladoras também querem palpitar no assunto. Enfim, o tema pode virar um rolo difícil de desenrolar.
Na verdade, a regulamentação do uso dos precatórios como pagamento de privatizações, concessões e participação nas PPPs já estava pronta, mas a AGU voltou atrás. Segundo a própria instituição, foi verificado que a “Portaria Normativa AGU nº 73/2022 não oferece densidade normativa suficiente para disciplinar de forma adequada os procedimentos e trâmites internos entre os órgãos da Advocacia-Geral da União e entre órgãos vinculados, uma vez que enfatiza mais as obrigações que o administrado deve observar para utilizar os precatórios como pagamento. A norma não reflete, por exemplo, a atual estrutura interna da AGU, estabelecida pelo Decreto nº 11.328, de 1º de janeiro de 2023, que está vigente desde o dia 24 de janeiro. É aquela história: quem pariu Mateus que o embale. Ou desembale, que é o caso do governo Lula.
Com parcela expressiva correspondente à herança deixada por Paulo Guedes, a dívida com precatórios para este ano vai passar de R$ 74 bilhões, com uma previsão de pagamento de apenas R$ 17,1 bilhões. Não se sabe muito bem o que levou ao governo vetar o uso dos precatórios em pagamentos diretamente à União para a parceria em serviços públicos ou aquisição de ativos. Talvez uma certa implicância ideológica. Primeiro, a atual gestão considerou inadequado o uso de precatórios para o pagamento da prorrogação de concessões. Depois afirmou que os precatórios seriam somente pagos em projetos de curto prazo. A seguir definiu que somente os projetos prioritários (?) poderiam ser amortizados com as dívidas do Estado junto a cidadãos ou empresas por conta de decisão judicial definitiva. Depois acabou vetando tudo. O saldo é que voltou tudo para o colo da AGU.
Com a liberação dos precatórios para pagamento junto a órgãos federais, haveria mais espaço para a redução da dívida pública e menos pressão sobre as contas públicas. Hoje já existe um mercado secundário de precatórios, vitaminado recentemente em função da expectativa de quitação dos negócios com os negócios, digamos assim, junto ao governo. O seu uso permitiria a aceleração de muitas concessões e PPPs – as privatizações estão meio fora do radar do governo Lula. Vale lembrar uma historieta. Foram os chamados títulos podres – os “precatórios” dos anos 90 – que viabilizaram a Embraer, o nosso maior orgulho industrial e tecnológico. O artífice da operação e comprador da empresa, cuja saúde era questionada àquela época, foi o banqueiro Júlio Bozano, um dos responsáveis pela definitiva decolagem da companhia. Bozano ficou podre de rico com a privatização, melhor dizer ficou podrérrimo de rico – bilionário ele já era. Mas isso é um outro capítulo.
Destaque
Fundo da Marinha Mercante vira entrave à revitalização do setor naval
10/04/2023Os planos do governo Lula de retomar os investimentos na indústria naval enfrentam um obstáculo logo na partida. O Ministério dos Portos e Aeroportos e a Fazenda têm quebrado a cabeça para recompor o orçamento do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Ao longo dos últimos anos, o FMM sofreu seguidas mordidas, que dependem de complexas negociações políticas, notadamente com o Congresso, para serem revertidas. A PEC 187/2019, por exemplo, permitiu ao governo federal usar o dinheiro retido nos fundos infraconstitucionais e vinculado a áreas específicas para outras finalidades que não a destinação original. Por sua vez, a mudança na Lei 10.893 reduziu de 25% para 8% o Adicional ao Frente para a Renovação da Marinha Mercante, a fonte básica de recursos para Fundo. Some-se a isso a estratégia do ex-ministro Paulo Guedes de usar o FMM para gerar resultado fiscal – somente em 2021 cerca de R$ 14 bilhões foram transferidos para o Tesouro Nacional. Resultado: a maré baixou como há muito não se via. O saldo disponível do Fundo para empréstimos gira atualmente em torno dos R$ 6 bilhões. Há cerca de quatro anos, essa cifra era de R$ 25 bilhões.
O governo Lula pode até reclamar da herança recebida de seu antecessor. No entanto, parte da paralisia do Fundo da Marinha Mercante se deve também a problemas que já levam a assinatura da atual gestão. Ajudaria, e muito, se o governo conseguisse resolver a acefalia de quadros no Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante, instância responsável por analisar os pedidos de empréstimo ao FMM. A reunião do colegiado que estava marcada para 23 de março não ocorreu. A princípio, o encontro seria reagendado para abril, mas o que se diz no setor é que antes de maio nada acontecerá. A Medida Provisória que transferiu o CFMM da Pasta da Infraestrutura para o recém-criado Ministério de Portos e Aeroportos simplesmente ignorou o conjunto de servidores. Do contingente de aproximadamente cem funcionários do Departamento de Navegação e Hidrovias, apenas quatro foram transferidos para o novo Ministério. Entre outras atribuições, o órgão é responsável pela formulação e execução das políticas do Fundo da Marinha Mercante. Ou seja: por onde se olha, o FMM está travado. Sequer lembra o Fundo que contribuiu, ao longo da história, para a construção de mais de 600 embarcações e equipamentos no país. Muitas delas na primeira passagem de Lula pela Presidência, quando a indústria naval viveu um duplo apogeu: de investimentos e escândalos de corrupção.
Destaque
Por onde anda Paulo Guedes
16/03/2023Quem quiser encontrar o “psicanalista das finanças”, Paulo Guedes, pode dar uma passada no Gávea Golf Club, no Rio de Janeiro. Guedes dá suas consultas informalmente em um grande salão. Coisa de rei. Alguém que não esteja à altura dos grandes interesses tratados com o ex-ministro naquele recinto pode simplesmente passar e dar um adeusinho. Guedes adora a ideia de se tornar um economista pop. Enquanto vai cumprindo sua quarentena, o ex-ministro da Economia segue analisando a “alma” dos negócios que passam por seu “divã”. É apenas um rito de passagem. Como já disse o RR. Guedes tem um leque de alternativas onde pode se aboletar. Todos os caminhos levam à fortuna.
Economia
O Paulo Guedes de agora tem muito mais bilhões na cachola
2/02/2023Para onde vai Paulo Guedes? That´s the question. Segundo fontes ligadas ao ex-ministro, ele esperará o prazo da quarentena e voltará à parceria com o irmão, Gustavo Guedes. A mesma fonte do RR diz que o aconselhamento dado a Guedes é para que ele recauchute a antiga operação, tornando-a mais modesta e menos visível. O ex-ministro e seu irmão foram sócios na BR Investimentos. Ambos foram investigados por supostos crimes contra o sistema financeiro no uso de dinheiro de fundos de pensão estatais: Previ, Funcef, Petros e Postalis. A lambança foi enorme. A Previc, órgão fiscalizador dos fundos de pensão, descascou os investimentos feitos pelos “Guedes” na empresa HSM, que gerou um prejuízo de R$ 16 milhões. À época, Gustavo prestou depoimento ao Ministério Público, envolvendo megaempresas, que seriam partners no FIP BR Educacional. Tudo passou como se nada houvesse havido.
A nomeação de Paulo Guedes para o Ministério da Economia teve um papel cleaner em relação aos estranhos acontecimentos que envolviam sua ex-empresa e seu irmão. Gustavo continua sendo o porto de referência, mas Paulo pode muito bem dizer: “Sempre terei Serfaty”. O ex-ministro tem uma história de tapas e beijos – mais beijos, para ser verdadeiro – com o ex-sócio no Banco Pactual, Marcelo Serfaty. Foi no Pactual, ícone dos bancos de investimentos na década de 80, que Paulo Guedes converteu a sua murcha exposição na academia (um complexo que o ex-ministro sempre carregou) em um sucesso estelar na área financeira.
As idas e vindas da trajetória de Guedes como financista daria um filme candidato ao Oscar. O ex-ministro saiu do Pactual, ingressou como sócio na asset JGP – essa, sim, uma história de mais tapas do que beijos. Saiu da empresa e, em um período “de baixa”, foi acolhido pelo “parça” Serfaty. Reza a lenda que foi no escritório do ex-sócio que Paulo, ansioso e sequioso por resultados, perdeu e ganhou uma fortuna. Serfaty foi fundador e CEO da Fidúcia Asset Management. Pouco tempo depois criou o fundo de private equity G5 Partners. Paulo Guedes teria se tornado sócio deste fundo. É nesse ponto que começa um segundo episódio rumoroso. Já em pleno governo Bolsonaro, sem medo de qualquer responsabilização ou dilema ético, o então ministro indicou Serfaty para conselheiro do Banco do Brasil e logo depois para a presidência do Conselho do BNDES. A área de integridade do banco de fomento levantou objeções à nomeação. Mas quem naquele tempo bateria de frente com o todo poderoso ministro da Economia?
Em paralelo, já corria a investigação sobre as relações do fundo G5 Partners – private equity do qual o ex-ministro teria sido sócio com Serfaty – e o BNDES. Ou seja, o dono de um private equity, sócio ou ex-sócio de um ministro poderoso, conselheiro principal do maior banco de desenvolvimento do país, estaria se locupletando com contratos desse mesmo banco. O atual presidente da Petrobras e então senador, Jean Paul Prates, no dia 1° de agosto de 2020, entrou com requerimento de informações pelo Senado Federal sobre o conflito de interesse envolvendo toda a operação. De acordo com fontes ligadas a Prates, o Comitê de Ética do BNDES teria sentado em cima do processo. Pode-se concluir que interesses mais musculosos do que o tímido pedido do senador se levantaram, matando, juntamente com o auge da pandemia, a demanda por esclarecimentos. Naquele momento, Paulo Guedes mais parecia um foguete decolando em direção ao sol.
Recuando alguns anos e retornando ao período de parcerias com o mano Gustavo, ocorre mais uma daquelas coincidências que fazem do mercado financeiro um simulacro das famílias aristocráticas do século XVIII e XIX: todo mundo se conhece e os parentes se casam um com os outros. Serfaty tinha sido coordenador das áreas de planejamento estratégico e pesquisa macroeconômica do Banco Bozano Simonsen, um potentado dos anos 80 e 90. Ele teria feito uma ponte entre Paulo Guedes e Júlio Bozano, um verdadeiro mito entre os banqueiros. Bozano, além de ser uma águia, é um charme só. Mas quem conhece o ex-ministro sabe que na primeira hora ele é simplesmente irresistível. Paulo já estava mexendo com projetos de educação além de operações diversificadas de private equity. Apresentou, então, seu pacote a Bozano. Foi a mistura da fome com a vontade de comer.
Em 2013, faltando pouco mais quatro anos para se tornar o “posto Ipiranga”, Paulo Guedes deixou sua BR Investimentos ser incorporada pelo Grupo Bozano, associando sua grife de enfant terrible à do tradicional banqueiro. A partir daí, já sócio de Bozano, saboreou de tudo um pouco: fundos de ações, multimercados, quantitativos. E mais: operações de private equity nas empresas Estapar, Oba Hortifruti, Hospital Vera Cruz, Ânima Educação, Abril Educação e Amor aos pedaços, só para citar as mais votadas. O resultado desse refogado entre competência e rede de relacionamentos foi que a Bozano, gestora de recursos da qual Paulo era sócio, já administrava recursos da ordem de R$ 2,7 bilhões quando o futuro ministro despontou na aurora da campanha de Bolsonaro. Como há sempre um instrumento desafinado para atrapalhar a orquestra, a Lava Jato entrou no circuito associando o nome da Bozano a compra de dólares no paralelo, através de uma conta no banco Morgan Stanley, em Nova York. Até a Operação ser deflagrada, comprar dólares no black era tão simples como comer um biscoito de polvilho.
Não chegou a faiscar Paulo Guedes, mas para Bozano, o incomodo foi muito maior devido à prisão de um diretor na Operação “Câmbio, desligo”, que apontou o suposto envolvimento da instituição na compra e entrega das verdinhas. Como sempre, tudo se resolveu com bons advogados. Mas e agora José? – corrija-se para e agora Paulo? Para onde vai o performático ex-czar da economia, tão simbiótico com Jair Bolsonaro, que podia ser considerado praticamente uma costela do ex-presidente. Conforme é sabido, o poder de Guedes era tão grande, mas tão grande, que ele se negou a mostrar sua conta bancária offshore não declarada ao Congresso, e ficou tudo por isso mesmo. Paulo Guedes vale hoje um “pré-sal” em termos de informações guardadas na cachola e acessos acumulados durante o seu reinado no Ministério da Economia. Isso ninguém lhe tira.
Mesmo que a quarentena virasse uma década, ninguém proibiria o ex-ministro de recorrer ao bordão de Rick Blaine, no eterno Casablanca: “Sempre terei o mano Gustavo”. Um porto seguro onde Paulo Guedes poderá voltar a operar o mercado, agora com uma potência que vai além da sua decantada inteligência. Sim, a força de quem enxergou tudo, aprendeu tudo, conheceu tudo e todos. Em condições normais, vai ser difícil conter o poder de fogo do financista. O mercado que aguente.
Negócios
“Calmante” de Haddad para a Faria Lima é apenas o começo
17/01/2023O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou o “primeiro plano” para o equilíbrio das contas públicas, mas o mercado prosseguiu se descabelando porque queria mais e mais cortes de gastos públicos. Aliás, como sempre. Parece não ter entendido que virão mais medidas em breve, tanto de redução de despesas quanto de aumento da receita, além de uma reforma tributária. Segundo apurou o RR, Haddad apresentou apenas um antidistônico fiscal rápido, para amainar a ansiedade da Faria Lima. Falta muito.
A redução de despesa será qualitativa e não apenas quantitativa, o chamado “corte burro”, quando se aplica um percentual generalizado sobre todos os gastos. As despesas são diferentes. Mas vai ter cortes de gastos e eles serão pelo menos do mesmo tamanho ou próximos dos R$ 50 bilhões como o ministro anunciou. Por outro lado, estuda-se os impostos diferenciados, algo inspirado em Paulo Guedes, que queria mais tributos sobre bebida, cigarros, alimentos, produtos açucarados e, o mais polêmico, sobre commodities. Haddad ainda não cavou fundo no baú de incentivos fiscais. Ali tem mais de R$ 300 bilhões, com subsídios inaceitáveis, tais como a construção de iates e compra de jatinhos. Vai chegar dinheiro também das concessões que o ex-ministro Tarcísio de Freitas fez acontecer e deixou de presente. E vão ter as novas concessões do atual governo.
O projeto do ministro é criar um superávit estrutural de no mínimo R$ 20 bilhões. Foi mais ou menos o que ocorreu no governo Lula 1. Por enquanto sonha em conseguir um resultado primário que chegue perto do déficit de R$ 200 bilhões herdados do falso governo fiscalista de Jair Bolsonaro. É difícil. Está mais para narrativa do que um discurso fundamentado. Haddad ficará feliz se o primário for negativo em R$ 100 bilhões neste primeiro ano do governo Lula. Mas pode surpreender. Há bastante tempo ainda para caçar recursos, inclusive receitas extraordinárias provindas do exterior, a exemplo do Fundo da Noruega. Melhor mesmo, contudo, é apostar em 2024, quando o governo terá condições plenas de mostrar a que veio na área fiscal.
Política
Mais uma aposta errada de Paulo Guedes
16/01/2023Mais um projeto de privatização da era Paulo Guedes vai para a gaveta. O governo Lula decidiu suspender o processo de venda das loterias instantâneas da Caixa Econômica, a Lotex. A rigor, a iniciativa foi um rotundo fracasso da gestão Guedes. Em 2020, o governo Bolsonaro chegou a leiloar a Lotex. Mas o bilhete de premiado não tinha nada. A italiana IGT (International Game Technology) e a norte-americana SGI (Scientific Games International), que formaram o consórcio vencedor, devolveram a empresa à Caixa por falta de acordo com o próprio banco para distribuição das loterias. Desde então, a CEF vinha tocando o processo de desestatização quase às escuras. Por duas vezes, o governo passou tentou fazer um novo leião, mas desistiu por falta de candidatos.
Política
Tarcísio Freitas fez um convite a Guedes quase não ser aceito
29/12/2022A recusa do quase ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, em assumir a secretaria da Fazenda do governo de São Paulo não é bem o que parece. Guedes foi sutilmente induzido pelo governador eleito, Tarcisio Freitas, a aceitar a função. Freitas nem sequer insistiu quando Guedes aventou com a possibilidade de ser conselheiro ao invés de secretário. Segundo uma fonte do RR, o novo governador conhece bem o ministro. Sabe como ele é espaçoso. Com Bolsonaro, em um mar de radicalismo, Guedes podia nadar de braçadas com discursos repletos de exageros, assumindo um protagonismo muitas vezes maior do que o do presidente. Esse comportamento não funcionaria com Freitas, que vai ter de negociar com o governo federal. Imagine o secretário de Fazenda produzindo quase que diariamente leads agressivos. Melhor foi nomear um dos colaboradores do ministro. De uma maneira salomônica, todos foram contemplados.
Política
Mais um colaborador de Guedes deve aterrissar no governo de Tarcisio Freitas
21/12/2022Na impossibilidade de contar com o próprio Paulo Guedes em sua equipe, Tarcísio Freitas segue garimpando nomes na equipe do ministro. Após a indicação de Samuel Kinoshita, ex-assessor de Guedes, para a Secretaria de Fazenda de São Paulo, o novo alvo é Pedro Capeluppi, atual secretário Especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia. Capeluppi teria um chapéu semelhante no governo de Freitas, cuidando das privatizações no estado, a começar pela Sabesp.
Economia
Até onde irá a coexistencia de Haddad e Campos Neto?
16/12/2022A declaração de Fernando Haddad de que há espaço para o estímulo da economia pelo lado monetário e que existem condições de queda das taxas de juros, em vez de fazer espuma do lado fiscal, menos aliviou do que tensionou. Na verdade, trouxe à tona o pavor de que Roberto Campos Neto pegue mala e cuia e deixe a presidência do BC. Campos Neto, como se sabe, é o último bastião da ortodoxia no governo. Leva a sério sua missão. Nunca cedeu sequer a Paulo Guedes, que o colocou no cargo. O BC é independente. Até que o seu presidente jogue a toalha. Nesse caso, Haddad teria caminho aberto para indicar o seu chefão na autoridade monetária. Teríamos, então, um BC independente, mas dominado. Haddad já conversou com Campos Neto. Não se sabe o teor do papo. Para o bem do próprio Haddad, seria bom que Campos Neto dissesse ao povo que fica.
Política
Guedes e Haddad fazem uma transição como deve ser
13/12/2022Política
Presidente da Caixa pode ter cargo no governo de Tarcísio
12/12/2022Após a intenção frustrada de ter Paulo Guedes na sua gestão – informação antecipada pelo RR -, Tarcísio Freitas reduziu sua expectativa e desceu alguns degraus na hierarquia do Ministério da Economia. Freitas sondou a atual presidente da Caixa Econômica, Daniella Marques, para integrar o seu governo. Daniella é próxima de Guedes. Por indicação direta do ministro, ocupou o cargo de secretária especial de Produtividade e Competitividade da Pasta da Economia. De uma forma ou de outra, Freitas continuará namorando Guedes através dos seus prepostos.
Destaque
Supermercados podem ganhar crédito tributário em troca de manutenção de preços da cesta básica
6/12/2022Há uma ideia que passou pelas intenções de Paulo Guedes e anda pipocando na cabeça dos economistas do PT. Trata-se de chamar os supermercados para contribuir na manutenção dos preços da cesta básica até a inflação retornar à meta, iniciativa que o RR antecipou.
A lógica da medida é a compreensão de que o maior componente da inflação vem de fora. A majoração dos preços dos alimentos, a guerra da Rússia com a Ucrânia, o impacto sobre a cotação do petróleo, o risco do dólar disparatar, a lenta recomposição das cadeias de produção, a carestia internacional, entre outros vetores externos, são responsáveis pela resiliência da inflação. Na nossa praia, permanece o temor de um desatino na gestão das contas públicas. Essa situação levaria o país a um cenário de dominância fiscal, ou seja, quando a elevação da taxa de juros torna-se sem efeito ou mesmo pressiona os preços em geral.
Desde 2018, os preços dos alimentos sobem mais do que a inflação medida pelo IPCA. No intervalo entre 2018 e 2021 eles cresceram 44% em média, quase o dobro da inflação de 24%. Já a cesta básica, no mesmo período, subiu 66%. Com essa velocidade de remarcação no preço dos alimentos, não há Bolsa Família que aguente. A carestia desidrata o valor do benefício social, que teria de ser corrigido recorrentemente, retroalimentando a espiral inflacionária.
Para conter esse processo, a futura gestão Lula adotaria uma política de preços da cesta básica com os supermercados, além de voltar a formar estoques reguladores de alimentos. Ajudaria a geringonça funcionar se o governo, por meio do Conselho Monetário Nacional (CMN), alterasse a meta de inflação de 2023, ampliando-a de 3,25% para 4% ou mesmo 4,25%, com bandas de 1,5% para cima e para baixo. Em 2024, a meta seria mantida – o governo Bolsonaro fixou um target inviável de 3% para esse período. Esse ajuste permitiria o acerto mais rápido com os supermercados, que passariam a ter no retorno da inflação à meta como sua baliza para a normalização da política de preços.
Política
Conclusão do Censo pode cair no colo do governo Lula
30/11/2022Assessores do ministro Paulo Guedes e auxiliares da equipe de transição de Lula já discutem a hipótese de prorrogação do Censo até o próximo ano. A princípio, o encerramento do trabalho de campo está previsto para dezembro. No entanto, dentro do próprio IBGE, há um consenso de que o processo de levantamento dos dados tem sido duramente afetado pela falta de verbas, ameaçando a qualidade do resultado final. Um dos problemas mais graves é a fuga de recenseadores, que abandonaram o trabalho devido à baixa remuneração. Há cerca de dez dias, o governo Bolsonaro editou às pressas uma MP autorizando a contratação de novos funcionários sem processo seletivo para ocupar os postos vagos. Até o momento, a menos de um mês das festas de fim de ano, apenas 65% do Censo foram concluídos.
Política
Paulo Guedes “apoia” Nelson Barbosa no próximo governo
25/11/2022O ministro Paulo Guedes, seja qual for sua intenção, tem dito a diversos interlocutores que o ex-ministro Nelson Barbosa, pertencente aos quadros da FGV e hoje integrando o comitê de transição, será ministro de alguma Pasta da Economia no governo Lula. Guedes se encontrou com Barbosa para as primeiras conversas voltadas à transferência de todas as informações consideradas relevantes pelo comitê de transição. O papo entre ambos foi descontraído e afável. Guedes colocou o Ministério da Economia inteiramente à disposição para colaborar em todas as demandas. Guedes considera Barbosa o economista mais bem equipado entre os que estão disputando o rally do Ministério da Fazenda e, em segundo lugar, o do Planejamento. Com relação a Fernando Haddad, acha um despropósito a comparação de que o ex-ministro da Educação poderia ter um papel similar ao de Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda. “Há uma diferença abissal entre ambos”, teria dito.
Guedes acha que Haddad conhece somente os rudimentos da economia e não tem a dimensão pública de FHC. Quanto a Persio Árida, o ministro da Economia o detesta, como também detesta o economista André Lara Resende. Ele acha ambos despreparados, desatualizados e com formação acadêmica insuficiente. A recíproca também é verdadeira. A “campanha soft” de Guedes pró-Barbosa é o tipo de apoio que ninguém quer. Imagine só, nas atuais circunstâncias, receber a pecha de ser o candidato do “Beato Salu”.
Política
Guedes e Mantega fazem do BID a rinha dos seu despautérios
14/11/2022O ex-presidente do BC, Ilan Goldfajn, foi sabatinado ontem para a presidência do BID. Deverá ser eleito no próximo domingo. Goldfajn é um quadro altamente qualificado. Esse é o novelo da história. O Valor Econômico de hoje praticamente bate o martelo do assunto. Mas o fio desencapado está no processo de indicação e no comportamento dos atores envolvidos. A história é tão non sense que vale a pena explorar suas nuances e despautérios. Guardadas as devidas ressalvas, Ilan Goldfajn e Elizabeth Guedes estão no mesmo balaio – o RR noticiou as vergonhosas minisagas de ambos em primeira mão – ver.
Assim como no caso da nomeação da própria irmã para o Conselho Nacional de Educação, nos estertores do governo, a mesma corrida para indicação e a insistência no nome de Goldfajn para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) só demonstra a gula do ministro Paulo Guedes para a ocupação de cargos ao apagar das luzes da sua gestão. Ressalte-se que essa sofreguidão começou duas semanas antes das eleições. Nesse afã aparelhista, Guedes está atropelando praxes que deveriam ser respeitadas nesse processo, sobretudo tratando-se de um governo já com prazo de validade estabelecido. Primeiramente, o ministro e o presidente Jair Bolsonaro registraram oficialmente a candidatura de Goldfajn sem qualquer consulta à oposição. Há exemplos muito mais civilizados vindos do exterior, em que governantes, em períodos eleitorais, aguardaram o resultado do pleito, combinando devidamente com a agência multilateral, ou consultaram seus oponentes antes de uma indicação dessa natureza. Foi o caso do então presidente Nicolas Sarkozy, de direita, que indicou Dominique Strauss-Kahn, um socialista, para a presidência do FMI.
Em mais um procedimento fora dos padrões, o governo brasileiro indicou Ilan Goldfajn sem consultar outros países da região. Historicamente, candidaturas como essa são construídas em consenso, por meio de costuras diplomáticas. Segundo o RR apurou, o Brasil sequer analisou nomes indicados por outras nações latino-americanas, dentro do critério de analisar a melhor opção para a região como um todo.
Ressalte-se ainda que a pressa e a teimosia de Paulo Guedes jogam contra o próprio potencial de representatividade do Brasil em grandes organismos multilaterais. Ilan Goldfajn dirige atualmente o departamento do FMI responsável pelos programas do Fundo para todas as Américas. Trata-se de um posto estratégico. Seria mais proveitoso ter indicado ou trabalhado a candidatura de outro nome para o BID, sem abrir mão da presença de Goldfajn no FMI. Diante da oportunidade de fazer o próximo presidente do Banco Interamericano, o país passaria a ter dois representantes em altos postos internacionais. Por outro lado, é inacreditável a participação bizarra e deselegante do ex-ministro Guido Mantega, que sem ter nenhuma representatividade ou função definida no futuro governo – oremos que faça parte só do grupo de transição – escreveu uma carta de punho próprio à secretaria do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, condenando o nome de Goldfajn, como se tivesse autoridade para tal. Quem é Mantega para proceder dessa maneira?. Como pode isso? O resultado é que a tacanha iniciativa fortaleceu o nome de Ilan Goldfajn junto aos Estados Unidos e demais grandes sócios do BID.
De qualquer forma, Inês é morta. A eleição será na próxima semana, e, independentemente de trololó ou patati patatá na imprensa, o ex-presidente do BC e atual diretor do FMI, Ilan Goldfajn, já está eleito. Agora é permanecer atento e forte, como cantava Gal Costa, vigiando se Paulo Guedes seguirá loteando os cargos do governo em causa própria e torcendo para que Mantega seja interditado em alguma embaixada distante, no governo do PT.
Economia
Seria o caso de uma CPI da herança fiscal?
10/11/2022Quem diria que Paulo Guedes deixaria uma herança fiscal maldita. Durante boa parte de sua gestão, o ministro disse que as contas públicas estavam equilibradas. Talvez a questão fiscal e o comportamento do ministro merecessem uma CPI. De qualquer forma as declarações de Guedes são um absurdo.
Política
Irmã de Paulo Guedes é um caso similar ao quase ministro Decotelli
9/11/2022A nomeação, por Jair Bolsonaro, de Elizabeth Guedes, irmã do ministro Paulo Guedes, como integrante do Conselho Nacional de Educação, a 52 dias do fim do governo, deveria constar em uma CPI. Elizabeth terá um mandato de quatro anos. Ela ascende ao cargo representando a Associação Nacional das Universidades Privadas, da qual era presidente. A ANUP é constituída de entidades de ensino que precisam mais de dinheiro. A PUC, por exemplo, não participa.
Portanto, Elizabeth vai ser uma sindicalista no CNE, órgão que define verdadeiramente a grade curricular do ensino superior nacional. A irmã do ministro poderá fazer determinadas exigências a uma faculdade e não fazer a outras congêneres, a exemplo de cursos, dificultando sua sobrevivência. Antes da ANUP, Elizabeth foi reitora do IBMR. Ela não tem formação acadêmica. Passou à frente de gente da maior respeitabilidade, como a professora titular da Unicamp, Maria Helena, que se dedica ao Conselho há 20 anos e não foi reconduzida.
O mesmo se aplica ao educador Mozart Ramos, também ejetado pelo presidente Bolsonaro. É um caso que deveria ser tratado, no mínimo, como foi o do quase ministro da Educação Carlos Alberto Decotelli, a quem foi exigido que apresentasse suas credenciais acadêmicas, mesmo tendo sido ungido pelo Planalto. Deu no que deu: Decotelli não conseguiu apresentar o que não tinha. Mostre seus diplomas, Elizabeth!
Negócios
Paulo Guedes vai seguir os passos de Meirelles?
8/11/2022Se Paulo Guedes repetisse Henrique Meirelles, poderia parar na Secretaria da Fazenda de São Paulo, sob o comando do governador eleito Tarcísio Freitas. Seria exatamente a travessia feita por Meirelles, que pulou direto do governo Temer para a gestão Doria, ou seja, do primeiro para o segundo maior PIB do Brasil. É aquela história: cada um fala o que quer. Mas o mais provável é que Paulo Guedes retorne ao mercado financeiro para ganhar milhões de reais, bem mais informado do que estava antes de sair do governo.
Política
Agenda Lira
4/11/2022O presidente da Câmara, Arthur Lira, quer tirar uma casquinha de uma das últimas medidas da equipe de Paulo Guedes. Lira trabalha para acelerar a votação da MP 1139/22, que amplia os prazos das linhas de crédito do Pronampe. Se não for votada até dezembro, a proposta terá de ser empurrada para a próxima legislatura. Nesse caso, Lira corre o risco de não estar mais na cadeira de presidente da Câmara e não receber os louros da aprovação.
Destaque
A diferença cívica que separa o Forte Apache do bunker de Bolsonaro
3/11/2022Desde o último domingo, há linhas bem demarcadas a separar o presidente Jair Bolsonaro e seu grupo mais próximo e o Alto Comando das Forças Armadas. Entre os militares, o consenso em relação às manifestações em várias rodovias e cidades do país é se manter o mais distante possível dos fatos. Uma das frases repetidas mais de uma vez durante as reuniões, segundo uma das fontes, foi: “Não queremos estar nessa foto”. A tônica entre os generais era o sangue frio frente às mobilizações na porta de quartéis realizadas ontem em vários estados do país. Todos os quatro estrelas estão sendo importantes nessa crise, a começar pelo próprio Comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, e pelo chefe do Estado Maior do Exército, general Valério Stumpf. Ambos foram fundamentais na vigília dos generais, acompanhando toda a movimentação dos manifestantes. Freire Gomes é conhecido pelo seu baixo perfil político e parcimônia na tomada de decisões. O mesmo se aplica a Stumpf. Os dois oficiais têm se destacado com uma posição inequívoca contra qualquer envolvimento dos militares nos protestos realizados desde domingo. O entendimento é que a arruaça nas ruas e estradas é um convite com endereço certo para que as Forças Armadas entrem em cena. Outro personagem importante nesse momento histórico é o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, Comandante Militar do Sudeste. O oficial é ligado ao ex-presidente Fernando Henrique, de quem foi ajudante de ordens. Consta que o general Tomás costuma ter internamente uma postura mais crítica ao presidente Bolsonaro.
O general Paulo Sergio Nogueira vem cumprindo um papel de influência nos bastidores da maior importância. Mesmo como ministro da Defesa do comandante em chefe Jair Bolsonaro e antes que alguns alvoroçados viessem estimular excitação dentro dos quartéis, mantém firme seu posicionamento de que em nenhum momento as Forças Armadas devem ser conclamadas a atuar para conter a baderna. Tanto Nogueira quanto os generais do Alto Comando têm a clareza de que bastaria um tanque nas ruas para que a imagem fosse interpretada no Brasil e no mundo como um golpe militar. Procurados pelo RR, o Ministério da Defesa e o Exército não se pronunciaram até o fechamento desta edição.
As maiores preocupações reinantes no alto oficialato estão vinculadas a eventuais declarações do próprio presidente Jair Bolsonaro e ao mar de fake news registrando antigas imagens de tanques saindo de quartéis como se fossem atuais. Não se sabe se foi por coincidência ou por antecipação dos fatos. Mas, segundo o RR apurou, algumas manobras militares de rotina foram antecipadas para as semanas anteriores ao segundo turno.
As tensões benignas no Forte Apache contrastam com as que ocorrem no Palácio do Planalto. Na última terça-feira, quando se pronunciou rapidamente à Nação, o presidente da República, Jair Bolsonaro, cercado pelos assessores mais próximos, ouvia interpretações furiosas de que o aprofundamento dos protestos poderia levar a um desfecho em que o “povo” exigisse a sua recondução. Em volta de Bolsonaro, o clima era de estímulo às piores manifestações por parte do presidente.
Os mais exaltados, conforme um auxiliar de Bolsonaro, eram o general Augusto Heleno, ministro do GSI, e Paulo Guedes, ministro da Economia. Heleno, como é do seu feitio, soltava frases como “Vamos pro pau”. Já Guedes, que acompanhou Bolsonaro em diversos momentos, posando como se fosse chefe do gabinete militar, por um raciocínio tortuoso defendia o avanço das manifestações. Sua tese é que elas fortaleceriam politicamente Bolsonaro daqui em diante. Segundo a mesma fonte, o ministro da Economia vociferava que a marcha para a próxima eleição se daria a cada dia dos próximos quatro anos. O Brasil está realmente cindido: de um lado, nada mais cívico do que o posicionamento das Forças Armadas; do outro, nada tão pusilânime quanto o comportamento no bunker de Bolsonaro.
Política
Qual será a política econômica de Bolsonaro se reeleito?
28/10/2022Por enquanto é tudo achismo. Mas há probabilidades nas quais vale a pena apostar. A mais óbvia é a continuidade de Paulo Guedes no cargo. Menos dito é o tempo de permanência na função. O RR conversou com uma fonte frequentadora do gabinete de Guedes sobre essa questão central de um futuro governo Bolsonaro. O prazo cravado é de dois anos. Um biênio seria o período para que Guedes implementasse algo mais do que os rudimentos do seu projeto liberal para o país. O ministro, apesar de toda campanha em favor do teto de gastos, mudaria o expediente de controle. Trocaria, contudo, por limitadores ainda mais rigorosos das despesas públicas. O primeiro ano seria de um waiver em relação ao teto (ver RR de 20 de outubro), até para recompor as despesas excepcionais do ano eleitoral. No segundo ano, a agenda seria do aperto nas contas fiscais.
Antes, as reformas voltariam com toda força. As escolhidas para ficarem como legado seriam a administrativa e a tributária. Mas Guedes tentaria também uma II Reforma da Previdência. O ganho de receita da reforma anterior já foi em parte consumido pela pandemia. O ministro sonha com o regime de capitalização da previdência. Com a força de um primeiro ano de segundo mandato de Bolsonaro e o apoio do Centrão vitaminado, Guedes acha que passa no Congresso. A reforma tributária já está meio que dada. Talvez não seja na extensão do programa que vem sendo dito ou vazado a conta gotas pela equipe econômica.
A reforma mais eficaz e almejada por Guedes seria a administrativa. Do ponto de vista fiscal esta última reforma seria a cereja do bolo. As mudanças seriam bem temperadas, focadas no direito de demissão, regulamentação restritiva dos grandes salários e tratamento diferenciado aos novos contratados. Guedes também mexeria no vespeiro da remuneração e férias dos juízes. O enquadramento do Judiciário seria feito pelo Legislativo, por meio de um acordo com o Centrão. O ministro mudaria o centro da meta de inflação, ampliando para 4,5%, com bandas de 1,5%. Guedes sabe da dificuldade de manter o sopro de crescimento dos três trimestres deste ano com uma taxa real de 8,5% – a taxa básica nos EUA é negativa: -1,2%. Já neste quarto trimestre a economia vai acender o sinal amarelo. Se a economia embicar para baixo, puxando o PIB para menos de 0,5%, todas as correlações fiscais irão piorando.
O projeto das grandes privatizações também já está precificado. Paulo Guedes jogará pesado nesse campo, com absoluto apoio de Bolsonaro. Daí espera-se muito dinheiro. O ministro vai dedicar-se ainda a medidas microeconômicas, notadamente aprovar marcos regulatórios na área de economia. Guedes não mexerá nas regras do salário-mínimo. Dará um aumento real nas primeiras horas do novo governo. O pepino de eventuais mudanças na regulamentação do mínimo ficaria para o futuro ministro da Economia, na segunda metade do mandato. A solução mais provável? Roberto Campos Neto, no final de do seu mandato no BC, em 2024, assumiria o Ministério da Economia. Neto é próximo de Bolsonaro. Tem o aval de Guedes. O presidente do BC pensa parecido com o ministro da Economia, com a diferença de que não sofre de destemperos. O cenário da política econômica com a reeleição de Bolsonaro pode se alterar, é claro. Mas o RR acredita que pouca coisa muda além do que foi dito. Se mudar.
Política
Paulo Guedes faz ato de campanha com o “Dia do Fico”
26/10/2022O ministro Paulo Guedes pretende conceder uma coletiva até sexta-feira para divulgar de forma consolidada todos os projetos que o governo planeja realizar no próximo ano em caso de reeleição. Seria uma espécie de “Diga aos empresários que fico”, sem subtextos e falando diretamente ao PIB. Entrariam no pacote iniciativas novas e medidas requentadas. Quanto mais, melhor. Uma das principais motivações seria justamente mostrar uma profusão de propostas em contraposição à ausência de programa econômico do candidato Lula.
Ao mesmo tempo, seria uma oportunidade de expor os planos de Bolsonaro de uma maneira compreensível e palatável ao povo, ou seja, em linguagem eleitoreira. Entre outros pontos, o ministro pretende tonitruar a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 e da redução da alíquota do ICMS para os combustíveis. Guedes aproveitaria o show off para ressoar também a ideia do Fundo Brasil. Trata-se do projeto mais estrondoso que a equipe econômica de Bolsonaro tem para colocar na mesa nesta reta final da disputa eleitoral.
Ao menos pelas cifras já sopradas pelo ministro. Guedes mencionou a possibilidade da União arrecadar R$ 1 trilhão com a venda de imóveis e outro tanto com privatizações. Cerca de 25% seriam destinados ao com- bate à pobreza e outros 25% para obras públicas, ou seja, geração de empregos na veia. A ideia da entrevista está em sintonia com boa parte da coordenação política da campanha de Jair Bolsonaro. Assessores do presidente entendem que a economia pode vir a ter um papel decisivo na disputa eleitoral. A apresentação de Paulo Guedes teria ainda a serventia de dar ao presidente subsídios e “deixas” para o último debate eleitoral, na próxima sexta-feira. Ainda assim, no QG de campanha existem vozes contrárias à apresentação.
Há quem pondere que as últimas manifestações de Paulo Guedes foram trágicas para os planos de reeleição de Bolsonaro. O entendimento é que o ministro demorou e não foi suficientemente assertivo ao responder às notícias de que o governo estuda, em um eventual segundo mandato, desvincular a correção do salário-mínimo e das aposentadorias da inflação. Some-se a isso o novo vazamento sobre planos da equipe econômica para retirar do Imposto de Renda as deduções com saúde e educação. São temas espinhosos dos quais Guedes não conseguiria escapar em um evento aberto a perguntas da imprensa.
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Bolsonaro e Lula miram na redução do câmbio
17/10/2022Um refresco cambial é o que os arautos da área econômica de ambos os candidatos à Presidência pretendem usufruir no início do seu governo. Todos preconizam uma inflexão no valor da moeda. Um dólar cotado na faixa de R$ 4,00 seria a meta. Mas ninguém pensa em mexer no tripé macroeconômico. Nem apreciar o real artificialmente, vendendo um pouquinho das reservas cambiais, usando de operações de swap, ou coisas assim. Não é disso que se trata. O governante que vier vai vender Brasil. Na equipe econômica de Lula há o entendimento de que o anúncio de medidas ambientais fortes – inclusive, com projetos de investimentos “limpos” na Amazônia – e um pacote vultoso de empreendimentos voltados à área de energia renovável, tendo a Petrobras e o BNDES como parceiros, trarão um caminhão de dinheiro.
Ainda mais se o petista for o garoto propaganda das medidas no exterior. Lula vende bem. A lógica virtuosa é a mesma de sempre: dólar entrando, real valorizando e inflação caindo. Bolsonaro já iniciou o mesmo movimento. Paulo Guedes aproveitou a reunião do FMI, em Nova York, para vender o Brasil. Apresentou, em diversos encontros com os bancos, a “espetacular” agenda de resultados macroeconômicos do governo: PIB subindo, desemprego e inflação caindo, superavit primário e dívida bruta sob controle.
Se o câmbio cair, melhoram todas as variáveis. Guedes quer que o governo faça marketing no exterior, que trate com ufanismo nossos triunfos: energia renovável e commodities agrícolas, principalmente – o ministro já pisou e repisou que o Brasil é o garantidor da segurança alimentar do mundo. Mas o tiro de maior calibre que Paulo Guedes pretende dar é a privatização da Petrobras. A equipe econômica considera que a operação amassaria o câmbio. O combo inclui também um número de concessões superior ao do “primeiro” governo Bolsonaro. Guedes sempre repete que tem muito dinheiro voando no mundo e que o Brasil, além de ter feito seu MBA em concessões na gestão do coronel Tarcísio Freitas no Ministério da Infraestrutura, reúne os ativos naturais que todos querem. Boas intenções, ideias animadoras, mas de complexa execução. Um real comportadamente apreciado todo mundo quer. A ver quem saca do coldre a tão difícil previsibilidade.
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Café brasileiro esfria no ICO
17/10/2022A postura do governo Bolsonaro em relação à recente reunião do Conselho Internacional do Café (ICO) gerou insatisfação entre os grandes exportadores brasileiros. Segundo o RR apurou, o setor reivindicou ao governo para que o Brasil fosse representado pelo próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, ou pelo titular da Pasta da Agricultura, Marcos Montes. Nem um nem outro. O governo brasileiro despachou para Bogotá o embaixador em Londres, Marco Farani. O diplomata não é exatamente um estranho no tema. Tem, inclusive, atuado à frente de pautas do interesse do CNC (Conselho Nacional do Café), como a nova legislação da União Europeia, que impõe restrições à compra de produtos agrícolas sem a devida rastreabilidade. No entanto, os exportadores entendem que o governo brasileiro não deu a devida relevância ao momento. Desde fevereiro, o ICO é comandado pela brasileira Vanúsia Nogueira. Os exportadores defendem que a circunstância é favorável à costura de pautas comerciais de interesse do Brasil.
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A nova aposta da equipe econômica
14/10/2022Antes mesmo de Jair Bolsonaro virar o jogo da reeleição, Paulo Guedes já está catando caquinho para fechar as contas fiscais a partir de 2023. Vale tudo, até soluções aparentemente pouco ortodoxas. A equipe econômica estuda uma nova proposta em torno da liberação dos jogos de azar no país.
A ideia seria vincular a abertura de cassinos à destinação de parte da arrecadação tributária para custear o Auxílio Brasil de R$ 600 durante os quatro anos de mandato. O caráter social do projeto seria uma forma de quebrar resistências à liberação do jogo no Brasil, que vêm, sobretudo, da comunidade evangélica. Não é pouco dinheiro que está em jogo.
Há estimativas de que a permissão para a abertura de cassinos no Brasil poderia gerar uma arrecadação da ordem de R$ 50 bilhões por ano. Ressalte-se que essa cifra ainda poderia ser aumentada com a regulamentação das apostas eletrônicas, leia-se a permissão para que sites internacionais se instalem formalmente no país. O projeto foi aprovado em 2018, mas até hoje o Ministério da Economia não concluiu a regulação da atividade.
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FMI e os maus modos de Paulo Guedes
14/10/2022“O FMI pode muito bem soltar um posicionamento sobre as declarações desabonadoras de Paulo Guedes em relação à agência. Se o Fundo colocar em dúvida os números apresentados pelo ministro da Economia, será bem pior do que se Guedes acatasse respeitosamente os dados divulgados pela instituição, ainda que discordando deles. Críticas aos critérios das contas do FMI se discutem internamente com a equipe técnica do Fundo.
A lavação de roupa do Guedes é pura campanha eleitoral”. A declaração acima foi dada ao RR por um ex-diretor do Brasil no FMI, ao ser perguntado sobre matéria publicada ontem pelo Valor Econômico abordando os números equivocados da macroeconomia nacional usados por Paulo Guedes para contestar o Fundo, em evento patrocinado pelo J.P. Morgan. Não fosse uma discussão fora do lugar apropriado, os termos deselegantes por si só já seriam suficientes para desautorizar o ministro.
Grosseria gera reações. Caso o problema ficasse apenas na esfera pessoal do ministro, as consequências recairiam em cima dele. Porém, no exterior, Guedes fala em nome do Brasil. Uma manifestação do FMI atrapalha a economia, o país e a própria credibilidade do governo. Pena que Guedes insista em modos de quem não está à altura do cargo.
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Sabesp no tabuleiro eleitoral
13/10/2022Os formuladores do programa econômico de Tarcísio Freitas – à frente economista Samuel Kinoshita, ex-assessor de Paulo Guedes – defendem que o candidato faça uma declaração mais firme sobre a intenção de privatizar a Sabesp. Seria música para os ouvidos do mercado. Desde a passagem de Freitas para o segundo turno das eleições, a ação da empresa de saneamento já acumula uma alta de 16%.
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A caça por apoios
5/10/2022Paulo Guedes tem feito acenos ao empresário Flavio Rocha com o objetivo de resgatar seu apoio a Jair Bolsonaro. Há duas semanas, o dono da Lojas Riachuelo jantou com Lula, mas, sempre que perguntado sobre eleições, tem repetido que prefere “ficar na moita”. Guedes quer tirá-lo de lá.
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Eduardo Bolsonaro está se mexendo para conseguir que Giorgia Meloni, líder da extrema direita italiana e virtual primeira-ministra do país, grave um vídeo em favor da reeleição de Jair Bolsonaro.
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O comitê de campanha de Lula, via Henrique Meirelles, está tentando obter uma declaração de apoio de João Doria. Ainda que tenha perdido força no tabuleiro político, Doria carrega o ativo do confronto com Jair Bolsonaro na pandemia.
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O rating de Paulo Guedes caiu
29/09/2022A ala política do governo e os próprios filhos de Jair Bolsonaro debitam na conta de Paulo Guedes um erro de timing grosseiro. O entorno de Bolsonaro atribui a Guedes a excessiva demora para a fixação do teto de juros dos empréstimos consignados a beneficiários do Auxílio Brasil. O entendimento é que o ministro da Economia e sua equipe dormiram no ponto e cometeram uma falha grave, tanto do ponto de vista da política econômica quanto, sobretudo, da política-política. A Portaria, com o limite de juros de 3,5%, foi publicada somente na terça-feira, a apenas cinco dias das eleições. Ou seja: Bolsonaro praticamente não terá tempo algum para capitalizar a medida, tratada no comitê de campanha como um valioso ativo eleitoral – ver RR do dia 16 de agosto. Nessa mesma edição, a newsletter já alertava que os bancos não emprestariam dinheiro sem a definição de um teto de juros. E não emprestaram mesmo. O teto veio. Mas, para Bolsonaro, talvez tarde demais.
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Ronaldo busca um parceiro de ataque
26/09/2022Ronaldo vai intensificar a busca de um novo sócio para a SAF do Cruzeiro. O “Fenômeno” tem conversas em andamento com investidores do Oriente Médio. Em pauta, a venda de até 20% da sociedade – o ex-jogador detém 90% das ações. Em um exercício meramente hipotético, com base no valuation utilizado para a venda da SAF a Ronaldo, essa fatia estaria avaliada em aproximadamente R$ 90 milhões. A busca por capital novo parte da premissa de que o Cruzeiro terá de aumentar seus investimentos em 2023, com a volta à Série A. O ano de 2022 foi marcado por um “ajuste fiscal” de dar gosto a Paulo Guedes. Em sua primeira temporada como controlador, Ronaldo cortou investimentos, reduziu salários e deu prioridade ao pagamento de dívidas.
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Bolsonaro tem mais combustível pré-eleitoral
2/09/2022A maré de boas notícias capazes de aditivar a candidatura de Jair Bolsonaro não ficará restrita à nova queda dos preços dos combustíveis, divulgada ontem pela Petrobras. O comitê de campanha do presidente aposta nas profecias de Paulo Guedes e já trabalha com o surgimento de mais um fato positivo antes das eleições. O ministro segue na contramão dos economistas e analistas e prevê uma taxas de desemprego em agosto na faixa dos 8%. O índice a ser anunciado em setembro cairia como uma luva no discurso eleitoral às vésperas da escolha do futuro presidente. Guedes desdenha das projeções de desaceleração do mercado de trabalho daqui por diante. O que interessa é a fotografia do desemprego agora e não as apostas no porvir, até porque, diz o ministro, o futuro está por ser corrigido e não conta como insumo para o discurso de campanha.
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A incansável equipe econômica de Paulo Guedes jogou às favas os pruridos em relação ao compromisso com a ortodoxia. A não inclusão de um benefício médio de R$ 600 do Auxílio Brasil no Orçamento de 2023 já antevê uma PEC ampliada, que livre o governo da discussão repetida, anualmente, sobre a busca de fonte de recursos para custeio do benefício. A futura PEC, a ser anunciada no âmbito da campanha eleitoral, garantirá um Auxílio Brasil de R$ 500 por três anos, menos R$ 100 do que o atual, mas com prazo de duração assegurado por um pedido mais longo.
“E de onde sairá essa dinheirama?”, perguntaria o Conselheiro Acácio, fazendo ouvidos moucos em relação à ferida na Constituição. A PEC do novo Auxílio Brasil permite, assim como foi feito com os precatórios, que os recursos não saiam, plunct, plact, zum, de lugar nenhum. Cairão do firmamento das contas públicas.
Mas Guedes acredita que, mesmo com a PEC garantindo alforria fiscal, é possível buscar financiamento em outras paragens, como uma nova rodada de antecipação de dividendos das estatais, privatizações, venda de ativos imobilizados da União, tributação de dividendos e leilões do pré-sal, só para citar as medidas mais votadas. Para Bolsonaro, o que interessa é o anúncio da sua “bondade” durante a campanha. Melhor três anos de Auxílio Brasil a R$ 500 do que um ano de R$ 600 fadados a sumir na poeira do calendário do próximo ajuste fiscal.
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O redemoinho da Petrobras
1/09/2022É um crime o que estão fazendo com a Petrobras. Intervenção na política de preços dos combustíveis, indicação para a diretoria fora das exigências estatutárias, desmanche do parque de refino, antecipação e ampliação dos dividendos distribuídos para reduzir o furo do teto de gastos, postergação sem limite de prazos dos investimentos em energia renováveis, descaso em relação à agenda. Esta é a empresa que Paulo Guedes quer privatizar.
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Esbarrões nada diplomáticos
1/09/2022Como se não bastasse o recente entrevero diplomático com o Chile, a Embaixada da China estuda uma manifestação formal ao Itamaraty contra o recente pronunciamento de Paulo Guedes. Na semana passada, em encontro com empresários do agronegócio, o ministro disse “Não queremos a chinesada entrando aqui e acabando com nossas fábricas”.
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Quanto vale um ministro na mesa das eleições?
30/08/2022A entrevista ao Jornal Nacional e o debate do último domingo deram um gás à terceira via. A candidata Simone Tebet pretende queimar a largada e anunciar nos próximos dias nome chaves que participarão de seu eventual governo. Tebet parte de duas premissas. Como franco atiradora, tem menos a perder do que seus adversários com a imediata divulgação de seus colaboradores. Além disso, é quem mais tem garrafa vazia para vender, ou seja, nomes capazes de fazer diferença na corrida eleitoral. Tebet deverá confirmar Elena Landau como sua ministra da Economia. Não chega a ser exatamente uma grande revelação, já que Elena é coordenadora do programa econômico da candidata.
O fator “novidade” ficaria por conta do anúncio de Armínio Fraga. Tebet teria planos de criar um cargo sob medida para Fraga, uma espécie de ministro da “desconcentração de renda”, que açambarcaria a agenda ESG, na qual o ex-presidente do BC está submerso. No núcleo duro de campanha, comenta-se também uma possível volta de Edmar Bacha ao BNDES. Ele jogaria de tabelinha com Claudio Frischtak, que seria o preferido de Tebet para tocar o Ministério da Infraestrutura. Seria o dueto responsável por tocar o plano de concessões e um programa de retomada de obras públicas.
Por sinal, no que depender de Simone Tebet, o “tucanato” vai aterrissar em peso no seu governo. Outros nomes pretendidos pela candidata são Gustavo Franco, Samuel Pessôa e Rubens Barbosa. Ao anunciar sua “equipe de governo”, Simone Tebet aposta que esse gesto forçará seus adversários a fazer o mesmo, tirando-os de uma confortável zona de silêncio. Até agora, os candidatos mais têm escondido do que revelado seus colaboradores mais próximos. É o caso de Lula: o líder das pesquisas guarda a sete chaves os nomes de potenciais ocupantes de cargos em seu governo. A única informação que o PT deixa vazar é a presença de Aloizio Mercadante como coordenador econômico da campanha.
Não há, no entanto, qualquer garantia de que Mercadante terá alguma função em um eventual mandato de Lula. No entorno do petista, surgem alguns possíveis candidatos para o Ministério da Fazenda, que Lula pretende recriar: os mais notórios são Fernando Haddad e Persio Arida. Haddad só ganha se perder, ou seja, só assumirá a Fazenda se for derrotado nas eleições para o governo de São Paulo, o que hoje parece difícil. Arida, por sua vez, viria na conta de Geraldo Alckmin. Nas hostes petistas, há ainda um terceiro nome que tem sido citado para comandar a Fazenda: o próprio Alckmin. Guardadas as devidas proporções, seria o “FHC de Lula”. O fato é que praticamente todas as especulações sobre o ministro da Fazenda empurram o petista para o centro ou o centro-direita, afastando-o da suas bases eleitorais, o que, de certa forma, explica a sua resistência radical em dar pistas sobre os futuros colaboradores.
A estratégia de Simone Tebet de antecipar parte da sua Esplanada dos Ministérios mira também em Ciro Gomes. Nesse quesito, Ciro talvez esteja mais ao relento do que Lula. O pedetista conta com dois colaboradores na área econômica que estão com ele há mais tempo, Nelson Marconi e Mauro Benevides Filho. Mas não são exatamente nomes que funcionem como ativos eleitorais. Ciro já não tem mais a seu lado personagens como José Alexandre Scheinkman e Marcos Lisboa. Devido às circunstâncias eleitorais, dificilmente voltará a ter. Mesmo Roberto Mangabeira Unger, historicamente ligado ao pedetista, não está tão ativo na campanha como outrora. No caso de Jair Bolsonaro, a expectativa pelos colaboradores em um segundo mandato é compreensivelmente menor. Tudo indica que o eventual Bolsonaro II será um replay do Bolsonaro I, ao menos em cargos chave. Dois exemplos: Paulo Guedes permaneceria onde está; e Tarcísio Freitas tem uma cadeira a sua espera. Segundo fonte da campanha de Bolsonaro, ele voltará ao Ministério da Infraestrutura caso perca as eleições ao governo de São Paulo.
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Triângulo
18/08/2022O ex-presidente José Sarney está comemorando por antecipação as eleições. De qual candidato? Lula ou Jair Bolsonaro, tanto faz. O MDB será um dos fiéis da balança. Agora e lá na frente.
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Paulo Guedes é o termômetro das possibilidades de reeleição de Jair Bolsonaro. Se permanecer ativista, é porque “Bolso” tem boas chances. Caso contrário, o presidente já terá perdido a parada. Melhor pingar uma ficha em cada casa.
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Acreditem: Jair Bolsonaro sondou uma visita a FHC. Não é momento para isso. Nem de receber Bolsonaro nem nenhum ex-presidente. O “príncipe” precisa de paz. Só isso.
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O falso dilema de Bolsonaro entre o bem e o mal
18/08/2022Se o cineasta Luis Buñuel vivo fosse, em vez de filmar o roteiro de “O Discreto Charme da Burguesia”, produziria a “Indiscreta Radicalidade da Hipocrisia”. O script seria baseado na guinada de Jair Bolsonaro, mimetizando sua própria antítese: o candidato da candura, do social, do respeito às leis e da pacificação. Esse avatar do Bolsonaro ensaiou seus primeiros passos às vésperas da posse de Alexandre de Moraes à presidência do TSE, na última terça-feira, com o singelo presente de uma camiseta do Corinthians ao príncipe togado.
O comparecimento à cerimônia de coroação seria mais um ingrediente no figurino desse “parcimonioso e legalista” chefe de Estado. Jair Bolsonaro antevia, com certeza, o que iria ouvir no evento sobre urnas e ódio. Foi discreto e até amigável. O “bom” Bolsonaro tem menos de dois meses para reduzir uma elevada rejeição de 45% e recuperar os votos perdidos que o elegeram. É gente com um pé no discurso liberal do ministro Paulo Guedes e o outro fora do discurso grosseirão e da falta de decoro do presidente. Bolsonaro pode mudar o roteiro de suspeição das urnas eletrônicas, aguardando o fim da auditoria militar e afirmando que tudo foi feito com o objetivo da máxima segurança para salvaguardar a democracia.
Aliás, democracia será repetida “ad nauseam” pelo “bom” Bolsonaro, assim como a importância civilizatória do combate à corrupção, bandeira esta que, como todos sabem, tem outro motivo além da boa fé. A democracia servirá até para justificar o aumento da posse de armas, que, de uma forma ou de outra, foi sancionada pela população em referendo bem anterior ao seu governo. Levantar crianças no colo e posar com a família serão fotografias fáceis nesses pouco mais de 40 dias de campanha eleitoral. A “maior vacinação do planeta” será contraposta às críticas ao seu comportamento durante a pandemia. Há números sociais bons na área do emprego e políticas compensatórias.
A equipe econômica do governo procura freneticamente espremer indicadores que reflitam o bom mocismo de Bolsonaro junto aos pobres e miseráveis. Há quem diga que haverá lugar para ministros negros e mais ministras em um eventual segundo mandato, disposição que seria anunciada durante esse período final de campanha. Menções aos LGBTQIA+ é demais até mesmo para o “bom” Bolsonaro. Essa suavização do discurso virá acompanhada de uma enxurra- da de medidas voltadas a ajudar os menos favorecidos.
Há um arsenal de possibilidades – os RRs de 4 e 16 de agosto anteciparam algumas das iniciativas em estudo – inclusive favorecidas por um espaço fiscal maior do que o imaginado. O presidente tem condições de fazer o “bem” nesta resta final da campanha eleitoral. E isto sem maiores críticas dos adversários. Afinal, quem questiona o “bem”? Lembrai-vos da votação maciça pela aprovação do Auxílio Brasil no valor de R$ 600. Bolsonaro jamais acreditou na memória dos brasileiros. Sua existência política é escrita em paralelo com as suas contradições. Nunca foi tão fácil se desdizer. O tempo parece curto. Mas seja como for o “bom” Bolsonaro vem aí.
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Bolsonaro quer destravar consignado para o Auxílio Brasil
16/08/2022A bondade de Jair Bolsonaro não acaba. No rol das propostas em estudo, a equipe econômica discute a construção de uma fórmula que viabilize o crédito consignado aos participantes do Auxílio Brasil utilizando-se uma combinação até então inédita: a criação de um teto de juros vinculado à garantia de um benefício mensal de R$ 500 pelos próximos quatro anos – tempo do “futuro” mandato do atual presidente. Ressalte-se que tanto Lula quanto Bolsonaro já prometeram a manutenção do valor de R$ 600 até o fim de 2023.
O presidente triplicaria a aposta, trocando 12 parcelas de R$ 600 por 48 meses de R$ 500. A conta dos assessores de Paulo Guedes leva em consideração uma redução dos benefícios fiscais, de forma a compensar os gastos adicionais com o Auxílio. Na verdade, a equipe econômica encontraria uma justificativa social e de forte apoio popular para cortar uma parcela das renúncias fiscais – são mais de R$ 300 bilhões por ano distribuídos àqueles que menos precisam.
Ao mesmo tempo, o governo usaria a medida para mitigar a resistência da banca privada em conceder crédito consignado aos que recebem o Auxílio Brasil. Os bancos não querem emprestar sem um teto de juros, com o risco de corrosão da assistência à pobreza. Com a proposta, Bolsonaro condicionaria o discurso de Lula à sua promessa de melhoria do padrão de renda dos mais pobres. Restaria ao petista aumentar a dose ou imitar o adversário. Seria a maior das “bondades” apresentadas por Bolsonaro no seu pacotão eleitoral. Difícil para a oposição criticar a concessão de dinheiro adicional aos mais pobres. Já que “Bolso” estaria dando os recursos e dizendo de onde eles vão sair, não haveria, a priori, comprometimento de ordem fiscal. Além de o governo garantir quatro anos de Auxílio Brasil na casa de R$ 500 e dar uma solução para o “microcrédito emergencial”. Seria um presentão para o 7 de setembro. Menos para Lula, Ciro Gomes e Simone Tebet.
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Lula e Bolsonaro flertam com o controle de preços
12/08/2022A política de preços, estigmatizada desde o regime militar, ressurgiu no radar dos candidatos à Presidência. Tanto Lula quanto Jair Bolsonaro – leia-se Paulo Guedes – já aceitam que a medida pode ser adotada em casos distintos, quer seja em relação a oligopólios, quer seja em relação a empresas públicas ou privadas que pratiquem preços elevados e resilientes, com grande impacto social. Bolsonaro já cantou essa pedra na área da energia, ameaçando tabelar os preços da Petrobras se a estatal permanecesse elevando os valores dos combustíveis.
O presidente assustou criticando margens elevadas de lucros. A própria redução da alíquota do ICMS nos estados foi uma forma de segurar os preços por uma via oblíqua. Guedes chegou a entabular uma participação dos supermercados na contenção do custo da cesta básica até que a inflação chegue na meta. A operação seria feita por meio da compensação dos represamentos dos preços com um bônus tributário diferido no tempo (ver RR de 13 de junho).
No comitê de formulação do programa econômico do PT, por sua vez, estão sendo discutidas três frentes: um plano de transferência de renda de maior alcance; incentivo e financiamento à infraestrutura, incluindo treinamento de mão de obra e investimento no entorno dos empreendimentos; e uma política ambiental rigorosa, mas em consonância com o mercado. A política de preços estaria contida no item das preocupações sociais. Na verdade, as especulações em relação a “cipagem” relativa da economia – uma alusão ao CIP (Conselho Interministerial de Preços), criado em 1968 e extinto em 1990 – se devem, em boa parte, à perspectiva da inflação estar sendo impulsionada por variáveis de difícil controle.
Entram nesse rol guerra na Rússia, crise na China, preços das commodities e dos combustíveis e histerese – todas com maior ou menor impacto na formação de preços. Há um certo consenso que oligopólios e grandes empresas têm conseguido reduzir vendas e aumentar preços, mantendo suas margens. É como se a política monetária não atingisse o repasse para o consumidor dos seus custos e queda de vendas. Há resistências de toda ordem em relação a essa política, que interfere diretamente no mercado, como se separando o joio do trigo e fazendo com que o governo assuma um papel punitivo em relação à formação de preços. Mas os motivos que levam à inflação alta são cada vez mais exógenos e há ainda a promessa de uma herança fiscal que impede a funcionalidade da política monetária. Por enquanto, os grandes potentados conseguem driblar a redução dos seus preços. Resta saber se vão resistir aos remédios anti-inflacionários do BC e da própria conjuntura econômica. Ou acabarão por ressuscitar o animal pré-histórico do controle de preços.
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O melhor cabo eleitoral de Jair Bolsonaro
11/08/2022O comitê de campanha de Jair Bolsonaro está trabalhando com foco em Paulo Guedes. O ministro é considerado o melhor comunicador do governo. E tem “garrafas para vender” ou bons números para mostrar. E mesmo quando os resultados estão aquém do esperado, Guedes tem uma capacidade rara de entortá-los de forma a que eles saiam bem na foto.
Guedes consegue até driblar o tempo em suas falas. Exemplo: a condenação da conjunção adversativa. O ministro rebate o “mas” usado pelos adversários, dizendo que os críticos não querem ver o valor presente da política econômica. Eles procuram sempre o passado – marcados por eventos atípicos, feito a pandemia – ou o futuro, que não aconteceu e está sujeito as correções de rota feitas pelo governo.
O gendarme mais atuante de Bolsonaro aponta sua lança para a fotografia do momento. Neste ano, a inflação cairá, o crescimento da atividade produtiva será maior do que o projetado e a dívida pública em relação ao PIB será reduzida ainda mais. Os investimentos, por sua vez, subirão puxados basicamente pelo setor privado. O resultado fiscal primário também será melhor do que o previsto, o desemprego caiu e continuará caindo, os pobres foram atendidos com auxílios generosos, o preço dos combustíveis está em queda e a agricultura bateu recordes.
Em síntese: 2022 seria o ano da redenção. Para o ministro, o que interessa é o fotograma do presente e não a terra arrasada do porvir. Guedes vai pular de entidade patronal em entidade patronal, levando sua mensagem. A epopeia do ministro parece uma versão adaptada do case de sucesso da celebridade Anderson Franco, vendedor de picolés em Itapetininga, Minas Gerais. Franco construiu uma mansão de 6.600 metros quadrados de puro luxo. Guedes é um vendedor de picolés. Sua mansão é a reeleição do presidente.
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Assim é se lhe parece
4/08/2022No Palácio do Planalto, a avaliação é de que Jair Bolsonaro conseguiu se desvencilhar do caso Pedro Guimarães, demitido da presidência da Caixa Econômica sob a acusação de assédio. Ainda mais depois do conveniente vazamento da informação de que Paulo Guedes vetou o reajuste de 44% do salário de Guimarães, proposto pelo próprio executivo poucos meses antes de deixar o cargo.
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Promessa eleitoral?
27/07/2022O ministro Paulo Guedes confidenciou a um banqueiro das antigas que Jair Bolsonaro, caso seja reeleito, surpreenderá muita gente, criando um “Ministério ESG”. Parece mais conversa de Guedes para LGBTQIA+ dormir.
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Triplex fiscal
27/07/2022Paulo Guedes estuda o “teto do teto do teto”. O primeiro foi o teto idealizado; o segundo, o rompido; o novo seria uma âncora fiscal com alguma mobilidade. Tudo depende de Jair Bolsonaro emplacar 2023.
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E o teto?
22/07/2022O general Braga Neto, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, costura uma medida que deverá ser o ápice da convenção do PL, neste domingo: a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil caso o Presidente seja reeleito. O sofrido Paulo Guedes digere somente mais um ano com a atual cifra do benefício. E olhe lá.
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Bye bye Petrobras?
15/07/2022O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, com ajuda de ex-companheiros do Ministério da Economia, toca celeremente o projeto de privatização da Petrobras. O prazo para apresentação da Emenda Constitucional encomendada pelo ministro Paulo Guedes é até o final de agosto.
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Pacificador
15/07/2022O ministro Paulo Guedes acrescentou uma nova sacada ao seu repertório. Quando seus assessores se dizem indignados com o noticiário a respeito do seu desequilíbrio e agressividade, Guedes mostra a medalha de “pacificador” com a qual foi condecorado pelo Exército, devido a sua atuação na reforma da Previdência. Santo Guedes!
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Privatização universal
14/07/2022Paulo Guedes nutre um desejo para o segundo mandato de Bolsonaro: privatizar tudo, sem dó nem piedade. No pacotaço de desestatização entrariam inclusive a Embrapa e a Fiocruz. As duas instituições abririam capital e teriam parte das suas ações vendidas ao setor privado em um modelo public company, mantendo o Estado como o maior acionista individual. O Ministério da Economia informa que não recebeu demanda nesse sentido.
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Emprego temporário?
1/07/2022Paulo Guedes, que tanto tem reclamado da falta de assessores, quer levar Eduardo Zimmer Sampaio de volta para o governo. Sampaio presidiu a Casa da Moeda nos dois primeiros anos de mandato de Jair Bolsonaro. Deixou o cargo após as frustradas tentativas de privatização da empresa. Hoje está no governo mineiro, mais precisamente na Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais).
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Falta cilindrada no consumo
29/06/2022Segundo o RR apurou, no primeiro semestre deste ano as vendas de automóveis 1.0 representaram mais de 50% do total de veículos comercializados no Brasil. O dado, que será divulgado pelas montadoras nos próximos dias, chama a atenção: é a primeira em vez em mais de uma década que o volume de carros de mil cilindradas, portanto mais baratos, supera a soma de todos os demais veículos vendidos no país. Em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, os automóveis 1.0 representavam aproximadamente 39% do mercado brasileiro. A tal recuperação em “V” de Paulo Guedes foi parar no acostamento.
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A bonança econômica que antecede a tempestade
29/06/2022O presidente Jair Bolsonaro vai surfar em números positivos neste período pré-eleitoral, e possivelmente até o fim do ano, ao contrário do que previu o RR. Em 2023, no entanto, a batata vai queimar a mão de quem segurar o manche do governo. A bomba relógio está na contagem regressiva. Tic tac tic tac… Senão vejamos:
- Para quem dizia que o desemprego não desceria de dois dígitos – o RR, inclusive – a taxa bateu em 9,5% em maio. Está caindo. Pode descer a 8,5%. Como dizia Keynes, se a realidade muda, nós mudamos.
- Não bastasse a melhoria do emprego neste ano, o fato é que ela está se dando de forma consistente: praticamente todos os setores vem reduzindo demissões e aumentando a absorção de mão-de-obra.
- O fim da pandemia, com a reabertura da economia, está tendo seus efeitos positivos além do aguardado.
- O consumo está aumentando, porque o governo vem soltando recursos não só por meio da ampliação das políticas compensatórias e desonerações – um subsídio ao contrário -, mas também da injeção de grana a conta-gotas.
- O câmbio apreciado ajuda a indústria, por um lado; por outro, permanece o boom de commodities, que ajudou Lula e Bolsonaro a surfarem nessa onda de riqueza. Commodity não tem ideologia.
- O PIB pode chegar neste ano aos 2,5% de Paulo Guedes. E mais: pode bater em 3%, em parte pelos arranjos para segurar ou até reduzir os preços dos combustíveis.
- Portanto, o Natal deve ser bom. Mas também não vai ser um festão. Os consumidores estão poupando ao invés de irem às compras. As comemorações natalinas antecedem o furacão de 2023.
- Os juros, segundo fontes do próprio BC, mesmo com uma subida da Selic para 13,75%, tendem a caminhar com certa inércia, até porque essa singela recuperação econômica deverá postergar os efeitos restritivos e anti-inflacionário das taxas elevadas. E vice-versa.
- Os juros deste ano não movem uma palha a inflação de 2022, mas detonam com a economia em 2023.
- Roberto Campos Neto, conforme aposta do RR, não vai mudar a meta, o que seria recompensador do ponto de vista da política monetária do próximo governo. Sem alterar o target, o presidente do BC vai forçar o futuro ministro da Economia a fazê-lo. Como se espera um make-up do teto, as duas medidas juntas e ao mesmo tempo vão criar uma tensão indesejável nos mercados.
- Em 2023, podemos colocar uma coroa de espinhos. Um PIB entre -1% e -2,5% (se não der 3% negativos); um desemprego de volta a 12,5% (segundo um banco mais conservador).
- Vento que venta lá, venta cá. A brisa de 2022 deve se transformar em uma tempestade para a gestão de 2023. Não esquecer que iniciando neste final de ano, e com impacto pleno em 2023, o cenário internacional começa a assumir dimensão imprevisível, com estagflação, eclosão de novas guerras, e o aperto de liquidez no mundo devido à elevação dos juros e do QE do FED e dos BCs europeus, noves fora as crescentes expectativas de default de países como Rússia e Sri Lanka.
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Brasil e Uruguai ensaiam coalizão anti-Mercosul
22/06/2022O ministro da Economia, Paulo Guedes tem mantido conversas com seu congênere uruguaio, Danilo Astori, traçando novos cenários para o comércio exterior no segundo semestre. Guedes aposta suas fichas na ascensão do Uruguai à presidência pró tempore do Mercosul para a flexibilização das regras impostas aos países membros em relação a acordos bilaterais. O ministro vê no governo uruguaio um parceiro a favor de tratados individuais, a latere do bloco econômico. O país vizinho tem total interesse na alforria: o Uruguai negocia um acordo com a China, apesar das pressões contrárias do Paraguai e, sobretudo, da Argentina. De qualquer forma, Guedes corre contra o tempo.
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Com Bolsonaro a fome tem mais pressa
13/06/2022A call do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes com dirigentes de supermercados, na última quinta-feira, é apenas o primeiro ato do projeto de congelamento dos preços da cesta básica. Seria ingênuo, até infantil, que o episódio se concluísse com um pedido singelo de Guedes aos varejistas para não remarcar nas gôndolas os preços dos alimentos essenciais. O segundo ato vem sob a forma de uma proposta sob medida para os supermercados: a contrapartida mediante um crédito tributário, com o resgate diferido no tempo e condicionado à permanência do valor dos alimentos da cesta básica até a inflação convergir para a meta.
Uma segunda alternativa seria um programa de desoneração simples dos alimentos da cesta básica que mais pressionaram a inflação no período. Os supermercados deixariam de faturar alguma parcela da sua margem, que o próprio Guedes reconheceu ser baixa. Como disse o RR na edição de 18 de abril, esse era para ser um item do programa econômico do PT. Pelo jeito, Paulo Guedes foi mais rápido. A newsletter informou que a equipe econômica estava debruçada sobre a análise de diversas propostas para mitigar o efeito da inflação junto aos mais pobres.
A segurança alimentar da população de menor renda está no centro do debate. Os assessores de Guedes pensaram em um vale-alimentação. Mas essa opção carrega contraindicações, tais como o dispêndio ser imediato, e não um precatório, além do fato de a inflação ir comendo no dia seguinte o valor do tíquete. A medida mais provável é a anunciada pelo RR. Bolsonaro, que deu com a sua presença na call um ar de gravidade institucional, pressiona o ministro da Economia para que tome uma decisão urgente. Comida é a palavra-chave.
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Para Paulo Guedes bastava dizer a verdade
31/05/2022Paulo Guedes mentiu em Davos. Disse que pela “primeira vez, em 15 anos, o governo zerou o déficit em todos os níveis da federação”. E mais: “Fizemos em 15 meses o que eles fizeram em 15 anos”, referindo-se ao tempo necessário para zerar o déficit. Uma lorota tola e eleitoreira solta feito uma lagartixa no Fórum Econômico. Não foi a primeira vez em 15 anos. E “os outros” fizeram, inclusive, um dever de casa melhor. A verdade é que o governo Lula conseguiu um resultado fiscal superior ao saldo do primário inflado pelo discurso de Guedes.
O ministro não precisava disso. As contas públicas apresentaram um excelente resultado em 2021, com um superavit primário de 2,37% do PIB, o primeiro desde 2013 e o melhor saldo desde 2008. São números do próprio boletim do Ministério da Economia sobre o Resultado Fiscal Estrutural, que confirmam o excesso verbal, digamos assim, de Guedes. Vale registrar que ficaram fora do cálculo das contas públicas o “pepinódromo” dos precatórios e as despesas não recorrentes com a pandemia. Mas tudo bem. Há mérito na performance do ministro.
Entretanto, segundo a Secretaria de Política Econômica (SPE), o resultado fiscal estrutural mais robusto foi observado entre 2003 e 2008, intervalo do governo Lula, atingindo, na média, um patamar de quase 4% do PIB. Obra e graça de Antônio Palocci, não custa rememorar. Com Dilma Rousseff, o resultado do primário ingressou no campo negativo. É difícil entender por que Paulo Guedes insiste em interpretar o Barão de Münchausen.
Não existe motivo para logro. O resultado de janeiro, por exemplo, foi espetacular, com o maior superavit primário (R$ 76,5 bilhões) desde o início da série histórica, em 1997. Guedes não é menos capacitado intelectualmente do que os ministros da Economia do PT. E sua gestão das contas públicas merece louvor. Mas é preciso acabar com a farsa de que o desempenho fiscal no governo Lula foi ruim. Por enquanto, é o melhor em 15 anos.
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Apostas
30/05/2022Seguem as apostas mais conservadoras de Paulo Guedes: IPCA, 7% a 7,5%; PIB, 2,7%; Selic, 13,25%; dívida/PIB, 79%; desemprego, 9,5%. As mais otimistas ficam entre Urano e Saturno.
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Vira casaca nos preços
27/05/2022O bochicho de que Paulo Guedes defende um aumento nos preços dos combustíveis de seis em seis meses gerou um novo chiste junto aos companheiros de Pasta. Guedes criaria seu próprio CIP (Conselho Interministerial de Preços), com o nome de CPG (Conselho de Preços do Guedes). Mas há quem defenda um alcance mais restrito, com o “CPG” tornando-se o “CIPP” (Conselho Interministerial de Preços da Petrobras). O CIP foi um dos órgãos mais fortes do regime militar, comandado com mão de ferro pelo poderoso ministro Delfim Netto. Com ou sem “CPG” ou “CIPP”, mais parece que Guedes quer estatizar a Petrobras em vez de privatizá-la.
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A dura costura fiscal do Rio
25/05/2022O senador Flavio Bolsonaro mergulhou de cabeça no processo de adesão do Rio de Janeiro ao Regime de Recuperação Fiscal. De um lado, trabalha junto a Paulo Guedes e equipe para aparar arestas nas negociações; do outro, tem feito gestões junto à Alerj, sua antiga Casa. Exigências feitas pelo Ministério da Economia – como o novo teto de gastos no estado e ajustes nas regras do triênio, leia-se o adicional pago a cada três anos aos servidores públicos – precisam ser aprovadas pela Assembleia Legislativa. A dívida do Rio junto à União beira os R$ 100 bilhões.
…
O economista Paulo Rabello de Castro, coordenador do plano de governo de Claudio Castro, é forte candidato a assumir a Secretaria de Fazenda do Rio em caso de reeleição. No cargo há apenas um mês, o atual secretário, Leonardo Lobo, já virou fósforo queimado, desgastado pela dificuldade na condução das negociações com o Ministério da Economia.
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Fundo de reconstrução de Guedes é só a ponta do iceberg
17/05/2022O fundo de reconstrução nacional para investimentos em infraestrutura, prometido ontem pelo ministro Paulo Guedes, é o primeiro movimento no tabuleiro após o encaminhamento dos estudos para a privatização da Petrobras. Guedes anunciou que o fundo será constituído das participações que a União detém em diversas companhias. Não especificou em quais. Apenas adiantou que a carteira do BNDES será vendida para geração do funding inicial.
Imagina-se que o fundo de reconstrução não será um segundo BNDESpar e também não terá o mesmo papel de banco de fomento do BNDES. O segundo movimento será a inclusão de outros ativos politicamente mais sensíveis. E o terceiro será adocicar a operação com a venda de uma fração das ações aos funcionários das estatais caso elas realmente venham a ser incluídas no fundo. A título de exemplo, algo similar ao modelo de privatização da Vale, quando o equivalente a 5,1% do capital total foi reservado para os trabalhadores da mineradora. Trata-se de uma engenharia híbrida.
As participações da BNDES-Par em empresas privadas seriam vendidas e os recursos diretamente aportados no fundo. No caso das estatais icônicas, o caminho seria outro: as ações da União nessas empresas seriam transferidas para o fundo. A privatização – seja da Petrobras, do BB ou da Caixa – poderia vir, portanto, por uma via oblíqua, com os devidos cuidados para não parecer uma desestatização lato sensu. Até porque vender uma dessas empresas na atual conjuntura seria um convite ao ingresso em um Vietnã político em plena campanha eleitoral. Curioso é pensar que, de certa forma, Guedes, neoliberal elevado à enésima potência, está adotando uma ideia de um ícone da esquerda: Ignácio Rangel.
O economista defendia a venda das estatais maduras para a criação de novas estatais ou frentes geradoras de emprego, ao invés do abatimento direto da dívida pública. Como se sabe, investimentos em infraestrutura geram uma enxurrada de postos de trabalho. Verdade seja dita, Paulo Guedes sempre defendeu a criação de um instrumento similar, mas insistia com a tese de que os imóveis da União seriam os ativos aportados no fundo. A ver se o ministro fará todos os movimentos, guardando uma quarta jogada para o xeque-mate: a adoção de uma golden share e uma pílula de veneno, se realmente o fundo vier a ser securitizado, carregar as estatais “sagradas” e tiver maiores pretensões de buscar dinheiro em mercado.
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Vigor e energia
13/05/2022A escolha de Adolfo Sachsida para o Ministério das Minas e Energia foi tomada antes de Paulo Guedes ser consultado. O Palácio do Planalto adora o vigor e energia de Sachsida.
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Empurrando para a frente
13/05/2022Em suas simulações fiscais, a equipe econômica cogita postergar para 2024 o início do pagamento de R$ 8,8 bilhões a fundos de pensão – a indenização é referente a perdas por aplicações no Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), na década de 80. Ainda que forçada pelas circunstâncias, seria uma quebra do acordo firmado com as fundações, que prevê o começo do desembolso para janeiro de 2023. Se bem que, dependendo do que acontecer nas eleições de outubro, 2023 ou 2024 pode não ser mais um problema de Paulo Guedes e cia. Procurado pelo RR, o Ministério da Economia não se pronunciou.
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“Vale adubo”
12/05/2022A bancada ruralista se mobiliza para arrancar do Palácio do Planalto mais R$ 500 milhões para o Plano Safra, além do valor adicional de R$ 1,5 bilhão aprovado recentemente. Os recursos seriam destinados a compensar a disparada dos preços dos fertilizantes. De onde sairiam os recursos desse “Vale adubo”? Paulo Guedes que se vire.
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Universidade Burger
10/05/2022Jorge Paulo Lemann voltou a ser o velho Jorge Paulo com a venda da Eleva, uma escola para príncipes, com mensalidades de até R$ 10 mil? Nada. Jorge Paulo é o mesmo Lemann de sempre, o que compra, junta, reestrutura e vende. No caso do setor de educação, há vantagens adicionais: entre a aquisição e a desmobilização, o bilionário ainda deu uma “marketada” em sua imagem, um lustro ESG colateral aos seus empreendimentos centrais. Seus ativos para valer são os que ora embriagam (Ambev), ora levam à obesidade (Heinz e Burger King). É provável que o empresário compre uma escola para criar um instituto das diversidades ou uma universidade ESG. São bons hedges para quem vem se equilibrando no fio do imposto do pecado, ou seja, o tributo sobre alimentos com açúcares e bebidas alcoólicas que Paulo Guedes ensaia criar desde o início do governo. De qualquer forma, é melhor um “Jorge Paulo green”, a despeito de intenções marqueteiras.
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“Decreto do dedo duro”
4/05/2022O Centrão trabalha para derrubar a proposta apresentada por Paulo Guedes à CGU, que prevê a divulgação dos nomes dos responsáveis por indicações para cargos no Executivo Federal – chamada nos corredores do Congresso de “decreto do dedo duro”. O Centrão já levou essa também.
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Ação e reação
4/05/2022Líderes da bancada do Amazonas no Congresso, como o senador Eduardo Braga, articulam a boca miúda a convocação do ministro Paulo Guedes. O ministro seria chamado para esclarecer os critérios da redução do IPI, que tem sério impacto sobre as indústrias da Zona Franca.
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Cordão amazônico
29/04/2022O governo do Amazonas está tentando angariar a adesão de instituições, como a CNI e a OAB, à Ação Direta de Inconstitucionalidade movida no STF contra o decreto que reduziu o IPI em 25% em todo o país. Essas entidades entrariam no processo na condição de “amicus curiae”. Ressalte-se que pode piorar: Paulo Guedes já fala em um corte do imposto de 35%.
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Na soleira
19/04/2022O private equity Partners Group está rondando uma das maiores redes de varejo da Região Sul. Os suíços já têm um case de sucesso no setor: o Hortifruti, comprado da dupla Julio Bozano e Paulo Guedes em 2015 e vendido à Americanas no ano passado.
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O corta e cola de Pastore
13/04/2022O economista Affonso Celso Pastore, uma referência no século passado, já foi chefe de Paulo Guedes. Agora parece ter se tornado seu aluno. O programa econômico de governo idealizado por Pastore, por encomenda de Sérgio Moro, é uma cópia deslavada da política econômica de Guedes. Na realidade, há uma sutil diferença: o nome Desenvolvimento, Inclusivo, Sustentável é Ético. As quatro palavras não cabem no governo Bolsonaro.
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Empresários ganham uma fresta no programa de Bolsonaro
6/04/2022O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem feito pressão junto a Paulo Guedes pela realização de um grande evento junto às classes empresariais. O objetivo é a apresentação de um amplo programa de governo que contemple não somente as mudanças estruturais, mas também as demandas específicas de cada setor. Uma das ideias seria a solicitação às diversas entidades empresariais de uma lista das suas sugestões de forma a absorver alguma delas no programa de ações do segundo mandato.
Nogueira acha que há uma janela de oportunidade para que Jair Bolsonaro atenda às necessidades do empresariado, enfatizando, através do diálogo, a sua diferença em relação a Lula, que não tem programa nem interlocução com os dirigentes do setor privado. O script do evento já estaria pronto: Bolsonaro seria responsável pela abertura, Paulo Guedes faria seu show off e alguns dos mais representativos mandatários de entidades empresariais, escolhidos a dedo, teriam seus minutos para considerações sobre a iniciativa.
Nogueira imagina que seria possível colocar centenas de empresários no evento, que provavelmente ocorreria em Brasília. A ideia é trazer a narrativa de um programa econômico participativo para a campanha eleitoral de Bolsonaro. Aparentemente, tendo em vista a sua governança pretérita, só cola se o empresariado tiver muito medo de Lula.
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Muito barulho por nada
25/03/2022Os US$ 9,5 milhões de Paulo Guedes depositados em uma offshore no Caribe correspondem a míseros 0,0017% do total de recursos de brasileiros no exterior – cerca de US$ 558 bilhões. Isso, claro, levando-se em consideração apenas a conta revelada nos Pandora Papers. Cabe lembrar que, inicialmente, o ministro se recusou a apresentar os números de seus investimentos ao Congresso, com a alegação de que já tinha declarado toda a documentação à Receita e ao Banco Central. No final da história, foi muita palha queimada à toa.
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Palavra do ministro da Economia
24/03/2022Paulo Guedes tem dito, em suas conversas com interlocutores do mercado, que quem apostar em um dólar acima de R$ 5,10 a R$ 5,20 vai perder dinheiro. Segundo o ministro da Economia, com mais de US$ 350 bilhões em reservas e a tropa de choque de operadores da mesa de câmbio do Banco Central, pilotados por Roberto Campos Neto, pode vir a terceira guerra mundial que o dólar não dispara.
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Mais um espinho diplomático de Paulo Guedes
23/03/2022O repúdio do governo do Paraguai à recente declaração de Paulo Guedes em relação ao país não se restringiu à nota publicada no Twitter no fim de semana. Segundo uma fonte do Itamaraty, na última segunda-feira o Ministério das Relações Exteriores fez chegar à Embaixada do Brasil em Assunção, mais precisamente ao diplomata João Carlos Storti, encarregado de Negócios, um protesto contra a fala do ministro da Economia. Na sexta-feira passada, Guedes disse que o “Paraguai se tornou praticamente um estado brasileiro com impostos baixos, atraindo de plantadores de soja a fabricantes de chicote elétrico”. O timing para a rusga diplomática não poderia ser mais inconveniente. Nos próximos dias, José Antônio Marcondes de Carvalho assumirá a Embaixada do Brasil em Assunção. Some-se a isso o fato de que nos próximos meses os governos dos dois países iniciarão formalmente as tratativas para a renovação do Tratado de Itaipu.
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A banalização do estado de calamidade
16/03/2022À luz do dia, o governo e o Congresso Nacional – leia-se os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco – tentam empurrar a decretação do estado de calamidade para baixo do tapete. Mas, na penumbra da noite, em conversas internas, o projeto ainda permanece como uma das soluções mais cogitadas pelas partes envolvidas para mitigar o estrago provocado pelo aumento dos preços dos combustíveis. A motivação para o decreto poderia vir do risco de crise na mobilidade interna. O custo dos combustíveis, além do impacto inflacionário direto e da fragmentação das cadeias de suprimento, poderia atingir o direito de ir e vir.
Ou seja: faltaria transporte para a população. Na verdade, a decretação do estado de calamidade teria como objetivo subliminar equacionar a questão da Lei da Responsabilidade Fiscal. As propostas para diluir o aumento do preço dos combustíveis que estão à mesa – redução do ICMS ou uso dos dividendos da Petrobras – ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), conforme disse o RR. O auxílio emergencial complementar, uma ideia da área política do governo, viria também para se contrapor ao inevitável aumento das passagens de ônibus. O problema de ordem impeditiva seria a dificuldade de encontrar fundos para compensação do gasto ou subsídio, conforme reza a LRF.
Paulo Guedes gosta da ideia do Decreto de Calamidade, e não está nem aí para a sua banalização – o expediente foi usado na pandemia e cogitado outras vezes. É a forma mais simples para não mexer na arquitetura fiscal. A medida teria também benefício eleitoral. A narrativa é que o decreto responde à preocupação com a mobilidade do povo, que precisa ir ao trabalho, aos hospitais e levar seus filhos na escola. E a guerra entre Rússia e Ucrânia pode levar a qualquer momento a um novo aumento de preços.
O discurso inteiro, na realidade, deixa atrás da cortina um fator sobrepujante: a LRF continua em vigor, e seu descumprimento pode levar as autoridades à cadeia. Paulo Guedes entende bem a dimensão do problema. Tanto que em outras vezes, em situação de dilema no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, disse com todas as letras que “não queria ser preso”. O Decreto de Calamidade resolve de pronto esse temor.
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IPO a caminho
11/03/2022O RR apurou que o IPO do Caixa Tem, o banco digital da CEF, será realizado até junho. A oferta deverá chegar a 20% do capital. O valuation? O Paulo Guedes já andou falando publicamente que o banco vale “uns R$ 100 bilhões”. A ver.
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Lula vai furar o teto para reduzir preço dos combustíveis
18/02/2022A declaração de Lula de que pretende “abrasileirar” os preços dos combustíveis derivados de petróleo é apenas a ponta do iceberg de um projeto para a criação de diversos fundos dirigidos. O petista guarda enorme simpatia pela ideia, que permitiria a distribuição de receitas extraorçamentárias não somente para a “desinternacionalização” dos preços do petróleo, assim como para a erradicação da pobreza e o investimento em infraestrutura. Lula, é claro, sinaliza que o teto de gastos vai para o espaço. O ministro da Economia, Paulo Guedes, pensou uma coisa parecida, mas restrita ao combate à miséria. Guedes nominou a iniciativa de Fundo Distribuidor de Riqueza e disse que ia jogar dinheiro de helicóptero para os pobres. Não saiu do blá blá blá.
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Lula namora a “Reforma da Desigualdade”
14/02/2022Lula continua Lula no que diz respeito à política econômica de seu eventual governo: estimula assessores a fazer pronunciamentos ou vazar ideias para depois ignorá-los ou desautorizá-los, como ocorreu recentemente com Guido Mantega. No entanto, o petista tem suas preferências. No momento, entre as cartas na mesa, o que mais enche os olhos de Lula é a chamada “Reforma da Desigualdade”, como informa a edição de fevereiro do boletim Prospectiva produzido pela Insight Comunicação, que circula desde a última semana. Na prática, trata-se de um colar no qual o petista planeja pendurar uma série de ações, entre as quais iniciativas contidas nas reformas do próprio ministro Paulo Guedes.
A “Reforma da Desigualdade” enfeixaria a tributação de dividendos, ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para a população de menor rendimento (assessores do candidato citam a linha de corte de R$ 6 mil) e aumento da tributação sobre herança e sobre o lucro. No pacotão entrariam ainda a redução de incentivos fiscais, com a extinção ou remanejamento de alguns benefícios. Ainda de acordo com informações apuradas junto a auxiliares de Lula, a tributação do patrimônio ou de grandes fortunas, fetiche da esquerda, não figuraria no rol de medidas fiscais.
Lula é um pragmático. Noves fora diferenças ideológicas, sabe que diversas das medidas contidas nas reformas estruturais de Paulo Guedes são inexoráveis. Nesse sentido, a “Reforma da Desigualdade” permitirá empacotar muitas das propostas do atual ministro em uma nova embalagem e um novo discurso. Seria uma agenda com um pé no fiscal e outro no social. Ou seja: o objetivo é reduzir a diferença de renda sem causar desequilíbrio nas contas públicas.
Para isso, as medidas englobariam também o funcionalismo federal. Uma das ações seria reduzir a distância na remuneração entre algumas esferas dos Poderes da República e o setor privado. Assessores de Lula citam também a criação de uma regra para a correção do salário dos servidores. O petista pretende brandir a “Reforma da Desigualdade” ao lado do meio ambiente e de políticas sociais como um emblema do seu governo no exterior.
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Paulo Guedes tenta manter o último dos seus moicanos
11/02/2022O ministro da Economia, Paulo Guedes, está gastando toda sua lábia para manter seu chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos, Adolfo Sachsida, no cargo. A importância da sua presença no governo vai além da sua competência. Sachsida é o colaborador mais ligado a Guedes.
Depois do próprio ministro, é o quadro que mais se pronuncia, publicamente, sobre a política econômica, inclusive em bolas divididas com o Congresso. A permanência de Sachsida tem um caráter simbólico. Sua deserção sinalizará que Guedes está ficando inteiramente solitário. O êxodo do Ministério da Economia chama realmente a atenção.
Desde o início do governo, 12 assessores de Guedes já deixaram seus cargos, entre os quais colaboradores de primeira hora e “Chicago ´s Olds” puro-sangue, como Rubem Novaes, ex-presidente do BB, e Roberto Castello Branco, ex-presidente da Petrobras. No entanto, a saída que mais doeu para o ministro foi a do ex-secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal.
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Oráculo
3/02/2022Paulo Guedes, só para não variar, falou demais. A “revelação” de que o ministro do TCU Vital do Rego apoia a privatização da Eletrobras, feita por Guedes na semana passada, caiu muito mal dentro da Corte. Quem sabe, na próxima, ele não antecipa o voto de um ministro do STF?
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Negociação azeda
26/01/2022Romeu Zema recebeu um duro recado da equipe do ministro Paulo Guedes. Entre outras condicionantes, a adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal só sai se Zema declinar da promessa de reajuste do funcionalismo público neste semestre, notadamente dos agentes de segurança pública.
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Picuinhas da quinta série
25/01/2022Como a Ciência e Tecnologia vão de vento em popa no Brasil – para não dizer o contrário -, Marcos Pontes tem encontrado tempo de sobra para fazer troça de Paulo Guedes. Esse é o clima das visitas que ele tem realizado a institutos vinculados a sua Pasta para entregar um certificado de “100% de execução orçamentária” em 2021. Nos encontros, sobram gracejos e piadas contra Guedes. Em outubro, o ministro da Economia referiu-se a Pontes como “astronauta burro”, por supostamente não saber gerir as verbas do seu Ministério.
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Algodão entre cristais
24/01/2022Flavio Bolsonaro tem participado ativamente das negociações para a inclusão do Rio de Janeiro no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Mais do que isso: está empenhado em aparar as arestas entre o governador Claudio Castro e Paulo Guedes. O ministro está intransigente, a ponto de Castro perguntar a ele: “Onde é mesmo que o senhor mora?”
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O teto de Doria
20/01/2022João Doria vem tentando atrair para a sua “equipe econômica” Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro e Orçamento de Paulo Guedes e defensor intransigente do teto de gastos.
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Prole de Bolsonaro “assume” o orçamento ao lado de Guedes
19/01/2022Os filhos do presidente Jair Bolsonaro, notadamente Eduardo e Flavio Bolsonaro, têm se reunido constantemente nos últimos dias com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para discutir o tamanho do espaço fiscal para gastos eleitorais e as medidas de apelo popular que cabem no Orçamento. Junto com Guedes, a prole de Bolsonaro está passando um pente fino nas diversas possibilidades de prebendas e projetos assistencialistas que podem ser realizadas desde o início da campanha. Há de tudo um pouco: desde subsídio aos passageiros no transporte urbano até o aumento de algumas castas do funcionalismo público, tais como os auditores da Receita Federal.
Sobrarão iniciativas para afagar o eleitorado do Rio e de São Paulo, estados onde os filhos de Bolsonaro mantêm sua base política. o ministro da Economia está sensível às demandas, porém quer encaixá-las direitinho dentro dos limites. Mesmo com o decreto que dá poderes à Casa Civil para a execução dos gastos previstos no Orçamento, Guedes considera que a proximidade com os filhos do presidente pode ser um hedge no caso de pressões que possam ameaçar o teto de gastos.
O ministro não quer concluir seu mandato – em caso de derrota de Bolsonaro -, levando novamente a pecha de “fura-teto”. No momento, o Centrão, que foi um salva-vidas, pode se tornar a nova “âncora fiscal”, arrastando Guedes para as profundezas dos seus próprios temores.
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Choro de vencedor
7/01/2022Cid Gomes levou, mas, ainda assim, continua disparando flechadas contra Paulo Guedes. Nos bastidores do Congresso, o senador acusa Guedes e equipe de terem trabalhado contra a autorização para o Ceará obter um empréstimo de US$ 52 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), liberado ao apagar das luzes de 2021. Sob a ótica do irmão de Ciro, o Ministério da Economia teria retido o pedido de aprovação por mais de dois meses, por motivações de ordem política. Assim é se lhe parece.
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Que venham 2022 e o “furos” nossos de cada dia
30/12/2021Ao longo de 2021, o RR foi a dose de reforço contra a desinformação. Ao todo foram 273 edições, com 3.986 notas e matérias. A newsletter levou seus assinantes para os bastidores do Poder, antecipando as notícias mais relevantes dos meios político e empresarial. A seguir, elencamos alguns dos principais acertos em 2021 – não caberiam todos aqui. No que talvez seja o grande fato macroeconômico do ano, o RR antecipou o desmoronamento do teto fiscal.
A publicação tratou do tema de forma mais aguda nas edições de 2 de setembro e de 20 de outubro. Nesta última, na matéria “Auxílio Brasil abre caminho para nova régua fiscal”, antecipamos uma guinada na política econômica, com a relativização do teto. Em 16 de novembro, o RR revelou também os estudos da equipe econômica para liberar um espaço de até R$ 150 bilhões nos gastos orçamentários – R$ 90 bilhões exatamente com a mudança na regra do teto, com a PEC dos Precatórios e a acomodação do Auxílio Brasil. Apenas três dias depois, o relatório final do Orçamento de 2022 era apresentado, com uma folga fiscal da ordem de R$ 113 bilhões.
O Auxílio Brasil, por sinal, é peça fundamental de toda essa reengenharia fiscal. Em 3 de março, o RR divulgou, com exclusividade, as discussões no Palácio do Planalto e no Ministério da Economia para que o benefício fosse estendido até o fim de 2021 ou transformado em benefício permanente, com valor entre R$ 250 e R$ 300. Dito e feito! O programa de transferência de renda perdurou até o final do ano e serviu de proxy para o Auxílio Brasil, com o pagamento fixo de R$ 400.
O assinante do RR soube também com exclusividade dos estudos de Paulo Guedes e cia. para a criação de uma espécie de fundo patrimonial, composto por imóveis da União, ações e dividendos de estatais, entre outros ativos. O RR tratou do assunto nas edições de 19 de agosto e 25 de outubro. No início de dezembro, Guedes falaria publicamente da medida, anunciando, inclusive, a intenção do governo de criar um Ministério do Patrimônio. Em 27 de julho, mais uma informação de primeira: a newsletter divulgou que o Ministério da Economia havia retomado os estudos para a fusão do IBGE e do IPEA. O “IBGEPea” tardou, mas não falhou: em dezembro, Paulo Guedes anunciava os planos de criação de uma Supersecretaria, juntando os dois institutos.
O fim do “golpe”
O RR acompanhou de perto – para não dizer de dentro – as tensões e distensões no relacionamento entre o presidente Jair Bolsonaro e as Forças Armadas. Em 6 de abril, poucos dias após a inédita saída conjunta dos três Comandantes das Forças Armadas, maquiada sob a forma de demissão, a newsletter já relatava articulações nos bastidores para o desmantelamento do “blefe do golpe” – leia-se a fantasia de uma ruptura institucional, com o apoio do Exército, alimentada por Bolsonaro. Ao longo do tempo, o esfriamento das relações entre os militares e o presidente se confirmaria.
À mercê dos hackers
O RR foi pioneiro em descortinar a fragilidade da defesa cibernética do Estado brasileiro, agravada pela concentração de dados pessoais nas mãos do governo. Em 12 de fevereiro, a publicação revelou a preocupação do GSI e da Secretária de Assuntos Estratégicos com possíveis ataques a sistemas de órgãos públicos. Em 8 de outubro, o RR divulgou, com exclusividade, que o TCU faria uma auditoria na estrutura de TI do Ministério da Saúde após detectar 24 “riscos significativos” de invasão da plataforma da Pasta. Estava escrito: no dia 10 de dezembro, cibercriminosos invadiram os sistemas da Saúde, tirando o Conect SUS do ar.
Pária nos direitos humanos
Além da catástrofe da Covid-19, com seus mais de 600 mil mortos, o presidente Bolsonaro também colocou o país na contramão das grandes nações e entidades multilaterais na agenda dos direitos humanos. Em 21 de setembro, a newsletter revelou que o Conselho de Direitos Humanos da ONU estava preparando um relatório com duras críticas às políticas do governo brasileiro para as populações indígenas. Assim foi: o documento viria à tona uma semana depois. Outras flechadas se seguiram. Em 27 de outubro, a publicação informou que a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira estava preparando um manifesto contra o presidente Bolsonaro a ser apresentado na COP 26. Somente dois dias depois, a notícia seria divulgada por outros veículos.
Roleta de cargos
A capacidade do RR de antever os movimentos do Poder permitiu também aos assinantes saber, com exclusividade, de mudanças em cargos importantes do governo. Em 27 de janeiro, a newsletter já tratava das articulações feitas pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, para defenestrar o presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim. Custou até que Costa Neto conseguisse seu intento, mas Rolim acabaria afastado do cargo em setembro. Em 5 de fevereiro, o RR noticiou que Jair Bolsonaro estava prestes a dar um “cartão vermelho” ao presidente do Banco Brasil, André Brandão. O executivo deixaria o posto em meados de março. Na edição de 15 de setembro, o assinante da newsletter soube, em primeira mão, que o destino de Leonardo Rolim, então presidente do INSS, estava selado: ele seria demitido pelo ministro Onyx Lorenzoni. Bingo! A exoneração foi oficializada em 5 de novembro. Em 19 de outubro, o RR informou que mais dois auxiliares de Paulo Guedes estavam prestes a deixar seus cargos, apesar do apelo do ministro para que permanecessem. O fato se consumaria de forma ainda pior: dois dias depois, não apenas dois, mas quatro assessores diretos de Guedes deixaram o governo.
Por dentro das empresas
Como de hábito, o RR destacou-se também por antecipar algumas das principais informações do universo corporativo de 2021. Em 19 de janeiro, a newsletter cravou que o IPO da Caixa Seguridade seria realizado em abril, o que se confirmou três meses depois. Em 10 de fevereiro, a newsletter revelou o interesse da cearense Pague Menos em comprar a rede de drogarias Extrafarma, até então pertencente ao Grupo Ultra.
O negócio se consumaria em 18 de maio. Em 25 de março, o assinante do RR soube que a Equatorial Energia entraria na disputa pela Companhia Energética do Amapá. Não só entrou como arrematou a empresa. Em 14 de maio, a publicação revelou não apenas o interesse da CSN em comprar as operações da LafargeHolcim no Brasil, mas também as tratativas entre Votorantim e InterCement, leia-se o Grupo Mover (antiga Camargo Corrêa) para adquirir os ativos de forma fatiada. Em 30 de junho, outros veículos confirmariam as gestões entre Votorantim e Mover.
No fim das contas, a CSN sairia vencedora na disputa pelos negócios da LafargeHolcim. Em 13 de agosto, o RR publicou, de forma exclusiva, as negociações para a venda da fabricante de fertilizantes Heringer à russa Eurochem. Não deu outra: a operação seria fechada pouco antes do Natal. Em 8 de setembro, a newsletter antecipou que dificilmente o IPO da Unigel seria realizado em razão das condições financeiras da empresa.
Dois meses depois, a abertura de capital foi suspensa. Ao apagar das luzes de 2021, mais um furo. Em 22 de dezembro, o RR informou que a Petrobras estava prestes a fechar a venda de mais um ativo ainda neste ano. No dia seguinte, a estatal anunciou a alienação de um pacote de participações no Polo Carmópolis, em Sergipe, por US$ 1,1 bilhão. Por razões óbvias, 2022 promete ser um ano de fortes emoções. Mas, com o RR, não há polarizações. O único lado da newsletter é o compromisso de levar a seus assinantes informações e análises exclusivas. A todos, um Feliz Ano Novo!
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Um cargo sob medida para o amigo de Guedes
28/12/2021A indicação do economista Carlos da Costa, ex-secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, como uma espécie de attaché da Pasta, em Washington, demonstra que Paulo Guedes é realmente amigo dos amigos. O ministro sabe que não há motivo para ingressar na seara do Itamaraty, que sempre teve seus expoentes na embaixada local. Querer fazer “diplomacia empresarial”, a essa altura, é uma provocação desnecessária e uma humilhação besta em relação ao chanceler Carlos França.
Além do mais, Carlos da Costa é conhecido por criar antipatias e animosidades. Isso já foi registrado em vários veículos de comunicação. Não é um profissional “gostável”, digamos assim. Além disso, montar mais uma estrutura em Washington, custa dinheiro.
Costa ainda levará um assessor particular. Para um liberal ortodoxo como Guedes isso deveria soar mal, mesmo que a monta seja pequena e a alma não valha a pena. Costa foi braço direito do ministro quando ele era o dono do IBMEC. Tocava a instituição em São Paulo. Era o craque do management e do marketing dos MBA. É um bom profissional e um Guedes boy que jamais trairia o patrão. Recebeu o quinhão pela sua lealdade. Ser amigo sempre vale a pena.
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Jantar entre Lula e Alckmin foi só um aperitivo
21/12/2021Má notícia para as esquerdas. O primeiro governo, digamos assim, do novo governo Lula, será de centro, mais para centro-direita, em alguns pontos até de direita. A provável indicação de Geraldo Alckmin para compor a chapa que disputará as eleições de 2022 é só uma pitada da inflexão de Lula. O ex-presidente, caso seja eleito – o que deverá ocorrer se as pesquisas não estiverem todas erradas -, terá de fazer as reformas estruturais administrativa, tributária e federativa, além de prosseguir criando os marcos regulatórios.
Mas não é a política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes? Mais ou menos. Podem ser retiradas do pacote algumas privatizações mais sensíveis e a abertura econômica. O resto cabe todo. O diagnóstico de Guedes sempre esteve certo, como disse inúmeras vezes o RR. As medidas é que sempre carregaram excessos ou equívocos de formulação. Lula será o seu próprio ministro da Economia, ou seja, dosará os excessos e ditará a dosimetria correta na orientação da política econômica. Tudo o que Bolsonaro não foi. A inclinação para a direita tem outro objetivo.
O petista quer pacificar o país. Se as eleições fossem hoje, o presidente deixaria entre 20% e 25% do seu eleitorado órfão. E furioso. É nesse público que Lula mira, além do sempre presente mercado. É preciso acalmar a tropa bolsonarista, que, como todos sabem, é extremista e capaz de desatinos. As medidas de “direita” serão tomadas logo na primeira hora. Sendo eleito, Lula aproveitará a circunstância positiva para passar as reformas, as suas reformas. Pode ser que dê uma refitada, inclusive, na reforma da Previdência, que foi meio carcomida pelos gastos com a pandemia. O ex-presidente acredita que consegue conciliar essas medidas com as políticas sociais prometidas. Portanto, o saco de Papai Noel que Lula pretende trazer ano que vem não será pintado de vermelho. Nele caberão presentes para todos os gostos, em alguns casos principalmente os da direita.
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Crônica do desamor entre gigantes – Parte I
15/12/2021As críticas do ministro Paulo Guedes ao professor Affonso Celso Pastore, porque ele serviu ao regime militar – foi presidente do BC no governo do general Figueiredo -, são desonestas. Guedes tinha em Pastore sua referência intelectual quando jovem. Trabalhou na Funcef à época em que a instituição era dirigida pelo seu atual desafeto.
De lá pulou para o IBMEC – sob a direção geral de Roberto Castello Branco e a presidência de João Paulo dos Reis Velloso. Muitos ouviram Guedes se rasgar em elogios a Pastore nas aulas e conversas com os professores da antiga instituição, quando ela se situava bem em frente ao Museu de Arte Moderna (MAM), lá pela década de 80. O atual ministro metia o malho em Mario Henrique Simonsen e afagava seu então dileto economista.
Depois virou casaca e passou a achar Simonsen “o maior de todos os tempos no Brasil”. O folclórico e falecido economista Augusto Bragança – uma espécie de “Roniquito” do setor (Quem conheceu Ronald Russel Wallace de Chevalier, irmão de Scarlet Moon e amigo de Simonsen vai entender a comparação) – implicou com os exagerados elogios. Um dia, Bragança, que também era pesquisador do IBMEC, cismou que daria “uma porrada” em Guedes se ouvisse ele repetir a cantilena de novo. A ameaça foi testemunhada por muitos pesquisadores da casa. E assustou uns e outros. Afinal, Bragança tinha um pé fora da casinha. Mas, ficou nisso. “Bragunça”, como era chamado, no fundo até gostava de Guedes. Achava ele engraçado. Pois é.
Um triângulo entre notáveis economistas – Parte II
O triângulo Affonso Celso Pastore, Mario Henrique Simonsen e Paulo Guedes, ainda que este último fosse à época apenas um coadjuvante, teve seus outros momentos de estranheza, no qual a dubiedade do atual ministro da Economia se fez presente. Em um deles, o general Golbery do Couto e Silva é quem pontifica. Guedes não gostava de Simonsen, que desdenhava de Guedes, que gostava de Pastore, que era do time de Delfim, que tinha pinimba com Simonsen.
Um episódio do qual o RR tem certeza foi o da participação do general Golbery em uma “fofocalhada”. Durante evento fechado para empresários, Guedes e Pastore meteram o malho em Simonsen, que era então ministro da Fazenda. Golbery, que adorava Simonsen, fez chegar a ele uma fita gravada pelo SNI, registrando as frases nada airosas de Pastore e Guedes. Pouco depois, Pastore e Simonsen teriam se encontrado no Aeroporto Santos Dumont, ambos indo para SP.
O primeiro estendeu a mão ao segundo, que não levantou a sua para cumprimentar o “melhor Chicago boy do Brasil” – título que disputava com outro presidente do BC durante o regime militar, Carlos Geraldo Langoni. Pastore, que não era de levar desaforo para casa, baixou as mãos e deu de costas a Simonsen. E esfriaram relações durante um bom tempo. Porém, a animosidade não foi eterna. Pastore nunca entendeu o episódio, pois não sabia da fita do SNI. A partir daí aumentou o descaso de Simonsen por Guedes. É só uma historieta do desamor cruzado entre três grandes economistas.
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Banco Central e Ministério da Economia batem cabeça
10/12/2021O Banco Central e o Ministério da Economia estão dançando um minueto com os pés trocados. Trata-se de uma inovadora comédia entre a razão fiscal e a monetária. Em seus comunicados, o BC tem apontado o desequilíbrio das contas do governo como a principal razão para a atual política de juros altos. A disparada da Selic, portanto, seria uma consequência da frouxidão do governo no controle dos gastos públicos. Ou seja: Inflação? Baixo crescimento? Desemprego? Juros nas alturas? Culpa do desajuste fiscal.
Em última instância, culpa de Paulo Guedes e cia. Como se diz no BC, “não fomos nós que não fizemos uma política fiscal sólida ou fracassamos na agenda de reformas”. Chumbo de lá, chumbo de cá. O que se comenta na equipe econômica é que o Banco Central tenta varrer a sujeira de uma política de juros asfixiante para debaixo do tapete alheio. Na verdade, a inflação elevada decorre da quebra das cadeias de produção globais, das cotações elevadas das commodities internacionais, da crise hídrica e da subida dos preços dos combustíveis, além, é claro, da tensão provocada pela polarização eleitoral entre Lula e Jair Bolsonaro.
Ou seja: todos fatores exógenos ao Ministério da Economia. Guedes e cia. contam em sua defesa com a expressiva redução do déficit primário em relação ao PIB. Em 2020, o buraco nas contas públicas foi o equivalente a 10,5% do Produto Interno Bruto. Para este ano, a previsão é de que esse índice possa cair até a 1% do PIB. Pode ser até que o déficit venha a ser zerado em 2022. E a dívida interna bruta deve descer para 80% do PIB – há dois anos, esperava-se que essa relação passasse dos 100%. Ou seja: “Que lassidão é essa de que tanto o BC reclama?”, questionam assessores de Paulo Guedes.
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Ajuste fiscal
8/12/2021Paulo Guedes pressiona o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a acelerar sua pauta de julgamentos. Guedes e cia. enxergam na miríade de processos do Carf a possibilidade de aumentar a arrecadação, com recursos que estão indexados à morosidade do Conselho. O estoque de ações pendentes no órgão beira R$ 1 trilhão.
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Os efeitos colaterais do “IBGEPEA”
7/12/2021O embolamento do IBGE e do Ipea sob o guarda-chuva de uma secretaria especial do Ministério da Economia, com a consequente criação de uma espécie de “think thank Brasil”, pode até fazer sentido. Mas é importante observar os riscos da iniciativa. Ela vai aumentar, em alguma medida, o controle político das duas instituições. Paulo Guedes detesta o IBGE e afaga o IPEA. E a nova Secretaria Especial de Estudos Econômicos será comandada por Adolfo Sachsida, que, notoriamente, não tem o nível acadêmico aguardado para comandar a superestrutura de dados e pesquisas dos dois órgãos. Mas Sachsida é hoje o braço direito de Guedes e opera com desenvoltura na área política. Mais o RR não diz. Mas já disse, antecipando essa “fusão” e suas consequências nas edições de 26 de agosto de 2019 e, mais recen[1]temente, 27 de julho de 2021.
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Ministro Paulo Guedes reinventa a roda fiscal
6/12/2021Pode ser que o RR esteja enxergando além da realidade, mas o teto de gastos não será mais um problema em 2022. Igualmente não serão problema os gastos sociais do próximo ano. Estava bem à frente do nariz a criação de um fundo composto por patrimônio do governo – o ministro da Economia, inclusive, vai instituir uma Pasta com o mesmo nome. O fundo será formado, entre outros ativos, por ações e dividendos de estatais e imóveis da União – e discute-se até a inclusão de terras.
O governo não considerou necessário inserir a securitização da dívida ativa na PEC dos Precatórios porque este instrumento poderia atrasar a aprovação da proposta. Mas a dívida ativa da União, ressalte-se, será um dos componentes do futuro fundo. O novo instrumento funcionará em paralelo ao orçamento da União. Será um mecanismo para distribuição de recursos aos mais pobres. Com securitizações e o carreamento dos recursos de vendas das estatais, vinculados à redução da miséria e outras medidas compensatórias circunstancialmente necessárias, o governo poderá dizer que também está cumprindo seu compromisso com a privatização, uma meia-verdade já que o fundo ficará sob a alçada do novo Ministério.
Essa Pasta será justamente a responsável por levantar os ativos que poderão ser incluídos no fundo patrimonial da União. O governo ainda estuda como vai chamar o fundo. As ideias recaem sobre “Fundo de Distribuição da Riqueza” ou “Fundo de Erradicação da Pobreza”. De toda a forma, o segredo é acabar com o discurso fura-teto e contraditar a afirmação de que os gastos de 2022 serão eleitoreiros. O fundo será permanente, assim como o compromisso com as despesas sociais, ainda que algumas delas sejam temporárias, tais como o auxílio a caminhoneiros e eventualmente o subsídio aos passageiros do transporte urbano. “Eureka!”, poderia dizer Paulo Guedes. O fundo é um achado que estava previsto desde o início de campanha. Só não aconteceu antes porque a pandemia não permitiu.
Portanto, os quase R$ 50 bilhões necessários para atender ao desejo de Bolsonaro de novos gastos sociais, que não caberiam no orçamento, não serão problema. Esse dinheiro virá do novo fundo, que permitirá um pacote de bondades ainda maior. Ou seja: a PEC dos Precatórios passou, já foi precificada e fez o mal nas expectativas fiscais que teria de ser feito. É página virada. Mais à frente, o ministro Paulo Guedes poderá dizer que será fiel ao teto até que a morte os separe. Parece que ninguém estava enxergando essas medidas. Talvez só o RR – vide, mais recentemente, as edições de 19 de agosto e 25 de outubro deste ano ou, mais para trás, as edições de 26 de agosto, 17 de setembro e 1 de outubro de 2020. O ano de 2022 vai ser de “práticas do bem”, que, sem dúvida, ajudarão Bolsonaro e não poderão ser atribuídas à lassidão fiscal nem a ações eleitoreiras, pois permanecerão para o próximo governo, seja lá quem for. O pobre ganhará e a organização dos gastos públicos, por sua vez, será melhor. São os grandes vencedores. Se a ideia fosse do PT, a esquerda toda estaria soltando fogos.
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A indelicadeza de um economista que “está” ministro
30/11/2021Historieta contada por um investidor participante de seminário do Banco Itaú, onde Paulo Guedes era conferencista. Diz o fabulador que Guedes, em meio a uma palestra para potentados offshore, cismou de falar, sem motivo algum, que deu “bomba”, ou seja, reprovou a economista Elena Landau em um curso ministrado por ele na PUC-RJ. Guedes foi além: falou que ela não tinha privatizado nada e que Elena apenas pegou carona na turma dos economistas do Plano Real.
Os investidores teriam ficado perplexos, perguntando-se entre si: “Quem é Elena Landau? Deve ser uma pessoa importantíssima no Brasil para o palestrante abrir uma lacuna na sua apresentação e incluir menções a ela”. É por essas e outras que Pérsio Arida jogaria um paralelepípedo em Paulo Guedes. Elena Landau foi esposa de Pérsio, o que dá uma ideia da raiva do economista em relação ao ministro.
É difícil que Pérsio Arida não tenha sabido da deselegância cometida por Guedes. Ele tem relações próximas com o Itaú – inclusive, já presidiu o Conselho de Administração do banco. A bronca já rendeu alguns cascudos. Pérsio, que juntamente com André Lara Resende foi o autor do Plano Larida, embrião do Plano Real, já disse que Guedes “nunca escreveu um artigo acadêmico de relevo e tornou-se um pregador liberal que só fala, fala…”. Afirmou ainda que o ministro é “mitômano e cria falsas narrativas”. Chumbo de lá, chumbo de cá. Não é de hoje que Guedes faz suas piadinhas sobre o ex-casal Pérsio e Elena ou sobre cada um deles, individualmente. Essa é a crônica não dita de dois policy makers aclamados no país, vá lá, com toda a justiça.
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Aumento da CFEM traz o fantasma do imposto sobre commodities
29/11/2021Há uma articulação no Senado para derrubar do texto da reforma do Imposto de Renda a proposta da alíquota adicional de 1,5% para a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral). Um dos principais artífices da resistência seria o próprio presidente da Casa, Rodrigo Pacheco. O assunto mobiliza não apenas a “bancada da mineração”, mas também a Frente Parlamentar da Agricultura. O agronegócio quer matar um possível ovo da serpente ainda no ninho. O receio é que o aumento da CFEM seja apenas um ensaio para um projeto ainda maior: a criação do imposto sobre commodities. O tributo ronda as caraminholas de Paulo Guedes. Apenas a título de exercício: no ano passado, o Brasil exportou aproximadamente US$ 118 bilhões em itens básicos. Uma eventual taxação de 1,5% representaria uma arrecadação extra de US$ 1,7 bilhão, ou algo em torno de R$ 9,5 bilhões.
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Quanto vale uma conta offshore para Paulo Guedes?
25/11/2021“Péssimo momento para essa história da offshore… Vai atrapalhar as negociações no Congresso”. A frase teria sido proferida por Arthur Lira, na última terça-feira, logo após a tensa audiência de Paulo Guedes na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara. A relutância do ministro em revelar o valor depositado em uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas não poderia vir em pior hora para Jair Bolsonaro e seus aliados.
A performance de Guedes só serve para lançar suspeições desnecessárias sobre ele próprio e o governo, justo no momento em que o Palácio do Planalto mais precisa de apoio na Câmara e no Senado para aprovar medidas de seu interesse. Mais do que isso: o episódio coincide com a antecipação do calendário eleitoral, criando um fato para ser explorado pela oposição. Em certo momento, notadamente no primeiro ano de mandato, Paulo Guedes foi o principal negociador do governo junto a deputados e senadores.
O ministro entrava no Parlamento como um czar da economia. Isso mudou. A sua postura reativa, quando não arrogante – na última terça, ameaçou abandonar a audiência após ser chamado de “sonegador” – turvou a relação com políticos. O custo para o governo é alto, a começar de R$ 60 bilhões por ano. Esse era o valor que o Ministério da Economia estimava arrecadar, já em 2022, com a recriação da CPMF, por iniciativa do Congresso, a pedido do próprio Paulo Guedes.
Essa receita adicional permitiria custear a desoneração da folha de salário, além de outros gastos do governo em 2022, ano eleitoral. Aparentemente, essa articulação foi para o espaço. Há muito de injustiça nessa orquestração política contra Paulo Guedes. Ninguém pergunta ou questiona se algum dos 594 parlamentares tem conta offshore, ainda que devidamente declarada à Receita, como a de Guedes. O que falta ao ministro é jogo de cintura, ao afirmar que não declararia seus bens no exterior em nome dele, da mulher e da filha, porque isso o deixaria, inclusive, sob o risco de ações criminosas. Guedes falou uma platitude. Todo mundo sabe que ele é rico. Uma cifra a mais ou a menos não vai fazer diferença. Com isso, o ministro deixou a descoberto suspeições desnecessárias, a despeito das fontes legítimas de originação da sua fortuna. O fato é que a conta offshore de Guedes e a sua indisposição para um disclosure maior prejudicam a ele e ao governo extremamente.
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Cada qual com a sua vocação
22/11/2021Se o ministro Paulo Guedes tem uma empresa offshore, o vereador Carlos Bolsonaro estuda criar um escritório especializado em “marketing digital”. Mas se licenciaria da empresa, ato contínuo, para não criar um conflito de interesse. A pressa em tomar a decisão se deve ao fato de que Carluxo está na crista da onda como operador de redes sociais. O momento do ponto de vista do business seria esse. Até existem as demais considerações de ordem técnica. Mas e daí?
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Voo às cegas
22/11/2021Paulo Guedes tem um dever de casa atrasado: revelar em detalhes o cronograma dos investimentos para o ano que vem. Guedes diz que já tem compromissados R$ 500 bilhões. Tudo bem. Mas é preciso saber o quanto entra na economia em 2022 e se são realmente aplicações firmes. Sem essas informações, parece que as promessas de investimento são declarações eleitoreiras. Bolas furadas. Que nem o teto.
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Governo patrocina uma “pandemia fiscal” em 2022
16/11/2021O governo não quer revelar essa conta, mas os seus arranjos e desarranjos fiscais buscam um espaço para gastos orçamentários e extraorçamentários da ordem de R$ 150 bilhões em 2022, segundo uma fonte do RR. É dinheiro que não acaba mais e um reforço enorme para o interesse declarado do presidente Jair Bolsonaro de se candidatar à reeleição. Uma parcela de R$ 90 bilhões surgirá com a sabida mágica da mudança na regra do teto, onde serão acomodados os passivos transitados em julgado e o Auxílio Brasil.
O espaço fiscal será preenchido também com algumas estranhezas, tais como o auxílio aos caminhoneiros e as emendas do “orçamento secreto”, esta última sob a fuzilaria do STF. Mas há a PEC do Imposto de Renda – que ainda repousa no Congresso – e o pedido para que os parlamentares relancem a CPMF. A nova contribuição, que desagrada o presidente Bolsonaro, mas tem o aval de Paulo Guedes, traria R$ 60 bilhões de novos recursos e seria a fonte financiadora da desoneração da folha de salários, que está prestes a ser aprovada sem que ninguém saiba de onde sairão as verbas pagadoras. Inicialmente os congressistas são contrários à CPMF, mas como tudo reverte para os seus interesses, leia-se o Centrão, a exemplo do “orçamento secreto” e aumento do fundo partidário, não há nada mais plástico do que a convicção dos políticos.
Quanto à defesa da velha contribuição por Paulo Guedes, trata-se de uma trucagem. O ministro diz que somente seria uma troca: o tributo entra pela porta da CPMF e sai pela da desoneração. Há também a tentativa de aprovar, no apagar das luzes de 2022, a reforma administrativa, que contribuiria para o fechamento da conta de gastos no nível esperado pelo Palácio do Planalto, e, é claro, pela equipe econômica, noves fora o mérito da iniciativa em si mesmo. O governo tem ainda no seu arsenal o Imposto do Pecado (açúcar, álcool e tabaco). E não custa rememorar que uma mordidinha já foi dada com o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) e o aumento temporário da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos Bancos (CSLL). Ambos podem ser relançados no próximo ano. Sim, vai ter mais tributo, gasto e farra. Ah, e um aumento de juros indigesto e provavelmente muito maior do que o necessário para dar conta da carestia. Não há nada de neoliberal nessa geringonça fiscal.
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A velha história da mulher de Cesar
12/11/2021Existem certas condições para evitar uma relação de promiscuidade entre o setor público e a iniciativa privada que deveriam ser repensadas para o bem da ética. Seria o mínimo. Mesmo o período de quarentena imposto a influentes assessores do Ministério da Economia e do Banco Central parece ser insuficiente. O caso do ex-secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, detentor de todas as informações fiscais do governo, é um exemplo didático. Em um momento em que o BC, em suas diversas atas, diz que a formação da taxa de juros dependerá da equação fiscal, o passe de Mansueto foi às alturas. O BTG entendeu isso desde a primeira hora. O economista chegou a ser sondado para ser o “Posto Ipiranga II”. Um convite sem autorização do presidente Jair Bolsonaro, segundo o Posto Ipiranga titular, Paulo Guedes. Em tempo: André Esteves, que virou “secretário do Tesouro”, por alguns minutos, devido a um ato falho de Guedes, está satisfeitíssimo com Mansueto. Poderia ser de outra forma?
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Revoada
12/11/2021Mais um desfalque à vista no time de Paulo Guedes: Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parceiras de Investimentos (PPI), voltou a ser convidada para um cargo no BID e, segundo uma fonte próxima, está propensa a aceitar.
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A falta que o general Geisel faz à Petrobras
12/11/2021Se o tempo desse uma meia cambalhota para trás e voltasse, metade da laranja, para os idos de 1969, quando o general Ernesto Geisel era presidente da Petrobras, permanecendo a outra metade da laranja nos dias de hoje, com a barbárie de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, teríamos, como diz o cantor Lobão, “sangue e porrada, na madrugada”. O “Alemão” considerava a Petrobras mais do que uma petrolífera; para ele, era um símbolo do Brasil. O escárnio que está sendo feito com a companhia não ia sair barato. Geisel achava que Bolsonaro “era um mau militar, que vivia pedindo golpe. Um caso completamente fora do normal”.
As declarações estão contidas em um longo depoimento dado ao CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas, em 1993. Quanto a Paulo Guedes, não consta que o velho general tenha lhe dado qualquer atenção. Talvez um pouquinho, quando Guedes faltou, sem avisar aos organizadores, a um evento no Centro de Estudos Antônio Carlos Magalhaes, em Salvador – criado para suprir o interregno entre as participações de ACM no Congresso e no governo da Bahia. O atual ministro da Economia seria um dos palestrantes. Mário Henrique Simonsen estava presente como um dos conferencistas, e Geisel, então presidente da Norquisa, como convidado especial.
Se, no passado, Guedes não era nem uma pulga para o “Alemão”, se encontrasse o ministro nesse tempo híbrido de duas eras, daria uns cascudos no “Chicago Boy”. Imagine só tratar a Petrobras como se fosse a “casa da mãe Joana”. Geisel se foi. A Petrobras ficou. Mas está sendo enxovalhada e se tornando um exemplo de uma época sem lei. Pelo menos no que diz respeito à decência em relação ao Estado brasileiro e suas empresas. Bolsonaro antecipou a correção dos preços dos combustíveis quando essa iniciativa deveria ter sido primeiro aprovada pelo Conselho de Administração da estatal. Não recebeu uma advertência da CVM por antecipar informação relevante ao mercado. Nem um comunicado da B3 estranhando o fato do presidente tratar a empresa como uma casa de maus costumes. Em tempo: se Geisel estivesse convivendo com o general Joaquim Silva e Luna, nesse tempo de encontros impossíveis, enquadraria o oficial devido a sua gestão leniente e submissa ao “mau militar”.
Bolsonaro disse diversas vezes que a estatal não seria privatizada. Agora, com a birutice que lhe é peculiar, disparou que encomendou um estudo a Guedes sobre a venda da empresa. O ministro confirmou, piorando a situação, uma vez que a estatal é uma sociedade de economia mista. A CVM, mesmo que timidamente, chamou o ministro às falas. Não adianta. Guedes disse que a empresa não valerá nada daqui há 30 anos. Afirmou que a estatal é lerda em tirar petróleo do fundo da terra ou do mar, quando, sabidamente, a Petrobras é considerada uma petroleira de indiscutível eficácia – com o avanço da exploração para as áreas offshore, então, virou referência no setor.
Paulo Guedes fala ainda que os preços elevados da gasolina não seriam os mesmos se o controle da estatal fosse privado. Falsidade. Guedes sabe como ninguém que o preço do combustível está fora do lugar devido ao câmbio, cuja disparada diz muito mais respeito aos seus insucessos fiscais, à crise hídrica e às diatribes do seu chefe destrambelhado. Se o governo quiser que subsidie os preços dos combustíveis com recursos fiscais. O pior é que Guedes sempre apoiou uma política de correção dos derivados do petróleo com base na paridade dos preços internacionais.
Para o ministro, vender a Petrobras traria investimentos, distribuição de riqueza para os pobres e um fundo de estabilização do preço dos combustíveis, reduziria a dívida bruta e conteria a inflação. Ficaria faltando somente arrumar um pouco de juízo na cabeça dos mandantes da República. Às vezes dá até uma tentação de torcer para que uma autoridade, dessas que impõem respeito, estilo Geisel, surgisse para colocar a pior representação que tivemos nessa República no seu devido lugar. Mas esse tempo bizarro de situações impossíveis não existe. Hoje temos Bolsonaro, Guedes e o general Silva e Luna dirigindo a Petrobras. Resta torcer pelo efeito higiênico da democracia. É o que temos.
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Ao menos os diplomatas se entendem
11/11/2021Enquanto Jair Bolsonaro e Paulo Guedes vivem às turras com o governo de Alberto Fernández, o chanceler Carlos Alberto França tem
se empenhado em aparar as arestas diplomáticas com os argentinos. De acordo com uma fonte do Itamaraty, durante sua passagem por Roma para a reunião do G-20, França teve um encontro reservado com o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero. Foi a segunda conversa tête-à-tête entre ambos em quatro semanas. Em ambos os encontros, o assunto foi um só: Mercosul.
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Para o Banco Central, a recessão faz parte do jogo
9/11/2021No Banco Central, há o consenso do colegiado de que os juros devem subir “significativamente”. Mas os modelos econométricos que rodam nas internas acusam a possibilidade das taxas chegarem a um patamar indutor de uma recessão no último trimestre de 2022. O recuo do PIB somente não coincidiria com o período agudo eleitoral porque são necessários três meses consecutivos de crescimento negativo para se configurar uma recessão técnica. Os modelos projetam a queda da atividade econômica para um trimestre seguido somente para depois das eleições. O cenário de recessão não é o mais provável. E como se sabe a econometria entrega mais hipóteses do que certezas. Por enquanto, a variável mais importante é saber até onde vai o “significativamente”. A ameaça severa do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de colocar os juros na lua ecoa nas palavras de Paulo Guedes: “O que interessa é a inflação e não o PIB”.
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Assim é se lhe parece
8/11/2021Paulo Guedes tem dito a interlocutores que o cavalo de pau na economia vale somente para 2022. É só uma cabeça de ponte para 2023. Chegando lá, volta a luta pelas reformas, privatizações e abertura da economia.
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Os “Brasis” chegam a Glasgow
28/10/2021A acusação da ONU de que o Brasil cometeu “pedalada ambiental” aumentou a pressão sobre praticamente todos os ministérios para trabalhar em uma agenda ESG. A contribuição será levada sob a forma de documentos para os ministros Joaquim Leite e Bento Albuquerque e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participantes da COP26.
…
O ministro Paulo Guedes ainda não sabe se vai a Glasgow. O próprio Ministério da Economia disse ao RR não ter confirmação sobre a ida ou não de Guedes à COP26. O ministro ficou tão indexado ao chefe que só vai aonde Jair Bolsonaro está. A missão de representar o Brasil ficou para o já citado trio. Campos Neto comparecerá para dar pinceladas sobre o BC-ESG, que está sendo construído sem alarde. Bento Albuquerque terá a dura missão de falar sobre seca e desastre climático. Joaquim Leite, bem, esse ainda é uma incógnita. Mas, a princípio, caberá ao novato a missão mais espinhosa: defender as metas climáticas do país, uma das menos ambiciosas do mundo.
…
Os governadores da Região Amazônica atropelaram o poder central. Por meio do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, vêm mantendo interlocução direta com os governos dos Estados Unidos, Reino Unido e Noruega. São os integrantes da coalizão LEAF (Lowering Emissions by Accelerating Forest Finance), lançada neste ano. O grupo pretende disponibilizar US$ 1 bilhão, em recursos públicos e privados, para projetos voltados à redução do desmatamento. As tratativas vêm sendo capitaneadas por Flavio Dino. Há reuniões com líderes do LEAF entabuladas para Glasgow.
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Por que tanta histeria com um teto que já tinha caído?
25/10/2021A tentativa do mercado de capturar o governo é o óbvio ululante, como diria Nelson Rodrigues. As discussões sobre a busca de recursos adicionais para financiar o Auxílio Brasil – extensão do Auxílio Emergencial, Bolsa Família ampliada ou coisa que valha – vêm sendo feitas publicamente desde o início do ano. Portanto, ninguém deveria ter sido surpreendido com o pedido de waiver ao Congresso para liberação dos recursos fora do teto. Ainda mais com o advento dos precatórios. O fato é que o teto sempre esteve jurado de morte desde que nasceu. Era só uma questão de tempo.
E o valor de R$ 30 bilhões para pagar a assistência aos mais pobres está a milhões de anos luz de arranhar o equilíbrio fiscal. Talvez a medida fosse mais bem aceita se estivesse associada a algum lastro com realização futura, incluindo na conta os precatórios que ficarão fora do espaço aberto no teto. No lugar do condicionamento à aprovação da reforma do IR, que não vingou, o funding estaria vinculado, por exemplo, à securitização da dúvida ativa. A medida exigiria uma nova Emenda Constitucional para evitar judicialização futura.
Mas, a aprovação dessa PEC seria bem mais fácil, pois estados e municípios têm interesse em transformar sua dívida ativa em moeda de pagamento. De qualquer forma, o mercado rugiria. Como dizia o saudoso engenheiro Eliezer Batista, não contem com a compreensão do capital financeiro para uma política econômica soberana porque ele é covarde, apátrida e cruel. Não é bem a questão dele ser bom ou mal. É a sua natureza. O mercado interpreta os fundamentos da economia. O ponto é quando ele se manifesta em função de análises racionais ou quando seu posicionamento carrega fortes dosagens de manipulação.
Na última sexta-feira, alguns celerados de instituições financeira previam que já na próxima reunião do Copom (dias 26 e 27 de outubro), o BC vai dobrar a aposta em relação ao aumento da taxa Selic. A majoração da taxa de juros saltaria de um ponto para dois pontos percentuais, atravessando a já ousada projeção de 1,5 ponto percentual que algumas casas bancárias vinham praticando. A Selic dispararia, portanto, de 6,25% para 8,25% em uma única reunião do Copom.
As candinhas do mercado buzinam que cresceu muito a percepção de insolvência. Ora, insolvência de quem? Do Estado brasileiro? Com mais de US$ 320 bilhões de reservas cambiais? Além de ativos físicos com qualidade internacional, no valor de mais de R$ 1 trilhão. Coisa de louco. A circunstância exige parcimônia e coragem do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Os próximos dias serão histéricos. Se a área econômica se deixar ser conduzida, aí, sim, a herança de Paulo Guedes será a condescendência. Mesmo que tenha feito apenas uma migração suave do regime fiscal de forma a atender gastos emergenciais.
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Mudança no regime fiscal será o legado de Guedes
22/10/2021A condução do debate sobre a mudança do regime fiscal está torta. As discussões não têm levado em consideração os impactos positivos que gastos públicos bem alocados geram para a economia. O auxílio emergencial – gatilho para a desconstrução do teto de gastos – não é apenas uma “camada de proteção” (Apud Paulo Guedes). Além do seu propósito “primário” – ajudar os excluídos -, a medida tem outros efeitos benéficos. Que o diga o ano de 2020.
Segundo cálculos do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da UFMG, se o auxílio emergencial não tivesse sido concedido no ano passado, o PIB teria uma queda adicional de 2,4 pontos percentuais. Ou seja: a retração aumentaria de 4,1% para 6,5%. O mesmo estuda aponta também que a medida compensatória impediu um desvio negativo de quase 6% do PIB até 2040. O Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA-USP foi ainda mais longe. De acordo com a instituição, sem o benefício, o recuo do PIB em 2020 poderia ter chegado a 14,8% no pior cenário.
Nessa hipótese, imagine como ficaria a relação dívida/PIB. Além disso, a redução no consumo das famílias teria saltado para um intervalo entre 11% e 14,7%, muito além dos 6% registrados. Agradeça-se esse índice aos mais de R$ 103 bilhões em recursos do auxílio emergencial que irrigaram a economia via consumo – estimativa da Confederação Nacional do Comércio. A concessão do benefício em 2020 teve ainda um efeito colateral positivo sobre o emprego.
Conforme estudo da Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade, sem o auxílio, a taxa de desocupação teria batido nos 17%, ou seja, 3,5 pontos percentuais acima do índice registrado (13,5% – o maior da série histórica iniciada em 2012). O ministro Paulo Guedes pode ter acertado por uma via transversa. A mudança do regime fiscal e o fim da algema do teto de gastos já estão em curso, só não vê quem não quer – ler RR de 20 de outubro.
Há medidas nessa direção em estudo pela equipe econômica, como disse a newsletter na mesma edição. Uma delas, já anunciada pelo próprio ministro, é a possível antecipação da revisão da regra para a sincronização entre os índices que corrigem o teto para o ano subsequente (IPCA) e as despesas com Previdência, seguro-desemprego e abono (INPC) – originalmente prevista apenas 2026. No caso, a iniciativa até colabora com a preservação do teto. Mas não adianta: tudo o que for divulgado sobre o assunto será interpretado pelo mercado como lassidão fiscal.
Por isso, os estudos estão sendo citados publicamente a conta-gotas. A extensão do Auxílio Brasil, no valor de R$ 400, até o fim de 2022, compromete o próximo presidente, seja ele quem for, inclusive o próprio Jair Bolsonaro. O governo estará intimado a manter o benefício a partir de 2023, da mesma forma como ocorreu com o Bolsa Família – ao fim da era PT, nem Michel Temer nem Bolsonaro ousaram extinguir o programa. É uma boa notícia.
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A coisa na equipe econômica era pior do que parecia
22/10/2021A fonte do RR que informou sobre o pedido de desligamento de assessores do Ministério da Economia – ver edição da última terça -feira – poupou em demasia o ambiente na Pasta de Paulo Guedes. Segundo o informante da newsletter, sairiam dois colaboradores em função de convites do setor privado. Como se viu, era mais do que isso. Ontem veio à tona que são quatro e não só dois os desertores. O motivo não seria simplesmente a perspectiva de novos empregos, mas, sim, um descontentamento em relação à condução da política econômica. Está feito o registro.
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Palácio do Planalto semeia nova “intervenção” na Petrobras
21/10/2021Enquanto Jair Bolsonaro e Paulo Guedes insistem em dizer que gostariam de privatizar a Petrobras, dentro do Palácio do Planalto estaria sendo urdida uma nova intervenção na estatal. A ingerência da vez seria usar a empresa na tentativa de reduzir o déficit de fertilizantes no país. Ou seja: a Petrobras seria forçada a voltar ao passado e retornar ao setor, na contramão de todo o seu planejamento estratégico.
A manobra do governo Bolsonaro se daria no âmbito do novo Plano Nacional de Fertilizantes, que está sendo elaborado sob coordenação da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência e deve ser apresentado até o fim do ano. Em termos práticos, nesse contexto muito provavelmente a Petrobras seria obrigada a retomar a construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas (MS), paralisada desde 2014, e a reabrir a fábrica de nitrogenados de Araucária (PR), em hibernação desde o início de 2020. Ambos os ativos estão à venda há mais de um ano. Procurados, a Presidência da República e a própria Petrobras não quiseram se pronunciar. A recriação dessa espécie de Petrofértil não interessa ao núcleo técnico da Petrobras.
Mesmo o presidente da estatal, o general Joaquim Silva e Luna, sabidamente alinhado com Bolsonaro, já teria se manifestado internamente contrário à ideia. A proposta seria uma extravagância além do compreensível até mesmo para os padrões do governo Bolsonaro. Uma coisa é a empresa ser utilizada pelo Palácio do Planalto para disponibilizar R$ 300 milhões em subsídio para a população de baixa renda comprar gás. Ainda que esta tenha sido uma decisão imposta de fora para dentro, ao arrepio da governança da empresa, trata-se de uma ação que pode ser justificada pelo seu mérito social.
Não seria o caso do anacrônico regresso da estatal à área de fertilizantes. Pelo contrário. Um movimento como este só causaria dispersão em relação a outros assuntos de real interesse estratégico para a Petrobras, a começar por energia renovável, segmento no qual a empresa está perdendo a corrida para suas congêneres. A única razão para a medida seria uma visão militar paranoica, quase de guerra, sobre o tema. É como se certos setores do governo estivessem temerosos quanto ao risco de um eventual boicote internacional ao Brasil, por questões de ordem ambiental, com a consequente suspensão do suprimento de adubo. O próprio Bolsonaro já falou publicamente “que vamos ter problemas de abastecimento de fertilizantes no ano que vem”, sem explicar muito bem ao que estava se referindo.
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Auxílio Brasil abre caminho para nova régua fiscal
20/10/2021O atraso no anúncio do valor do Auxílio Brasil – uma combinação do Bolsa Família com o auxílio emergencial, em R$ 400, até o final de 2022 – posterga a decisão de empurrar parte dos recursos para fora do teto de gastos. A medida assistencialista e “fura teto” não significa somente uma decisão eleitoreira, conforme parte do mercado interpretou. Mas, sim, uma provável guinada na política econômica, com a relativização do teto, foco no crescimento da relação dívida pública/PIB e um diferimento da meta do primário com acompanhamento bianual.
A equipe econômica quebrou a cabeça na frente do próprio presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, para chegar à conclusão de que é preciso corrigir a arquitetura da política econômica, dando brecha para a redução do protagonismo fiscalista. No novo modelo, algumas das metas fiscais teriam um período de apuração mais longo. O tempo para aferição seria o biênio ou o triênio. Paulo Guedes tem piscado o olho para a estratégia de recuar um pouco para depois avançar novamente.
Uma fresta no teto de gastos, mesmo contrariando a lógica do ajuste fiscal, seria um exemplo de como dois passos atrás às vezes se revelam dois passos para frente. Em meio a esse recuo tático, Guedes prossegue sua cruzada pela privatização da Petrobras, uma medida que, a seu ver, teria um impacto positivo em todas as ramificações e capilares do ajuste econômico. A relativização do teto já estaria no radar das instituições financeiras há algum tempo. Elas já tinham pescado a moratória seletiva dos precatórios. Enxergaram agora o Auxílio Brasil no valor de R$ 400. A conta fiscal não fecha.
Pelo menos segundo os critérios vigentes. O Itaú, que tem um departamento de research prestigiado, preconiza que os riscos em torno da manutenção da disciplina fiscal estão elevados, “principalmente no que tange a possibilidade das despesas excederem a regra do teto de gastos”. Ontem, o mercado enlouqueceu com saltos no câmbio, queda das bolsas, tudo em função de um vácuo na narrativa do governo. Ou seja: a proposta que a equipe econômica anunciaria para suportar o auxílio de R$ 400 não foi apresentada. O cenário macroeconômico do Itaú foi preparado antes do anúncio do novo valor do Auxílio Brasil, bem mais elevado do que a expectativa.
O banco dá um bom subsídio para refletir sobre a vantagem de transformar a relação dívida bruta/PIB em novo target da política econômica. Mesmo com uma projeção de câmbio de R$ 5,25 até 2021 e 2022, uma taxa Selic no alto, na faixa de 9%, e crescimento medíocre de 0,5%, a dívida bruta alcançaria 81,8% do PIB, em 2021, e 83,2%, em 2022. Com um pouco mais de crescimento do PIB e aumento dos recursos extraordinários que possam abater a dívida interna (privatizações, venda de imóveis, tributação de dividendos e seja mais o que for), essa nova referência para a política fiscal torna-se inteiramente exequível.
Não se pode esquecer que a meta do primário, para 2022, deve atingir irrisório 0,7% na comparação com uma previsão que já chegou a 2%. Imagine se esse resultado é progressivo. O primário diferido em dois anos permitiria com muito mais facilidade o planejamento de um superávit fiscal. Isso mesmo com um suave relax no que diz respeito ao torniquete nos gastos públicos.
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Mais deserções à vista na equipe econômica?
20/10/2021Dois dos secretários mais próximos do ministro Paulo Guedes, dois técnicos “mão na massa”, fizeram menção de deixar o governo. O motivo são convites do setor privado. Guedes pediu a ambos que permaneçam pelo menos até a aprovação das reformas. Os assessores vão ficar. Pelo menos dizem. Ou seja, Guedes e sua equipe acreditam mesmo que as reformas passarão. Coisa das internas. Em tempo: já foram oito os colaboradores do ministro da Economia que deixaram o governo.
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Madeira de lei
19/10/2021Pode soar até como uma manobra voltada para a COP-26. Mas, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Meio Ambiente, Joaquim Leite, parecem trabalhar conjuntamente para reter as exportações de madeira, diga-se de passagem extraída legalmente. As cargas chegam a ficar 20 dias paradas em contêineres nos portos à espera da permissão do Ibama para embarque. Tem pinta de medida sob encomenda para Glasgow.
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Afinal, qual foi o crime de Paulo Guedes?
14/10/2021Paulo Guedes não cometeu qualquer crime ao manter sua offshore aberta em um paraíso fiscal. Mas parece que cometeu. Guedes não é versado em literatura e História. Não deve ter lido sobre o desfecho da festa na casa de Pompéia, esposa de Júlio Cesar, pretor máximo romano. O evento foi feito exclusivamente para mulheres em homenagem a “Bona Dea”.
Pois bem, na ocasião Públio Clódio Pulcro, o tribuno da plebe, invadiu o festival disfarçado de mulher, e assediou Pompéia. Cesar, ao saber do assunto criou o aforismo: “à mulher de Cesar não basta ser honesta, deve parecer honesta”. Logo a seguir, se divorciou da esposa. Esse é o erro principal de Guedes não ter fechado a offshore: a ideia de ilegalidade. Qual o motivo para uma pessoa manter seu dinheiro aplicado no exterior em um paraíso fiscal? Essa é a pergunta que o ministro não quer responder.
Ao que consta, a prática de evadir a grana serve para escondê-la ou não pagar impostos. Guedes declarou a Receita que tinha o depósito no estrangeiro quando entrou no governo. Portanto a primeira hipótese está anulada. Quanto à segunda, ela não configura delito algum. Além do mais, o dinheiro tinha origem comprovada, o que descaracteriza qualquer suspeita de lavagem. Ficou faltando responder se houve movimentações na conta no período em que Guedes está no governo. Não deve ter havido. Talvez o principal motivo para a negligência em manter os recursos aplicados no estrangeiro seja o style d’être do ministro. Ou quem sabe seja o fato de Guedes parecer boderline, com suas obsessões e descasos que beiram o paroxismo. O RR acha que ele não é criminoso, mas apenas um irresponsável. E daí? Todo mundo sabia disso.
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Ministério da Economia cogita usar reservas para abater dívida
13/10/2021O ministro Paulo Guedes não deixou de namorar o uso de parte das reservas cambiais para abater a dívida interna bruta. Os estudos estão em curso na equipe econômica. Não é uma medida simples. O gasto das reservas para a redução da dívida carece de uma fundamentação mais rigorosa sobre a quantidade de moeda que poderia ser destinada sem impactar a percepção de segurança cambial do país.
Por exemplo: se os critérios adotados fossem os do Fundo Monetário Internacional (FMI), somente seria necessário o montante referente a quatro meses de importações. Pela média mensal deste ano no acumulado até a segunda semana de outubro (US$ 17 bilhões/mês), esse sarrafo equivaleria a aproximadamente US$ 68 bilhões. Na data da última segunda-feira, as reservas cambiais do Brasil correspondiam a US$ 368 bilhões. Portanto, os quatro meses sugeridos pelo FMI representam algo como 18% das reservas totais brasileiras, ou seja, nada que abale o lastro cambial do país.
Mesmo com o cenário do real pressionado (na última segunda-feira, o dólar bateu em R$ 5,54), os economistas consideram que é possível gastar um pouco mais do que o teto sugerido pelo Fundo Monetário. A título de exercício: se US$ 100 bilhões das reservas, ou seja, algo como R$ 550 bilhões, fossem utilizados para esse fim, o país abateria aproximadamente 8% da sua dívida bruta atual (hoje em R$ 6,85 trilhões). Com isso, a dívida ficaria abaixo do patamar de 80% do PIB. Mas há ônus e bônus.
O conturbado ambiente econômico internacional, a elevação das taxas de juros globais e o aumento das incertezas em relação ao balanço de riscos do Brasil tornam a medida arriscada. O Ministério da Economia tem que caprichar nas contas caso venha a se decidir pela ideia. Em tempo: há ainda um grupo de economistas keynesianos que prega o uso das reservas cambiais diretamente para o aquecimento da economia. A medida, contudo, exigiria a emissão de títulos públicos para esterilização dos reais emitidos e, portanto, aumento da dívida bruta interna. Tudo o que Paulo Guedes não deseja.
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Uma operação casada contra Paulo Guedes
11/10/2021Ao que parece, o Congresso lançou, em dobradinha, uma espécie de “Operação Paulo Guedes”. O RR apurou que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado planeja convocar o ministro da Economia para explicar a venda da carteira de créditos do antigo Banco Econômico para o BTG, de André Esteves, seu antigo sócio. Ressalte-se que Guedes já foi chamado pela Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre seus depósitos de US$ 9,5 milhões em uma offshore. Há muito de vendetta contra o ministro, que, verdade seja dita, tem se sacrificado na relação com o Congresso e o STF.
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Mudança de rota
7/10/2021O RR apurou que o Banco do Brasil estuda o IPO da BB DTVM. Seria uma inflexão em relação à venda de parte do capital para um sócio, notadamente estrangeiro, proposta sobre a mesa desde o início da gestão Jair Bolsonaro/Paulo Guedes.
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A errática agenda do ministro Paulo Guedes
7/10/2021Nos últimos dias, Paulo Guedes tem chamado mais atenção por suas ausências do que por suas aparições. Anteontem, por exemplo, não participou da coletiva de imprensa em que foi anunciado o projeto de unificação do PIS com a Cofins e do ICMS com o ISS, tema do maior interesse do Ministério da Economia. Na sexta-feira passada, outro forfait: após confirmar presença, Guedes não compareceu a um encontro com empresários catarinenses, em Florianópolis, organizado pelo senador Jorginho Mello. Durante a reunião, o ministro surgiu, de repente, por meio de videoconferência.
Corre no Palácio do Planalto que ele só entrou de forma remota no encontro após um puxão de orelhas de Jair Bolsonaro, que teria sido informado da “desfeita” de Guedes ainda durante o evento. Ressalte-se que Jorginho Mello é forte aliado do presidente. Em relação a esse episódio, o Ministério da Economia disse ao RR que Guedes não viajou a Santa Catarina em virtude de compromissos com Artur Lira.
Sobre a interferência de Bolsonaro, nenhuma palavra. O momento, digamos assim, mais recôndito de Paulo Guedes atingiu também sua agenda internacional. Nesta semana, Guedes cancelou sua viagem a Paris, onde participaria da reunião de ministros do conselho da OCDE. As ausências de Paulo Guedes podem ser interpretadas de duas formas. Talvez seja um incômodo do ministro com o andar da carruagem: o descarrilamento da economia, a morosidade das reformas, a intervenção do governo na Petrobras e mesmo o noticiário sobre seus investimentos offshore. Mas, pode ser também apenas uma recaída do bom e velho Paulo Guedes, com o seu hábito de não cumprir compromissos ou simplesmente arbitrar sua presença ou não conforme o seu humor.
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Chateação…
5/10/2021O almirante Bento Albuquerque está bastante chateado com Paulo Guedes. O ministro da Economia não atende às ligações de Bento, mesmo aquelas que são urgentes
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Barreira de contenção
5/10/2021O ministro Paulo Guedes tem sido um osso duro de roer para a indústria do biodiesel. O motivo é o pleito do setor para que o governo reconsidere a decisão de reduzir de 13% para 10% o índice do combustível misturado ao diesel. Os produtores pedem o retorno ao percentual anterior nos próximos leilões de biodiesel. Guedes, no entanto, acha que ainda não é hora de soltar as rédeas, por conta do impacto que a medida teria sobre os preços do diesel.
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E olhe que Guedes queria privatizar a Petrobras…
4/10/2021Apesar do subsídio para a venda do gás de cozinha reduzir em um dedinho a pressão sobre os gastos fiscais com a política compensatória do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficou incomodado com a medida. O anúncio de que a Petrobras vai destinar R$ 300 milhões para favorecer a compra do botijão escancarou de vez o uso da companhia como uma “agência de utilidades”. Os recursos parecem pequenos. Mas representam mais de 10% do que o governo pretende arrecadar com o IOF até o final do ano. É a chamada “operação cata caquinho”. No caso da Petrobras, é como se a empresa tivesse deixado de ser uma sociedade de economia mista e se tornado um departamento do Palácio do Planalto. Assim como se refere ao “meu Exército”, Bolsonaro bem que poderia dizer “minha Petrobras”.
Se alguém ainda tinha alguma dúvida, o governo vai usar a empresa como um aríete político-eleitoral. O subsídio para o gás de cozinha – medida que, diga-se de passagem, tem seu mérito social – vai além do papel de intervenção estatal que o governo Dilma Rousseff atribuía à Petrobras. O “desvio de função” da Petrobras já estava dado quando da saída de Roberto Castello Branco da presidência da estatal. Na ocasião, ficou claro que a empresa iria interferir na formação de preços como se fosse uma espécie de “CIP dos combustíveis” – uma alusão ao velho Conselho Interministerial de Preços. Essa postura intervencionista deverá ter efeitos sobre o programa de desmobilização de ativos da companhia. A venda das quase 50 subsidiárias que Castello Branco deixou prontas para a privatização subiu no telhado. Uma das joias da coroa seria a Transpetro, que, no ano passado, teve um de seus maiores resultados operacionais. Tudo mudou. Se a gestão Castello tinha como foco a geração de valor para o acionista, na atual administração o que importa é a vontade do sócio majoritário, o governo.
Ou seja: a Petrobras dificilmente vai desestatizar subsidiárias, deixará de privilegiar o acionista, servirá de “poder moderador” na formação dos preços dos combustíveis e será linha de apoio do governo para mitigar a pobreza. A presença do general Joaquim Silva e Luna no comando da empresa é um facilitador das pretensões do presidente Bolsonaro. Trata-se de um oficial sério e respeitado, mas com muito menos independência do que tinha seu antecessor. Curiosamente, a decisão do governo de subsidiar a venda de gás por intermédio da Petrobras foi tomada um dia após Henrique Meirelles dizer que a solução para os preços dos combustíveis era “muito simples”: bastaria a estatal reduzir sua margem de lucro “extraordinária”. Se o conselho do secretário de Fazenda de São Paulo tinha como intenção cutucar o governo Bolsonaro em prol do candidato João Doria, o tiro saiu pelculatra. A proposta de reduzir a rentabilidade da Petrobras não só calou fundo no Palácio do Planalto como foi bem acolhida. O próprio Silva e Luna correu para dar uma entrevista, afirmando que o subsídio ao gás de cozinha já estava sendo pensado na empresa antes (não é verdade) e que os dividendos da estatal poderiam ser destinados às famílias carentes e/ou caminhoneiros, mas que essa decisão não cabe à Petrobras (é verdade). De realmente crível é que as duas medidas foram e estão sendo urdidas no Palácio do Planalto. Para 2022 – quem sabe? – Bolsonaro não cria também o “Vale diesel”, o “Vale lubrificante” etc.
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Uma trava elétrica nos concursos públicos
1/10/2021O Ministério da Economia foi radicalmente contra a criação da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar). Perdeu. O RR apurou que agora o ministro Paulo Guedes está vestido com todas as armas contra a realização de concurso público para a contratação de funcionários da nova estatal. No que depender da equipe econômica, a nova empresa carregará apenas servidores de Itaipu e de Eletronuclear, as duas companhias que comporão a ENBPar. Por uma coisinha tão pequena, esse pessoal se desgasta tanto.
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Cabo eleitoral
29/09/2021Em tom de blague, FHC soltou uma boutade, mais ou menos assim: “Lula permanece calado e agradece em silêncio se Paulo Guedes anunciar também a privatização do BNDES, do Banco Central e até o Palácio do Alvorada”.
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A derrama criptoliberal do ministro Paulo Guedes
28/09/2021A derrama iniciada pelo ministro Paulo Guedes não ficará restrita ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e nem – caso haja a boa vontade do Congresso – ao retorno da CPMF. A equipe econômica trabalha com outras hipóteses de expansão da arrecadação tributária tal como o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre outros setores, além das instituições financeiras. Quem pensou no segmento de commodities ganha um pellet de minério de ferro.
O ministro tem se esmerado em justificar os gravames através de trucagens. Por exemplo: no caso da CPMF, diz que não haverá a ampliação da carga tributária, pois a mudança significará apenas uma troca, ou seja, o dinheiro que entra seguiria automaticamente para a desoneração das empresas – uma antiga obsessão de Guedes. O argumento, porém, só faz sentido se 100% dos recursos arrecadados forem carreados para a finalidade apresentada em vez de repousarem no caixa do Tesouro. O ministro justifica o pedido ao Congresso para que aprove a CPMF “porque Bolsonaro é contra a medida”.
Não custa lembrar que o presidente também era contra o IOF. Com a fúria arrecadadora depositada até o momento sobre movimentações financeiras, Guedes vai fazer uma enorme confusão no mercado de crédito. É mais do que previsível que os tributos serão repassados sob a forma de juros. Em parte, o ministro da Economia poderá argumentar que as medidas se devem à resistência do Congresso em colocar em votação a reforma do Imposto de Renda. É provável que a proposta não seja nem votada neste ano e muito provável que não será votada em 2022, ano eleitoral.
Porém, não se pode apostar em nada. O Senado sinaliza com a autorização de gastos públicos sem que a Lei de Diretrizes Orçamentárias esteja aprovada. Na realidade, mesmo que passasse no Congresso, a nova fórmula do IR também levaria a um aumento da carga tributária, segundo parcela considerável dos especialistas na matéria. O que fazer? De um lado, Guedes precisa resolver a necessidade premente de recursos para financiamento do Auxílio Brasil; de outro, é preciso esquentar a atividade econômica.
Toda essa engenharia é indispensável para o enquadramento no teto de gastos e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não esquecendo que a equipe econômica trabalha com uma correção fantasiosa do orçamento devido a um IPCA já defasado e a uma estimativa de arrecadação dificilmente realizável, uma vez que as previsões para o crescimento do PIB desabaram. É uma equação que não fecha e revela o desespero e a agonia do ministro.
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Seria André Esteves o Julio Bozano da vez?
24/09/2021A intenção do ministro Paulo Guedes de transformar parcela dos precatórios em moeda de privatização remonta aos primórdios das vendas das grandes estatais (Caraíba Metais, Vale). À época, foi autorizado o uso de “moedas podres” para aquisição das empresas, notoriamente a Embraer, que ainda não tinha virado o foguete da aviação internacional. Os privatistas de raiz, inclusive, diziam que a empresa ia acabar só produzindo bicicletas devido à defasagem tecnológica.
Era preciso passar o elefante branco voador sob pena dele ficar desmilinguido nas mãos dos Estado. Muita gente mordeu a língua, como se viu depois. A maior parte das “moedas podres” eram títulos da Sunaman. Foi, então, que o superbanqueiro de investimentos Julio Bozano raspou as moedas desconsideradas pelo mercado para trocá-las pelo orgulho da indústria aérea nacional. Sabe Deus o tamanho do deságio que Bozano conseguiu nos títulos da Sunaman.
Ao que se sabe, agora quem está carregado de “moedas podres” é o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, ex-sócio do ministro Paulo Guedes e que o teve como “mentor”. Com a sinalização para que os precatórios sirvam de moeda de privatização, não se sabe se serão abertas, no mesmo percurso, novas janelas para abatimento da dívida ativa ou mesmo títulos como os do Banco Econômico, quebrado e que ficou com sua carteira pendurada entre o BC e uma carcaça do próprio banco baiano. Esteves comprou um caminhão desses ativos podres do Econômico a deságios de fazer corar as maiores piranhas do mercado.
E, criou uma empresa só para adquirir os “títulos-Zumbi”, a Enforce. O RR não está sugerindo que Paulo Guedes tenha interesses ou qualquer conexão entre precatórios, moeda podre e privatizações. Mas, somente apresentando fatos. Aliás, como é fato que o último sócio de Guedes, antes de ingressar em sua aventura junto com Bolsonaro, foi exatamente o eterno banqueiro d’affaire, Julio Bozano. O que pode não dizer nada. Ou muito, dependendo qual for a solução com os precatórios.
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Calendário eleitoral 2
21/09/2021Ninguém acredita que Ciro Nogueira vá fazer como Pedro, que negou Jesus por três vezes. O ministro da Casa Civil já prometeu a Paulo Guedes um número maior de vezes que a reforma administrativa será aprovada. Não se trata de agrado ao ministro, mas, sim, porque Ciro quer uma reforma para chamar de sua.
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Pacto social é a única saída para Bolsonaro
15/09/2021Se o presidente Jair Bolsonaro tivesse a aura de um estadista, deveria estar costurando, junto com o seu principal ministro, Paulo Guedes, a articulação de um pacto social com o Judiciário e o Legislativo em nome da aprovação das reformas e das privatizações, assim como dos programas sociais, que permanecem suspensos absurdamente. O acordo envolveria uma solução para o pagamento dos precatórios que não fosse parcelada em vários meses, mas, sim, nos orçamentos de 2021 a 2023. O “abraço no social” seria dado com a garantia e a responsabilidade dos Três Poderes.
A motivação para o pacto é o Brasil e sua viabilidade. Devido ao comportamento recente do presidente da República, que amplificou as péssimas condições sanitárias e ambientais, o país está sofrendo um ataque triplo dos governos centrais, da mídia internacional e dos grandes fundos estrangeiros. Há uma enorme possibilidade de fuga de capitais, cancelamentos ou adiamento de investimentos e medidas contracionistas das empresas, o que levaria ao desemprego.
Esse cenário incluiria uma recessão já em 2022. Não se trata de apoiar ou não o presidente Bolsonaro, mas, sim, as medidas estruturantes possíveis, assim como a organização das contas para equacionar os precatórios e criar o espaço para os gastos sociais. O pacto entre os Três Poderes é exatamente para isso: aprovar rapidamente soluções já existentes e lubrificar a passagem de outras medidas para o enfrentamento da crise. A situação do Brasil ficou grave demais. O que fazer com Bolsonaro está em segundo lugar. Com um impeachment, o cenário talvez se torne ainda pior. O melhor seria o presidente baixar o facho, mostrar tenência e procurar a costura do pacto. Com urgência.
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O inimigo número 1 do Mercosul ataca novamente
14/09/2021A conversa entre Paulo Guedes e a ministra da Economia do Uruguai, Azucena Arbeleche, na semana passada, ainda ecoa nos meios diplomáticos. Segundo a fonte do RR, Guedes passou toda a reunião estimulando o acordo bilateral entre o Uruguai e a China – na contramão do que prega o Itamaraty. Se é contra o Mercosul, o ministro está a favor.
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Trancos e barrancos
14/09/2021As relações entre o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária, e Paulo Guedes estão em ponto de ebulição. Ribeiro joga na conta da inflexibilidade de Guedes parte expressiva da culpa pelo interminável vai-e-vem no texto da proposta.
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Contramão
8/09/2021A equipe econômica é mais ortodoxa do que o próprio ministro Paulo Guedes. Não suporta a ideia de um novo imposto, coisa que Guedes namora não é de hoje. Se depender dos “Sachsidas” do Ministério da Economia, não sai tributo nenhum.
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“Fundo da Seca” é mais um aceno de Bolsonaro ao Nordeste
6/09/2021O Palácio do Planalto está mobilizando a base aliada para garantir a aprovação do projeto de lei 8894/2017, que institui o Fundo de Atendimento às Situações de Emergência e de Calamidade Pública Decorrentes de Secas (Fasec) – ou o “Fundo da Seca”, como é chamado no Congresso. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, foi encarregado de articular com o presidente da Câmara, Artur Lira, a votação do projeto, possivelmente até o fim de outubro. Na partida, o Fasec deverá disponibilizar algo em torno de R$ 2 bilhões para o enfrentamento das secas.
Procurada, a Presidência da República informou ao RR que o assunto deveria ser tratado com o Ministério do Desenvolvimento Regional. Este, no entanto, não se pronunciou. Não faltam motivos para o esforço do governo em aprovar em dois meses um projeto de lei que dormita no Congresso há cerca de quatro anos.
Para começar, há uma razão emergencial: o país vive sua mais grave crise hídrica das últimas duas décadas. Para além disso, aliados de Bolsonaro enxergam uma mais-valia política na proposta. A maior parte dos recursos do fundo será destinada ao Nordeste, onde, sabidamente, Bolsonaro tem se empenhado em despejar verbas. E de onde virá o dinheiro para o “Fundo da Seca”? Paulo Guedes e cia. que se virem para achar água no saárico orçamento. Vai ser assim até outubro de 2022.
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É “caro” demais ser um BRIC?
3/09/2021Um dos fiscalistas de plantão da equipe de Paulo Guedes fez as contas e chegou à conclusão de que, do ponto de vista dos gastos públicos, seria melhor se o Brasil deixasse o Banco dos Brics. À luz da sua planilha, o país economizaria nas obrigações financeiras que tem como sócio da instituição multilateral – onde se senta em condições paritárias com Rússia, China, Índia e África do Sul. Essa é a cabeça do time de Paulo Guedes.
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A conta é maior
3/09/2021Há mais bilhões de precatórios voando sobre o governo do que a vã ortodoxia do Ministério da Economia consegue captar – ou quer anunciar. Mas, basta Paulo Guedes consultar o ministro Luís Fux, que deve saber sobre os precatórios que estão aterrissando.
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É a natureza
2/09/2021A interlocução entre Paulo Guedes e o deputado Celso Sabino, relator da reforma do Imposto de Renda, vai de mal a pior. Qual a novidade? Guedes não tem a menor paciência para fazer política.
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Silêncio calculado
27/08/2021Os ministros do STF evitarão comentar a declaração de Paulo Guedes, pedindo, em outras palavras, que o Judiciário ande devagarinho. Essa foi a conversa que rolou ontem entre os togados. Mas, sabe como é, a língua coça.
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Classificados do Rio
27/08/2021O governo do Rio está fazendo uma avaliação patrimonial dos imóveis pertencentes ao estado, entre terrenos, prédios e salas comerciais, a maioria na capital. Na maior parte dos casos, trata-se de um estoque que hoje representa muito custo e pouca ou nenhuma receita para os cofres públicos. Na Secretaria de Fazenda do Rio, há vozes favoráveis à criação de um fundo de ativos imobiliários do estado, mais ou menos sob a inspiração do projeto de Paulo Guedes de lançar um fundo de prédios e terrenos da União. Consultado pelo RR, o governo do Rio confirmou que a Secretaria de Planejamento e Gestão está realizando uma “avaliação e organização de todos os prédios estaduais para analisar a necessidade de mantê-los ou não. Após o resultado, será feita a modelagem para um futuro projeto”. O governo garante ainda que “até o momento, não existe qualquer projeto que envolva a formação de um fundo imobiliário ou a alienação dos imóveis”.
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S de “salvação”
27/08/2021O ex-deputado Sandro Mabel, presidente da Federação das Indústrias de Goiás, está numa cruzada para evitar cortes nas verbas do Sistema S. Tem conversado dia sim e o outro também sobre o assunto com presidente da Câmara, Artur Lira. E tome pedrada em Paulo Guedes. Procurado, Mabel confirmou as tratativas com Lira sobre o tema.
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Vai ser muito difícil o Copom resistir
24/08/2021O governo está sendo vítima de um ataque especulativo. O mercado tem pressionado de todas as formas para elevar a taxa de juros a níveis não previstos pelo Copom ou pelo próprio boletim Focus. As previsões de que a Selic terá um aumento de 0,75 ponto percentual ou de um ponto percentual na próxima reunião do Comitê, em 21 e 22 de setembro, estão sofrendo uma verdadeira avalanche de avaliações negativas da conjuntura, que indicam o objetivo de uma correção da taxa básica em 1,25 ou 1,5 ponto percentual. Os números da economia pioraram, mas nem tanto assim.
O déficit fiscal no próximo ano será bem menor e ficará em pouco menos da metade da meta original. A arrecadação vai continuar subindo ou, pelo menos, se manterá em níveis altos. Apesar das variantes do coronavírus e dos temores de uma nova onda de contágios, a pandemia vai arrefecer até o fim de 2021 ou no mínimo o início de 2022. Os ventos lá de fora podem não ser os melhores, mas a economia mundial continua crescendo. A sinalização do BC é de que ele recolocará o IPCA na meta em 2022. As instituições financeiras não acreditam na autoridade monetária, cuja gestão era considerada próxima do estado da arte. E enxergam o IPCA fora da meta neste e no próximo ano.
O PIB vai cair um pouco em relação ao previsto. Mas, no máximo, encolhe para 2% em 2022, um número que já era tolerado pelas casas bancárias antes do pequeno apocalipse. Quanto às reformas, as dificuldades já eram previstas. E não existe nada tão horroroso quanto o auge da pandemia. O que pode se argumentar é que os precatórios de Paulo Guedes, as diatribes de Jair Bolsonaro e a percepção de crescimento eleitoral de Lula estão excitando o mercado. Tudo bem. Mas, esses fatos não sustentam um cenário desastroso para os fundamentos econômicos. Barbeiragem foi lá atrás, quando o BC reduziu as metas de inflação, dificultando seu alcance em um previsível ambiente conturbado. Agora, o neoliberalismo engaiolado pelo mercado vai sofrer com a histeria por juros lá nas alturas. Até a próxima reunião do Copom, os vocalizadores das instituições financeiras falarão sem parar sobre a falta de fôlego fiscal, inflação fora de controle e a “política monetária dovish” do Banco Central. Na prática, é bem menos do que dizem.
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O velho mercado de Paulo Guedes
20/08/2021Paulo Guedes deve se arrepender amargamente de ter vendido, em 2016, sua participação no Hortifruti, do qual era sócio ao lado da Bozano Investimentos. Como ministro da Economia, imagina-se que seria no mínimo desconfortável, senão proibitivo, ele manter qualquer ingerência em companhia aberta. Ainda que Paulo Guedes saiba como contornar essas situações. Poderia, por exemplo, deixar o ativo nas mãos da própria Bozano. A verdade é que, àquela altura, mesmo Guedes, com toda a sua onisciência, não conseguiria imaginar que o IPO passaria na sua frente trazendo possibilidades de lucro inesperadas.
…
Por falar em Hortifruti, a empresa pode ganhar companhia na fila do IPO. Os controladores do Zona Sul, outra tradicional rede de supermercados do Rio, estudam a abertura de capital da empresa.
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PEC dos precatórios é um eufemismo para calote
19/08/2021Em meio à barafunda fiscal, o RR considera que vale a pena destacar trecho da edição de agosto do boletim Prospectiva Econômica, produzido pela Insight Comunicação, sobre a questão dos precatórios. As informações não chegam a ser novas, mas o que elas revelam chama a atenção:
- Do ponto de vista fiscal, o governo tem de lidar com R$ 90 bilhões em precatórios, a pagar já em 2022, o que bagunça o orçamento e o teto de gastos. A decisão já foi transitada em julgado no Supremo. Parece um passivo saído de uma caixa de pandora. Mas, não, o passivo sempre esteve nas previsões da Secretaria do Tesouro, que esperava postergar sua saída da toca do Judiciário. O que faltou, conforme confissão do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi o acompanhamento da questão pelo governo.
- Agora, o governo pode se ver obrigado a adotar medidas contrárias ao seu ideário, quer seja uma “pedalada fiscal”, com a proposta de Emenda Constitucional que cria um fundo com receitas de privatizações, ou a venda de imóveis e dividendos de estatais remanescentes, fora do teto de gastos. Mesmo que a iniciativa seja constitucional, Paulo Guedes passa a sofrer do dilema da mulher de Júlio Cesar: não basta ser honesta, é preciso parecer honesta. Guedes deixou de parecer o neoliberal autêntico ou o fiscalista de quatro costados, conforme sempre se autodefiniu. No fundo, ao dizer que preferiu adotar essa medida ao não cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal ou a Regra de Ouro, comunicou, com outras palavras, que preferia jogar às favas os escrúpulos a ser preso.
- Os pedaços da PEC que vazam do Palácio do Planalto são confusos. Em uma versão, a Emenda prevê a transferência obrigatória de 20% desse fundo para pagar as dívidas com os precatórios; outros 20% dos recursos serão pagos permanentemente aos mais pobres; além da destinação, até 2029, de 2,6% da Receita Corrente Líquida da União. Essa não é a única narrativa. Não se sabe se a tal “fundação” englobará a receita de concessões, os ativos das estatais enquanto não forem privatizadas ou somente as receitas de privatização. Tampouco se tem conhecimento se os imóveis serão vendidos preferencialmente aos novos controladores das empresas privatizadas e o quanto vai se abater da dívida bruta interna da União. Também não está claro se algum repasse será feito para contenção dos débitos de estados e municípios.
- O teto de gastos formalmente não será mexido. A medida de criar orçamentos extraordinários criativos vem sendo defendida por Insight Prospectiva desde sua primeira edição. A predição foi cumprida da pior maneira: um “jeitinho” para o parcelamento unilateral de uma dívida com a qual o Ministério da Economia admite, sem pruridos, não poder arcar. É como se o governo diferisse, arbitrariamente, o pagamento dos títulos públicos. Há um lado bom, que é a destinação de parte dos recursos à população excluída. Faltou, no entanto, carimbar o quanto iria para as despesas públicas com investimentos. O governo, porém, não pensa nesse assunto. O fato é que um ato soberano, que deveria se tornar uma válvula de escape para os gastos na infraestrutura e a mitigação da dor e da pobreza, surgiu como uma ação covarde para driblar o nome de moratória do que, evidentemente, é um calote.
- O fato é que o fôlego fiscal foi reduzido. O mercado, conforme já se viu, não perdoa. É consenso que até as eleições a racionalidade econômica cederá à demanda política pelos recursos escassos. Mas, se pensar bem, o “grande atraso” pode até significar um pequeno avanço, na medida em que quebra um dogma da política econômica: a de que não é possível arrumar dinheiro para despesas essenciais ao país fora do teto de gastos. Por enquanto, o que sobressai no fundo do calote institucionalizado é o dito de Paulo Guedes: devo, não nego e pago quando puder.
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Devo, não nego…
12/08/2021Com a semi-moratória dos precatórios, Milton Friedman, lá no céu, deu as costas de vez para o Brasil. Aqui é a praia de Paulo Guedes. Não a dele.
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Sem combustível
6/08/2021No que depender de Paulo Guedes, o pleito das montadoras de redução das alíquotas para a importação de semicondutores vai para o acostamento. O ministro é contra a medida mesmo diante da escassez da matéria-prima no setor.
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Um ministro no mundo da lua
5/08/2021Os ministros Marcos Pontes e Paulo Guedes foram autores de uma lambança com a testagem do Covid. A ideia compartilhada entre ambos era ampliar de forma expressiva o número de testes. Foi motivo de reunião, incluindo 14 cientistas, em meados do ano passado – evento similar foi realizado há dois meses, mais uma vez com efeito nulo. O assunto, depois de combinado, ficou na dependência dos recursos orçamentários. Merreca, coisa inferior a uma centena de milhões de reais. Como se sabe, o Ministério da Ciência e Tecnologia é o primo pobre entre as Pastas do governo. Sobrou, então, para o Ministério da Economia. Só que no meio de caminho, as verbas previstas foram parar em lugar algum ou nenhum. O dinheiro não saiu nem das despesas discricionárias do orçamento nem da brecha aberta pelo estado de calamidade. Com o avanço da variante delta no país, os testes ganharam ainda mais importância. Ainda assim, a testagem em massa, que chegou a ser anunciada pelo ministro Marcelo Queiroga, não saiu do papel. Moral da história: uns caraminguás a mais e astronautas de menos, e poderia ter morrido menos gente. Um ministro no mundo da lua
…
Por falar em Marcos Pontes: de acordo com uma fonte da própria Pasta da Ciência e Tecnologia, desde o início do ano o ministro vinha sendo alertado por sua equipe dos riscos de interrupção dos sistemas do CNPq. Segundo o RR apurou, a atualização tecnológica da plataforma deveria ter sido concluída no ano passado, mas atrasou por falta de verbas. Apesar dos avisos, o dinheiro não saiu. Não deu outra: o resultado foi o apagão digital do CNPq, que, entre outras consequências, deixou a comunidade científica sem acesso à base de dados do currículo Lattes por mais de uma semana. Marcos Pontes tem sido seguidamente cobrado por dirigentes dos institutos e unidades de pesquisa vinculados à Pasta por conta da escassez orçamentária que atinge todos esses órgãos. O astronauta costuma reagir às reivindicações com evasivas e soluções de “outro mundo”. Um exemplo: segundo a mesma fonte, em recente reunião, Pontes teria dedicado boa parte do tempo explicando como as diversas áreas do Ministério deveriam preencher propostas de parceria com investidores privados, “sem excessos ou termos científicos”. O caso virou motivo de chacota nos corredores do Ministério.
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Economia deve perder mais de quatro mil servidores
2/08/2021Nas contas de assessores de Onyx Lorenzoni, o novo Ministério do Trabalho e da Previdência deverá carregar cerca de 4,5 mil servidores da Pasta da Economia. Ou seja: na ponta do lápis, Paulo Guedes perderá algo como 5% dos quadros do seu ministério. Consultado pelo RR, o Ministério da Economia recusou-se a falar em números. De forma evasiva, disse que “está realizando o levantamento dos servidores para a efetivação da redistribuição do quadro”. Para quem sempre reclamou de excesso de funcionários públicos, Paulo Guedes vai sentir na pele o que significa uma redução de efetivo.
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O corta e cola de Paulo Guedes
27/07/2021A ideia de juntar o IBGE ao Ipea é que nem o iô iô: vai e volta, volta e vai. A proposta voltou a ser discutida no Ministério da Economia, desta vez com uma novidade: as duas instituições seriam reunidas e agregadas a uma parte da Receita Federal, que não tem nada a ver com a auditoria fiscal. O novo órgão ficaria debaixo da Secretaria de Política Econômica (SPE). Resumo da história: Guedes vai assistir à Pasta do Trabalho bater asas em troca de um Frankenstein de dados e estatísticas, cujas partes já estavam distribuídas no próprio Ministério da Economia. Perdeu playboy.
…
A secretária do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Martha Seillier, virou a menina dos olhos de Jair Bolsonaro. A ponto do presidente cogitar dar status de Ministério à Secretaria. Não custa nadinha Bolsonaro ordenar um reforço de verbas para o órgão Seria mais uma mordida no que um dia já foi o Super-Ministério de Paulo Guedes.
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Só falta a Petros…
27/07/2021Após as trocas de comando na Previ e na Funcef, o novo alvo do governo é o presidente da Petros, Bruno Dias. O assunto já estaria sobre a mesa do ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, que, em breve, passará a ser de Ciro Nogueira. Dias é próximo da superintendente da Susep, Solange Vieira. O que, ainda que indiretamente, significa ser próximo de Paulo Guedes.
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Uma ideia de bandeja para Lorenzoni
26/07/2021A proposta de Paulo Guedes de criação de um fundo de dividendos das estatais para o combate à pobreza extrema deve não apenas migrar da sua Pasta como também mudar de objetivo. A dinheirama passaria para o novo Ministério do Trabalho, sob controle de Onyx Lorenzoni. Em vez de serem destinados ao miseráveis, os recursos seriam alocados para um programa de apoio ao emprego. Não tão bom, mas bom. Pelo menos é o que se comenta no próprio Ministério da Economia
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Pólvora seca
20/07/2021O Ministério da Economia estuda alternativas para subsidiar a nova linha de crédito imobiliário voltada a policiais, anunciada por Jair Bolsonaro. Paulo Guedes seria contrário à proposta de uso de recursos do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública), portanto do Orçamento do Ministério da Justiça. Tudo filigrana: Bolsonaro já determinou que o projeto saia do papel, venha de onde vier o dinheiro.
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Hortifruti sobe de prateleira
15/07/2021O Hortifruti, rede de supermercados do Rio, já olha para 2022: seu plano estratégico prevê a abertura de 20 lojas, no que será a maior expansão da história da empresa em um só ano. E pode ser mais se o IPO sair. No controle do negócio está o suíço Partners Group, hoje no lugar que um dia já foi da dupla Julio Bozano e Paulo Guedes. Consultado sobre a expansão, o Hortifruti disse que “está em constante avaliação para oportunidades de mercado”.
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Combustível ao liberalismo
13/07/2021Ao menos a ANP parece estar em sintonia com o discurso liberal do ministro Paulo Guedes. Na agência, só se fala em aumentar a concorrência no mercado de combustíveis. A diretoria do órgão regulador tem se empenhado em aprovar a proposta que permite aos postos com bandeira terem ao menos duas bombas de outra fornecedora. O problema é o lobby na mão contrária das grandes distribuidoras de combustíveis. Consultada, a ANP informou “não ter posição regulatória definitiva” e que “até agosto tornará públicas suas análises sobre o assunto”.
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“Governança”
13/07/2021O presidente do BB, Fausto Ribeiro, aprendeu a lição com o tombo de seu antecessor, André Brandão. Antes de qualquer decisão, tem compartilhado todos os projetos mais sensíveis com Paulo Guedes – consequentemente, com o Palácio do Planalto.
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Ferreira Junior mostra que o governo ficou para trás
8/07/2021Há duas versões para a decisão da BR Distribuidora de entrar na Justiça contra a União por supostas perdas decorrentes da greve dos caminhoneiros, em 2018. A primeira delas é que a medida causou surpresa nos ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Os dois foram os principais apoiadores do atual presidente da BR, Wilson Ferreira Junior, enquanto ele esteve à frente da Eletrobras.
Mas, o jogo mudou: agora, é cada um por si. Guedes e Bento teriam, inclusive, reagido mal ao fato de Ferreira Junior sequer ter sinalizado a disposição da BR em judicializar o caso. A postura do executivo teria sido ainda objeto de comentário ácido do presidente Jair Bolsonaro junto ao seu ministro da Economia. Na segunda versão, Paulo Guedes teria conversado preliminarmente com Ferreira Junior e dito que a decisão do Conselho de Administração da BR era correta e, se estivesse no board, também votaria da mesma forma.
Nas duas versões, Bolsonaro, que já tinha sua implicância com Ferreira Junior desde os tempos da Eletrobras, não gostou do comportamento do executivo. O presidente não entende muito bem essas coisas de governança. Em tempo: partindo-se do princípio de que a BR teve mesmo prejuízos, não deixa de ser curioso que a Petrobras não tenha levado o caso à Justiça. Até outro dia, a estatal era dona de 37,5% do capital da empresa e exercia notória influência nas decisões do Conselho. Procurados pelo RR, a BR e os Ministérios da Economia e de Minas e Energia não quiseram se pronunciar. A AGU, por sua vez, informou que “a União ainda não foi intimada”.
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Operação sincronizada
2/07/2021Ao mesmo tempo em que os empresários da construção civil pressionam o ministro Paulo Guedes a zerar o imposto sobre o aço importado, o “braço político” do setor também se movimenta. Jader Barbalho costura um acordão no Senado para destravar o projeto de lei 1.498/2021, de sua autoria, que propõe isenção das alíquotas para a importação do insumo enquanto durar o estado de emergência na saúde pública. O que a indústria siderúrgica nacional pensa sobre o assunto? Perguntado, o Instituto Aço Brasil não se pronunciou.
…
Noves fora a atávica antipatia do ministro por renúncia fiscal de qualquer natureza, Guedes e cia. acham a discussão inócua. Com o reaquecimento da economia na China, o excedente de chapas e vergalhões no país para atender ao mercado externo reduziu drasticamente nos últimos meses. Consultado, o Ministério da Economia informou que “em relação ao setor mencionado, há pleitos pontuais que se encontram sob análise”.
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Promessa indexada
25/06/2021Jair Bolsonaro decidiu terceirizar uma parte da sua escancarada campanha pela reeleição. O escalado para levar as boas novas ao empresariado foi Paulo Guedes, já condicionando as medidas a um segundo governo do “mito”. Pelo menos é o que se depreende da postura de Guedes na Fiesp, em reunião no último dia 23. Na ocasião, frente a dirigentes ávidos por um refresco tributário, o ministro afirmou que o IR da pessoa jurídica terá dois cortes de 2,5%: uma redução do tributo neste mandato, e a outra se Bolsonaro for reeleito. É, pois é… O presidente incomodou o Ministério Público com suas “motociatas”. Afinal, é uma propaganda explícita sobre duas rodas. A ver se Guedes está liberado para fazer suas “fiespizadas”.
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Tem coisa que é melhor nem mexer
23/06/2021O Ministério da Economia não para de catar caquinho na tentativa de reduzir os gastos da máquina púbica. Neste momento, por exemplo, tem gente no time de Paulo Guedes dedicada a mapear os custos de representações militares no exterior. A título de ilustração, um dos casos que teria caído na “malha fina” do Ministério da Economia é o da Comissão Aeronáutica brasileira em Washington. O escritório reúne sete militares, entre os quais três coronéis da Força Aérea, e quatro civis, um efetivo que seria visto como exagerado pela “turma da planilha”. Será que vale a pena mesmo tanto desgaste por tão pouco?
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A marca de Guedes
14/06/2021A Afya, grupo de educação da área de medicina, estaria preparando uma nova oferta de ações na Nasdaq. A empresa é um legado de Paulo Guedes, que idealizou o negócio quando era sócio de Julio Bozano. Recentemente, por sinal, Bozano vendeu sua participação para a alemã Bertelsmann.
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Time de Guedes esconde o remédio da recuperação econômica
14/06/2021Uma boa parte dos mastins de Paulo Guedes acha que é preciso fazer um esforço de comunicação para evitar que se confunda os bons resultados da economia com uma inflexão da ortodoxia. As excelentes projeções para os índices econômicos deste ano – sobretudo o salto da estimativa do PIB de 3,6% para 5,5% a 6% e a redução da dívida bruta/PIB para 82%, conforme o RR antecipou na edição de 10 de junho – não seriam “atribuíveis aos gastos públicos compensatórios”, iniciados em 2020. Os assessores de Guedes almejam os direitos autorais pela melhora do cenário. Ou seja: querem que os indicadores sejam vinculados ao cumprimento do teto de gastos e à manutenção da austeridade fiscal. Na realidade, nenhum dos dois ocorreu de fato nessa pandemia. As ações mais visíveis foram os orçamentos paralelos e as despesas assistencialistas. Neste ano, tem mais, mesmo que os gastos sejam bem inferiores aos de 2020. E no ano que vem prosseguem, já descolados da pandemia. Pelo menos, espera-se.
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Apólice de seguro
9/06/2021Após seis perdas no Alto-Comando do Ministério da Economia, Paulo Guedes acertou uma: por ora, tem conseguido manter Solange Paiva no comando da Susep. O Solidariedade, mais precisamente o deputado Lucas Vergílio, faz pressão para abocanhar o cargo.
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Argumento infalível
2/06/2021Por trás da sanha do presidente Jair Bolsonaro contra as medidas de isolamento social, está o impregnador mor Paulo Guedes. O ministro sinaliza com um PIB acima de 5% neste ano se Bolsonaro segurar os governadores que querem fazer lockdown e deixar o povo mais um tempo em casa. Os riscos são aqueles sabidos. E daí?
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Linha direta
28/05/2021Segundo o RR apurou, a decisão do governo de adiar de seis para nove meses o prazo de carência dos empréstimos concedidos a hospitais filantrópicos passou ao largo do ministro Paulo Guedes. A medida teria sido acertada diretamente entre Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães, presidente da Caixa, responsável pela concessão do crédito especial.
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Os ventos da economia sopram pró-Bolsonaro
27/05/2021Paulo Guedes sabe muito bem o que está falando quando diz “Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque”. Com base nas mais recentes projeções da equipe econômica, Jair Bolsonaro e Guedes começam a trabalhar com um cenário muito melhor do que boa parte dos analistas está enxergando. A previsão de crescimento do PIB para este ano está em torno de 4%, contra os 3% iniciais. A turma de Guedes já vislumbra 5%. Para 2022, as estimativas mais modestas apontam para alta de 2,4%. Intramuros, Guedes aposta em 3%. No biênio 2020 e 2021 – mesmo com a projeção de queda do PIB de 9% no ano passado (que acabou não se confirmando) -, o resultado não será necessariamente negativo. A conta do PIB nesses dois anos vai ficar em torno de 0% ou pouco mais. Em 2019, ressalte-se, no primeiro ano de mandato, a economia cresceu 1,1%.
O avanço da vacinação é uma variável fundamental na equação do PIB. O retorno dos trabalhadores e a crescente retomada da atividade produtiva vão acelerar o ritmo de recuperação da economia, provocando um efeito cascata sobre outros indicadores. Por exemplo, o aumento da arrecadação fiscal tende a se acentuar. A receita com impostos e contribuições federais vem de três recordes mensais consecutivos. O mês de abril atingiu a maior marca da série histórica com crescimento de 45,2% em relação a igual período em 2020. Além da alta da arrecadação, o aumento do PIB também vai aliviar o garrote fiscal pelo lado do endividamento público. A relação dívida bruta/PIB já baixou a 89,2% e pode chegar a 85% no fim deste ano, ou seja, longe das estimativas mais alarmistas, na casa dos 100%.
Por outro lado, Bolsonaro e Paulo Guedes também esfregam as mãos com a perspectiva de um resultado da balança comercial nas alturas, impulsionado pelo forte ciclo de commodities. Em abril, o país registrou o maior superávit em um único mês desde o início da série histórica, em 1997. O saldo positivo de US$ 10,35 bilhões nas transações comerciais representa uma alta de 46,8% em comparação a abril de 2020.
No entanto, o grande trunfo de Jair Bolsonaro é o forte arsenal de políticas compensatórias que começará a ser despejado ainda neste ano ou no início de 2022, quando a campanha eleitoral já estará posta. Uma nova rodada do auxílio emergencial deverá ser anunciada antes mesmo da atual acabar, em setembro. Mesmo que o valor vigente seja inferior aos R$ 600 reais do ano passado, essa injeção de recursos vai fomentar o aumento do consumo e fazer a economia rodar.
Para completar, até o fim do ano o governo ainda deverá tirar do forno um dos benefícios que estão sendo burilados
pela equipe econômica, seja o Bolsa Família ampliado, o renda mínima, a carteira verde amarela ou qualquer outra coisa do gênero. Some-se a isso a expectativa de redução, ainda que tímida, do desemprego: a previsão é de que o índice de desocupação ceda dos atuais 14% para algo próximo dos 12%, ou seja, ao nível pré-pandemia. É claro que várias dessas melhorias podem ser produto de circunstâncias efêmeras que o RR não vai comentar. Mas o fato é que, mesmo com a CPI da Covid e com os quase 500 mil mortos, Jair Bolsonaro tem muita lenha para queimar. Parafraseando Paulo Guedes, Bolsonaro vai para o ataque.
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Melhor que nem vá
20/05/2021Paulo Guedes cogita sequer comparecer à reunião entre os ministros da Economia do Mercosul, convocada para o dia 8 de junho, em Buenos Aires. Guedes não esconde sua irritação com a postura da Argentina. O governo Alberto Fernández tenta derrubar a proposta do Brasil de redução da Tarifa Externa Comum do bloco em 20%. Melhor assim. Se estiver presente, Guedes corre o risco de falar alguma inconveniência.
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Palavras ao vento
18/05/2021Martha Seillier só recusou o convite do Banco Mundial e aceitou seguir à frente da Secretaria do PPI após Paulo Guedes garantir que o Programa permanecerá sob o guarda-chuva do Ministério da Economia. Como se isso dependesse apenas dele…
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Lusco-fusco
7/05/2021Paulo Guedes está convicto de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, tem se empenhado muito pouco para acelerar a votação da Medida Provisória 1.031/21, que trata da privatização da Eletrobras. Guedes está incomodado com Lira por diversas outras pendências, inclusive a suspensão da comissão da reforma tributária.
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O nome de Jefferson vs. o sobrenome de Guedes
6/05/2021Roberto Jefferson, aliado de Jair Bolsonaro, trabalha para derrubar o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Jefferson carrega no bolso do colete um nome para o cargo: o do ex-deputado federal Alex Canziani. O petebista já tentou emplacar Canziani na Pasta em duas ocasiões, uma ainda no governo Temer e outra no ano passado. Vai ter uma disputa dura. Jefferson encontrará outro peso-pesado pela frente. Paulo Guedes também tem sua candidata para a Educação, que, por sinal, atende pelo próprio sobrenome do ministro.
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Me dá um dinheiro aí
30/04/2021Os sete governadores reunidos no Consórcio Brasil Central, à frente o mato-grossense Mauro Mendes, articulam a criação de uma frente parlamentar em apoio ao desenvolvimento da região. Trocando em miúdos: será mais pressão por verbas para cima de Paulo Guedes.
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Reforma tributária passa a ser a no 1
29/04/2021Paulo Guedes mudou. Segundo o RR apurou, o ministro da Economia quer colocar a reforma tributária em primeiro lugar na fila, deixando a reforma administrativa para um segundo tempo. O motivo é óbvio: aprovada ainda em 2020, a tributária pode aumentar a arrecadação e render recursos já no ano que vem. A reforma administrativa, assim como a PEC Emergencial, é uma medida de arrumação da casa. Traz recursos apenas a longo prazo. Mas Guedes vai ter de se desdizer, pois afirmou o tempo todo que não aumentaria a carga fiscal do país. O discurso de que a arrecadação vai crescer em função da eficiência das empresas provocada pela reforma tributária não cola.
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Guedes na corda bamba da CPI
23/04/2021Paulo Guedes decidiu se antecipar a uma possível convocação pela CPI da Pandemia. O ministro orientou a equipe econômica a iniciar um detalhado trabalho de argumentação para justificar o atraso de programas essenciais, como auxílio emergencial, BEM, Pronampe etc. Guedes tem a seu favor a aprovação, em 2020, de um dos maiores pacotes de ajuda do mundo. Pode se aproveitar também do argumento de que até fevereiro deste ano a economia estava crescendo em V, conforme diz obsessivamente, o que explicaria a demora até abril da alocação de verbas para os programas emergenciais.
Guedes encomendou também a sua equipe um balanço detalhado sobre questões como transferência de verbas aos estados, alocação de recursos no combate à Covid-19 e cumprimento das despesas e restos a pagar. O ministro atribui parte dos contratempos ao próprio Congresso, mas certamente não apontará a Presidência da República como agente relevante da demora na implantação dos benefícios.
É verdade que Guedes não é protagonista direto das lambanças realizadas pela área da Saúde. Mas, indiretamente, contribuiu no processo e, portanto, tem o que dizer. Por enquanto, não há nenhuma confirmação de que o ministro será chamado a depor na CPI, mas a turma já está trabalhando feericamente para livrar o chefe de qualquer responsabilização.
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Paulo Guedes quer vincular o Censo aos gastos com a pandemia
20/04/2021O ministro da Economia, Paulo Guedes, estuda uma forma de juntar a verba para a pesquisa do Censo Demográfico ao bolo dos créditos orçamentários para os programas de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEM) e Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O governo tenta encaixar cerca de R$ 1 bilhão no meio dos R$ 15 bilhões que serão destinados aos dois programas. O montante adicional de recursos para o IBGE caberá, é claro, dentro teto de gastos. O arranjo visa recompor, ainda que não integralmente, a redução da verba do Censo Demográfico de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões. A irrisória cifra inviabiliza o Censo e, com ele, toda a memória estatística detalhada da pandemia. Haveria ainda um segundo movimento vinculado a essa engenharia orçamentária. Paulo Guedes aproveitaria a medida para resgatar uma velha obsessão (ver RR de 26 de agosto de 2019): ter um grande centro de pesquisas ao seus pés. Para isso, juntaria o IBGE ao IPEA, subordinando o primeiro ao segundo.
Trata-se de uma medida de ordem política, já que, na realidade, as duas instituições não têm tanta sinergia assim. O IBGE sempre foi um cluster do funcionalismo de esquerda no governo. São comuns greves e manifestações na autarquia. Guedes diz que “amansaria” o IBGE com a fusão. Se acontecesse hoje, a mega instituição seria dirigida por um dos seus mais fiéis “Chicago old”, Carlos Von Doellinger, que ocupa a presidência do IPEA.
O objetivo do novo “IPGE” parece óbvio. Ou seja: colocar a mão pesada do governo sobre as estatísticas, contas nacionais e pesquisas multidisciplinares. Os recursos para o Censo seriam alocados no orçamento como uma iniciativa necessária à Saúde. A medida, se não reconstrói a imagem de Paulo Guedes na academia, algo que ele tanto preza, mitigaria a ideia de que o cancelamento do Censo não mirou o fiscal. Foi, sim, uma vilania, não só cívica, como intelectual.
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Penúria dos estados vira arma contra o lockdown
14/04/2021Há “maquiáveis” de plantão no Ministério da Economia. Segundo uma fonte pertencente à Secretaria de Fazenda de um grande estado, o governo estaria propondo uma espécie de toma lá dá cá para barrar o lockdown e, ao mesmo tempo, criar condições para acelerar a retomada econômica. A operação consiste em uma chantagem bem ao estilo do ministro Paulo Guedes: o “bom comportamento” na gestão da pandemia seria premiado com condições favoráveis de refinanciamento da dívida. Ou seja: os estados que flexibilizarem as regras de isolamento teriam facilidades para a sua recuperação fiscal. Como se faz isso, fora conversas de pé de ouvido, é difícil de entender. O argumento central é retirar o entrave à recuperação da atividade produtiva e, consequentemente, um potencial gerador de mais desemprego, o que exigirá a extensão do auxílio emergencial. A situação de penúria da maior parte dos entes federativos aumenta o poder de pressão do governo federal.
Este é um jogo de dados. O timing da retomada econômica depende fundamentalmente do ritmo de imunização da população. Não por acaso, nos últimos dias Guedes desandou a falar compulsivamente de vacinação. Esse ritmo é uma incógnita: há milhões de imunizantes que estão nas contas do Ministério da Saúde e podem não chegar ao Brasil no prazo previsto ou sequer chegar, caso da indiana Covaxin, ainda não aprovada pela Anvisa. Essa interrogação joga o país em um círculo vicioso: menos vacina potencializa a possibilidade do lockdown, que, por sua vez, é gerador de baixa atividade econômica, mais desempregados e um tempo bem mais longo para a recuperação da curva de crescimento. Nesse cenário, a única moeda de troca – ou de pressão – de Guedes e do governo junto aos estados seria o regime de recuperação fiscal contra o lockdown. As duas palavras até rimam. A questão é saber se fazem sentido politicamente.
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O nome de Paulo Guedes para o PPI
14/04/2021Pedro Capeluppi, secretário adjunto de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, está cotado para assumir a Secretaria do PPI – a atual titular, Martha Seillier, deve ir para o BID. A preocupação de Paulo Guedes, neste momento, é ter alguém seu na função e desarmar as articulações para que o Programa seja transferido para a alçada de Onyx Lorenzoni, na Secretaria-Geral da Presidência.
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Pressão sobre Guedes 1
13/04/2021As centrais trabalhistas representadas no Conselho Deliberativo do FAT pressionam o Ministério da Economia a pagar o abono salarial aos trabalhadores com juros e correção monetária. Seria uma compensação pela decisão do governo de adiar o pagamento do benefício de 2021 para 2022. Por ora, Paulo Guedes e equipe fazem ouvidos de mercador.
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Pressão sobre Guedes 2
13/04/2021O ministro Paulo Guedes tem sido pressionado pela bancada ruralista e por cooperativas e associações de produtores agrícolas a suspender o corte de R$ 1,35 bilhão previsto para o Pronaf em 2021. Ressalte-se que a aprovação de Guedes no setor anda em baixa por outras medidas, como ter impedido a redução dos juros no Plano Safra.
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Era só o que faltava…
8/04/2021A carta de Paulo Guedes ao FMI pedindo financiamento para a compra de vacinas é mais uma demonstração da falta de “semancol” do ministro. Pedir financiamento? Pode o ministro da Economia do décimo segundo maior PIB do mundo virar caça níquel? É como se fosse um país africano. Se quiser dinheiro para gastos com a pandemia, o que beira o desprezo pela soberania, estão à disposição as cotas do país no FMI. É só sacar. Mas para que isso? Ah, é o ajuste fiscal. “Tá” bom… Todos os países que interessam no mundo estão gastando o necessário no combate ao coronavírus. Todos pioraram sua situação fiscal. Guedes deve querer controlar os gastos públicos em plena pandemia. Ou fazer uma graçola para cima de Lula, que tem se apropriado da franquia dos pedidos aos chefes de estado, entre os quais o presidente dos EUA, Joe Biden, mas para distribuição de vacina aos países que realmente precisam. Essa falta de bom senso e noção do ridículo é bem do estilo Guedes. O ministro está querendo furar o teto do FMI.
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Mourão quer mais Estado na Amazônia
29/03/2021Para o desgosto de Paulo Guedes, que brecou concursos e tenta enxugar a máquina pública, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem defendido dentro do governo a contratação de pessoal para o Ibama e o Instituto Chico Mendes (ICMBio). O aumento expressivo do contingente de fiscais na Região é um dos pilares do Plano Amazônia 21/22, o programa criado por Mourão e equipe em substituição à Operação Verde Brasil 2. Se nada mudar, os militares deixam a Amazônia em 30 de abril. O temor de Mourão é que, sem a presença das Forças Armadas, o Estado volte a ser um síndico ausente na Região.
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Bancada ruralista x Paulo Guedes
29/03/2021O ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhou a batalha maior contra os ruralistas ao brecar a redução dos juros do Plano Safra. Mas, provavelmente, terá de entregar alguns anéis. É grande a pressão da Frente Parlamentar do Agronegócio sobre o governo pela diminuição das taxas para os empréstimos destinados à agricultura familiar. A cobrança dos ruralistas é maior devido à tendência de alta da Selic para os próximos meses, o que vai dificultar ainda mais a tomada de recursos junto a bancos privados.
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“Fundo partidário”
29/03/2021Em viagem ao Rio Grande do Norte, seu estado, na semana passada, o ministro Rogério Marinho levou boas novas. Garantiu a autoridades locais que não faltarão recursos federais para a construção da linha branca do sistema de trens de Natal. Cerca de R$ 60 milhões sairão do orçamento da Codevasf e da CBTU. Seus desafetos políticos dizem que o “ministro gastador” (Apud Paulo Guedes) já está em campanha: Marinho é apontado como possível candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte em 2022.
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Guedes encontra brecha para criar “CPMF digital”
26/03/2021Paulo Guedes pretende pegar uma carona tributária no projeto de lei que estabelece tipos penais e aumenta a punição para fraudes eletrônicas. O ministro da Economia estuda incluir no texto do PL a proposta de criação de uma contribuição sobre transações digitais. Seria uma forma de Guedes fazer a sua própria CPMF, apenas trocando a origem dos recursos – saem as movimentações financeiras e entram as compras online.
A engenharia idealizada pela equipe econômica tem algumas vantagens. Por se tratar de uma contribuição e não de um imposto, não seria necessário esperar pelo ano seguinte: a nova derrama passaria a valer já em 2021. Além disso, Guedes acredita ter encontrado outra saída política para acelerar a implantação da contribuição sobre transações digitais. O Congresso aprovou o regime de urgência para o projeto de lei sobre fraudes eletrônicas.
“Urgência”, diga-se de passagem, para os padrões do Congresso: estima-se que a votação plenário ocorra em até 180 dias. Ainda assim, essa alquimia é uma solução complexa. Dependerá de uma intrincada costura política no Congresso para alterar o projeto de lei. Desde que assumiu o Ministério, Paulo Guedes tentou colocar de pé a recriação da CPMF ou a instituição de um imposto sobre transações digitais, que açambarcaria movimentações financeiras e pagamentos feitos por aplicativos.
Guedes levou “bomba” na proposta da CPMF. O aproveitamento do projeto das fraudes eletrônicas seria uma forma do ministro driblar essa recusa e aumentar a arrecadação em cima de um segmento da economia que cresce a passos muito largos. Com a pandemia, o e-commerce vem batendo todos os recordes de receita. O varejo online movimentou cerca de R$ 126 bilhões em 2020, 68% a mais do que no ano anterior. No total foram mais de 300 milhões de operações. Para este ano, as projeções indicam uma alta no volume financeiro da ordem de 18% – índice, ressalte-se, que tende a subir caso as restrições ao comércio físico por conta da pandemia se estendam por mais tempo.
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A façanha de Pazuello
25/03/2021Eduardo Pazuello conseguiu algo pouco provável: pôs Paulo Guedes e Rogério Marinho do mesmo lado. A exemplo de Guedes, Marinho trabalha para “desconvencer” Bolsonaro da ideia de colocar Pazuello à frente das PPIs. O que se diz em Brasília é que Marinho age em causa própria: ele almeja levar o programa para o Desenvolvimento Regional.
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A vez do setor privado no esforço de vacinação
22/03/2021O governo planeja um aumento expressivo da rede de vacinação contra a Covid-19. Além do SUS, com sua celebrada estrutura, o Sistema S, escolas e até supermercados seriam conclamados a participar do esforço de imunização. O assunto está sendo discutido entre o Palácio do Planalto, mais especificamente o general Braga Netto e o almirante Flavio Rocha, o ministro Paulo Guedes e a tecnocracia da Pasta da Saúde – o rodízio de ministros atrapalha as conversações com o titular do cargo. Guedes, com o delay de sempre, é o “Zé Gotinha” da operação. O ministro é o maior entusiasta da vacinação rápida dos trabalhadores.
Além de acelerar a imunização, por si só o objetivo maior, a medida é vista no governo como fundamental para antecipar o retorno ao trabalho da População Economicamente Ativa (PEA) e, assim, fazer girar a economia mais rapidamente. A operação seria toda conduzida pela União, e não por estados e municípios. A expansão dos locais de vacinação se daria depois de concluída a imunização da população acima de 60 anos, um dos principais grupos de risco da Covid-19. O andamento da vacinação varia conforme a cidade. No Rio, por exemplo, o último calendário divulgado prevê datas apenas até 70 anos (3 de abril).
Na Grande São Paulo, está programado que idosos de 70 e 71 anos sejam vacinados a partir de 29 de março. É preciso antecipar esses prazos. A grande questão é se o governo terá a quantidade de vacinas para colocar em curso uma logística tão complexa para a imunização em massa. Há uma força-tarefa com o objetivo de caçar vacinas pelo mundo. O ministro Paulo Guedes foi “alugado” para comandar a missão. Tudo com a maior discrição. Os episódios em que a compra de imunizante chegou a ser anunciada e depois não se confirmou foram muito desgastantes para o governo. A ideia é que a vacinação em massa seja colocada em curso no mês de setembro. Não é preciso dizer da importância política da iniciativa para Jair Bolsonaro. E da relevância absoluta que tem para Paulo Guedes. O ministro condiciona o futuro da economia ao esforço de vacinação.
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Não interessa a cor do gato se o inimigo é o rato
22/03/2021Nem Paulo Guedes, nem Artur Lira, com os quais já tratou do assunto. O governador do Rio, Claudio Castro, está apostando todas as suas fichas em Flavio Bolsonaro para persuadir o presidente Jair Bolsonaro a recuar em um ponto fundamental do Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Devido a um veto do próprio Bolsonaro, os estados que aderirem ao RRF estão proibidos de contratar servidores públicos por três anos. O estado do Rio tem sérios problemas de vacância de quadros em áreas como saúde, educação e segurança e quer evitar essa camisa de força.
Acervo RR
Terra infértil
19/03/2021Os parlamentares da bancada ruralista que se reuniram com Paulo Guedes na semana passada deixaram o encontro borocoxôs. Eles foram pedir o apoio de Guedes junto a Jair Bolsonaro para evitar o veto presidencial ao projeto que cria os Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). No entanto, saíram da reunião com a impressão de que o ministro não vai comprar o barulho.
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Operação-abafa
12/03/2021Paulo Guedes tem procurado asserenar os ânimos entre os conselheiros do Banco do Brasil para evitar uma “Petrobras 2”, leia-se a renúncia de integrantes do board após as ingerências de Jair Bolsonaro na instituição.
…
André Brandão está disposto a deixar a presidência do BB antes do governo definir seu substituto. Virou uma questão de honra.
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Paulo Guedes x Congresso. Outra vez
10/03/2021Mais uma queda de braço à vista entre Paulo Guedes e o Congresso. O motivo é o projeto apresentado pelo senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), propondo um waiver de seis meses para os empréstimos contraídos no Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe). Nos corredores do Senado, Heinze garante já ter os votos necessários para a aprovação. Ocorre que a equipe econômica até concorda com a moratória, mas, no máximo, por quatro meses. Somente no ano passado, o total de financiamentos liberados no âmbito do Pronampe chegou a R$ 37,5 bilhões.
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Voto de desempate
10/03/2021Nem Paulo Guedes, nem Onyx Lorenzoni. O que se diz no Palácio do Planalto é que Jair Bolsonaro poderá transferir o PPI para o Desenvolvimento Regional, de Rogério Marinho. Seria a forma de acabar com as disputas entre Guedes e Lorenzoni.
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Sai Paulo, fica Pedro
10/03/2021Paulo Guedes tirou o corpo fora e abandonou o lobby pela indicação de Eduardo Dacache, atual presidente da Caixa Seguridade, para o comando do Banco do Brasil. Pedro Guimarães, presidente da Caixa, ficou sozinho na campanha pela nomeação de Dacache.
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Nem tudo é crise…
10/03/2021Com a pandemia, as vendas de piscinas para uso doméstico cresceram cinco vezes em 2020. Em algum lugar, o crescimento em V tão decantado por Paulo Guedes aconteceu.
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SOS caminhoneiro
8/03/2021A equipe econômica quebra a cabeça em busca de medidas para baixar a temperatura entre os caminhoneiros. Uma ação na ponta da agulha é a prorrogação dos contratos de financiamento de veículos pesados no âmbito do BNDES. É Tarcisio Freitas prevalecendo sobre Paulo Guedes.
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Extinção de municípios ganha força no governo
5/03/2021Assim como a desvinculação dos gastos com educação e saúde entrou na PEC Emergencial para sair, a proposta de extinção de municípios com menos de cinco mil habitantes também está de passagem na PEC do Pacto Federativo (PEC 188). Ela será retirada desta última e incluída na PEC Emergencial (186), mas sem estar explicitada no texto. Se, antes, a medida se daria de forma direta e transparente, desta vez a intenção do governo é conduzir esse processo darwiniano de maneira oblíqua e gradual. Ações que discriminam a distribuição de recursos, como extinção de fundos públicos e remanejamento de verbas, além da supressão da garantia de créditos de estados e municípios, seriam instrumentos capazes de estimular a fusão de cidades.
De certa forma, nesse modelo, o governo passaria a arbitrar o “cavalo vencedor”, leia-se o município escolhido para incorporar outros no seu entorno, através do seu adensamento financeiro. A manobra, ressalte-se, é complexa. Trata-se de uma tarefa que exige força política, tamanho o desgaste que trará para o governo Bolsonaro. O “M&A” entre municípios promete deslocar interesses regionais, eliminar ou, ao menos, reduzir pequenos feudos de lideranças locais, enfim redesenhar o eixo de poder na base da pirâmide político-partidária. Terá ainda um notório impacto na diminuição de cargos públicos à disposição do pantagruélico apetite das 33 legendas registradas no país.
Prefeituras, secretarias e câmaras de vereadores serão varridas do mapa. É justamente a principal razão que motiva Paulo Guedes e seus auxiliares a levar a medida adiante. Essa engrenagem composta por centenas de autoridades e seu respectivo séquito de assessores – muitas vezes desproporcional à cidade em questão – leva a um inchaço de gastos. Nos cálculos e projeções feitos pela equipe de Paulo Guedes, a economia seria maior do que inúmeros programas do Bolsa Família. Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta 1.217 municípios no “corredor da morte”.
São cidades com menos de cinco mil habitantes ou com arrecadação própria menor do que 10% da sua receita total – a linha de corte para a extinção prevista no texto original da PEC 188. A ideia de fusão de cidades não é nova. Ela esteve em pauta no governo Collor, por meio de Eliezer Batista, então ministro de Assuntos Estratégicos. A proposta, no entanto, se perdeu junto com o impeachment do presidente. Eliezer, que, por décadas, dedicou-se a estudar a geoeconomia nacional com base em todas as variáveis possíveis – recursos naturais, logística, vocação econômica, densidade demográfica etc – dizia que a federação brasileira era um “pé de galinha”.
O ex-presidente da Vale considerava as fronteiras internas do país um tracejado disforme, torto, que pouco privilegiava o potencial econômico de cada região. Ressalte-se que a proposta de redefinição das divisas municipais não é uma jabuticaba. Portugal, por exemplo, adotou a medida – nas últimas décadas, cidadelas foram sendo incorporadas umas às outras. O próprio Brasil tem um exemplo doméstico. Infelizmente um case às avessas, no qual o adensamento foi uma tragédia. Ao deixar de ser capital para ser anexada ao estado, a cidade do Rio se desmilinguiu. Espera-se, seja a exceção que confirma a regra.
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Picuinhas diplomáticas
5/03/2021Segundo o RR apurou, o embaixador Daniel Scioli fez chegar ao Itamaraty a insatisfação do governo argentino com recentes declarações de Paulo Guedes. Em entrevista ao yotuber Thiago Nigri, Guedes disse que o Brasil pode “virar a Argentina em seis meses” se tomar decisões erradas na política econômica. Soa a briga de condomínio. Ainda assim, no métier da diplomacia, a questão ganha alguma importância pelo timing: o primeiro encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Alberto Fernández está marcado para o próximo dia 26.
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“O BB é meu”
5/03/2021O recado já está com Paulo Guedes: Jair Bolsonaro quer que o novo presidente do Banco do Brasil, seja ele quem for, reavalie o plano de fechamento de 300 agências em todo o país. Qualquer corte razoável nesse número já será uma festa para Bolsonaro.
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Auxílio emergencial a um passo de virar definitivo
3/03/2021Uma das discussões que estão a pleno vapor dentro do Palácio do Planalto e do Ministério da Economia é a transformação do auxílio emergencial em benefício concedido até o fim de 2021 ou mesmo permanente, com valor entre R$ 250 e R$ 300. Segundo o RR apurou, na manhã de ontem auxiliares de Jair Bolsonaro cogitaram a possibilidade de o presidente anunciar a mudança no pronunciamento que faria à nação à noite e acabou cancelado. A Secretaria de Comunicação chegou a discutir se a boa nova deveria ser divulgada de forma isolada ou dentro de um pacote de ações, com o risco de as demais medidas acabarem eclipsando o anúncio do auxílio.
No entanto, Bolsonaro deu tempo ao tempo para a equipe econômica fechar uma série de cálculos, um “joga pra lá, joga pra cá” até que Paulo Guedes e cia. definam o que financia o que e com que limite. O Brasil vive a tempestade perfeita: a pandemia recrudesce em velocidade ainda maior; a economia está quebrada e o país caminha para um quadro de recessão técnica. Essa terrível combinação exige a adoção imediata de medidas de proteção mais agudas, com impacto relevante na área econômica, a exemplo do BEM (Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda).
O auxílio permanente poderia sustentar algum crescimento via consumo, repetindo, agora de forma continuada, o que já aconteceu no segundo semestre do ano passado. Além disso, não obstante seu caráter humanitário e essencial, a medida também favoreceria politicamente Jair Bolsonaro. Basta lembrar o aumento dos índices de aprovação do presidente nos meses de pagamento do auxílio emergencial. A velocidade da pandemia quebra a espinha dorsal da PEC Emergencial. O governo provavelmente terá de suprimir diversas medidas restritivas e mesmo do que sobrar do conjunto da obra será difícil aprovar no Congresso nessa circunstância de terror. Em apenas dois dias após seu envio, a MP da privatização da Eletrobras foi objeto de 570 emendas parlamentares.
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Paulo Guedes não passa recibo
24/02/2021Nada abala a disposição de Paulo Guedes. Ontem, no decorrer do dia, o ministro teve reuniões com 39 pessoas, entre integrantes do seu staff, consultores, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro da Casa Civil, general Braga Neto. O último compromisso, às 17h30, foi com a presidente da Susep, Solange Vieira. Uma brisa fresca. Guedes adora a moça. Obs: em nenhum momento, o ministro acusou a devassa no seu quintal neoliberal.
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Estilhaços da intervenção de Bolsonaro na Petrobras
23/02/2021- Até o fechamento desta edição (ontem, às 20h) Paulo Guedes completou 72 horas sem se pronunciar sobre a demissão de Roberto Castello Branco. Muy amigo…
- Depois do que fez na Petrobras, Jair Bolsonaro não deve estar mais querendo a aprovação da autonomia do Banco Central. Seria a única instância da República em que ele não poderia demitir o subordinado.
- Ontem, circulou a informação de que Jair Bolsonaro está consultando seu conselho militar em busca do nome de um oficial para a Eletrobras. Não é difícil de entender que a privatização foi para a o espaço.
- Também ontem, correu no mercado a informação de uma substituição da substituição na BR. Wilson Ferreira Junior, que deixou a Eletrobras e ganhou como prêmio de consolação a presidência da distribuidora, não assumiria mais o cargo. O novo indicado seria o ministro Bento Albuquerque. Sua missão seria tocar uma “nova BR”, com a reestatização da empresa. Segundo informação que circulou em uma grande corretora, a Petrobras compraria, até junho, 15% das ações da distribuidora que pertencem a fundos e bancos internacionais, reassumindo o controle.
- A possível indicação do almirante Bento Albuquerque para a BR enseja ainda duas interpretações. A primeira é que Bolsonaro quer colocar alguém seu na empresa para fazer política de preços e tarifas dos combustíveis. A segunda é que o presidente pretende abrir espaço no Ministério de Minas e Energia para o Centrão.
- A explosão de Jair Bolsonaro deverá atingir, ainda que de leve, a cota de Paulo Guedes. O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues Junior, está na linha de tiro do presidente.
- O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, já está espanando a cadeira. Sabe que sua demissão pode não ser agora. Mas será mais à frente, conforme já sinalizou Bolsonaro.
- Ontem era tido como certo no mercado que o programa de privatização do governo vai ficar restrito à xepa das estatais. A insegurança jurídica alimentada por Bolsonaro é um repelente para os investidores.
- O que se considerava, ontem, em Brasília é até que ponto a aprovação da PEC Emergencial será suficiente para mitigar o estrago feito com as mexidas conduzidas por Bolsonaro. Tá tudo dominado, mas não por Paulo Guedes…
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Ao Deus dará
18/02/2021Assessores mais próximos de Paulo Guedes apostam que ele não vai mover um dedo para salvar a pele do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, das garras do Centrão. Já bastou o desgaste que Guedes teve ao segurar Brandão no banco depois do recente anúncio das cinco mil demissões.
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Hábito abandonado
3/02/2021O ministro da Economia, Paulo Guedes, abandonou as caminhadas no calçadão da Praia do Leblon. Guedes manteve o hábito até o penúltimo trimestre do ano passado.
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Um ministro de aparências
2/02/2021A permanência de Wilson Ferreira Junior no Conselho da Eletrobras teria se dado por um pedido direto de Paulo Guedes. O “Posto Ipiranga” tenta, ao menos, manter as aparências de que a companhia será privatizada
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Ninguém enxerga que a indústria está morrendo?
1/02/2021O RR apurou que a Secretaria do Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação do Ministério da Economia monitora, com preocupação, a situação da Audi no país. O receio é que a montadora alemã seja a próxima a encerrar sua produção no Brasil. Os movimentos recentes reforçam essa percepção. Em dezembro passado, a empresa suspendeu a fabricação do A3 Sedan, único modelo que era montado na unidade de São José dos Pinhais (PR). Ouvida pelo RR, a Audi foi diplomática. Afirmou que estuda um novo modelo para ser produzido no Brasil. Diz ainda que “boa parte dessa decisão passa pela definição do que irá ocorrer com os créditos de IPI acumulados durante os anos de Inovar Auto, que não foram integralmente devolvidos”.
O RR, contudo, reitera que a empresa estuda cair fora do país. Caso atravesse a porta de saída, a Audi se juntará a Ford, Ford Caminhões, Roche, Eli Lilly, Sony, Mercedes-Benz e Nikon, empresas que encerraram suas atividades industriais no Brasil desde o início do governo Bolsonaro. Diante do crescente êxodo de multinacionais, talvez tenha chegado a hora de rever o “super” Ministério da Economia. A “sub-pasta” da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, colocada sob o guarda-chuva de Paulo Guedes tornou-se um apêndice menor e ineficaz, com graves reflexos para a economia, geração de empregos, retenção de talentos e mesmo estímulo à educação mais sofisticada no país. Com Guedes não vai haver policy para o segmento. O ministro despreza qualquer tipo de política industrial. Há uma bifurcação de motivos para esse “bye, bye, Brazil”.
De um lado, existe uma variável estrutural: o elevado Custo Brasil, uma questão que exige tempo para ser equacionada. Por outro, há um forte componente conjuntural. A gestão Bolsonaro não acena com PIB crescente, aumento de investimentos e muito menos incentivos – que não precisam, necessariamente, ser fiscais. O Chile, por exemplo, exige o compromisso de permanência de uma empresa por 10 anos para a concessão de benefícios. Por aqui, o governo Bolsonaro adota a política do “cada um por si”.
O BNDES hoje é tudo: estruturador de operações financeiras, adviser de privatizações, trem pagador do Tesouro, menos banco de fomento. Paulo Guedes diz que a indústria está crescendo. Como de hábito, ergue suas verdades sobre um terreno arenoso. Esse crescimento ao qual ele se refere se deve a três variáveis. Em primeiro lugar, a base de comparação usada – o mês imediatamente anterior – é baixa. Em novembro de 2020, a atividade industrial avançou 1,2% em relação a outubro. Por esse critério, foi a sétima alta consecutiva. No entanto, quando a comparação se dá com o mesmo período em 2019, foram 10 meses seguidos de baixa. Apenas em outubro e novembro de 2020 a indústria voltou a crescer frente aos mesmos meses no ano anterior.
Além disso, o auxílio emergencial e as políticas de cobertura de pagamento de salários dos trabalhadores durante a pandemia tiveram um impacto positivo circunstancial. Ressalte-se ainda o divórcio de boa parte dos brasileiros com as regras sanitárias: mais da metade da população determinou, com o apoio do presidente Bolsonaro, que o isolamento não precisava ser cumprido, o que antecipou a retomada da economia – ao custo de milhares de mortos a mais. Hoje, a indústria de transformação responde por 11% do PIB, o menor nível desde 1947. Há estimativa que chegue a 9% em 2024.
Segmentos vitais vão recuar ainda mais. A formação bruta de capital fixo deve cair 2,3% no quarto trimestre de 2020 em comparação com o terceiro, segundo projeção do Boletim Macro do Ibre-FGV. A construção civil, que tem peso no cálculo do PIB industrial, deu um piparote em dezembro, com a maior utilização de capacidade operacional desde 2014. Mas, a previsão da Câmara Brasileira da Indústria da Construção é de uma queda de 2,8% do PIB do setor em 2020. Esse cenário provoca efeitos colaterais que podem demorar anos para serem curados. Há uma crescente exportação de talentos no país, notadamente para países como Estados Unidos, Alemanha e Suécia. São profissionais de alta formação que potencialmente teriam de ser absorvidos pela indústria nacional. E daí.
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Auxílio emergencial ameaça rachar o Brasil
26/01/2021A divisão entre os estados no que diz respeito à continuidade do auxílio emergencial pode influenciar não somente as unidades federativas, mas também a escolha do presidente da Câmara, o maior ou menor fortalecimento do ministro Paulo Guedes e, em última instância, a reeleição de Jair Bolsonaro. A questão que interliga todos esses pontos é o risco de uma disputa fratricida entre as regiões ricas e pobres do país e também dentro dos próprios estados. A ameaça de ruptura é horizontal e vertical. As unidades da federação contrárias à prorrogação do benefício – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal – vocalizam os Secretários de Fazenda, que, por sua vez, dublam seus respectivos governadores.
Mas, essa posição anti-auxílio está longe de representar a população local, majoritariamente favorável à extensão do pagamento emergencial. Segundo o último levantamento Exame/Ideia, na média nacional 70% dos brasileiros apoiam a medida. Ressalte-se que há outro indicador nevrálgico que começa a andar paripassu a esse. De acordo com a pesquisa mais recente do Datafolha, 53% da população são contrários ao impeachment de Jair Bolsonaro. Certamente, boa parte deste contingente é formado por pessoas que recebem o auxílio-emergencial. Caso o governo engavete a prorrogação do benefício, uma parcela considerável dos brasileiros tende a
migrar automaticamente para o lado pró-impeachment.
Por ora, essa questão está sob brumas. Jair Bolsonaro não entregou se vai ou não renovar a concessão do auxílio emergencial. Em certa medida, essa postura tem servido de combustível para a disputa “ricos x pobres” – um duelo, ressalte-se, travado entre governos, não entre a população. Segundo o RR apurou, os estados favoráveis ao benefício já discutem algum tipo de manifestação pública para demarcar território e, ao mesmo tempo, dar uma mensagem para os seus eleitores. São as mesmas unidades da federação que, na sexta-feira passada, enviaram carta a Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre pedindo pela extensão do auxílio emergencial – os 16 estados do Norte e do Nordeste, mais Paraná e Mato Grosso do Sul. A prorrogação ou não do benefício mexe com tudo: renda, consumo, serviços, segurança pública, cenário eleitoral etc.
Do lado oposto, estão os mais abastados. Os estados “anti-auxílio” reúnem o equivalente a 72% do PIB nacional. São também os piores pagadores da federação. Somente São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais carregam quase 95% de toda a dívida dos estados junto à União. Este grupo quer furar a fila da “vacinação fiscal”, isto é pular na frente dos demais estados e antecipar seu processo de recuperação ainda que à custa dos mais de 60 milhões de brasileiros que encontraram no auxílio emergencial sua única fonte de recursos. Entre distribuir renda para a população por meio do benefício ou defender a retomada do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), os secretários de Fazenda desses estados não pensam duas vezes.
“Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Como se atraso na vacinação, mortes, milhares de internados em UTIs, desemprego, queda do poder de compra, retração da economia etc não fossem uma ameaça ainda maior. O árbitro desse embate federativo não poderá tardar a se manifestar. Há muito em jogo para Jair Bolsonaro. Difícil imaginar que ele se negue a renovar o auxílio-emergencial no momento em que a vacina atrasa, a pandemia recrudesce e o número de mortos aumenta. Além disso, esse racha entre os estados pode se refletir dentro da Câmara, com a formação de um bloco não por partidos, mas por região, em que os estados mais prejudicados com a suspensão do benefício se voltariam contra qualquer projeto de interesse do Palácio do Planalto, engessando o governo. 2022 é logo ali.
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Paulo Guedes cobra do Supremo um veredito para o ICMS
15/01/2021Como se não bastassem os embates com o Congresso, notadamente com Rodrigo Maia, Paulo Guedes anda se bicando também com o presidente do Supremo, Luiz Fux. O motivo é a demora do STF em apreciar uma questão de vital interesse da área econômica, notadamente da Receita Federal. Trata-se do julgamento dos embargos de declaração do Recurso Extraordinário (RE) 574.706, processo que pode virar de ponta cabeça as regras de recolhimento do ICMS.
Em 2017, o Supremo determinou que o tributo não deve entrar na base de cálculo do PIS e da Cofins. Até aí, morreu Neves. No entanto, até hoje, a Corte não modulou os efeitos da decisão, criando uma enorme insegurança jurídica em torno do assunto. Não está claro, por exemplo, se o ICMS a ser excluído da base do PIS e Cofins é o destacado na nota fiscal ou o efetivamente pago. Neste último caso, o montante seria menor.
Enquanto o STF não modula sua própria decisão e estabelece um balizador, os tribunais inferiores têm julgado processos relacionados a recolhimento do ICMS quase às cegas, com critérios diferentes. Paulo Guedes e sua equipe temem que a lentidão do Supremo resulte em uma enxurrada de ações contra a União, notadamente de contribuintes pessoa jurídica reclamando a restituição de tributos indevidamente recolhidos. Apesar das gestões de Paulo Guedes junto ao STF na tentativa de equacionar a questão, não há qualquer sinal de que a Corte julgará o caso no curto prazo. Até o momento, Fux não incluiu o RE 574.706 na pauta do STF para o primeiro semestre – embora, curiosamente, tenha programado o julgamento de outros sete processos que envolvem questões tributárias.
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Bolsonaro vai distribuir mais cargos do que vacinas
14/01/2021O Palácio do Planalto iniciou sua campanha de vacinação contra a “Coalizão Baleia”. A ordem é inocular o Centrão com cargos e verbas para barrar a aliança montada em torno de Baleia Rossi, garantir a eleição de Arthur Lira à presidência da Câmara e, consequentemente, assegurar a própria governabilidade de Jair Bolsonaro. Possibilidades de nomeações vêm sendo mapeadas nas conversas entre o ministro Luiz Eduardo Ramos, Lira e os principais articuladores de sua campanha, a exemplo dos deputados Hugo Motta (Republicanos) e Fausto Pinato (PP).
Segundo o RR apurou, ontem havia sobre a mesa 56 postos de todos os escalões do governo federal que poderão ser preenchidos pelo Centrão, inclusive os Ministério da Infraestrutura, de Minas e Energia e do Desenvolvimento Regional. Tudo temperado com cifrões. Paulo Guedes, por sua vez, foi incumbido de encontrar espaço dentro do sofrido orçamento onde possa encaixar o apetite pantagruélico do Centrão. A mobilização do Planalto é mais do que justificável: se fosse produzida uma peça literária sobre o enredo em torno da eleição na Câmara, ela poderia se chamar “Morte e vida, Bolsonaro”.
O governo trata a sucessão de Rodrigo Maia como um evento que não apenas antecipa, mas que, no limite, pode ser determinante para a reeleição ou não de Jair Bolsonaro em 2022. Se Baleia Rossi vencer a disputa, com o apoio da “bancada Rodrigo Maia” e dos partidos de esquerda, a Câmara passará a ser o maior “partido” de oposição do Brasil. Aí, sim, é que Bolsonaro vai poder dizer “eu não consigo fazer nada”. Governar com uma coalizão tão ampla e tão ferrenhamente contrária passaria a ser o maior teste do presidente Bolsonaro. A gestão Paulo Guedes, por exemplo, enfrentaria poucas e boas.
Se já foi difícil passar uma agenda de reformas durante o mandato de Maia, que em alguns momentos se fez de aliado do Planalto, com a eleição de Baleia vai ser pau puro. Entre outras pautas, está mais do que dado que a Câmara fará pressão pela decretação de um novo estado de calamidade e pelo retorno do auxílio emergencial. Se a proposta já encontra eco em representantes da ala mais conservadora do Congresso, imagine, então, entre os partidos de esquerda, base importante de apoio à candidatura de Baleia Rossi. A oposição terá a faca e o queijo na mão para minar, de dentro da Câmara, a gestão Bolsonaro e as suas chances de reeleição. É serviço que pode ser feito de maneira lenta, em suaves prestações até novembro de 2022, ou de forma mais radical. Já são 60 os pedidos de impeachment de Bolsonaro protocolados na Câmara. Maia cozinhou todos eles em banho-maria. Baleia Rossi pode não ter a mesma parcimônia.
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Ford deixa vários corpos pelo caminho
12/01/2021Ao encerrar sua produção no Brasil, a Ford provocou um atropelamento coletivo. A companhia criou um problema para todas as montadoras instaladas no país, dando combustível de sobra àqueles que defendem o corte de incentivos para o setor – a começar pelo ministro Paulo Guedes, atavicamente contrário a renúncias fiscais. A própria Ford recebeu aproximadamente R$ 20 bilhões em benefícios tributários no país desde 1999, ou seja, uma média de quase R$ 1 bilhão por ano. Em troca, vai deixar cinco mil trabalhadores sem emprego. Como toda tragédia embute seu próprio humor, com a Ford não poderia ser diferente. O anúncio dos norte-americanos ridicularizou a Anfavea. A Ford divulgou o fechamento de suas fábricas no país no mesmo dia em que o presidente da entidade, Luiz Carlos de Moraes, estampou a página do jornal Valor Econômico, com a previsão de aumento de 15% nas vendas de automóveis em 2021. Ficou parecendo que Moraes foi o último a saber da drástica decisão de uma das associadas da Anfavea. A decisão da Ford terá desdobramentos sobre todos os setores da economia, devido à capilaridade da sua cadeia de produção. Poderá
impactar também nos juros e no câmbio. Foi um strike.
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Isso já virou caso de divã
7/01/2021Rogério Marinho identificou as digitais de Paulo Guedes nos boatos de que poderá ser demitido do Ministério do Desenvolvimento Regional para dar lugar a uma indicação do Centrão. “Vamos aguardar o segundo tempo”, é o que Marinho tem dito a assessores próximos.
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Muito barulho por nada
6/01/2021Paulo Guedes tenta convencer Jair Bolsonaro a reincluir a Ceagesp no programa de privatizações do governo. A venda ocorreria em 2022. A empresa de abastecimento de produtos agrícolas é a “estatal da roubalheira”, nas palavras do próprio Bolsonaro.
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Segunda tentativa
5/01/2021O RR apurou que as centrais sindicais vão apresentar novamente no Codefat o pedido de pagamento de duas parcelas adicionais do seguro-desemprego aos trabalhadores demitidos durante a pandemia. Parece até que não sabem quem é Paulo Guedes.
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Contramão
4/01/2021As seguidas declarações do novo presidente do Banco do Brasil, André Brandão, tratando a venda de subsidiárias como algo não prioritário, têm provocado um crescente incômodo no ministro Paulo Guedes.
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Receita de Natal para Paulo Guedes não ser detestado
22/12/2020O RR quer dar um presente de Natal a Paulo Guedes, que empreendeu uma enérgica batalha pela aprovação de medidas econômicas necessárias ao ajuste econômico e à retomada do crescimento. Decidiu por ofertar um decálogo de ações facilitadoras do diálogo com os diversos públicos. Bobagem isso que ministros da Economia têm de ser naturalmente odiados. Ao contrário, Guedes tem de tentar ser amado e não se manter como o sujeito intolerável que aparece nas mídias. Vamos às propostas:
I. O ministro deve ser reportar mais à população e não somente aos empresários , quando trata das dificuldades com o Congresso para aprovação das reformas estruturais. As reformas são do povo. É isso que Guedes têm de conseguir expressar.
II. As reformas têm de ser mostradas em bloco para a sociedade. Na TV, no cinemas e todas as mídias do país, em um movimento simultâneo de guerra e paz. Querer fazer uma mudança estrutural nos hábitos e direitos da população sem dar explicações convincentes parece um contrassenso.
III. A pedra de toque é a expressão “melhoria geral para todos”. Ou algo assim. Recomenda-se que o ministro foque seu discurso nos pontos centrais da reforma. Nada de diversionismo, como falar de imposto do pecado ou de fundo das estatais.
IV. E onde estão os gráficos, estatísticas e simulações do que essa gestão reformista vai trazer de benefícios ao povo? E cadê o material de divulgação que explique bem explicadinho o que todos vão ganhar?
V. Eficiência, eficácia, controle, ajuste, racionalização são termos para um publico que não precisa de carinho. Estamos falando de banqueiros e afins. Mas, o país não é compostos só pelos donos do capital. Vale a pena pensar em frases diferentes para aqueles que querem e precisam ser bem tratados. Que tal: “Eu estou com você e não abro mão de lhe dar um emprego” ou “Eu coloco minha honra em jogo se não viveremos muito melhor”.
VI. Guedes deve parar de dar entrevistas destemperadas ao fim de palestras ou na porta do Ministério e organizar o contato com imprensa para encontros permanentes e amigáveis. Se não, ficará refém de entrevistas no calor de hora e depois do achincalhe nos jornais.
VII. O ministro é inteligente, uma força viva, por isso não precisa se vangloriar dos seus feitos ou da sua capacidade intelectual. O que era para ser reconhecido como mérito acaba sendo pedantismo e bravata. “Li Keynes no original, três vezes”, nunca mais.
VIII. Guedes não vai fazer tudo o quer, mesmo que essa seja a sua intenção. Valeria reforçar a mensagem sobre a importância de colaboração do Congresso. O ministro não conseguirá realizar as reformas se não tiver a “cumplicidade dos políticos”. Parece uma platitude, mas é umas melhores recomendações.
XIX. Recomenda-se variar as abordagens nas dezenas de apresentações que o ministro dá. O mercado financeiro sabe de cor o que Guedes vai dizer. O que sobra é a graça dos chistes e o mal estar das grosserias. É preciso pautar todos os públicos. Caso contrário, Guedes posa de tribuno “de uma nota só para um público só”. É chato.
X. Recomenda-se também ao ministro não sair batendo, sem limite, nas entidades corporativas. O exemplo mais recente foi o da Febraban. Guedes deveria lembrar de uma das suas referências, o professor Octávio Gouvêa de Bulhões, que recusava pedidos de empresários e não alterava um músculo do rosto quando tinha de anunciar medidas restritivas. Tinha a maior autoridade, mas não brigava com ninguém. A beatitude de Bulhões pode ser muito para Guedes. Mas, seu comportamento regrado poderia ser uma boa inspiração.
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Caixinha de Natal
18/12/2020Boa parte dos 18 institutos vinculados ao Ministério da Ciência e Tecnologia vive um fim de ano incomum. Que Paulo Guedes não escute, mas todos estão com sobras orçamentárias, que serão prioritariamente usadas para a compra de equipamentos. Efeitos da pandemia e do home office, que reduziram, por exemplo, os custos de manutenção de instalações e os gastos com viagens de servidores.
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Alcolumbre vai dar o troco?
18/12/2020O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes temem que Davi Alcolumbre coloque em votação ainda neste ano o projeto de lei do senador Alessandro Vieira, que propõe a prorrogação do auxílio emergencial até março de 2021. A medida teria ares de vendeta. Alcolumbre acha que o governo se empenhou pouco em relação ao julgamento do STF, que acabou barrando a possibilidade de reeleição para a presidência do Senado.
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Sony recebe o troco pelo seu “game over” no Brasil
16/12/2020A Sony virou uma companhia “non grata” no governo. Segundo o RR auscultou no Palácio do Planalto, o próprio presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes estão irritados com a decisão da empresa de encerrar sua produção no Brasil, com o fechamento da fábrica de TVs e equipamentos de áudio em Manaus. No Ministério da Economia, já se cogita uma reação “olho por olho, dente por dente”: voltar atrás na redução do IPI para aparelhos de vídeos games, anunciada em outubro. Em boa parte, a decisão foi alimentada pela expectativa de que a Sony iniciasse a produção do console Playstation 5 no Brasil. No entanto, a companhia japonesa não fez qualquer movimento neste sentido e, não satisfeita, desativou uma fábrica que funcionava há 48 anos, demitindo 200 trabalhadores. Uma questão central aumenta a rejeição à Sony dentro do Palácio do Planalto. O setor de jogos eletrônicos tornou-se menina dos olhos de Jair Bolsonaro, por conta do rebento Jair Renan. Guardadas as devidas proporções, a área de games está para o “04” assim como a indústria de armas para Eduardo Bolsonaro. Jair Renan tem atuado mezzo como lobista mezzo como uma espécie de secretário informal do governo para o setor de jogos. Em Brasília, a própria redução da tributação de vídeo games e acessórios é atribuída a um pedido de Jair Renan ao pai.
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Não toma partido
16/12/2020- O ministro Paulo Guedes foi sondado por BTG e XP para que assuma um lado no contencioso sangrento entre as duas instituições. Já mandou avisar que não toma partido, mesmo com todo o carinho que nutre pela antiga casa.
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A “reforma administrativa” do TCU
15/12/2020O TCU tem um presente de Natal às avessas para os servidores federais. O Tribunal vai realizar fiscalizações especiais nas folhas de pagamento de estatais e órgãos do serviço público. O objetivo é identificar e brecar casos de incorporação de gratificações e de funções comissionadas aos salários sem dotação orçamentária específica e autorização do Ministério da Economia. Paulo Guedes agradece. O próprio TCU criou jurisprudência ao proibir a prática na Conab, vinculada ao Ministério da Agricultura. Os critérios para gratificações e funções no serviço público são uma barafunda. Nem mesmo a proposta de reforma administrativa em tramitação no Congresso é clara sobre o tema. Caso ela seja aprovada, será necessário um projeto de lei específico para regular esse tipo de pagamento.
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Freitas é o “ministro da insegurança jurídica”
14/12/2020O ministro Paulo Guedes está colecionando deslizes do seu adversário Tarcisio Freitas, ministro da Infraestrutura. O Ministério da Economia tornou-se um pote até aqui de mágoas de concessionárias dos mais diversos modais. As queixas têm levado Guedes, em conversas reservadas com sua equipe, a se referir a Freitas como o “ministro da insegurança jurídica”. Algumas das suas performances constam da galeria de barbeiragens da infraestrutura.
Na área portuária, a omissão da Pasta é apontada como o principal motivo para um imbróglio tarifário que ameaça travar as privatizações do setor. O Ministério de Freitas, que deveria ser o principal interessado no assunto, pouco ou nada se empenhou para criar uma regulação específica para a cobrança da THC2 (Terminal Handling Charge), taxa referente ao serviço de agregação e entrega de contêineres. Os importadores questionam não só os valores, mas a forma como a cobrança é feita pelo agente marítimo da companhia de navegação – responsável por posteriormente repassar o valor ao operador portuário. Hoje, eles recebem uma fatura fechada, sem discriminação do THC2 e das demais taxas.
Importadores acusam os armadores de inflar o valor da tarifa e criar gastos artificiais. A indefinição quanto aos critérios de cobrança da THC2 transforma a composição de custos dos terminais portuários em uma área cinzenta. Esse limbo regulatório pode não apenas gerar questionamentos aos estudos de viabilidade econômico-financeira dos portos a serem leiloados, a começar por Santos e Vitória, como desencadear uma onda de ações judiciais pós-privatização. Enquanto Freitas vira as costas para o problema, ações sobre a legalidade da THC2 se acumulam na Justiça e no Cade. No setor aeroportuário, Tarcisio Freitas é criticado por Guedes pela demora em resolver pendências como a da licença de Viracopos.
Há quase dois anos, a atual operadora negocia a devolução da concessão, mas tem esbarrado em um labirinto burocrático. Ao mesmo tempo chama a atenção a morosidade do Ministério da Infraestrutura em definir o modelo de relicitação de Viracopos. A Justiça, por exemplo, foi muito mais célere e eficiente do que a Pasta. Na última sexta-feira encerrou o processo de recuperação judicial da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos (ABV). Ainda assim, não há qualquer sinal de quando será formalizada a entrega da licença e, muito menos, em relação à data para o novo leilão.
No setor rodoviário, pesa contra Tarcisio Freitas a insegurança imposta à Nova Dutra e à CRT, cujos contratos vencem, respectivamente, em fevereiro e março de 2021. As duas empresas não conseguem ter uma resposta de Freitas quanto ao timing de relicitação das duas concessões. Ambas trafegam no escuro, sem uma definição do ministro, nem que seja para ficarem apenas mais seis meses com as licenças. Parece um governo anti-privatista. Outro equívoco de Freitas diz respeito à Concer. O ministro é enfático em relação ao término do contrato de concessão. Ressalte-se que a companhia tem obras importantes a concluir – uma delas, a Nova Subida da Serra, já está com 50% executados. Ainda assim, Freitas apoia a reestatização da concessão e a sua transferência para o DNIT. Com um detalhe que certamente nada tem a ver com o ministro: o órgão é um poço de corrupção.
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Dinheiro doméstico
14/12/2020Paulo Guedes não vê com bons olhos a proposta da Previc de aumentar o limite para investimentos dos fundos de pensão no exterior, de 1% para até 10%. Principalmente na hora em que o país mais precisará de recursos para deslanchar o programa de privatizações.
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Assembleia
10/12/2020Para que a declaração do presidente da Febraban, Isaac Sidney, trazendo Paulo Guedes às falas saísse, foi necessária praticamente uma assembleia entre os associados da entidade.
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Caça as bruxas
9/12/2020Paulo Guedes está fazendo uma caça aos colunistas que o desagradam. Juntem os pontinhos.
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Quando a pandemia e as privatizações dão as mãos
3/12/2020O presidente Jair Bolsonaro nega. O ministro Paulo Guedes, também. Mas a possibilidade de prorrogação do estado de calamidade – que, a princípio, se encerra no dia 31 de dezembro – cresce à medida que os casos de Covid-19 voltam a disparar. Diante dessa hipótese, uma das soluções que se encontram nos tubos de ensaio da equipe econômica seria aproveitar a “oportunidade” e associar o regime de urgência à venda das estatais já carimbadas como privatizáveis, casos dos Correios, Casa da Moeda, Eletrobras, PPSA e Porto de Santos – além de outras empresas que, nessas circunstâncias, poderiam ser trazidas para esse rol.
Os recursos arrecadados não entrariam na receita primária. Eles seriam utilizados para abater a dívida fiscal, indiretamente gerando folga para o aumento do gasto público, notadamente na área de saúde, e para o financiamento de uma possível prorrogação do auxílio emergencial. A essa altura, com a curva da Covid-19 embicando para cima, não se trata de uma discussão ideológica ou dogmática, mas, sim, de uma questão salvacionista do ajuste fiscal. A possibilidade de trazer as privatizações para próximo do estado de calamidade permitiria uma geração de receita capaz de evitar que uma segunda onda da pandemia tenha um efeito absolutamente implosivo sobre a economia brasileira.
Ao mesmo tempo, poderia ser uma redenção para o programa de desestatizações, até o momento um dos maiores fracassos do governo Bolsonaro e da gestão Paulo Guedes. No ano passado, o STF decidiu que privatizações devem ser aprovadas caso a caso pelo Congresso – a exceção à regra é a venda de subsidiárias, caso, por exemplo, das refinarias da Petrobras. No entanto, situações excepcionais exigem soluções excepcionais. Uma saída poderia ser uma lei ordinária nos moldes do que fez, por exemplo, o governo Collor. Na ocasião, a lei no 8.031, de 12 de abril de 1990, criou o Plano Nacional de Desestatizações, autorizando de uma só vez um pacote de privatizações.
Seria uma forma de evitar a necessidade de aprovação do Legislativo estatal por estatal. Caberia ao governo uma articulação com o próprio STF para dar respaldo jurídico à engenharia e evitar questionamentos posteriores. A própria lógica do estado de calamidade cria as situações de exceção para que essas medidas geradoras de recursos para a União possam ser adotadas. Em tempo: PT e PSOL parecem já ter rastreado as intenções do governo. Os dois partidos tentam acelerar a tramitação na Câmara do Projeto de Lei no 2085/2020, de autoria dos deputados Enio Verri (PT-PR) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS). O PL em questão propõe suspender qualquer privatização no país por 12 meses após o fim do estado de calamidade.
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Boa nova
1/12/2020A Apple tem planos de abrir sua segunda loja em São Paulo em 2021. Dois shoppings triple A da cidade são candidatos a receber o empreendimento. O ministro Paulo Guedes agradece: não deixa de ser uma aposta da Apple no reaquecimento da economia brasileira.
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Vírus da discórdia contamina permanência de Guedes
30/11/2020Após a declaração de Jair Bolsonaro de que Paulo Guedes continua sendo seu Posto Ipiranga e é insubstituível, o ministro da Economia chorou suas pitangas junto ao presidente da República. Guedes reclamou do que chama de uma fritura universal, da qual participam integrantes do próprio governo, membros do Legislativo e até alguns generais de quatro estrelas. Esse ambiente de permanente sabotagem acaba por levar Bolsonaro a declarar apoio ao seu ministro quase semana sim, semana não.
É o caso em que o suporte presidencial acaba por tornar Guedes mais frágil. Quem precisa de respaldo toda hora fica parecendo mais vulnerável do que realmente é. O ministro se queixa da turma “fura teto” da Esplanada dos Ministérios e dos “militares desenvolvimentistas” do Palácio do Planalto. Mas, seu maior incômodo é com a falta de empenho do governo em pressionar o Legislativo pela aprovação das reformas. Guedes sabe que não tem a simpatia do Congresso e sequer do Centrão, base aliada de Bolsonaro.
Ele gostaria também que outros componentes do governo – a exemplo dos presidentes da Caixa, Pedro Guimarães, e do BC, Roberto Campos Neto, ambos considerados virtuais candidatos ao seu cargo – fossem mais efusivos nas suas declarações de apoio. Com relação ao ministro Do Desenvolvimento Regional, Rogerio Marinho, Paulo Guedes gostaria que o presidente Bolsonaro o desautorizasse nas vezes em que ele dá declarações contrárias à política econômica adotada. Guedes sabe que, mais do que nunca, precisa da aprovação de alguma reforma. Aliás, é o que vem propalando infrutiferamente desde antes da posse de Bolsonaro. Seus opositores consideram que o tempo de aprovação das medidas é o melhor termômetro da permanência ou não de Guedes. A cada traço de aumento no medidor cresce a febre da desp dida do ministro. A qualquer hora, o termômetro estoura.
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Olavo II
30/11/2020Paulo Guedes foi avisado de que entrou na alça de mira de Olavo de Carvalho. Motivo: a recente reunião com dirigentes da Huawei.
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“Nostradamus” não acerta uma
27/11/2020A cada hora o ministro Paulo Guedes fala que uma das reformas vai sair esse neste ano. Puro chutômetro. Guedes e as torcidas do Flamengo e do Corinthians sabem que alguma medida vai ser aprovada. Só que não têm ideia de qual será. Nem o Congresso, ou melhor, a Câmara dos Deputados tem a resposta. O RR torce para que seja a tributária, que dará maior celeridade à economia, assim como para que ela saia logo em dezembro. Mas isto provavelmente não vai acontecer.
…
Quando o governo fala que vai passar isso ou aquilo no Congresso até tal período, vale rememorar as palavras do ex senador Antônio Carlos Magalhães: “O Congresso só aprova o que ele quer”. Parece platitude, mas é uma profunda filosofia política.
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Carrefour 2
26/11/2020Um dos ex-colaboradores de Paulo Guedes disse em um grupo na internet que não há racismo no Brasil e que o massacre do Carrefour não passou de um acidente.
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Tarcísio é o Dr. Pangloss da Infraestrutura
24/11/2020O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, está aproveitando o apagão ocorrido no Amapá para defender, dentro do Palácio do Planalto, a desestatização completa da Eletrobras. O desastre é a pedra de toque para desmontar o projeto de capitalização da estatal e colocar no lugar sua venda em bloco. Freitas tem como aliado o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. O lema do ministro é “agora ou nunca”.
Segundo a fonte do RR, nesse assunto, caminharão juntos a ele, Rogério Marinho e Paulo Guedes. Uma trinca inédita em se tratando de consenso. Os generais palacianos, como se sabe, seguem com Freitas. O ministro da Infraestrutura está em modo de otimismo. Antes de dar posse, no último dia 18, ao novo diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, Freitas revelou que o projeto da BR do Mar (programa de incentivo à cabotagem) está na agulha para ser votado na Câmara, na semana que vem.
Aposta que a aprovação da medida sairá na íntegra. E lacra que no Senado a votação acontecerá em dezembro. Tudo nos. Porém, algumas lideranças no Congresso, com quem o RR conversou sobre a matéria, consideram que o ministro está animado demais em relação ao prazo. É preciso ainda debater com os agentes do setor sobre as mudanças propostas pelo governo. Coisa que não foi feita. Mas Freitas continua firme na sua encarnação do Dr. Pangloss, a personificação do otimismo na sátira de Voltaire, para quem “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”.
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Entreouvido
24/11/2020Entreouvido na Febraban: “Se fosse o Murilo Portugal na presidência da entidade, ele metia o pau no Paulo Guedes”. Pano rápido.
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Garganta de ouro
23/11/2020Dessa vez, Paulo Guedes não cascateou. A economia, no biênio 2020/2019, cairá somente -1% do PIB. Para isso, é necessário que o PIB não caia além das projeções de -4,5%. Mesmo assim, o resultado é refrescante. Se cravar os 4% do PIB projetados para 2021, retornamos à situação de 2019. Mas não tem nada de decolagem da economia ainda.
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Parece mas não é?
23/11/2020Uma coisa pode não ter a ver com a outra, mas o Pix parece ter sido feito sob encomenda para o imposto sobre transações do ministro Paulo Guedes.
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Ofegante
20/11/2020Tem jeito de notícia velha, mas a esposa de Paulo Guedes, Maria Cristina, continua bastante preocupada com o estresse do marido. Guedes, inclusive, anda muito ofegante.
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Empréstimo compulsório é uma esquina antes da CPMF de Paulo Guedes
19/11/2020O ministro Paulo Guedes estuda a aplicação de um empréstimo compulsório caso o país venha a sofrer uma segunda onda de Covid-19. A ideia é mitigar ao máximo os gastos orçamentários. Mesmo que seja reaberto o estado de calamidade e volte a ser liberado algum auxílio emergencial, a ideia é buscar diretamente junto à sociedade parcela do financiamento da pandemia.
O propósito é reduzir o gasto primário e conter a bola de neve da dívida pública. O ministro não tem mais de onde tirar o dinheiro, caso seja mantido o modelo do teto dos gastos. A reforma tributária não deve sair neste ano. E as privatizações mais relevantes sabe-se lá quando ocorrerão. Não há muito onde se socorrer para conter o desarranjo fiscal. Se houvesse tempo, Guedes lançava mão da sua CMPF. Não para desonerar a folha de salário, mas para gastar mesmo com a pandemia.
Não custa lembrar que o Brasil é careca de experimentar o expediente do compulsório. Já foram mais de dezena de vezes. Para criar o empréstimo compulsório é necessário a edição de uma lei complementar, que deverá ser votada duas vezes em cada casa legislativa (Senado e Câmara). Como é um gravame de exceção, ele pode ser cobrado imediatamente, não respeitando o princípio da anualidade. Bem, pelo menos é melhor do que um tributo, que já nasce para ser permanente. No Congresso, já há quem defenda que o compulsório somente valesse para as grandes fortunas. Mais à frente, os ricos dificilmente escaparão de uma facada nos seus dividendos. Seria a estreia do inimaginável “Paulo, o vermelho”. Questionado sobre o imposto, o Ministério da Economia disse que informação não procede. Fica o registro.
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Fila indiana
16/11/2020Paulo Guedes entrou em divergência com mais um ministro: o almirante Bento Albuquerque, de Minas e Energia. Guedes faz pressão pela privatização da PPSA, que, entre outras missões, administra o petróleo obtido pela União sob o regime de partilha. Albuquerque é contra.
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Tudo contra o “ministro gastador”
12/11/2020Paulo Guedes tem detonado dentro do governo a proposta de “privatização” dos fundos de desenvolvimento do Nordeste (FDNE), da Amazônia (FDA) e do Centro-Oeste (FDCO). Não porque desgoste da medida. Muito pelo contrário. Mas, entre defender seu próprio ideário e bater no desafeto Rogério Marinho, pai da proposição, Guedes não tem a menor dúvida.
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Mercado futuro
10/11/2020Paulo Guedes é um kryptoliberal. Está promovendo na marra a estatização do sistema bancário. Dizem as más línguas que, quando
deixar o governo, vai abrir sua própria fintech. Pode ser. Seria uma “Operação Arrasa Bancos” para, depois, entrar no mercado
numa boa. Para o RR, não passa de maledicência pura.
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Leite quente
6/11/2020Grandes produtores de leite estão pressionando Paulo Guedes a elevar a tarifa de importação de lácteos. O RR teve a informação de que um manifesto do setor chegará nos próximos dias à mesa do ministro. As importações de leite e derivados dispararam nos últimos meses: em agosto, o volume foi 56% superior ao registrado no mesmo mês em 2019. Não custa lembrar que a relação entre o setor e Paulo Guedes azedou no ano passado, quando o ministro decidiu zerar as alíquotas para a importação de leite. Acabou desautorizado pelo próprio Bolsonaro.
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Banco Central cogita um PIX para transações internacionais
5/11/2020Nos corredores do Banco Central há quem defenda um PIX em camadas. O próximo passo seria a adoção do sistema de pagamentos eletrônicos na área de transações internacionais. A medida teria impacto positivo para o comércio exterior. Hoje, toda a movimentação financeira em torno das exportações é uma barafunda. Da emissão do “conhecimento de embarque”, documento feito pelo comandante do navio, até a cobrança e o pagamento internacional, a média é de quatro dias para companhias de navegação estrangeira. No caso de uma empresa brasileira, esse prazo pode chegar a 10 dias. Isso para não falar da burocracia e dos custos que ela traz a reboque. Um exemplo: um armador relatou ao RR a via crucis que teve de atravessar no mês passado, ao embarcar três contêineres para o Porto de Hamburgo. O Bill of Landing (BL) – o “conhecimento de embarque” emitido pelo transportador – só foi expedido um dia antes da chegada do navio à Alemanha. Resultado: o armador teve de arcar com um gasto extra de 700 euros para bancar a estadia da carga no terminal até que toda a documentação fosse liberada e o pagamento, concluído. Com o “PIX das transações internacionais”, toda a operação financeira poderia ser feita em questões de minutos, sem a necessidade de qualquer documento físico. O sistema poderia ainda reduzir os custos bancários que incidem sobre o comércio exterior. Essa despesa é debitada diretamente no valor da fatura do exportador. Chega a custar até 1% do valor da carga.
…
Por falar em comércio exterior: grandes exportadores brasileiros têm cobrado do ministro Paulo Guedes que o Ministério da Economia entre em campo para solucionar a lentidão do governo argentino na expedição de guias de importação para produtos brasileiros. Em alguns casos, um procedimento que levava menos de uma semana tem demorado cerca de um mês. O governo Alberto Fernández estaria conduzindo uma espécie de operação tartaruga na autorização das importações para frear a escassez de dólares no país.
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Banco Central cogita um PIX para transações internacionais
5/11/2020Nos corredores do Banco Central há quem defenda um PIX em camadas. O próximo passo seria a adoção do sistema de pagamentos eletrônicos na área de transações internacionais. A medida teria impacto positivo para o comércio exterior. Hoje, toda a movimentação financeira em torno das exportações é uma barafunda. Da emissão do “conhecimento de embarque”, documento feito pelo comandante do navio, até a cobrança e o pagamento internacional, a média é de quatro dias para companhias de navegação estrangeira. No caso de uma empresa brasileira, esse prazo pode chegar a 10 dias. Isso para não falar da burocracia e dos custos que ela traz a reboque. Um exemplo: um armador relatou ao RR a via crucis que teve de atravessar no mês passado, ao embarcar três contêineres para o Porto de Hamburgo. O Bill of Landing (BL) – o “conhecimento de embarque” emitido pelo transportador – só foi expedido um dia antes da chegada do navio à Alemanha. Resultado: o armador teve de arcar com um gasto extra de 700 euros para bancar a estadia da carga no terminal até que toda a documentação fosse liberada e o pagamento, concluído. Com o “PIX das transações internacionais”, toda a operação financeira poderia ser feita em questões de minutos, sem a necessidade de qualquer documento físico. O sistema poderia ainda reduzir os custos bancários que incidem sobre o comércio exterior. Essa despesa é debitada diretamente no valor da fatura do exportador. Chega a custar até 1% do valor da carga.
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Por falar em comércio exterior: grandes exportadores brasileiros têm cobrado do ministro Paulo Guedes que o Ministério da Economia entre em campo para solucionar a lentidão do governo argentino na expedição de guias de importação para produtos brasileiros. Em alguns casos, um procedimento que levava menos de uma semana tem demorado cerca de um mês. O governo Alberto Fernández estaria conduzindo uma espécie de operação tartaruga na autorização das importações para frear a escassez de dólares no país.
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General Kuster
5/11/2020Paulo Guedes é o maior entusiasta no governo da proposta de eliminar a meta de proteção de 100% das terras indígenas do país. Guedes prega que o Estado gasta muito dinheiro para cumprir uma obrigação inexequível. Como se sabe, para o ministro, “essa história de matar índios e queimar florestas é um exagero”.
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Rebaixamento
5/11/2020Depois de Jair Bolsonaro, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é hoje o principal interlocutor do governo com o senador Marcio Bittar, relator da proposta orçamentária para 2021. Paulo Guedes? No máximo, pega o terceiro lugar do ranking.
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Uma vez Paulo Guedes, sempre Paulo Guedes
30/10/2020Paulo Guedes quer fritar os bancos comerciais e privatizar o SUS. Em relação aos grandes bancos, é possível que o ministro tenha criado algum trauma – diz-se que era um apostador contumaz no mercado de ações, o que o teria levado a perder uma pequena fortuna. O fato é que Guedes se empapuçou de ganhar dinheiro em um desses bancos – o Pactual, hoje chamado de BTG – que, segundo ele, “enganam 200 milhões de trouxas”. Agora se sente à vontade de escarnecer com a antiga casa e moradias vizinhas. Quanto ao SUS, Paulo Guedes nunca foi e nem irá mesmo. By the way: a Febraban pode usar sua milionária tropa de choque – Nizan Guanaes, Ana Tavares e Antonio Lavareda – para enfrentar a falta de limites de Paulo Guedes.
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Manda quem pode…
30/10/2020A decisão do governo de aumentar os incentivos à Zona Franca de Manaus partiu do próprio presidente Jair Bolsonaro, a pedido do governador do Amazonas, Wilson Lima. Paulo Guedes foi apenas “comunicado”.
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Paulo Guedes topa ser o ministro do anti-racismo?
28/10/2020As agências de pesquisas de tendência Box1824 e a consultoria Indique uma Preta identificaram dados relevantes sobre a ocupação pelo negro no mercado de trabalho. A amostragem foi de 1.000 mulheres negras e pardas. No andar de baixo, 54% não têm trabalho remunerado atualmente.
No andar mais alto, simplesmente não existem negros CEO ou vice-presidente. A dúvida entre os institutos é como dar densidade política e identificar o speaker no governo para entregar formalmente o estudo. A preferência, por enquanto, seria o ministro Paulo Guedes, que ainda carrega a pasta do Trabalho, e precisaria de uma causa mais amigável para desopilar o discurso de malévolo destilado em todas as áreas.
Se há alguém que fala com autoridade junto aos CEOs é Guedes. Seria uma bela bandeira social para quem só tem uma bandeira – preta, com uma caveira branca – para sacudir frente aos orçamentos, principalmente no que tange os grupos menos favorecidos – as mulheres mais atingidas entre eles, é claro. Na verdade, com Guedes ou sem Guedes, a causa permanece, antes de tudo porque é justa. São os passivos históricos do Brasil que persistem até hoje.
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Fla-Flu
26/10/2020O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, está convicto de que o entorno de Paulo Guedes ajudou a vazar e amplificar a informação de que ele é o ministro que mais infla seus proventos com jetons, especialmente do Sistema S. Como diria Ancelmo Gois, “Paulo Sempre Ele Guedes”.
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O plebiscito de Paulo Guedes
19/10/2020O ministro de Economia, Paulo Guedes, na saída de evento para advogados mostrou o quanto está exasperado com as dificuldades de aprovação das reformas e a deterioração das contas fiscais. Guedes soltou para os interlocutores que os “atrasa-reformas e os fura teto” deviam ser submetidos a um plebiscito. De um lado, os cortes de mamatas fiscais, salários espetaculares do setor público manutenção de empresas públicas e deficitárias; de outro, simplesmente o Renda Brasil, beneficiando 60 milhões de pessoas. Guedes teria dito em estado de júbilo: “Aí eles veriam o que o povo quer”. Cutucado por um dos presentes que o plebiscito teria de ser aprovado pelo Congresso, o ministro falou: “E eles não aprovaram as armas?”. Concluindo: “Essa seria uma missão para o nosso presidente Bolsonaro”.
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Metamorfose
16/10/2020Paulo Guedes já foi o beato Salu. Agora virou o Dr. Pangloss, personagem do Candide, de Voltaire, que professava um otimismo religioso. Guedes diz que o “Brasil está muito bem visto lá fora”, “respondeu fulminantemente à crise” e “voltou a crescer em velocidade alucinante”. Menos Guedes, menos.
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Boa sorte, Guedes
13/10/2020É a sexta vez que Paulo Guedes consegue reverter uma situação de fragilidade no governo Bolsonaro, repetindo o que ninguém acredita. A ver até quando. Boa sorte, Guedes.
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Na boca do povo
9/10/2020Onyx Lorenzoni é mais um ministro a falar poucas e boas de Paulo Guedes. O motivo é o risco de cortes no orçamento do Programa de Aquisição de Alimentos Federal, que tem impacto direto sobre a agricultura familiar.
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Tombo do PIB não vai ser tão feio quanto se imaginava
8/10/2020Apesar das tonterias de Paulo Guedes, a economia está reagindo mais positivamente do que o próprio ministro previa alguns meses atrás. Segundo fontes do RR, Ministério da Economia e BC já teriam sinalizações de recuperação do PIB em suas projeções para este ano, com os números caminhando para as casas de -3% e -4% respectivamente. Os indicadores da crise estão todos bem abaixo das expectativas tétricas do seu início. O PIB começou com projeções que iam até -14%.
O FMI estimava uma contração de -9%. Agora, projeta 5,8%, alinhado com JP Morgan, Safra e Banco Inter, somente para citar alguns. Em seu último anúncio, o Banco Central previa 5% de queda do Produto. O Ministério da Economia, por sua vez, projetava uma redução pouco superior a 4%, em linha com o UBS, que rebaixou sua estimativa para -4,5%. O viés do PIB é de alta para o terceiro trimestre, segundo praticamente todas as instituições consultadas. Para 2021, o FMI projeta um crescimento de 2,8%, na contramão do mercado. Mas, como se viu, o Fundo erra muito.
A grande maioria das projeções para o PIB sinalizou um aumento entre 3% e 4%. Há quem acredite que chegará até 5%. É verdade que esse crescimento é em grande parte contábil, devido à base baixa de cálculo. E como o governo está inerte, não passaria de um voo de galinha. No entanto, é também irretorquível que a melhora das projeções do PIB ajudará no ambiente de negócios e trará a sensação de distanciamento da crise. Outro número ruim e bom é o do desemprego. Ruim porque aumentou para 13,8%, o maior índice em 25 anos. Bom, porque é expressivamente mais baixo do que a previsão em até 19% do início da pandemia.
Além do fato de que, mesmo com toda a tragédia, a taxa de desocupação é pouco superior à que tivemos em diversos meses do biênio 2017/2018, quando o indicador de desemprego esteve na faixa superior aos -13%. No mês de agosto, a criação de vagas também surpreendeu: segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de postos de trabalho criados atingiu 249.388 vagas. Foi o maior resultado para o mês de agosto dos últimos 10 anos. Os incentivos para geração de empregos, e, por via transversa, o auxílio emergencial, tiveram peso expressivo no aumento dos números.
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Maia chuta MP para escanteio
7/10/2020Ao mesmo tempo em que digladia com Paulo Guedes, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem dado uma canseira nos dirigentes dos grandes clubes brasileiros. Os cartolas tentam marcar uma reunião com Maia para pedir a votação da Medida Provisória 984, a MP do Mandante, que regula a compra de direitos de transmissão esportiva no Brasil. Em vão. A tática de Maia já está mais do que explícita: deixar a MP caducar – ela expira no próximo dia 18.
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Vai cair do céu?
7/10/2020O governador do Mato Grosso do Sul, Reynaldo Azambuja, bateu à porta do ministro Paulo Guedes. Está solicitando a liberação emergencial de cerca de R$ 100 milhões para as ações de combate aos incêndios no Pantanal. Talvez seja melhor esperar sentado.
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Expectativa x realidade
2/10/2020IPOs em queda. Investimentos estrangeiros diretos descendo a ladeira. Câmbio em alta. Capacidade ociosa resiliente. Curva de juros
futuro em alta. Rolagem mais onerosa da dívida interna. É tudo muito desagradável. E, ao contrário do que diz Paulo Guedes, não parece que a economia esteja decolando.
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Sai o precatório e entra a dívida ativa da União
1/10/2020Em meio aos delírios e ao desordenado ziguezague da equipe econômica na busca por recursos para financiar o Renda Cidadã, uma ideia que parecia morta voltou à ribalta. Trata-se da criação de um fundo especial de créditos inadimplidos da dívida ativa da União. O projeto permitiria a securitização ou mesmo a venda para terceiros, com alguma taxa de deságio predefinida, de parte dos recebíveis de contribuintes cadastrados na dívida ativa.
Ou seja: o governo poderia trocar “dinheiro ruim” (de recebimento duvidoso e de prazo incalculável) por “dinheiro bom”, leia-se liquidez imediata. A escala da operação mais do que justificaria essa arquitetura. O total da dívida ativa da União gira em torno de R$ 2,2 trilhões. Significa dizer que se o governo conseguisse recuperar uma parcela ínfima de não mais do que 2%, colocaria para dentro do Tesouro algo em torno de R$ 40 bilhões, mais do que o orçamento do Bolsa Família previsto para 2021. A ideia não é nova – aliás, este é um governo de poucas composições inéditas e muitas regravações.
Este é um projeto antigo de José Serra. No passado recente, Henrique Meirelles também levantou a bola algumas vezes. Trata-se de uma proposta bem mais sensata do que o uso de recursos de precatórios, o balão de ensaio que não durou sequer um dia. É a mão inversa: em vez de dar um calote e fazer uma gestão esperta de seus passivos, o governo buscaria dinheiro entre os seus créditos. É muito mais razoável, para dizer o mínimo. Não faltam alternativas para a viabilização desse fundo lastreado nas dívidas ativas da União. Parte desses créditos poderia ser comprada por fundos de pensão e bancos públicos, a começar pelo BNDES.
Também seria possível testar o próprio mercado, com a venda desses passivos securitizado a bancos e investidores privados. Seriam títulos com risco zero, uma vez que o próprio governo daria a garantia de recompra em um determinado prazo, a despeito do crédito ser ou não recuperado. Em tempo: ontem, o desatino de Paulo Guedes com a questão dos precatórios e do Fundeb levou auxiliares do presidente Jair Bolsonaro a fazer gozação com o ministro da Economia. Houve quem perguntasse, ironicamente, por que Guedes não desloca verbas de fora do teto de gastos para o pagamento do Renda Cidadã, tais como os recursos alocados para a construção das novas fragatas da Marinha. O RR não falou que foi o ministro Rogério Marinho o autor da pilhéria.
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Imposto sobre commodities entra no menu de Guedes
30/09/2020Entre a miríade de ideias e estudos para a construção de uma nova arquitetura tributária, uma proposta voltou à tona: a criação de um imposto sobre as exportações de commodities. Tomando-se como base números de 2019, o novo gravame incidiria sobre um manancial da ordem de US$ 118 bilhões – o total de itens básicos exportados pelo país no ano passado. Ainda que a taxação atinja também minério de ferro, petróleo, entre outros, o foco maior de Paulo Guedes e cia. é mesmo o agribusiness. Desde já é de se imaginar que o governo teria de domar a reação contrária de toda a cadeia do agronegócio e da bancada ruralista, importante pilar da base de sustentação de Bolsonaro no Congresso. Dentro de casa, seria necessário enfrentar ainda a discordância da ministra Tereza Cristina, hoje uma das mais influentes figuras do governo. Mas seria um custo marginal diante do ganho que a medida teria: essa espécie de “CPMAgro” seria uma tributação mais justa, por exemplo, do que a CPMF, um imposto em cascata e de impacto desigual que atinge toda a população.
O argumento de que a competitividade das exportações seria afetada pelo novo tributo é visto pela equipe econômica como conversa para boi dormir. Mesmo em longos períodos de preços em alta ou em queda, o volume de vendas das seis principais commodities comercializadas pelo Brasil (responsáveis por 52% das exportações do país no ano passado) permaneceu sempre crescente. Ao mesmo tempo, nenhuma outra atividade econômica do país está ganhando mais dinheiro do que o setor agropecuário.
Nem a pandemia tem sido capaz de frear esse avanço: no primeiro semestre do ano, o PIB do agronegócio cresceu 5,26% em relação a igual período em 2019. No mesmo intervalo, o PIB brasileiro despencou 5,9%. Não é exagero dizer que o campo assumiu o lugar dos bancos em ternos de rentabilidade. Ainda que indiretamente, não deixaria de ser uma forma de o governo Bolsonaro taxar grandes fortunas. Um indicador curioso da riqueza do campo: no embalo do agronegócio, o Paraná é o estado onde a Porsche mais vende seus automóveis de luxo no Brasil.
Nos últimos anos, vez por outra a proposta de taxação das exportações de commodities pulula por estas bandas. Em 2017, o governo Temer estudou o assunto – ver RR edição de 24 de agosto de 2017. O tema também foi discutido na campanha de Ciro Gomes, sob a batuta de Luis Carlos Bresser Pereira e Roberto Mangabeira Unger (edição de 5/9/18). Ao contrário do que muitos possam pensar, a medida está longe de ser uma jabuticaba. Vários países do mundo adotam a tributação sobre exportação de commodities. Os Estados Unidos taxam as vendas de trigo; a Argentina tributa todos os grãos que exporta desde 2018; países como China, Índia, Rússia, e Ucrânia aplicam tarifas de até 30% sobre produtos minerais; a tributação de arroz é uma importante fonte de arrecadação fiscal da Tailândia.
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Simbiose
29/09/2020Os momentos de fritura do ministro Paulo Guedes fragilizam os secretários de Fazenda. Estão todos pendurados na agenda fiscal de Guedes. Se for feita uma sondagem com os secretários, a resposta será unânime: “Todos guedearam”.
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Crônica sobre as Termópilas de Paulo Guedes
29/09/2020Ao contrário que Paulo Guedes pensa, ele não é um ateniense. Não tem as luzes do pensamento democrático e dialético, a exemplo dos estadistas Sólon, Clístenes e Péricles. O ministro mais parece um hoplita, legionário espartano que partia na fileira de frente na guerra contra os centenas de milhares de persas, na Batalha dos Termópilas, pronto para morrer. Guedes é o líder dos “300” guerreiros da equipe econômica.
Queira-se ou não, o ministro deixará um legado: seu diagnóstico dos problemas econômicos ficará para quem sucedê-lo, sujeito, obviamente, às adequações do futuro ocupante da Pasta. O receituário de Paulo Guedes não sairá de cena. Ele inclui a já realizada – e ainda por completar – reforma da Previdência, e mais as reformas tributária, administrativa, do Pacto Federativo, além das medidas pró-produtividade, marcos regulatórios e privatizações. A busca pelo equacionamento da questão fiscal seguirá, seja com a esquerda, o centro ou a direita.
O problema do conserto do Estado se manterá prioritário. Afinal, ninguém discute que a rearrumação profunda da máquina estatal é inevitável. Nesse ponto, o ministro está mais para o éforo Estelenides, cuja palavra de ordem era “vamos à guerra”, no caso com o aposto neoliberal, ou, como se diz hoje, fiscalista. São 300 espartanos com lanças longas, mas com suas xiphos, espadas curtas, insuficientes para o enfrentamento. Caminham para a morte, tendo à frente seu general, disposto a tudo. Podem fritar Paulo Guedes, mas o resíduo, aquele bem queimado, que permanece no fundo da frigideira, ficará incrustado por muito tempo ainda.
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Conexão direta
25/09/2020O banqueiro André Esteves tem falado recorrentemente com Paulo Guedes. Parece até que ainda estão convivendo no bom e velho Banco Pactual. Esteves é sócio da Caixa Econômica no Banco Pan. Façam suas apostas…
Acervo RR
Rota de colisão
25/09/2020A direção da Volkswagen fez chegar ao governo a informação de que, caso a situação do setor automotivo se agrave ainda mais, poderá demitir até seis mil trabalhadores no Brasil – e não “apenas” os 3,5 mil já anunciados. De acordo com a fonte do RR, Paulo Guedes e cia. acham que é blefe e pressão barata da companhia para arrancar um pacote de ajuda maior do BNDES. Procurada, a montadora informa que “uma negociação sindical está sendo feita pela Volkswagen do Brasil, que tem fábricas em São Paulo e no Paraná.”
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Rota de colisão
25/09/2020A direção da Volkswagen fez chegar ao governo a informação de que, caso a situação do setor automotivo se agrave ainda mais, poderá demitir até seis mil trabalhadores no Brasil – e não “apenas” os 3,5 mil já anunciados. De acordo com a fonte do RR, Paulo Guedes e cia. acham que é blefe e pressão barata da companhia para arrancar um pacote de ajuda maior do BNDES. Procurada, a montadora informa que “uma negociação sindical está sendo feita pela Volkswagen do Brasil, que tem fábricas em São Paulo e no Paraná.”
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Taxação de dividendos entra na conta do Bolsa Família
17/09/2020Se, de um lado, o Renda Brasil entrou em hibernação após o rompante de Jair Bolsonaro, do outro o governo começa a despertar para uma nova proposta que permitiria ampliar substancialmente o funding e o alcance do Bolsa Família. O modelo em questão passaria pela criação de uma espécie de fundo social no âmbito da reforma tributária. Neste contexto, a bandeira da distribuição de renda justificaria duas medidas mais agudas: a taxação de dividendos e juros sobre capital próprio de empresas privadas e a obrigatoriedade para que todas as companhias a partir de um determinado número de faturamento, empregados e patrimônio líquido abrissem seu capital.
Esta segunda mudança permitiria aumentar consideravelmente a escala de arrecadação uma vez que, pela Lei das SAs, as companhias abertas têm condições de transparência facilitadoras da distribuição de dividendos. Seria um aumento da carga tributária? Seria. Só que embalado por um forte apelo social, sem mexer com aposentadoria e o salário mínimo, além de garantir a manutenção do teto dos gastos. Todo o montante amealhado seria carreado para um fundo destinado a financiar o Bolsa Família e – por que não? – um parcela da desoneração. Esse funding seria lastreado também nos dividendos de empresas estatais e em recursos provenientes da incorporação, venda ou securitização de ativos imobiliários de propriedade da União.
Apenas para efeito de referência, já existe um projeto de lei na Câmara (2015/2019), que prevê a taxação de dividendos em 15%. Na hipótese deste percentual vir a ser adotado, o potencial de arrecadação anual da União seria da ordem de R$ 59,7 bilhões, segundo estudo feito pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil). Essa cifra, por si só, já seria 71% maior do que o orçamento do Bolsa Família previsto para 2021 – de R$ 34,8 bilhões. Esse valor, ressalte-se, ainda seria ampliado consideravelmente com a obrigatoriedade das empresas de capital fechado a partir de um determinado porte se tornarem sociedades anônimas, consequentemente passando a distribuir participação sobre seus lucros.
Ainda que por vias tortas, a implosão do Renda Brasil acabou dando tempo a Paulo Guedes e cia. de discutir, sem açodamento, um novo modelo capaz de aumentar o colchão de benefícios para a população de baixa renda. Em seu impulsivo discurso da última terça-feira, ao mesmo tempo em que colocou o programa da renda mínima em “modo soneca”, Bolsonaro deixou uma brecha para que o Bolsa Família seja retrabalhado e ganhe uma amplitude maior. Essa “geringonça social” vinculada à reforma tributária seria um híbrido de medidas estudadas pela equipe econômica com proposições encaminhadas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já teria hoje mudado sua posição em relação à tributação dos dividendos.
Ou seja: trata-se de uma solução que uniria da Zona Norte à Zona Sul, sincronizando ideias que pululam não apenas no Executivo, mas também no Legislativo. Esse novo modelo carrega em si um mix de vantagens. O governo poderia alargar o Bolsa Família sem mexer no teto de gastos. Além disso, haveria a possibilidade desse “fundo social” ou parcela dele ser administrado como uma carteira de investimentos, a exemplo do portfólio da BNDES-Par, ou como carregador de títulos do Tesouro, cuja rentabilidade também seria revertida para o financiamento dos programas sociais. Paulo Guedes já rezou meia missa, com o balão de ensaio sobre o fundo de pensão de dividendos de empresas estatais.
É até divertido ver o ministro se esforçando para fazer políticas de renda, iniciativa que caberia melhor nos governos Lula e Dilma, ou mesmo FHC. Agora que descobriu o caminho para as classes sociais mais pobres, Bolsonaro não quer outro mundo. O aumento do Bolsa Família – assim como já ocorreu com o auxílio emergencial – permitirá ao Capitão avançar ainda mais em um território que lhe era hostil e, o que é ainda mais útil, tirando das mãos da esquerda uma das poucas bandeiras que lhe restaram. Uma engenharia política engendrada na morte do Renda Brasil, iniciativa idealizado dentro do próprio Palácio do Planalto.
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A morte cai bem ao Renda Brasil
16/09/2020O estapafúrdio filmete de ontem em que Jair Bolsonaro anuncia a implosão do Renda Brasil foi menos um rompante individual do presidente e mais um movimento articulado com os ministros militares. A insistência com propostas de congelamento de aposentadorias e pensões para financiamento do auxílio emergencial ou do novo programa social tocou fundo na corporação mais sensível a esses temas. Diga-se de passagem que os militares são igualmente contrários ao congelamento do salário mínimo, seja por que prazo for. Não custa registrar que, no vídeo, Jair Bolsonaro apontou inicialmente para as aposentadorias e pensões como cláusulas pétreas do seu governo. Constatese que Bolsonaro não se referiu ao “Desonera Brasil”, o programa de geração de emprego menina dos olhos de Paulo Guedes, que seria financiado com a recriação da CPMF. A julgar pelo tiro no peito da renda mínima, o cartão vermelho vai para os desassistidos do país e não para o “Posto Ipiranga”. Em tempo: até parece que o vazamento dos estudos sobre congelamento de aposentadorias e pensões foi obra de quem não queria o Renda Brasil.
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Só falta uma “PEC do Peso”…
10/09/2020As interpretações desastradas sobre o aumento dos preços dos alimentos, que levou alguns alucinados no em torno do presidente a defenderem a criação dos “fiscais do Bolsonaro”, simplesmente ignoram a lei basilar da economia: a da oferta e da procura. Com o confinamento, o brasileiro passou a comer mais. Some-se a essa predisposição, o impacto do auxílio emergencial no orçamento dos mais pobres, que destinam uma parcela expressiva dos recursos para alimentação. Nos gabinetes da área econômica já teriam sido feitas simulações que estimam o aumento de peso do brasileiro em média em um quilo durante esse período da pandemia. Na linha da gozação, ontem, no Congresso, propunha-se que Paulo Guedes estipulasse um teto para as refeições. Os preços cairiam.
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Roda a roleta
8/09/2020A Frente Parlamentar pela Legalização dos Jogos encaminhou a Paulo Guedes o enésimo estudo sobre o impacto positivo da regularização de cassinos e bingos sobre a arrecadação fiscal. A novidade é que a bancada da jogatina tenta vincular a legalização das apostas à reforma tributária. Uma das ideias sobre a mesa seria a concessão de benefícios fiscais a grupos hoteleiros que fizessem investimentos vultosos na construção de cassinos. Guedes até é um entusiasta da liberação do jogo, como ficou claro na notória reunião ministerial de 22 de abril, mas “renúncia fiscal” já não é a dele.
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E se Paulo Guedes sair do governo? E daí?
28/08/2020As cotoveladas de Jair Bolsonaro em Paulo Guedes não vêm de hoje. Em vários momentos desse governo que parece ser interminável, o Capitão enquadrou o seu subordinado. O que não quer dizer que o Capitão não voltou atrás. Águas passadas, diria algum marinheiro. Mas, com o correr do tempo, comportamentos não mudaram e as cicatrizes foram se abrindo. Diga o que quiser Bolsonaro nunca se encantou pelas teses de Guedes. Não bastasse isso, o presidente parece ter uma necessidade permanente de reafirmar sua autoridade.
A forma com que Bolsonaro vem se dirigindo a Guedes assusta o mercado. Mas o presidente não está nem aí. Bolsonaro dá diversas pistas de que já não pensa como antes em relação à preservação do teto dos gastos. Parece se mostrar simpático à ideia de um orçamento paralelo somente para acolher o Renda Brasil, um programa no qual, segundo ele, não cabem despesas miseráveis para atender os miseráveis do país. Paulo Guedes, ao contrário dos tempos de príncipe solitário na corte de Bolsonaro, disputa espaço com outros dois preferidos do rei: o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimaraes – ver RR edição de 18 de agosto.
Marinho é a antítese de Guedes e força permanentemente o noticiário a dizer que ambos fizeram as pazes. Um velho truque caiapó para que a atitude cordial tenha uma interpretação contrária. No momento, é Marinho quem toca aos sentimentos do presidente, oferecendo farto cardápio de iniciativas, entre obras e projetos populares, que permitem a Bolsonaro se jogar nos braços do povo. O RR apurou também que é Marinho quem sussurra ao presidente que, se Guedes sair, não vai acontecer simplesmente nada. A tal história de rebelião do mercado seria uma chantagem do próprio merca- do, que, aliás, acontece em todos os governos. Os juros, câmbio e índices mostram um nervosismo, e depois se acatam. Até porque nenhum substituto fará algo extremamente diferente de Guedes. Bolsonaro, a seu jeito pouco respeitoso, brinca, nas internas, com a destituição de Guedes.
Como quem não quer dizer nada, quando aparenta obviamente que quer dizer tudo, chama o presidente da CEF, Pedro Guimaraes, de “PG2”, ou seja, o segundo Paulo Guedes. Uma alusão que, em outra oportunidade, poderia ser um elogio, sendo associada à notória inteligência do ministro da Economia. Mas a situação é outra. Guedes está sendo comido pelas bordas pelos ministros Marinho e Tarcisio Freitas, da Infraestrutura, que se tornaram a “ala desenvolvimentista” do Planalto, junto a militares que sempre mostraram desconforto com o prato feito da política econômica e a extensão do poder de Guedes.
Essa fritura vem sendo feita em um caldeirão do tamanho de Brasília. Em outro percurso, Pedro Guimaraes faz de tudo para parecer ministro da Economia. Fala longamente sobre a conjuntura, deixando entrever que faria as coisas diferentes do chefe. E diz aos Bolsonaro o que eles querem ouvir. Aliás, se especializou nesta matéria. Até por isso é chamado pelo clã de “05”, uma distinção afetiva ao “quinto irmão” da família – como também informou o RR em 18 de agosto. Guedes já até se acostumou a ouvir as desrespeitosas desautorizações públicas dos seus projetos. Como se o presidente não quisesse tratar dos assuntos da economia com discrição. E ele não quer mesmo. De vez quando Bolsonaro afaga Guedes. Antes era como um ente querido, agora como um cachorro felpudo. O fato é que Guedes aguentará todos os maus tratos desde que não mexam no teto. Nessa hipótese pega o boné e se manda. Vai conferir a distância de Brasília se o país vai ruir conforme sua crença e previsão.
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Paulo Guedes dá um trégua no terrorismo fiscal
26/08/2020A ideia de criação de um fundo de retificação da pobreza a partir da venda de empresas estatais e outros ativos públicos merece uma saudação a Paulo Guedes. É um movimento em direção inversa ao terrorismo fiscal que caracteriza sua gestão. O fundo, apesar de não ter sido dito com essas palavras, correrá por fora do teto. Ele é constituído de receitas extraorçamentárias, e, portanto, são recursos em que o governo pode escolher a área de alocação: dentro ou fora do orçamento da União.
É extremamente positivo em um ambiente de desemprego, miséria e lumpesinato o governo dar meia volta e não direcionar esse dinheiro que vem da desmobilização de ativos para a redução do déficit primário ou abatimento da dívida interna bruta. A professora Maria da Conceição Tavares é autora de uma ideia parecida, porém de maior amplitude. Conceição não faria somente um fundo de retificação da pobreza, mas um fundo do desenvolvimento, que contemplaria também o financiamento dos investimentos.
Segundo a professora, não há nada de novo nisso. A proposta é do mestre Ignacio Rangel, que defendia a venda dos ativos maduros para investimentos nos ativos greenfield. Hoje, ao se deparar com mais 14 mil obras paralisadas em todo o país, talvez Rangel substituísse greenfield por “projetos a concluir”. Mas quem merece palmas é Paulo Guedes. A continuar assim, acaba se tornando um economista heterodoxo.
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Pró-Brasil já nasce manco de uma perna
24/08/2020O programa Pró-Brasil ou Renda Brasil é um saco de políticas compensatórias que deverá ser lançado nesta ou na próxima semana, mas já enrolado em fita de Natal. O RR não é contra subsidiar o emprego da população de baixa de renda, desde que as novas contratações não sejam vítimas de engenharia criativa para troca de um ou dois trabalhares mais caros por um mais barato. Mas, ficou faltando um item nesse sacolão: as obras de infraestrutura.
Os investimentos, que receberão o mísero quinhão de R$ 5 bilhões, são essenciais para gerar novos empregos e resgatar o dinamismo da economia. Por enquanto, sobram as dúvidas de sempre: o governo vai ter disponível a contribuição sobre transações – a CPMF do Imposto Paulo Guedes – para financiar o assistencialismo, mesmo com a aversão ao novo tributo no Congresso (lembrai-vos que a proposta é de que o novo gravame seja permanente)? Como vai distribuir os recursos sem furar o teto – se tiver o gatilho sobre o descumprimento orçamentário, ele será um fura-gatilho?
O governo vai deslocar despesas “obrigatórias” para financiar sua política compensatória? O novo auxílio do Renda Brasil será incluso na Constituição, conforme se pretendia com o Bolsa Família? O fato é que, concorde-se ou não com o seu pensamento, Paulo Guedes venceu, com algum mérito. Não vai ter o Estado se intrometendo na atividade privada, dando dinheiro a quem tem ou pode alavancar no mercado de capitais, mas vai ter o Estado prestando assistência a quem não tem grana para viver. Mais Chicago University impossível.
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BC passeia com o Tesouro por labirintos cambiais
21/08/2020O Banco Central propôs. Paulo Guedes adotou. O Tribunal de Contas da União aprovou. O Secretário do Tesouro Nacional vibrou. Tudo bem! Tudo ótimo! Mas não deixa de ser esquisito surgirem do nada R$ 520 bilhões aportados pela autoridade monetária no Tesouro Nacional para pagar o equivalente a 10% da dívida bruta interna. O RR aceita que “surgir do nada” é meia verdade.
O dinheiro surgiu do lucro obtido com as reservas cambiais devido à desvalorização do real. Uma estranha geringonça contábil que suportaria a seguinte extrapolação: uma boa maxidesvalorização do câmbio seria uma medida heterodoxa para pagar metade da dívida interna. Nesse momento, com a inflação mergulhando em queda livre, o BC poderia operar um aumento do câmbio que faria a festa dos exportadores e a alegria dos privatistas.
São conclusões incompletas de uma operação que já foi chamada no governo Temer de “pedalada cambial”, uma insinuação ao passeio de recursos entre o Tesouro e o BNDES, que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. O senador José Serra, um fiscalista de carteirinha, foi um dos que se levantaram para combater a contabilidade criativa da operação cambial. Como tudo no tempo muda, a começar pela pandemia e pela consistência técnica do presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi achada uma nova ou não aparente função para as reservas cambiais. Que venham, então, novas desvalorizações.
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A pax de fachada entre Guedes e Marinho
20/08/2020Há uma força-tarefa no Palácio do Planalto na tentativa de garantir a reconciliação entre Paulo Guedes e Rogério Marinho. Por “reconciliação” entenda-se um armistício cenográfico, para a mídia e a opinião pública verem. É quase impossível. Jair Bolsonaro e seu entorno sabem que entre ambos há muita bílis destilada de parte a parte.
Nos bastidores do governo, notadamente em conversas com os ministros Tarcísio Freitas e Braga Netto, e junto à imprensa, Marinho não poupa ataques a Guedes. Segundo uma fonte comum a ambos, o ministro do Desenvolvimento Regional se refere a Guedes como um economista defasado e hoje um estorvo ao governo. Por sua vez, de acordo com a mesma fonte, Paulo Guedes trata Marinho, o “ministro fura teto”, como “oportunista” e um bajulador do presidente Bolsonaro, cada vez mais encantado pelo feitiço da reeleição. O general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, desponta como o principal articulador da “pacificação”.
Até o momento, esse trabalho tem pesado exclusivamente sobre os ombros do próprio Bolsonaro. Em algumas ocasiões, o presidente praticamente chegou a obrigar que Guedes e Marinho comparecessem a eventos públicos para aparentar um mínimo de sintonia. Bolsonaro vem usando do expediente de declarar que a proposta de um dos lados tem razão para logo depois desconfirmar. Não deixa de ser uma estratégia salomônica.
Se alguém tinha alguma dúvida sobre a incompatibilidade entre Paulo Guedes e Rogério Marinho, a notória reunião ministerial de 22 de abril escancarou as diferenças em rede nacional. De lá para cá, muita coisa aconteceu, sobretudo o franco crescimento de Marinho dentro do governo. Nesse tempo, ele se consolidou como o antípoda de Guedes, o que é para poucos, virou uma espécie de ministro do “Desenvolvimento Nacional” e, principalmente, transformou-se no “Mr. Reeleição”, carregando Bolsonaro para cima e para baixo pelo Nordeste. Ainda assim, mesmo com todo esse cartaz, o presidente não tem dúvida: entre Paulo Guedes e Rogério Marinho, o melhor para o governo é ter o dois.
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Afinal, qual é a desoneração da folha de Paulo Guedes?
18/08/2020É preciso compreender melhor o que o ministro Paulo Guedes entende como desoneração da folha de trabalho. Uma coisa é desonerar os novos empregos, o que faz sentido em parte, pois o empregador pode trocar mão de obra “cara” por nova mão de obra barata ou “desonerada”. Outra coisa é desonerar os encargos na folha de salários dos trabalhadores de mais baixa renda, o que ajuda os mais pobres. Justo, justíssimo! Finalmente, uma terceira coisa é desonerar toda a folha de salário.
Trata-se de uma experiência já vivida no governo Dilma, um filme que não deu certo. De acordo com o Ipea, a desoneração da folha promovida pela Sra. Rousseff, de 2012 a 2015, não teve impacto no emprego. Já na margem de lucro das empresas a medida teve o efeito de um bombom de cereja com licor. Curioso é que um dos autores do estudo do Ipea que constatou a ineficiência da desoneração da folha foi Adolfo Sachsida, hoje secretário de Política Econômica do Ministério da Economia.
A política de Dilma Rousseff se deu pela substituição dos 20% da contribuição patronal ao regime de Previdência que incide na folha de pagamento por uma contribuição entre 1% e 2% sobre o faturamento das empresas. Para se ter uma ideia da disposição de Dilma em cortar os tributos, de 2011 até o fim do seu governo, em 2016, a tesourada nos gravames foi de cerca de R$ 458 bilhões, ou seja, metade da economia obtida com a reforma da previdência do governo Bolsonaro. Recentemente, Dilma fez um mea culpa e se penitenciou, contrita, pela insistência com a desoneração, uma medida “que não aumentou o investimento nem o emprego e somente contribuiu para encher o bolso dos empresários”.
Com Michel Temer assumindo a presidência, coube ao seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reonerar vários setores da economia. Naqueles idos, Meirelles considerava que a desoneração somente colaborou para a deterioração da situação fiscal do país. Pois bem, estamos de volta para o passado. Mas talvez Paulo Guedes tenha a dosimetria certa para fazer com que esse veneno sob forma de bálsamo se transforme em um lenitivo eficaz para o desemprego no país.
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Cartão fidelidade
18/08/2020Em meio a tantas deserções na equipe econômica, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, tem repetido que seguirá com Paulo Guedes até o fim. Vá lá que a mocidade de Guimarães ajuda, mas também era o que Rubem Novaes, de saída da presidência do Banco do Brasil, costumava dizer.
Acervo RR
Pano para manga
18/08/2020A puída indústria têxtil brasileira está reivindicando ao ministro Paulo Guedes um aumento das alíquotas de importação. O setor alega que, com a Covid-19, fabricantes chineses entraram no Brasil praticando dumping de forma agressiva para recuperar o nível de vendas e compensar o tempo em que a produção no país asiático ficou paralisada.
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Pano para manga
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Exterminador do futuro
17/08/2020A proposta de Paulo Guedes e cia. de criar um gatilho com medidas de punição draconianas para conter as despesas obrigatórias primárias, sempre que elas crescerem 95% do previsto, transforma o teto dos gastos em algo perfunctório, torna a Lei de Responsabilidade Fiscal irrelevante, abole a Regra de Ouro, permite extinguir a obrigatoriedade dos gastos em saúde e educação e extermina a capacidade do Estado brasileiro de participar ativamente do desenvolvimento nacional. Parabéns!
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O novo superministro de Jair Bolsonaro
14/08/2020Paulo Guedes tem no ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, um sério oponente à sua permanência no governo. Marinho é privatista, reconhece a importância das reformas e do ajuste fiscal, mas, ao contrário de Guedes, acredita em planejamento e considera que um gasto público maior em investimentos ajudará no ajuste fiscal. Marinho é um articulador nato, pensa o tempo inteiro na reeleição de Jair Bolsonaro e aboletou-se de forma espaçosa no Palácio do Planalto. Faz dupla com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e quer passear com o presidente por todo o Brasil. O tour começa pelo Nordeste – como antecipou o RR na edição de 3 de julho -, anunciando obras com forte impacto social.
Diz-se de Marinho que ele é o ministro solar do investimento e do emprego, enquanto Guedes seria o ministro noturno que se recusa a ter metas de crescimento do PIB e dos postos de trabalho. Na prática, Marinho tem assumido o papel de Ministro de Planejamento. Paulo Guedes já identificou há muito tempo a sabotagem ao seu programa econômico, que vem sendo corroído pelo “establishment” e pela ação permanente e persuasiva de Rogério Marinho junto ao presidente e, principalmente, aos ministros da ala militar. O ministro do Desenvolvimento Regional bate na tecla de que não existe só uma política econômica, referindo-se à inflexibilidade de Paulo Guedes. O ministro da Economia, no seu estilo bateu levou, partiu para guerra aberta.
É para Marinho o seguinte recado: “Os conselheiros do presidente que o estão orientando a pular a cerca e furar o teto vão levá-lo para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal”, disse. Bolsonaro correu para apoiar o seu ministro com um posicionamento público firme. Ocorre que a assistência passou a percepção de que Paulo Guedes está de saída, e não contrário. Marinho costura por dentro e acha que quanto mais Guedes espernear, melhor. Aposta que se o ministro sair, não acontecerá nada nos mercados. O ministro do Desenvolvimento Regional pensa em um plano até 2035 – por coincidência a mesma data do plano do Comitê do Partido Comunista chinês.
A proposta inclui o diferimento do ajuste fiscal por três anos (mesmo assim com metas fiscais ainda que mais largas controladas durante esse período). O development target exigiria um orçamento paralelo por um triênio, tempo do waiver no teto dos gastos. O modelo prevê metas para o PIB e para o emprego. A dívida pública bruta em relação ao PIB subiria? Sem dúvida, mas, conforme o modelo proposto, voltaria a cair quando o crescimento desse o ar da sua graça. Esse seria o momento de retornar o aperto fiscal. Com a economia embicada para cima. Um programa com sístole e diástole. Cheio de obras. Toda essa geringonça teria de será validada no exterior, com um road show para apresentação do Plano Brasil. Paulo Guedes não aguenta isso. O ministro da Economia está cada vez mais cinza, cor de carvão carbonizado. Mas a hulha de Guedes ainda queima, com chamas fortes.
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Nova alcunha
14/08/2020By the way: parlamentares da própria base aliada têm se referido ironicamente a Paulo Guedes com uma nova alcunha: “Deposto Ipiranga”. Isso é uma palhaçada!
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General Custer
13/08/2020Depois do meio ambiente e dos povos indígenas, o próximo alvo do ministro da Economia, Paulo Guedes, será os quilombolas. Guedes acha um absurdo os povos ciganos, indígenas e quilombolas receberem auxílio do governo. Há quem não concorde com essa visão pragmática. A ministra da Família, Damares Alves, será a primeira a espernear. Todos esses povos ficam debaixo sua da aba. A ver o que vai sair desse sopão antropológico e fiscal.
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Superssafra
7/08/2020A performance do Hortifruti, ex-feirão de luxo de Paulo Guedes (sócio da rede varejista entre 2010 e 2018), foi tão excepcional na pandemia que já se fala em um IPO para o primeiro semestre do ano que vem.
Acervo RR
Fora dos trilhos
6/08/2020Apesar do pedido de urgência, Rodrigo Maia só vai votar o projeto de lei que prevê uma ajuda de R$ 4 bilhões a concessionárias de transporte público se houver acordo prévio com a equipe econômica. Paulo Guedes e cia. torcem o nariz para a proposta, e, até agora, não se sabe de onde sairá o dinheiro.
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Fora dos trilhos
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Preparado para a guerra
5/08/2020O ministro Paulo Guedes preparou-se com afinco para a sua apresentação de hoje na Comissão Especial da Reforma Tributária, no Congresso. Chegou, inclusive, a passar por um media training no Ministério da Economia, na última segunda-feira. Na sessão de hoje, espera-se um tiroteio de parlamentares da oposição contra a proposta da reforma tributária encaminhada por Guedes ao Congresso. O ministro é um tribuno nato, mas, sabidamente, de pavio curto.
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“Seguro” anti-seguro desemprego
3/08/2020Os representantes das centrais sindicais no Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) acusam o ministro Paulo Guedes e cia. de fazer corpo mole para esvaziar a proposta de pagamento de duas parcelas extras do seguro desemprego aos demitidos sem justa causa na pandemia. O projeto não foi votado na reunião do Conselho na semana passada, porque o Ministério da Economia não encaminhou a tempo seu parecer jurídico sobre a questão. Estima-se que cinco milhões de trabalhadores perderam seu emprego desde março.
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…outra na ferradura
3/08/2020Desde o início da pandemia, as vendas do Hortifruti cresceram 20% em relação ao período março-junho de 2019. A rede de supermercados carioca já teve como sócio ilustre Paulo Guedes.
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Paulo Guedes faz um pot-pourri de reformas tributárias
31/07/2020A unificação do PIS/Cofins, coração da reforma tributária, tem origem em um projeto do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Para ser mais fidedigno, ela surge primeiramente na gestão de Pedro Malan à frente da Pasta. A gênese de ambos os casos é um estudo embolorado do Ipea, feito nos anos 90, mas, como se vê, ainda atual. O documento é a inspiração de várias tentativas de revisão tributária, inclusive da atual proposta, enviada ao Congresso pelo ministro Paulo Guedes.
O estudo foi levado a Guedes pelo presidente do Ipea, Carlos Von Doelinger. As alíquotas, nas diversas tentativas de unificação dos impostos, variaram em função de diferentes vetores. Agora, o mais importante é o desajuste fiscal. A proposta da equipe econômica é draconiana para alguns setores e, no saldo final, elevaria a arrecadação tributária. Ou não, dependendo de outro vetor, o crescimento da atividade econômica, que parece, no caso brasileiro, ter se divorciado da macroeconomia e ganhado vontade própria.
A variável que determina o resultado do jogo é a vacina para erradicação do coronavírus. Com a pandemia, a política econômica anda de lado. Por enquanto, a medida de unificação do PIS e da Cofins é o que se tem. Trata-se de uma proposta manca. Está faltando o outro pé, a desoneração da folha de salários.
Guedes quer aprovar também a contribuição sobre transações, para ajudar a fechar a conta. É bom que os economistas da equipe econômica leiam direitinho o estudo matricial do Ipea. Está dito lá que um dos riscos na unificação dos impostos com aumento da carga – a ver a alíquota geral e a incidente sobre cada setor – é causar um aumento da informalidade. Mas o ministro está careca de saber o que é a curva de Lafer. Afinal, leu Keynes três vezes no original antes de ir para Chicago se embriagar com o pensamento neoliberal.
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Há alguma coisa aí
29/07/2020Se Salim Mattar, secretário de Desestatização, der baixa no governo, será mais um da equipe de Paulo Guedes que provocava engulhos no presidente Jair Bolsonaro. Há alguma coisa aí.
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Paulo Guedes blefa com as cartas da reforma tributária
24/07/2020O RR cantou a pedra da reforma (do aumento da carga) tributária, que ocorrerá em duas ou três fases – vide edição da última segunda-feira. O que o RR não disse é o óbvio ululante: Paulo Guedes vai enlouquecer os agentes econômicos com o jogo de blefe no Congresso. O início da enganação começou na última terça-feira, com a alíquota de 12% do PIS e Cofins unificado, que aumenta explosivamente a carga do imposto – triplica, por exemplo, para o setor de serviços.
A grita foi geral. Ela já era esperada pelo Ministério da Economia. Foi para isso mesmo que as alíquotas estapafúrdias foram apresentadas. Guedes vai usar sua reforma em camadas para negociar um modelo que não são as primeiras violências apresentadas. Até chegar nele vai ser um “põe e tira” de propostas após apreciação no Congresso Nacional. A técnica é velha: apresentar primeiro o aumento de impostos inaceitável para negociar um aumento menor da carga tributária.
O ministro tem cartas de todos os naipes (novos impostos, mudanças de alíquotas e extinção de renúncias fiscais) para lançar na mesa. E o jogo é bruto. O social será a moeda de troca. Ela virá provavelmente na segunda fase, que não vai demorar, acompanhada dos chamados impostos redistributivos, tais como aumento da alíquota de IR para os contribuintes de renda mais alta, tributação de dividendos e o imposto sobre transações.
Este último já foi praticamente sancionado pelo vice -presidente Hamilton Mourão, que afirmou ser correto e justo o gravame desde que associado ao projeto de renda básica ou Renda Brasil, conforme marketeia o governo. Não há muita alternativa para o aumento da carga tributária. O impacto fiscal da pandemia foi brutal e ele engendrou a demanda de novos gastos sociais. Tudo certo. São coisas que acontecem. Mas não precisava do uso de engodo para fazer passar a “reforma” pelo Congresso.
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Guedes ´s Brothers
24/07/2020A presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares, Beth Guedes, das três uma: ou rachou com o irmão Paulo Guedes, ou assuntou com ele antes e recebeu algum spoiler, ou sequer se falam. Beth está liderando uma campanha contra o aumento do PIS Cofins, que é um tiro de morte no Prouni. Difícil que não tenha falado com o irmão sobre o tema. A “mana” foi seu braço direito no Ibmec quando Paulo Guedes era o manda-chuva na instituição. Caso a segunda das hipóteses acima seja a verdadeira, Beth é uma boa fonte sobre a reforma tributária em discussão no governo.
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Reforma (do aumento da carga) tributária será dividida em até três fases
20/07/2020A reforma tributária que está sendo engendrada pela equipe econômica segue cinco vetores: simplificação dos impostos, a pandemia, desoneração das empresas, eleição presidencial de 2020 e a redistribuição de renda entre os mais pobres. Conforme o RR já tinha antecipado, o Ministério da Economia condicionaria a criação de uma renda básica permanente – a Renda Brasil – a um aumento da carga tributária. Várias hipóteses de impostos e término de renúncias fiscais estão sendo estudadas para fazer com que o novo auxílio, entre outros objetivos, caiba na conta.
As diversas propostas de novos gravames e extinção de subsídios vêm sendo reveladas na mídia. O protótipo de reforma será levado, amanhã, pelo ministro Paulo Guedes, ao Congresso. A proposta de criação de novos gravames é politicamente cabeluda. E é bem provável que as mudanças sejam discutidas com os parlamentares em duas fases. Ou até mesmo três. O condicionamento da nova política compensatória à aprovação de “impostos de última geração” (Ex: imposto sobre transações digitais) visa também aplainar a contrariedade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do próprio presidente Jair Bolsonaro – só para dar dois exemplos de fôlego – com o aumento da carga tributária.
Sem a majoração da receita com impostos o governo estará amarrado à armadilha da ausência de recursos para novas alocações. A reeleição presidencial está indexada, entre outras variáveis, à possibilidade de novas despesas. E o teto dos gastos? Como se faz para furar esse bloqueio e distribuir recursos para a população mais necessitada? Essa é outra batalha política. Fica para depois da reforma tributária.
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Renunciar é preciso
17/07/2020Enquanto o governo Bolsonaro, ou melhor, Paulo Guedes quer decepar as renúncias fiscais, Minas Gerais caminha na direção contrária. O governo Zema estuda conceder benefícios tributários para atrair startups e empresas de tecnologia. É parte de um pacote maior que está sendo elaborado por assessores de Romeu Zema para compensar a queda de arrecadação fiscal com a pandemia. Estima-se que, desde o início da quarentena, os cofres mineiros tenham perdido cerca de R$ 6,5 bilhões.
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Um forte candidato aos cortes de renúncia fiscal
16/07/2020Em meio à cruzada de Paulo Guedes para reduzir a renúncia fiscal, talvez o Ministério da Economia já tenha extinguido o Ex-Tarifário e apenas esqueceu de avisar. Só isso explica o apagão no processo de concessão do benefício, que prevê isenção para a importação de máquinas e equipamentos sem similar nacional. Desde 22 de abril, já foram encerradas nove etapas de consultas públicas para pedidos de adesão ao regime tributário especial sem que os resultados tenham sido divulgados pelo Ministério. No primeiro semestre, a Pasta chegou a acumular mais de cem solicitações de enquadramento no Ex-Tarifário sem resposta – ver RR edição de 14 de maio.
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Vermelho 23
15/07/2020O lobby do jogo não descansa nem com o coronavírus. Empresários asiáticos estão organizando uma “visita técnica” de parlamentares brasileiros a cassinos de Macau e Hong Kong para o pós-pandemia. Nem precisa tanto. Como se sabe, a liberação do jogo conta com um apoiador de peso no governo, o ministro Paulo Guedes.
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Ciência à míngua
13/07/2020O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, bateu à porta de Paulo Guedes. Pede a liberação de uma tranche de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico (FNDTC). Dos R$ 5,2 bilhões previstos no Orçamento, apenas R$ 600 milhões escaparam dos seguidos contingenciamentos. Pior: até agora, só R$ 30 milhões foram destinados a projetos científicos de combate à Covid-19. Não faz nem cosquinha no vírus.
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Rogério Marinho guia Jair Bolsonaro pelo Nordeste
3/07/2020O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, quer ser o grande condutor da cruzada de Jair Bolsonaro em direção ao Nordeste. Marinho é o principal canal de interlocução entre o Palácio do Planalto e os governadores nordestinos. O ministro é defensor de que o presidente faça uma caravana pela Região, salpicada por inaugurações de obras. É agenda para o curtíssimo prazo: a ideia é surfar no período que ainda resta de concessão do “coronavoucher”. Rogério Marinho se antecipou, criando um calendário de participação em todas as cerimônias de inaugurações de obras e entregas de máquinas para estados. O ministro virou os quindins de Bolsonaro devido a sua capacidade de solucionar problemas econômicos e políticos imbricados. Ele tinha um espinho no governo: o ministro da Economia, Paulo Guedes, em última instância o dono da chave do cofre. Mas o presidente agiu como pacificador. Ao melhor estilo Bolsonaro, disse a ambos: “Vocês dois, deixem essa frescura pra lá”.
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Rezando
2/07/2020O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai rezar a Ave Maria até o fim do governo.
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Calça curta
2/07/2020A combalida indústria têxtil nacional está pedindo ao ministro Paulo Guedes ajuda do BNDES, além de outros pleitos. Não custa tentar.
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O FMI não está à altura de Guedes
30/06/2020Segundo o RR apurou, o Brasil foi convidado a participar da teleconferência realizada na última quarta-feira entre países da América Latina, Espanha, FMI e Banco Mundial para discutir os impactos econômicos da pandemia. Mas, Paulo Guedes preferiu ficar de fora. No que diz respeito ao FMI, Guedes acha que seus economistas “chutam demais” e “vão errar” na previsão de queda do PIB brasileiro de 9% em 2020. Quem conhece bem o ministro garante que, em outras circunstâncias, ele iria a Washington dar uma aula magna aos “meninos” do FMI.
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OCDE é a nova obsessão do governo Bolsonaro
30/06/2020O governo Bolsonaro tem um novo fetiche, conforme ficou revelado na reunião ministerial de 22 de abril: o ingresso na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na visão das autoridades, a participação na OCDE trará uma série de benefícios – como informa o boletim Insight Prospectiva na edição de junho: da mitigação das críticas ao péssimo comportamento ambiental da gestão Bolsonaro até a atração de investidores para a construção de cassinos, além das facilidades de obtenção de recursos externos e o destravamento do comércio exterior. O dado de realidade é que o Brasil não adota as “boas práticas” exigidas pelo clube da OCDE, o que leva a considerar que o ingresso na agremiação estaria mais vinculado à possibilidade do governo fazer política econômica de “fora para dentro”.
A célebre reunião dos ministros deixou claro que estão todos alinhados com Jair Bolsonaro em torno do tema OCDE, a começar, em ordem hierárquica de entusiasmo, por Paulo Guedes, Eugênio Araújo, Braga Netto, além de Marcelo Álvaro Antônio e Damares Alvares. A entrada na OCDE pode ser considerada a única “condecoração” internacional que resta ao Brasil. O país está em quarentena moral, ambiental, sanitária e econômica. Há alguns bônus no ingresso no “Clube dos Ricos”, tais como o acesso a estudos e comitês de debates avançados, ainda que o Brasil já participe da maior parte desses foros para troca e cooperação. Há questões também de ordem geopolítica.
O país entraria na OCDE de braços dados com os EUA, voz isolada no apoio formal à adesão do Brasil ao bloco, muito embora, na prática, até o momento os norte-americanos tenham feito muito pouco ou nada nessa direção. Em 2019, em visita ao Brasil, o secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, se encarregou das palavras de estímulo protocolares e os clichês de sempre. E nada mais ocorreu, além de encontros entre burocratas de ambos os lados. A indexação aos Estados Unidos no jogo político do organismo multilateral coloca o Brasil naturalmente alinhado aos interesses norte-americanos nas questões da diplomacia econômica contra a China.
O chanceler Eugênio Araujo ignora ruídos e possíveis rusgas. Diz que “a OCDE é importante para o Brasil, mas o Brasil é importante para a OCDE.” É quase um mantra. Donald Trump exige submissão e reconhecimento da supremacia do seu país. Um exemplo: Trump condicionou seu apoio à renúncia brasileira da condição de país em desenvolvimento junto à Organização Internacional do Comércio (OMC). Abrir mão desse status significaria perder o tratamento especial e diferenciado. Uma das implicações mais evidente é a eliminação da redução tarifária cobrada pelos países desenvolvidos membros da OMC na importação de uma constelação de itens – particularmente industrializados.
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Moderação de Bolsonaro tem prazo de validade
29/06/2020A versão “Jairzinho paz e amor”, conforme o epíteto criado pelo blogueiro Tales Faria, tem prazo de validade. Por enquanto, o presidente está enquadrado pelos seus generais, obedecendo à estratégia militar de que na guerra há momentos de avançar e recuar. Bolsonaro ficou tão bonzinho que gravou uma live tendo ao lado o seu principal mastim, o ministro Paulo Guedes, ouvindo uma Ave Maria tocada em um acordeão.
A questão para os bolsonaristas de raiz é que o mimetismo do presidente não satisfaz as suas hostes, acostumadas às pancadas que ele distribui para todos os lados. Falta uma narrativa que justifique a atual mudança do self de Bolsonaro. Particularmente os filhos do presidente consideram que a versão “Jairzinho” precisa ser controlada no relógio, seguindo um planejamento que resgate o verdadeiro Jair na medida em que vai se aproximando a conjuntura eleitoral.
O atual Bolsonaro é um homem “sensível e comedido”, incapaz das baixarias do passado recente. Não foi nessa versão que os 30% do seu eleitorado cativo votaram. Para fazer a ponte entre o Bolsonaro circunstancial e o Bolsonaro de sempre, há quem proponha, no Palácio do Planalto, uma reedição do Pró-Brasil, com ênfase no social. O objetivo seria enganchar no programa a ideia de um pacto político em nome do soerguimento do país. Com o novo estilo delicado, o presidente se dirigiria à população, em pronunciamento ao lado dos ministros militares e do ministro da Economia, ressaltando sua disposição ao diálogo.
O pacto daria “legitimidade” ao surgimento do “Jairzinho”. O presidente boiaria na superfície dessa tentativa de acordo com o tempo necessário até que a iniciativa seja detonada pelos adversários. Esse seria o momento para a volta do Jair, indignado com a oposição que se recusou apertar sua mão estendida. Seria, então, a hora, conforme os dizeres do cantor Lobão, do “sangue e porrada na madrugada”. Nada que já não se tenha visto.
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Ornitorrinco fiscal
29/06/2020O ministro da Economia, Paulo Guedes, está fazendo contas milagrosas para ver se chega a uma reforma tributária híbrida que aumente a carga de impostos sem que a majoração fique tão explícita. Nesses cálculos, estão contidos os cortes de incentivos e renúncias, que, na verdade, são impostos ao contrário.
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Sinal de alerta na equipe econômica
18/06/2020Em conversa reservada com David Alcolumbre no início da semana, lideranças do Senado firmaram um acordo para acelerar a votação da lei complementar que prevê o pagamento de perdas de arrecadação provocadas pela Lei Kandir. É tudo o que Paulo Guedes não quer ouvir neste momento. A proposta em tramitação no Senado prevê a transferência para estados e municípios de R$ 61,6 bilhões até 2037. A primeira parcela, de R$ 1,2 bilhão, teria de ser desembolsada até dezembro.
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Rei do jogo de Macau mostra suas fichas no Brasil
15/06/2020A ala pró-cassinos do governo, encabeçada pelos ministros Paulo Guedes e Marcelo Alvaro Antonio, ganhou uma motivação adicional, que atende pelo nome de David Chow. Considerado o rei da jogatina em Macau, Chow já colocou suas fichas sobre a mesa do ministro do Turismo: seu grupo, o Macau Legend, acena com um investimento de US$ 300 milhões para a construção de um resort e de um cassino no Nordeste. Como disse Paulo Guedes na reunião ministerial de 22 de abril, “Não é projeto para “brasileirinho desprotegido, mas para o cara que “entra e deixa a grana lá que ganhou anteontem”. O Macau Legend já gasta por conta no Brasil. O grupo é um dos principais patrocinadores do aparelho de lobby pela reabertura dos cassinos. Além do corpo a corpo no Congresso feito por seus emissários, é também financiador de sites criados para defender a liberação do jogo e dar voz a parlamentares aliados da causa. Há ainda trocas de olhares com cartolas do futebol. Assim como sites de apostas, os cassinos seriam potenciais patrocinadores de grandes clubes. Com faturamento anual de US$ 2,5 bilhões, o Macau Legend controla quatro dos maiores cassinos do país asiático. Seus hotéis ostentam uma taxa média de ocupação de 94%. Nascido em Hong Kong, Chow é conhecido por manter um pé na iniciativa privada e outro na política: foi, inclusive, integrante da Assembleia Legislativa de Macau.
Acervo RR
Estiagem
8/06/2020A bancada ruralista pressiona a equipe econômica a estipular uma taxa de juros de 2% para o Plano Safra 2020/2021, um ponto percentual abaixo da alíquota deste ano. Até agora, no entanto, o ministro Paulo Guedes finge que não é com ele.
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Estiagem
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Vagas abertas no Desenvolvimento Regional
4/06/2020Com os concursos públicos federais suspensos por contenção de custos, o Ministério do Desenvolvimento Regional vai contratar até o fim do ano 249 servidores temporários. O Ministério da Economia, do desafeto Paulo Guedes, já deu o sinal verde. Mais de metade das vagas está destinada a engenheiros.
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“Guerra da secessão”
2/06/2020Há uma faísca de guerra federativa com a exigência do governo – leia-se Paulo Guedes – de que os governadores suspendam suas ações judiciais contra a União. Se os estados não dobrarem os joelhos, não recebem o socorro financeiro prometido em até 10 dias. Por enquanto, o dinheiro soa mais alto. Os governadores vão retirar os processos. Mas, as consultas para uma ação coletiva em um segundo round já começaram. A ideia é reapresentar, mas em bloco. Todas as iniciativas do governo Bolsonaro estão vinculadas a condicionalidades, desaforos e castigos. Não é possível que fique barato em sua gestão inteira.
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Marcha a ré
2/06/2020Cerca de R$ 25 bilhões em investimentos cancelados até 2022. Este é o saldo da pandemia que as montadoras fizeram chegar à mesa de Paulo Guedes. Ainda assim, até agora nada dos cofres públicos se abrirem para a indústria automobilística. Consultada, a Anfavea informa que “ainda não consolidou este número”, mas que deverá anunciar “o levantamento em coletiva no dia 5 de junho”.
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Paulo Guedes repete placebo do governo Dilma
27/05/2020Com ou sem pandemia, a desoneração da folha, prestes a ser prorrogada pela Câmara até dezembro de 2022, sempre foi uma obsessão de Paulo Guedes. No entanto, não obstante a lógica da proposta, não há qualquer garantia de que ela atingirá seu maior propósito: gerar empregos. Faltam contrapartidas para a concessão do benefício, leia-se a obrigatoriedade das empresas em expandir ou mesmo manter postos de trabalho.
Há dúvidas se os empregadores se valem da redução dos encargos para criar empregos ou aumentar suas margens de lucro. Portanto, é grande o risco de Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia repetirem o fracasso do governo Dilma. A então presidente adotou a desoneração da folha para 56 setores da economia – e não apenas 17, como agora -, com resultados pífios.
Nesse intervalo, de acordo com dados da Receita, a renúncia fiscal decorrente da medida foi da ordem de R$ 77,9 bilhões. Mas, segundo estudo do Ipea, não houve diferenças significativas, em termos de abertura de empregos, entre as empresas beneficiadas com o programa e aquelas que ficaram de fora. Fica a pergunta: por que Paulo Guedes não se concentra em estender o auxílio emergência, que é dinheiro na veia do consumidor e tem retorno de emprego assegurado?
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Reforma patrimonialista pode ser o respirador da economia no pós-coronavírus
25/05/2020Há razões e mais razões para que o governo se dedique à montagem de uma reforma patrimonialista. O lançamento de um amplo programa de desmobilização de ativos da União seria o pé de apoio para a retomada econômica no pós-pandemia. A medida seria acompanhada de soluções engenhosas. O governo poderia criar um orçamento específico para investimentos, notadamente em infraestrutura, a partir do funding obtido com concessões, privatizações e venda de imóveis.
Os recursos ficariam circunscritos ao financiamento de projetos novos. Outro ponto importante seria a modelagem do plano, que ganha ainda mais relevância no momento em que o mercado pode até estar líquido, mas com pouco apetite e uma dose maior de aversão ao risco. O êxito do programa dependeria da utilização de sofisticados instrumentos financeiros, como recebíveis e debentures com garantias públicas, combinados com a garantia de participação nos leilões de agentes indutores ligados ao próprio Estado, como BNDESPar e os fundos de pensão.
Em algum momento, a ideia de uma reforma patrimonialista já transitou pelas cabeças da equipe econômica, mas, assim como o imposto sobre transações financeiras, ficou pra trás, em alguma esquina. A pandemia e a grave crise econômica colocam o assunto mais uma vez sobre a mesa, com novas possibilidades. A medida, vinculada a investimentos e geração de empregos, abriria caminho, por exemplo, para a venda de uma grande estatal, trazendo para o game empresas cuja simples menção nesse contexto já costuma ser um anátema. Não custa relembrar que, no início do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a mencionar estudos para a privatização do Banco do Brasil. O rompante de Guedes em relação ao BB, flagrado no vídeo da polêmica reunião ministerial do dia 22 de abril, deixa claro que seus planos em relação ao banco não mudaram.
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Fronteiras fechadas para máquinas e equipamentos
14/05/2020Parece haver uma distância entre o discurso de Paulo Guedes (“O que fará o Brasil voar é o investimento privado”) e certas práticas do Ministério da Economia, ao menos no que diz respeito à importação de bens de capital. Mais de uma centena de pedidos de enquadramento no Ex-Tarifário, que permite a aquisição de máquinas e equipamentos sem similar nacional com isenção tributária, estão empacados na Pasta. Estima-se que o estoque de solicitações corresponda a investimentos da ordem de US$ 3 bilhões – a essa altura, provavelmente, uma parcela dessas importações já foi infectada pela Covid-19. Conforme o RR antecipou em 13 de abril, o Ministério suspendeu as solicitações de adesão ao Ex-Tarifário, sob a alegação de que, por conta da quarentena, diversos fabricantes nacionais deram férias coletivas e não conseguiriam responder às consultas públicas para concessão ou não do benefício. Ocorre que o Ex-Tarifário já estava em “isolamento social” antes mesmo da pandemia, como com- prova uma consulta ao site da Pasta da Economia. O último parecer para um pedido de importação data de 7 de janeiro. Segundo o RR apurou, o Ministério vai reabrir as consultas no próximo dia 22 de maio. Mas ainda não haveria um prazo para análise dos pedidos engavetados.
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O fritador da República
13/05/2020Após a fritura de Luiz Henrique Mandetta e uma frustrada tentativa de flambar Paulo Guedes, agora é a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que está na frigideira de Onyx Lorenzoni. Ambos são do DEM, como era Mandetta. Fidelidade partidária está longe de ser um atributo de Lorenzoni.
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A ascensão sem fim de Paulo de Guedes
11/05/2020Circula em Brasília a informação de que Paulo Guedes está mudando o seu escritório de trabalho. O presidente Jair Bolsonaro teria oferecido ao ministro da Economia uma sala para que ele passe a despachar no Palácio do Planalto, pelo menos alguns dias por semana. Seria uma medida com alta dose de simbolismo, uma exibição de força do “Posto Ipiranga”. Nunca se viu antes um ministro da Fazenda, do Planejamento ou os dois conjugados dando expediente no Planalto.
Sua presença ao lado de Bolsonaro demonstraria proximidade não apenas com o presidente, mas também com os generais quatro estrelas do governo. Guedes teria a deferência de ser o ministro civil em meio aos ministros militares que coabitam o Palácio. A medida representa também uma espécie de fast track para ações do governo na crise da pandemia. Guedes teria maior facilidade para diversos despachos emergenciais, levando, na outra via, informações frescas ao presidente.
Por algum motivo parece que Bolsonaro decidiu receber dos seus ministros “operacionais” relatórios presenciais mais frequentes. Guedes é o principal “ministro operacional”. Em meio à pandemia, a convite de Bolsonaro, o ministro mudou-se do hotel onde morava em Brasília para a Granja do Torto, residência oficial da Presidência da República. Na última quinta-feira, Bolsonaro fez questão de reafirmar que segue a cartilha de Guedes na economia: “99% é o Paulo Guedes que decide; 1% sou eu”.
Tudo indica que está sendo criado um derivativo do semipresidencialismo, um híbrido onde o presidente está em campanha eleitoral permanente, inclusive contra seu próprio governo; e o ministro da Economia, que abarca metade dos ministérios do governo, administra freneticamente as contas em todas as áreas do setor público. O que sobra de gestão da máquina fica sob os auspícios dos militares. Mas esses já se encontram amplamente representados no Palácio do Planalto.
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STF pode espetar uma conta nada doce na União
7/05/2020O acirramento da relação entre Jair Bolsonaro e o STF cala ainda mais fundo em Paulo Guedes e cia. por conta de um julgamento capaz de impor à União uma cobrança bilionária em hora dramática. Trata-se do processo em que 290 usinas de álcool e açúcar cobram uma indenização por supostas perdas sofridas entre 1986 e 1997, decorrentes da política de preços aplicada pelo extinto IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool). O valor total é estimado em R$ 70 bilhões – a título de comparação, o dobro do que a Caixa liberou até semana passada para o pagamento do “coronavoucher”. Segundo informações filtradas do STF, o ministro Alexandre de Moraes, que pediu vistas do processo na semana passada, está inclinado a votar contra a União. O placar de momento na Suprema Corte está três a dois a favor dos usineiros.
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Indexado
7/05/2020Em meio à desavença com Paulo Guedes, Rogério Marinho se indexou ao general Braga Netto. Mas permanece trabalhando com afinco para fazer as pazes com Guedes.
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Armadilha?
29/04/2020Passou despercebida a importante participação de Onyx Lorenzoni no entrevero entre Paulo Guedes e Rogério Marinho. A ríspida discussão entre ambos, na última sexta-feira, seu deu em almoço organizado por Lorenzoni. Aos mais próximos, ele chegou a dizer que queria “reaproximar os dois ministros”.
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A tradução mais próxima de um general “cinco estrelas”
28/04/2020A missão do general Braga Netto mudou. Se, na teoria, ele chegaria ao governo para ser uma espécie de interventor consentido – como informou o RR na edição 31 de março –, na prática a acomodação dos cristais reservou a Braga Netto outra função: ser o primeiro-ministro de uma Rainha da Inglaterra que manda para danar. O projeto original era, sim, isolar Bolsonaro dentro do Palácio do Planalto – tudo, ressalte-se, com a sua concordância. No entanto, o saldo final da rearrumação foi uma solução meio termo, nem tanto ao Norte, nem tanto ao Sul: Jair Bolsonaro é o comandante-em-chefe e Braga Netto tornou-se o general “cinco estrelas”.
O rápido ajuste de rota se deu, sobretudo, a partir do consenso de que Bolsonaro e – por que não? – seus filhos são incontroláveis. Não há tutela possível para o presidente e seu clã. Assimilados os golpes da rotina com Bolsonaro, Braga Netto passou a ser o segundo homem em importância no governo. Além de exercer um poder transversal sobre todos os Ministérios, tornou-se um dos principais, se não o principal interlocutor do Palácio do Planalto com as mais diversas áreas da sociedade civil, a exemplo de empresários e entidades de classe. Braga Netto toca de ouvido com o presidente Jair Bolsonaro. Participou ativamente das conversas que levaram à saída de Sergio Moro – inicialmente, o general tentou manter Moro no Ministério da Justiça por tempo determinado.
Está também no centro do projeto de recuperação da economia. Sua palavra foi determinante para a escolha de Tarcísio Freitas como condutor do Plano Pró-Brasil. O ministro da Casa Civil é um daqueles estrategistas pacientes, metódico, que espera bastante para definir o movimento de cada peça no tabuleiro de xadrez. No auge do imbróglio entre Bolsonaro e o então ministro Luiz Henrique Mandetta, Braga Netto assumiu a comunicação do governo sobre a crise do coronavírus e emprestou seu ar de mansidão respeitável em um ambiente onde os egos estavam crepitando. Foi dele a ideia de levar as coletivas do Ministério da Saúde para o Palácio do Planalto e diversificar os ministros presentes. Além de reduzir a temperatura, o ministro da Casa Civil passou a fazera regência da própria participação de Mandetta nas entrevistas.
Um oficial que serviu com Braga Netto fez a seguinte declaração sobre o perfil do general: “Na atual geração de quatro estrelas, somente o Villas Bôas e o Braga pertencem a esse grupo de generais diferenciados, no qual consta, por exemplo, Leônidas Pires Gonçalves”. O poder de Braga Netto pode ser sentido também no processo de fritura do ministro da Economia. O general é quem está operando o fator Paulo Guedes. Na quarta-feira passada, durante coletiva no Palácio do Planalto, quando perguntado se Guedes concordava com o Plano Pró -Brasil, Braga Netto respondeu de bate-pronto: “Concorda com tudo”.
A iniciativa de chamar o ministro da Economia para participar do jogo do “me engana que eu te enrolo”, ontem pela manhã no Palácio do Planalto, partiu de uma conversa entre o general e Bolsonaro. Foi um típico movimento para ganhar tempo. Na semana passada, Guedes deu sinais de que iria jogar a toalha, o que, a essa altura, seria uma temeridade. A estratégia de Braga Netto é deixar o ministro da Economia desfilar sua pretensa onipotência. Por exemplo: dizer que o Plano Pró -Brasil é um atraso, entre outras deselegâncias. Na ótica do general, há hora de engolir sapo e hora de expeli-lo. Superpor a demissão de Guedes à de Sergio Moro seria estimular os defensores do impedimento a dar asas a uma crise institucional. Tudo tem seu tempo.
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Stand up
28/04/2020Quem conhece Paulo Guedes sabe o rosário de ironias e sarcasmos que ele deve estar desfiando contra o seu superior, o presidente da República, Jair Bolsonaro. O stand up é restrito, claro, aos auxiliares mais próximos. Guedes é muito espirituoso.
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Um plano pró-Brasil e anti-Paulo Guedes
24/04/2020Simultaneamente à coletiva no Palácio do Planalto, pilotada pelo general Braga Netto e pelo capitão Tarcísio Freitas, para anunciar o Plano Pró-Brasil, o secretário de Desestatização, Salim Mattar, dava uma entrevista, contrário à medida. O discurso é o mesmo: o desenvolvimento tem que ser posto na conta da iniciativa privada. Mattar é um ministro ioiô. Vai e volta do cargo. Dessa vez, tamanha a falta de senso de oportunidade, parece que vai e não volta.
Chama a atenção a ausência do seu fiador, Paulo Guedes, quando o único projeto de recuperação econômica do governo é anunciado. Pode ser que ele dê as caras, hoje, na coletiva. Em tempo: a equipe econômica do governo, além de aterrorizar a imprensa com as sequelas do Plano Pró-Brasil os riscos de redução da nota pelas agências de rating, ameaça do teto dos gastos e desmontagem de toda a arquitetura do ajuste fiscal – insinua que a medida pode levar a uma espiral de corrupção, com a volta das obras públicas. A fricção tende a se acentuar.
O valor anunciado ontem – R$ 30 bilhões – foi tão contido, tão baixo em relação às expectativas que parece sugerir a existência de uma segunda tranche. É essa possibilidade que mexe com os nervos da equipe econômica. Fica difícil Paulo Guedes e seus blues caps ganharem a queda de braço em relação ao Plano Pró-Brasil, já que o projeto é sustentado pelo Exército e foi negociado previamente com os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre. A alternativa mais razoável para o ministro da Economia é jogar na mesa as cartas das reformas estruturais e trocar alguma delas pelo Plano Marshall verde-amarelo.
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Questão de altitude
20/04/2020Dirigentes da Latam, Azul e Gol foram ao Olimpo: nos últimos dias, têm conversado diretamente com Paulo Guedes para acertar a ajuda do BNDES às companhias aéreas. Entre as empresas, a sensação é de que o presidente do banco, Gustavo Montezano, tem boa vontade, mas manda pouco.
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Canteiros II
17/04/2020Apesar das primeiras manifestações de resistência de Paulo Guedes em liberar R$ 30 bilhões para o plano de obras de infraestrutura que seria iniciado no pós-pandemia, o ministro Tarcísio Freitas, artífice da proposta, acha que leva essa. Os motivos da confiança são de ordem eleitoral. O plano começaria a ser tocado em 2021, mas teria o pico de empregos em 2022, ano das eleições. Seja como for, investir na infraestrutura é sempre uma boa ideia.
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Dilma e Paulo Guedes no mesmo lado da moeda
17/04/2020A história dá voltas que a própria história não acredita. Quem se lembra de que a “grande macroeconomista” Dilma Rousseff, no dia 2 de fevereiro de 2016, adentrou ao Congresso para anunciar sua firme intenção de fazer a reforma da Previdência e a necessidade de iniciar uma discussão imediata sobre “uma margem de flutuação do resultado fiscal para acomodar sua volatilidade”? A ex -presidente aproveitou a oportunidade para defender a recriação da CPMF, com objetivo de aumentar a arrecadação. Foi massacrada, entre
outros por Paulo Guedes. A roda do tempo girou e o ministro da Economia mudou. Passou a defender a CPMF e agora uma meta fiscal com componente variável, que se adapte a instabilidade econômica, já em 2021. Vá lá que a pandemia suporta mudanças de opinião devido à conjuntura excepcional – o BNDES foi resgatado e Keynes tornou-se um mal necessário para a equipe econômica. Registre-se também que a gestão de Dilma merece a grande maioria do balaio de críticas que lhe são dirigidas. Mas quem diria que em algum dia o mais radical dos ortodoxos e a mais pafúncia das heterodoxas iriam convergir em suas opiniões.
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A natureza do escorpião
16/04/2020Paulo Guedes colocou na conta de ruído na comunicação o estranho comportamento do empresário Abílio Diniz, que, após reunião com a superautoridade, assumiu a função de porta voz da Pasta. Diniz deixou o encontro propalando que estava autorizado pelo ministro a informar sobre uma injeção de liquidez da ordem de R$ 650 bilhões. Guedes liberou sim, mas para que Diniz falasse junto aos seus pares, empresários, e não para sair papagaiando na imprensa. Mas está tudo bem contornado. Afinal, o problema é o coronavírus e não o ego de Abílio Diniz.
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Clubes vão ao governo pedir por apostas eletrônicas
7/04/2020Premido pela pandemia do coronavírus, que paralisou as competições e já atinge as cotas de TV, o futebol brasileiro joga suas fichas em Paulo Guedes e cia. Os clubes estão pleiteando que o Ministério da Economia regulamente, a toque de caixa, o mercado de apostas eletrônicas no Brasil. A lei que autoriza o desembarque dos sites de jogatina no país foi aprovada em dezembro de 2018, ainda no governo Temer, mas, desde lá, o assunto hiberna no governo.
A reivindicação dos cartolas é que a normatização para as apostas online saia até maio. Esse timing abriria caminho para que grandes empresas – a exemplo de Bet365 e Sportingbet – se instalassem no Brasil no segundo semestre, quando se espera que o futebol já tenha retomado suas atividades. Segundo o RR apurou, nesta semana representantes do clube deverão fazer uma reunião virtual com integrantes da equipe de Paulo Guedes.
De acordo com a mesma fonte, os dirigentes vão pedir também que o Ministério abra mão de receita fiscal, flexibilizando a tributação sobre as apostas. A lei é dúbia a esse respeito e abre a possibilidade de uma alíquota de 15% a 35% sobre o lucro líquido das plataformas eletrônicas. Os clubes defendem que uma mordida menor será um estímulo para o rápido ingresso dos sites.
Em meio a uma crise sistêmica sem precedentes, os clubes tentam desencavar duas novas fontes de receita. Uma delas é dinheiro direto na veia: há uma grande expectativa de que as plataformas de apostas esportivas se tornem grandes patrocinadores dos clubes brasileiros. A outra é indireta, via participação na arrecadação – a lei prevê o repasse de 2% para as entidades esportivas. As projeções (pré-Covid) indicavam um movimento financeiro da ordem de R$ 6 bilhões/ano.
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Isolamento
7/04/2020Sinal dos tempos: uma única loja do Hortifruti – rede de supermercados do Rio da qual Paulo Guedes já foi acionista, por meio da BR Investimentos – tem recebido em média, a cada manhã, cinco mil pedidos de entrega por WhatsApp.
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Procura-se um CEO para a crise do coronavírus
30/03/2020Um grupo de empresários da indústria, em reunião na última quinta-feira, recordou, saudoso, o papel de Pedro Parente no comando do comitê de crise do apagão da energia elétrica, no governo Fernando Henrique Cardoso. A unanimidade foi que a gestão Bolsonaro carece de um executivo talhado para o comando das ações emergenciais em uma situação de calamidade. A iniciativa recomendável seria a criação de um gabinete de crise, sem prazo para o encerramento das suas atribuições.
Caberia ao presidente a suspensão das suas atividades. Hoje, a autoridade que mais se aproxima dessa função de coordenador da crise é o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ocorre que o ministro ideologiza demais suas iniciativas e tende a aprovar as medidas necessárias a conta gotas. Um empresário comentou que Guedes é um economista extremamente preparado, mas lento no timing em situação de crise e insuficiente na aprovação dos recursos públicos.
Além do que o ministro, em meio às atuais circunstâncias, viu se esvair o poder do pensamento único. Ou seja: a solução miraculosa do ajuste fiscal recebeu o tranco que a Escola de Chicago sempre se recusou a aceitar em sua cartilha. Diz um antigo mantra da teoria econômica: Keynes não uma solução para o capitalismo; Keynes a única solução para a crise do capitalismo.
Em vez de anunciar, em paralelo às medidas de apoio à saúde, o preparo de um plano grandioso o suficiente para recuperação da economia mais à frente, Guedes insiste repetidamente em bater na tecla das reformas estruturantes. Pedro Parente não sofre dessas idiossincrasias intelectuais. É um pragmático. E conhece mais de crise do que Guedes conhece sobre o pensamento econômico. Na última sexta-feira, o descascador-mor de abacaxis foi reeleito chairman da BRF por mais dois anos. Parente certamente quer que o deixem em paz onde se encontra. Um dos empresários que trouxe a tese à baila, encerrou a hipótese sem chance: “É uma pena para o Brasil.”
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Ministro das reformas
27/03/2020Paulo Guedes fará uma vídeo-conferência com prefeitos no próximo domingo. Vai esmiuçar as medidas econômicas do governo federal para ajudar os municípios em meio à pandemia do coronavírus e, só para não variar, bater na tecla da importância da aprovação das reformas.
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O pouso de emergência da BNDESPar
25/03/2020A BNDESPar poderá ser convocada de novo, na contramão do que queriam o ministro Paulo Guedes e cia. A ideia é que o braço do BNDES compre ações de companhias aéreas, seguindo o modelo do Reino Unido. Seria um esforço para reduzir os efeitos econômicos e sociais da Covid-19 em um dos setores mais afetados pela pandemia. Ressalte-se que a aviação civil gera mais de 850 mil empregos diretos, somando-se apenas as empresas aéreas e as atividades de infraestrutura portuária – sem contar o impacto sobre toda a cadeia do turismo. O cenário atual é tenebroso para o segmento: os voos internacionais já foram reduzidos 85%; os domésticos, caíram à metade; 90% e 70%, respectivamente, das frotas da Gol e da Latam estão paradas.
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“Coronavoucher” cai como uma ducha de água fria
19/03/2020Durou pouco no Congresso a animação com o “coronavoucher” que o Ministério da Economia pretende distribuir a partir de duas semanas para aliviar as necessidades dos trabalhadores informais e desalentados. Ninguém ficou contra a ideia. Mas, à medida que o ministro Paulo Guedes foi anunciando os limites do benefício, as críticas ao baixo valor disponibilizado foram crescendo. Guedes limitou as cifras do voucher ao pagamento do Bolsa Família, ou seja, uma renda de R$ 200 em média por mês. A expectativa era que o valor da ajuda do Bolsa Família aumentasse e não que o voucher fosse proposto na mesma quantia. O motivo é simples: o custo de manutenção do cidadão aumenta com a epidemia. São diversas despesas extras com profilaxia e remédios, além da antecipação de compras devido a uma cada vez mais provável quarentena. Um dos críticos a Guedes é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que considera a economia uma questão de segundo plano. A saúde, segundo ele, tem de ser a primeira, a segunda e a terceira preferências. Querer dar prioridade à contenção de gastos nessa circunstância é coisa de “mão de porco”, teria dito Maia. Em tempo: não seria esta a
oportunidade para implementar a renda mínima?
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Falta um recolhimento compulsório do ajuste fiscal
17/03/2020O ministro da Economia, Paulo Guedes, brecou a proposta de liberação da totalidade do recolhimento compulsório. A ideia, que passeou no circuito do Congresso Nacional ao Palácio do Planalto, triplicaria a disponibilidade de recursos no sistema, dando um choque de liquidez. A medida, contudo, teria restrição para o saque dos recursos. Os médios bancos e as pequenas e médias empresas, por exemplo, teriam prioridade, assim como outras companhias diretamente afetadas pelo novo coronavírus. Hoje, o estoque de compulsórios sobre depósitos à vista no BC é superior a R$ 400 bilhões.
Recomendável para situações de crise em qualquer cartilha da teoria econômica, a medida causa calafrios no ministro Paulo Guedes. Não obstante a circunstância emergencial por conta da pandemia do coronavírus, no caso de Guedes a proposta significa ceder a uma de suas maiores aversões: liberar dinheiro carimbado. Em uma segunda leva, a concessão de dinheiro com endereço certo pode vir não pelo Banco Central, mas pelo BNDES. A agência de fomento tem cerca de R$ 100 bilhões disponíveis no caixa. Esses recursos seriam liberados para as unidades federativas com a maior carteira de obras públicas atrasadas – único caminho viável para a geração de empregos em maior escala, sobretudo em um ambiente de retração da economia.
O Brasil soma mais de 14 mil projetos de infraestrutura parados. Segundo o próprio Ministério da Infraestrutura, a retomada dessas obras demandaria algo em torno de R$ 90 bilhões. Os recursos aprovados pelo Ministério da Economia, por meio do FGTS, PIS-Pasep e Bolsa Família, têm sua função e importância. É dinheiro direto no bolso do brasileiro. Mas, é um remédio passageiro, a exemplo do que ocorreu no último trimestre do ano passado. O que falta à população é emprego.
Falta um recolhimento compulsório do ajuste fiscal, quanto mais sustentável melhor. O governo estuda outras medidas, além do aumento de crédito da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil já concedidos, de preferência que não o levem a desconstruir a arquitetura fiscal, ou seja, meta de déficit primário e teto dos gastos. Uma das iniciativas certas será o remanejamento de recursos do orçamento para a área da saúde – já foram aprovados R$ 5 bilhões, ou, ao preço médio de R$ 15 por frasco, o equivalente a um vidrinho e meio de álcool gel para cada brasileiro. Como o cobertor é curto, ou seja, as verbas discricionárias são justas, outros setores serão sacrificados. Não há outro jeito. Não há? Cresce no governo quem defenda a mudança da meta do déficit primário. No teto, há um buraco regulatório que permite gastos excepcionais em situações de emergência nacional. Portanto, o teto pode ser furado. A questão é aumentar o gasto e lembrar que o ajuste fiscal não salva vidas.
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Na contramão de Paulo Guedes
13/03/2020O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, comprou o barulho com o ministro Paulo Guedes, contrário às ZPEs. Mendes está decidido a tirar do papel a Zona de Processamento de Exportação do estado, projeto que vai e vem há quase 30 anos. Já liberou R$ 15 milhões para a terra-plenagem da área prevista para a instalação da ZPE, na cidade de Cáceres.
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Operação para-brisa
12/03/2020Carlos Zarlenga, presidente da General Motors na América do Sul, tem se aproveitado da placa do Iedi para distensionar as relações com o governo. Por meio do Instituto, encontrou-se com o ministro Paulo Guedes e assinou o manifesto de apoio à implementação do imposto de valor agregado. Zarlenga tornou-se persona non grata na equipe econômica graças às seguidas ameaças de fechar fábrica e até mesmo deixar o Brasil a cada medida do governo na contramão dos interesses da GM.
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Linha direta com Guedes
9/03/2020Pode até não passar de bravata, mas o governador Ronaldo Caiado fez chegar ao ministro Paulo Guedes a mensagem de que não trata mais da venda da Saneago com o secretário de Privatizações, Salim Mattar. A partir de agora, Caiado quer linha direta com o próprio Guedes para discutir a venda da estatal de saneamento no âmbito do programa de ajuda fiscal do governo federal. O governador goiano tem falado cobras e lagartos de Mattar pela morosidade em conduzir a questão.
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Crédito ao consumo é o remédio anticoronavírus
2/03/2020É Jair Bolsonaro quem diz: Keynes está vivo, ainda que contaminado com o coronavírus. E dessa vez não é Paulo Guedes quem dá as cartas; ele só abre o bolso. Os riscos da epidemia se alastrar sobre a economia estão sendo discutidos no Palácio do Planalto pelos generais quatro estrelas. A velocidade com que o coronavírus impacta as projeções do PIB tem deixado o alto comando do governo em estado de alerta. Segundo o RR pode pescar, uma verba extraordinária seria reservada para alocação no consumo, que é o segmento responsável pelo pífio crescimento do país.
O governo pode manobrar a absorção doméstica no curto prazo, coisa que não acontece com os investimentos, a indústria e, especialmente, a exportação, que é quem deverá sofrer diretamente as consequências do vírus. O ministro da Economia terá o papel de catar recursos do Orçamento. No limite, vale até uma contribuição extraordinária por tempo determinado. A preocupação é grande. Só existem dois casos do vírus efetivamente constatados no Brasil. E, mesmo que não houvesse nenhum, bastaria a atual contaminação nos diversos países do mundo para achatar o PIB do país.
O Boletim Focus vem tratando do contágio da economia a conta-gotas. Nas últimas quatro semanas, a projeção do PIB estava em 2,31%. Na última rodada, ela foi reduzida de 2,23% para 2,20%. Mas, os indicadores antecedentes, pré-Focus, obtidos nas principais casas bancárias, a exemplo do Itaú, BTG, JP Morgan, empurram o crescimento da economia para baixo de 2%. Há instituições, como o Fator, que estimam um PIB de 1,4%. A velocidade de queda é algo que apavora os generais, profissionais talhados para circunstâncias de crise, que requerem planejamento emergencial. Por enquanto, o protocolo é o silêncio. E torcer para que não venha a ocorrer mais nenhum caso de coronavírus no Brasil.
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O dia em que o BC tratou os bancos como inimigos
21/02/2020A divulgação pelo Banco Central de estudo sobre a estratégia “atraia e extraia”, por meio da qual os grandes bancos usam a fidelização do cliente para aumentar o spread, incomodou a gregos e troianos. Aos bancos, essencialmente, por serem acusados formalmente de vilões, que usam seu poder de mercado para encurralar os tomadores de crédito. As instituições financeiras estranharam que o BC não tivesse realizado uma reunião prévia com a banca, o que seria mais eficaz para promover uma queda do spread, caso confirmada a tese dos economistas do BC.
Historicamente a autoridade monetária trata com os bancos previamente sobre assuntos que podem afetar a imagem coletiva das instituições financeiras. Mas, dessa vez, preferiu divulgar o estudo, meio que criminalizando os bancos. Uma parte da equipe econômica, na qual se inclui especialmente o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, também desgostou da divulgação. O motivo, porém, é exatamente o inverso dos grandes bancos privados. Ao informar que BB e Caixa Econômica atraem os clientes para baixar o spread na medida em que as operações de empréstimo se sucedem, o BC proporcionou uma forte argumentação antiprivatista.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, está entre aqueles que acreditam ser possível privatizar pelo menos um dos bancos públicos. Após a divulgação do documento, a autoridade monetária correu para dizer que o pensamento dos autores não representa necessariamente a sua opinião. Mas a atitude com o vazamento do “atraia e extraia” não significa um caso isolado. Faz parte de uma tendência. O Banco Central não perde oportunidade para demonstrar que agora tem um lado.
A velocidade com que são facilitadas as regras de acesso das fintechs ao mercado é muito maior do que a da regulação das startups bancárias. Os grandes bancos estão vivendo em um limbo, como se a regulação só valesse para eles. A Febraban, a quem caberia um papel de proeminência nesse debate, junto ao BC e à opinião pública, tem sido recorrentemente surpreendida com a vinda à tona das alterações no sistema, tais como a portabilidade dos créditos para fintechs. Em meio à dificuldade de nadar em um oceano regulatório na maior escuridão, os bancos têm pela frente ainda o open banking, que o próprio Banco Central considera uma obra aberta. Além da devassa nos números bancários, não se sabe que coelho pode sair daquela cartola.
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Quanto pesa cada integrante do time de Paulo Guedes?
19/02/2020Os Chicago´s Oldies e afins que gravitam em torno do ministro Paulo Guedes têm pesos diferentes no ranking de prestígio e aprovação no governo. Guedes universalizou ideologicamente sua equipe. São todos ortodoxos, egressos da universidade de Milton Friedman, mercado financeiro, Ibmec e Instituto Millenium. Destes dois últimos participam, respectivamente, o secretário geral de Produtividade e Competitividade, Carlos Costa, que privou com o ministro na unidade do Ibmec-SP quando ele era o dono da universidade, e Paulo Uebel, secretário geral de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, oriundo do Millenium. Também do Instituto é egresso o secretário de Comércio Exterior e Relações Internacionais, Marcos Troyjo. Com perfil de diplomata, trabalhou com Mario Garnero e Nelson Tanure, empresários que caracterizaram sua trajetória por operações ousadas.
Costa, Uebel e Troyjo mostram serviço e são prestigiados. No ranking da aprovação poderiam estar em um 3° lugar todos os três. O secretario do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que já estava no governo antes da gestão Bolsonaro e chegou a aspirar a pole position nas categorias de prestígio e aprovação, teve uma queda drástica nos últimos cinco meses. Por pouco escapou a uma
fritura. Deixaria o Tesouro, por qualidade claudicante dos serviços, e cairia para cima, assumindo a diretoria executiva do Conselho Fiscal da República. Guedes, contudo, estancou a saída, brindando-o com a acumulação dos dois cargos. Mansueto poderia muito bem se situar no 5° lugar, com viés de baixa. Na gangorra do ranking estão o secretário de Desestatização e Desmobilização, Salim Mattar, e o Secretário Adjunto da Secretaria Especial de Fazenda, Esteves Colnago.
Mattar desceu para um 6° lugar, sem louvor. Era uma das novidades de Guedes: colocar um empresário para tocar a desestatização. Colnago, ao contrário, tinha pouca visibilidade, imerso na burocracia, mas mostrou grande proficiência e tomou conta do gabinete. Sai de um 7° para um 5°, com viés de alta. Empatados no 2° posto estão o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, e o secretário geral de Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior. Os dois são os mastins de Guedes. Autorizadíssimos a falar com a imprensa, são os reis das planilhas com os dados macroeconômicos e de finanças públicas. Defendem o governo com unhas e dentes. Em franco descenso está o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Não acerta uma. Por pouco não foi demitido pelo próprio Bolsonaro, que o conhece desde criança.
Montezano também tem o coração de Guedes. Mas entregar o serviço, que é o que interessa, até agora não se viu. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, é um quadro anódino. Parceiro de Guedes desde os tempos do Pactual e Chicago Old puro sangue, foi investigado pelo MP no caso Marka – e absolvido, diga-se de passagem – e se especializou em dar declarações defendendo a venda do BB e maltratando seu corpo de funcionários. Mas parece ter aprendido que o silêncio vale ouro, principalmente para quem não sabe lidar com as palavras. Leva um 6° lugar e olhe lá. O presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, é exatamente o contrário de Novaes. Tirou a CEF da condição de instituição abúlica e injetou eletricidade na gestão. Baixou os juros mais do que todos os bancos, demonstrando que é possível adotar a medida com sustentabilidade. Usa das palavras com grande eficiência. Um craque. Vai para o “2,5°” lugar. Empatados na mais alta posição estão os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, e da Petrobras, Roberto Castello Branco. Ambos são sacerdotes do silêncio. Falam pouco, erram pouco. BC e Petrobras não têm mesmo que ficar na ribalta. Castello toca a empresa que nem um violino e conseguiu um feito raro: lidar com a corporação se opondo ao que ela pensa. Campos Neto desabou com os juros e tem se comunicado com o mercado de forma cristalina e na medida certa. Os dois vão para o “1,5º” lugar. A 1ª posição ninguém leva.
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Governo abre a porteira para as apostas eletrônicas
13/02/2020O jogo vai começar. O Ministério da Economia planeja publicar até abril a regulamentação da Lei 13.756/18, a peça que falta para a abertura do mercado de apostas eletrônicas no Brasil – a nova legislação foi aprovada em 2018, ainda no governo Temer. Segundo informações filtradas da própria Pasta, Bet365 e Sportingbet, dois dos maiores sites do setor no mundo, já confirmaram ao governo que pretendem iniciar suas operações no país ainda neste ano.
Outros grandes grupos de apostas esportivas vêm mantendo conversações com o Ministério, notadamente com o subsecretário de Prêmios e Sorteios, Waldir Eustáquio Marques Júnior. Estudos mostram que o setor poderá movimentar cerca de R$ 8 bilhões já em seu primeiro ano no Brasil – o dobro do que hoje os brasileiros apostam, em dólar, em sites sediados no exterior. Um pedacinho desse montante vai ajudar Paulo Guedes a reduzir o déficit fiscal.
Aliás, essa ainda é a grande incógnita da regulamentação e objeto de impasse junto aos investidores privados. O texto da lei é dúbio e deixa uma margem elástica para a tributação, que vai de 15% a 35% do lucro líquido dos operadores. Façam suas apostas sobre qual é o entendimento de Guedes sobre a alíquota a ser fixada… Acertou!
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Ato falho
10/02/2020Ato falho: o secretário Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, chamou o ministro Paulo Guedes de “Papa Guedes”. Um engano cheio de significado psicológico. Freud explica. Ou talvez nem seja necessário.
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Os “arministas” estão chegando. E o “lucianistas” também…
7/02/2020Na versão clássica, o “arminianismo” é uma escola de pensamento soteriológica (doutrina da salvação), baseada sobre as ideias do holandês Jacobus Arminius (1560–1609) e seus seguidores históricos, os “remonstrantes”. Na versão tupiniquim, o “arminianismo” são fazimentos do economista Armínio Fraga Neto, imbuídos das melhores intenções, mas que visam em todas as instâncias chegar ao poder. Leia-se influenciar na eleição do presidente da República e assumir o cargo de ministro da Economia, hoje ocupado por Paulo Guedes. Fraga criou centros de estudo e grupos de trabalho, que financia com dinheiro do próprio bolso. O centro de estudos trata do problema da saúde. O grupo de trabalho discute a Reforma do Estado. Os técnicos “arministas” trabalham a todo o vapor sobre um leque amplo de temas. O animador de auditório Luciano Huck é informado sobre cada uma das propostas ou documentos redigidos nos mini think thanks. Apesar de fazer doce, dizendo que ainda matuta sobre o assunto, Huck é candidataço à Presidência, em 2022. Na versão original, o “lucianismo” é uma política imposta com valores diferentes do socialismo e do capitalismo. Algo meio tucano. On “lucianismo” foi professado no século II e desapareceu no século IV.
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Onyx Lorenzoni está de volta ao ringue
6/02/2020Mais recente vítima do método “frita e depois esfria” de Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni se reergueu. Depois de levar a mensagem do presidente da República ao Congresso, a nova demonstração da recuperação do poderio de Lorenzoni é a sua disposição para enfrentar Paulo Guedes. Ligado à Frente Parlamentar da Agricultura, o ministro da Casa Civil trabalha no Senado para a aprovação do parcelamento das dívidas do Funrural. O carregamento de passivos dos produtores rurais já beira os R$ 12 bilhões. O ministro também articula junto ao Congresso o abatimento da cobrança do fundo sobre cooperativas agrícolas. A rigor, seria uma compensação pelos custos com a compra de insumos fornecidos aos cooperativados. Nos dois casos, caminha na mão oposta de Guedes, contrário ao parcelamento do Funrural e à renúncia de parte da receita que vem de cooperativas.
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Coronavírus provoca espirros nas projeções do PIB
5/02/2020O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem uma preocupação adicional com o coronavírus. Guedes teme que a pandemia atinja as previsões das instituições financeiras já nas próximas rodadas do boletim Focus. O alvo mais visível seria o PIB, com o risco de sofrer quedas acentuadas. O ministro tem receio do que se chama na linguagem econômica de profecia autorrealizável.
No último Focus, divulgado na segunda-feira, dia 3, a previsão de crescimento do PIB caiu uma migalha, descendo de 2,31% para 2,30%. Desde então, durante os últimos dias, pipocaram informações de que as instituições financeiras estão mudando agressivamente suas estimativas. O Banco Itaú, tradicionalmente conservador em suas previsões, seria um dos que estaria cortando mais intensamente suas projeções do PIB. O banco suíço UBS já mostrou sua navalha: cortou sua previsão em 0,4 ponto percentual, baixando sua perspectiva de 2,5% para 2,1%.
O ex-economista chefe do Credit Suisse Nilson Teixeira, considerado um dos grandes conjunturalistas do país, também teria derrubado suas próprias projeções. A equipe econômica não tem dúvida de que o coronavírus fará algum estrago nas estimativas do PIB. Só não sabe o tamanho. De qualquer forma, mesmo com o esperado efeito sobre as expectativas, não há impedimento de que o PIB cresça na casa dos 2,3% projetados pelo Banco Central ou dos 2,2% esperados pelo Ministério da Economia. Ou, ainda, acima de ambos os índices. O surto pode simplesmente não se manifestar ou ser controlado ainda no nascedouro. Pelo menos é o que todos esperamos. Se depender de Paulo Guedes, a maior vacina contra os efeitos nocivos do coronavírus sobre o PIB são as reformas. De preferência em dose tripla. Ou seja: as reformas administrativa, tributária e o Pacto Federativo.
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Assim é se lhe parece…
29/01/2020O que o mercado não faz? A XP, até outro dia era um puxadinho, ultrapassou a casa dos R$ 100 bilhões de valor em Bolsa. Para efeito de comparação, o Banco do Brasil vale cerca de R$ 140 bilhões. Pelo andar da carruagem, talvez seja o caso de Paulo Guedes convocar a XP para participar de futuras privatizações no sistema financeiro.
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Menos Brasília, mais Brasil
27/01/2020Pelo menos no que diz respeito ao Minha Casa, Minha Vida não vale a máxima de Paulo Guedes “Menos Brasília, mais Brasil”. Com a concentração das decisões no Ministério da Cidadania, propõe-se um novo bordão: “Menos prefeituras e mais governo central”.
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Área externa começa a tirar o sono de Paulo Guedes e cia.
23/01/2020Os números sobre o crescimento dos investimentos diretos, no Brasil, apresentados em Davos, somente encobrem a preocupação da equipe econômica com a área externa da economia. O aumento de 25% no Investimento Direto no País (IDP), que teria produzido o “feito” de lançar o Brasil para o quarto lugar no ranking mundial dos maiores receptores desses recursos no mundo, ignora que a base de comparação é baixa – em 2018, o IDP teve o menor ingresso desde 2013. Não fosse o petróleo, o país teria tido uma performance sofrível.
O que chama a atenção de Paulo Guedes e cia. são o déficit em transações correntes e a balança comercial, que não refletem os números do IDP, e correm em uma raia própria de mau desempenho. Na balança comercial, o saldo de 2019 foi positivo em US$ 43,32 bilhões, mas 20% abaixo ao registrado no ano anterior, segundo o Ministério da Economia. Na área da conta corrente, o Brasil registrou um déficit em suas transações da ordem de US$ 50 bilhões – no início de 2019 a projeção era de US$ 36 bilhões. Para 2020, o BC prevê um aumento do buraco para US$ 57 bilhões.
A balança comercial e o déficit de transações correntes são imbricados, com a piora da primeira tendo impacto direto no segundo. Quem paga a fatura da conta do balanço de pagamentos é o IDP. Estão na essência dessa preocupação com a área externa as recentes medidas com as quais o governo busca afagar o capital internacional, como acabar com o direito de preferência da Petrobras nos leilões do pré-sal e abrir o mercado de compras públicas a estrangeiros.
O governo brasileiro tem de correr também com a aprovação do fast track, nomeação nas agências regulatórias e legislação para a desestatização. A avaliação mais recente que se tem do país não é empolgante para um governo que pretende fazer do capital externo a alavanca do crescimento nacional. Segundo o ranking da consultoria A.T. Kearney, o Brasil saiu pela primeira vez da classificação dos países confiáveis para o investimento estrangeiro. Estava incluído em todas as edições anteriores do estudo.
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Malhação do Paulo
17/01/2020Paulo Guedes é o “judas” prestes a ser malhado pelos pastores evangélicos. Foi o ministro da Economia que travou pessoalmente a proposta do Palácio do Planalto de concessão de subsídios no fornecimento de energia elétrica a templos religiosos.
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Inflação causa fissuras na equipe econômica
16/01/2020Há uma divisão na equipe econômica do governo sobre o nível de inflação ótima. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, pensa de forma pendular quando trata do assunto. O núcleo da polêmica é o índice ficar abaixo ou acima da meta e quanto, eis as questões! O governo trabalha com a hipótese de uma inflação de 3,6% para este ano, portanto abaixo da meta. É uma inflação rouba-montinho. Não colabora para sacudir a atividade produtiva e, principalmente, diminui a arrecadação fiscal. Nas contas recentemente divulgadas, para cada um ponto percentual a mais de inflação há um aumento de R$ 6 bilhões na arrecadação. E os juros? A mesma corrente da equipe econômica, apoiada por economistas convidados, acha que a taxa Selic pode ficar em 4,5% sem dar bola para uma inflação entre 5% e 5,5%. Talvez até mais um pouquinho. O grupo contrário pensa que a inflação pode chegar a 3% para que os juros desçam até 4%, reduzindo dívida bruta e o risco Brasil, e colaborando para atração de investidores externos. O fato é que a arrecadação está baixa. Mesmo que venha a aumentar por um efeito cíclico, a verdade é que, com a inflação um tico mais alta, poderia crescer mais do que as projeções do governo. Se o parâmetro for o mundo desenvolvido, o que se vê hoje são economias em busca de alguma inflação a mais. Caso a variável central da política econômica fosse o crescimento, um development target, digamos assim, Paulo Guedes dava linha ao índice. Mas, crescimento sempre foi um detalhe para essa rapaziada.
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Ainda tem muita água para passar no marco regulatório do saneamento
15/01/2020A recente aprovação do marco regulatório do saneamento no plenário da Câmara está longe de encerrar o assunto. Há um pleito dos grupos privados do setor no sentido de flexibilizar regras impostas pelo projeto de lei 3.261/2019 antes da sua votação no Senado. O ponto central é a obrigatoriedade de que os futuros concessionários atinjam, até 2033, 99% de abastecimento de água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto. A punição ao descumprimento das metas vai de multas pesadas até a perda da concessão, no ponto mais extremo.
O sarrafo é considerado alto demais pelos investidores. Em um exercício hipotético, significa dizer que, caso as privatizações saiam neste ano, os investidores privados teriam quase que dobrar a performance do setor em apenas 13 anos. Hoje, apenas 48% da população brasileira têm acesso à coleta de esgoto. Além do mérito das reivindicações, os investidores privados apostam que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, vai querer colocar uma marca da Casa no projeto de lei, o que o torna mais suscetível aos pleitos do setor.
Não custa lembrar que a Câmara decidiu deixar de lado um texto anterior oriundo do próprio Senado, o que criou um certo mal estar. Ressalte-se que qualquer mudança no texto pelo Senado obriga o retorno do projeto à Câmara. Não é por acaso que o próprio ministro Paulo Guedes se escalou para articular a tramitação do marco regulatório do saneamento no Congresso e participar da interlocução com os investidores privados. O objetivo é evitar um impasse que atrase ainda mais a tramitação do projeto, empurrando um ciclo de investimentos que, nas estimativas mais otimistas, beira os R$ 600 bilhões.
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Copo meio cheio?
15/01/2020Na última segunda-feira, reunido com os secretários do Ministério da Economia, Paulo Guedes celebrou o avanço da reforma da Previdência nos estados. Dos 27 governadores, 20 já enviaram propostas às assembleias legislativas. É uma forma otimista de enxergar o mundo. No entanto, só 13 estados aprovaram o novo sistema previdenciário. Em ano de eleição, a chance das assembleias mexerem nesse vespeiro cai consideravelmente.
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Coca-Cola e AmBev travam queda de braço fiscal com Paulo Guedes
14/01/2020Coca-Cola e AmBev estão usando todo o seu peso na tentativa de reverter a decisão do ministro Paulo Guedes de cortar incentivos fiscais à indústria de bebidas na Zona Franca de Manaus. Empresas menos votadas, de perfil regional, mas igualmente afetadas pela medida – a exemplo de Amazon Refrigerantes e Guaraná Magistral – também participam da tour de force. A articulação passa pelo Congresso. Na última quinta-feira, deputados e senadores do Amazonas se reuniram com o objetivo de traçar uma estratégia para restabelecer, se não integralmente, parte dos benefícios tributários.
O bloco é encabeçado pelos senadores Plínio Vale e Eduardo Braga, líder do governo no Senado. Segundo a fonte do RR, os parlamentares pretendem agendar uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro ainda nesta semana para levar uma proposta de aumento gradativo dos créditos tributários de 4% para 8% sobre o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Consultada sobre o assunto, a Coca-Cola transferiu a responsabilidade da resposta para a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes (ABIR), que, por sua vez, não se manifestou.
Igualmente procuradas, AmBev, Amazon e Magistral também não se pronunciaram. O que está em jogo é algo em torno de R$ 800 milhões. É quanto CocaCola, AmBev e outros fabricantes vão perder em créditos tributários a cada ano com a redução da alíquota. No ano passado, Bolsonaro se sensibilizou com o pleito do setor e da bancada da Amazônia e elevou temporariamente o benefício para 10% do IPI. Em 1º de janeiro deste ano, a alíquota voltou para os 4% fixados ainda no governo Temer. E é lá que Paulo Guedes quer manter esse sarrafo. Já é uma concessão. A vontade mesmo do ministro, que não morre de amores pela Zona Franca e muito menos por renúncia fiscal, era zerar o benefício.
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Fissuras na Dataprev
13/01/2020A reestruturação da Dataprev – corte de 15% dos funcionários e fechamento de escritórios em 20 estados – acirrou divergências na empresa. Segundo informações filtradas pelo RR junto à estatal, os três diretores executivos – André Côrte, Bruno Severiano e Thiago de Oliveira – teriam ficado à margem das decisões mais agudas. De acordo com a mesma fonte, as medidas teriam sido discutidas entre a presidente da Dataprev, Christiane Edington, e o ministro Paulo Guedes. Procurada, a Dataprev diz que “as informações não guardam correlação com a realidade.” A empresa garante que a “a ação foi objeto de aprovação da Diretoria”. Segundo a mesma fonte, o pacote de maldades fez aumentar a impopularidade de Christiane Edington entre seus comandados, inclusive integrantes da diretoria. Desde que assumiu, em março do ano passado, Christiane não teria conseguido conquistar a simpatia dos “Dataprevianos”. A executiva é vista como uma espécie de feitora de Guedes, responsável por sua indicação para a estatal. Consultada, a empresa diz que “o relacionamento entre todos os membros da Diretoria Executiva da Dataprev é ético e profissional.”
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Gerdau se candidata a “ministro do downsizing”
10/01/2020O empresário Jorge Gerdau lê a revista Veja? Com certeza! Assim não o fosse, não teria sabido dos desperdícios e despesas extravagantes do Palácio do Planalto. E nem teria colocado novamente o consultor Vicente Falconi no circuito. Sim, novamente, porque, segundo a revista, o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno bem que tentou, tempos atrás, colocar Falconi na fita para fazer o downsizing do Planalto. A iniciativa não foi para frente. Agora, conforme foi confidenciado ao RR, o tema voltou à baila. A dupla Gerdau e Falconi está assuntando a medida. A varredura no Planalto seria uma ação pró-bono. A União economizaria alguns gastos, o governo reduziria algumas migalhas no déficit primário e todos faturariam no marketing pessoal. Um jogo de ganha-ganha. A colaboração de Gerdau com Falconi tem quase uma década. Vem da criação do Movimento Brasil Competitivo. Trabalharam gratuitamente para diversas unidades federativas. O caminho dos entendimentos passaria pelo onipresente Paulo Guedes. Gerdau tem uma relação estreita com Guedes. O siderurgista é um dos principais financiadores do Instituto Millenium, entidade voltada à disseminação do pensamento liberal. E Paulo Guedes, até entrar no governo, era uma das estrelas da fraternidade. A ideia-força da medida é fazer do presidente o garoto propaganda do principal mote do seu governo: a economia de gastos. Bolsonaro daria o exemplo pessoal naquilo que discursa. Mesmo que a redução de desperdícios seja ínfima, para a finalidade política é bastante producente. É algo que pode render até 2022.
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Óleo na pista
6/01/2020Marina Willisch, nova VP de Relações Governamentais da GMno Brasil, terá a dura missão de aparar as arestas entre a empresa e a gestão Bolsonaro, especialmente Paulo Guedes. O ministro não engole as chantagens do presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga. O método Zarlenga consiste em ameaçar deixar o Brasil quando uma medida do governo contraria os interesses da empresa.
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Um afago ao Nordeste
2/01/2020O ministro Paulo Guedes bateu o martelo: a gestão do Crediamigo, o programa de microcrédito do governo federal, permanecerá com o Banco do Nordeste. Banco do Brasil e Caixa Econômica cobiçavam a carteira de R$ 4,6 bilhões.
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2019 foi um ano de acertos dobrados no RR
30/12/20194 de janeiro. O ano de 2019 e a era Bolsonaro nem bem tinham raiado quando o RR cravou não apenas a decisão do novo governo de privatizar a Eletrobras, mas também os movimentos de Jorge Lemann para comprar a empresa, por meio do 3G Radar. Poucas semanas depois, as duas informações estavam em toda a mídia. Foi o primeiro dos incontáveis furos aos quais o assinante do Relatório Reservado teve acesso, com exclusividade, ao longo deste ano – boa parte deles antecipando passos do Poder, notadamente do presidente Jair Bolsonaro e de sua equipe. Na edição de 8 de janeiro, a newsletter destrinchou o projeto da gestão Bolsonaro para murchar o Ibama e demais órgãos da área ambiental por dentro.
Não deu outra: o meio ambiente se tornaria um nervo exposto no primeiro ano de seu governo, como se veria mais à frente, em um dos episódios de maior repercussão de 2019. Em 21 de agosto, o RR informou, em primeira mão, que o Itamaraty tinha a informação de que governos da Europa preparavam um forte ataque à política ambiental do presidente Bolsonaro, com ênfase no desmatamento da Amazônia. A matéria do RR informava, inclusive, o Dia D e o lócus da ofensiva: 24 de setembro, data de abertura dos chamados debates de alto nível da 74ª Assembleia Geral da ONU. Dito e feito. O Brasil sofreu um bombardeio sem precedentes de grandes líderes globais por conta das queimadas na Amazônia, e o tema ditou o discurso de Bolsonaro nas Nações Unidas. Em 4 de setembro, o RR também foi o primeiro veículo a noticiar a coalizão entre a bancada ruralista e grandes tradings para evitar a moratória da soja, assunto que estouraria na imprensa duas semanas depois.
Nos primeiros dias de mandato do Capitão, precisamente em 9 de janeiro, o RR trouxe em primeira mão a determinação do Planalto de abrir a “caixa-preta” da Previdência, com uma devassa nos bancos de dados da Dataprev e nos pagamentos de benefício do INSS, que seria formalmente anunciada semanas depois. Em 17 de janeiro, a publicação revelou os planos de Bolsonaro de espalhar escolas cívico-militares pelo país – projeto que só seria formalmente divulgado em setembro, com o anúncio da construção de 216 colégios até o fim do atual mandato. Ainda em janeiro, no dia 21, o RR informou sobre a disposição de Paulo Guedes em rasgar a camisa de força do Orçamento, com a desvinculação das receitas. O ministro abriu essa guerra, ainda que, até o momento, sem vitória. Por dever de ofício, auscultar os gabinetes de Paulo Guedes e da equipe econômica foi um exercício quase diário do RR, o que permitiu antecipar decisões ou projetos ainda que no seu nascedouro.
Em 15 de fevereiro, o RR foi o primeiro veículo a colocar sobre a mesa que o Ministério da Economia cogitava um shutdown, ou seja, a suspensão geral dos pagamentos dos gastos públicos. O risco estava diretamente vinculado à não aprovação da reforma da Previdência e chegou a ser tratado em conversas entre Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, conforme revelou a newsletter. O tema somente começou a aparecer na mídia em maio. Em novembro, o próprio ministro viria a falar na possibilidade de um “shutdown à brasileira”, com a adoção de medidas combinadas para “estancar a sangria de despesas até que o equilíbrio fiscal seja restabelecido”, como suspensão de reajustes para o funcionalismo, reestruturação de carreiras no serviço público etc etc.
Em 13 de junho, o RR noticiou a intenção de Paulo Guedes de soltar recursos pingados para adoçar a boca dos brasileiros e injetar uns trocados na economia – no que a newsletter chamou de uma estratégia “rouba montinho”, ou seja, tira um pouquinho de moedas daqui e empurra para ali. Pouco tempo depois, as migalhas começaram a cair sobre a mesa, com a liberação de dinheiro do FGTS, um pequeno puxadinho no orçamento do Minha Casa, Minha Vida e até um cata-cata de grana para honrar o pagamento de bolsas do CNPq. O drama fiscal foi acompanhado no detalhe do detalhe pelos assinantes do RR, a partir de informações exclusivas e análises argutas. O RR seguiu cada pegada do Copom, especialmente a sua intenção de acelerar a redução da Selic, tendo como meta juros reais de 1% neste ano, conforme a newsletter informou em 17 de setembro. Por falar em juros, o Relatório Reservado foi o primeiro veículo a chamar a atenção para a dissintonia entre os dois grandes bancos estatais diante da forte queda da Selic.
No dia 7 de outubro, a publicação abordou a posição do Banco do Brasil, de Rubem Novaes, nome historicamente vinculado a Paulo Guedes, de não reduzir suas taxas de juros, diferentemente da Caixa Econômica. Poucos dias depois, o restante da mídia abriu os olhos para o assunto e o próprio BB acabaria por anunciar um corte em suas taxas. Ainda percorrendo os bastidores das grandes decisões da economia, o assinante do RR soube antes, no dia 19 de agosto, que o governo estava prestes a lançar um programa de privatizações como o “país nunca viu”. Dois depois, a notícia se confirmava – ainda que sem fazer jus à expressão hiperbólica cunhada dentro do próprio Ministério da Economia. Em 21 de agosto, o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, divulgava oficialmente o plano de venda de nove estatais – à exceção dos Correios, e olhe lá, nenhuma de fechar o comércio. Por ora, o explosivo programa de privatizações anunciado por Bolsonaro e Guedes não passa de um estalinho.
Ainda na seara das concessões públicas, nos estertores de 2019, mais precisamente em 4 de dezembro, o RR noticiou um mutirão interministerial do governo para aprovar o marco regulatório do saneamento – condição sine qua nom para destravar a venda de estatais do setor. Cinco dias depois o próprio ministro Paulo Guedes confirmava que o governo havia intensificado a articulação política para acelerar a aprovação da lei no Congresso. Seguindo na agenda econômica, o RR foi o primeiro a puxar uma questão que somente dias depois seria fisgada pela mídia de um modo geral. Na edição de 8 de novembro, após consultar importantes juristas, a newsletter trouxe a informação de que o Conselho Fiscal da República – o ornitorrinco criado por Paulo Guedes juntando partes do Executivo, Legislativo e Judiciário – é inconstitucional. Do fiscal para o câmbio, em 22 de novembro o RR trouxe à tona a crescente preocupação do Banco Central com a escalada do dólar.
Quatro dias depois, a autoridade monetária entrou no mercado vendendo a moeda americana para segurar as cotações, expediente que ainda se repetiria mais algumas vezes. Em 20 de fevereiro, o RR esmiuçou o grande projeto do “governo digital” que começava a ser engendrado no Ministério da Economia, mais precisamente na área comandada pelo Secretário Paulo Uebel, com o objetivo de arrumar a máquina pública tanto para dentro quanto para fora, leia-se o atendimento à população. Somente mais para o fim do ano, o tema cairia no radar da mídia, com direito a capa de revista semanal. Ainda no âmbito da economia, em 11 de fevereiro, a newsletter informou sobre o convite do então presidente do BNDES, Joaquim Levy, a Gustavo Franco para assumir a presidência do Conselho de Administração, formalizado apenas no fim daquele mês.
Da mesma forma, em 19 de junho, o RR antecipou que o economista deixaria de ser o chairman da agência de fomento antes mesmo de assumir o cargo. Àquela altura, oficialmente Gustavo Franco e o próprio BNDES negavam o meia volta, volver, garantindo que o processo de indicação transcorria normalmente e a demora na posse se devia à burocracia do rito. Pois bem… Somente no fim de julho, mais de um mês após a notícia do RR, o economista e o banco admitiram o desenlace antes mesmo do casório. Em 16 de dezembro, o RR colocou foco sobre o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, antecipando os preparativos para a sua saída do governo.
Uma semana depois, Paulo Guedes e toda a equipe econômica fizeram um desagravo público a Mansueto. Chamou a atenção do empenho do ministro em garantir a permanência do economista no cargo por “pelo menos mais um ano”. Mais sintomático, impossível. Guedes desmentiu e o RR reafirmou e reafirma o que disse: Mansueto vai deixar o governo em breve. Ao longo de 2019, o RR manteve a tradição de acompanhar amiúde a área de Defesa, que, não bastasse sua importância per si, ganhou um destaque ainda maior no noticiário devido ao notório imbricamento entre o estamento militar e o governo Bolsonaro.
Em 25 de fevereiro e 13 de março, período marcado pelo agravamento da crise institucional na Venezuela e por forte tensão na fronteira, a newsletter revelou a preocupação das Forças Armadas com a fragilidade do sistema brasileiro de defesa, resultado da contínua asfixia orçamentária comum a todos os últimos governos brasileiros. Em 5 de abril, o RR abordou a tensão entre militares, ainda que da reserva, e o Judiciário. A publicação destacou o editorial da Revista do Clube Militar, por meio do qual o presidente da instituição, General de Divisão Eduardo José Barbosa, fez duras críticas ao STF. Na ocasião, o oficial da reserva classificou como uma “evidente ofensiva contra a Lava Jato” a decisão do Supremo de que processos de “caixa 2” migrem para a Justiça Eleitoral. Nos dias a seguir, o assunto ganharia evidência na mídia.
O RR também foi um intérprete das tensões institucionais que cercam o governo Bolsonaro. Em 2 de maio, em matéria intitulada “FHC é o maior conspirador da República”, a newsletter desvendou as movimentações do ex-presidente junto aos principais grupos de poder do país em um período de efervescência por conta dos seguidos episódios de quebra de decoro protagonizados por Jair Bolsonaro. Menos de duas semanas depois, FHC não se fez de rogado e verbalizou publicamente a palavra que tanto vinha sussurrando na penumbra: “O impeachment às vezes é inevitável”. Entre as várias “guerras” abertas por Bolsonaro em seu primeiro ano de mandato, está o embate com a própria mídia. Em 9 de agosto, o RR trouxe a informação de que o presidente da República determinaria o corte de assinaturas de grandes jornais e revistas nos órgãos federais. Bingo! Em 31 de outubro, o governo anunciava o cancelamento da assinatura da Folha de S. Paulo.
O ministro Sergio Moro e, por extensão, o Judiciário estiveram no centro de outros importantes furos do RR ao longo de 2019. Em 1 de abril, a newsletter divulgou a movimentação de Moro para aumentar o orçamento da sua Pasta e aumentar o efetivo da Polícia Federal. Um mês depois, Paulo Guedes soltou a grana, e o ministro da Justiça anunciou a convocação de 1.200 aprovados em concurso para a PF realizado no ano passado. Em 11 de junho, o RR antecipou uma grande ação da Justiça, notadamente da Polícia Federal, para combater a atuação do crime organizado, sobretudo do PCC, no contrabando de ouro. Sete dias depois, a PF deflagrava a Operação Ouro Perdido, desbaratando uma quadrilha que havia movimentado cerca de R$ 145 milhões. No agitado ano de Sergio Moro, talvez nenhuma outra agenda supere o vazamento dos seus diálogos com os procuradores da Lava Jato, iniciado pelo The Intercept Brasil. O assinante do RR soube, com exclusividade, das movimentações de Moro nos bastidores para administrar o escândalo.
Em 29 de julho, por exemplo, a publicação antecipou que o ministro, em uma ardilosa estratégia, ligou para uma relação de 26 autoridades dos Três Poderes para informar e “tranquilizá-los” sobre o hackeamento de seus celulares e computadores. Por falar em Lava Jato, ao longo de 2019, por diversas vezes o RR chamou a atenção para o desmonte do setor de construção pesada com a insistência do aparelho de Justiça em punir as empresas e não apenas seus controladores. Em 10 de outubro, na esteira da criação do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Setor de Infraestrutura, o RR enfatizou que a redenção das empreiteiras e a salvaguarda de seus milhares de empregos – os que ainda restaram – deveriam ser tratadas como assunto de Estado. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Em 26 de dezembro, a imprensa divulgou um relatório da CGU levantando o risco de calote em acordos de inadimplência devido à falta de retomada da atividade no setor de construção pesada. Eureka!
No âmbito do Judiciário, o RR revelou a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de criar varas especializadas para o julgamento de integrantes do crime organizado, informação que somente seria divulgada pelos grandes jornais em 1 de julho. Em 23 de agosto, a newsletter antecipou a união entre os Ministérios Públicos do Brasil e do Paraguai para investigar o doleiro Dario Messer e sua abastada clientela nos dois países. Em 11 de outubro, o RR divulgou que os dois MPs tinham à mão uma lista de 36 clientes do doleiro. Mais uma vez, no alvo: em 20 de dezembro, o Ministério Público do Brasil indiciou 18 pessoas ligadas a Messer, entre elas o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes. Os outros 18 que esperem. A sua hora vai chegar… Como não poderia deixar de ser, não obstante o peso do noticiário político institucional, a seleta rede de informantes do RR no ambiente corporativo permitiu à newsletter antecipar importantes fatos do universo empresarial em 2019.
Em 14 de fevereiro, a publicação noticiou os preparativos para a saída de Fabio Schvartsman da presidência da Vale, na esteira da tragédia de Brumadinho. No dia 2 de março, a mineradora anunciava o afastamento “temporário” de Schvartsman do cargo. Mero jogo de palavras: o executivo deixava o posto em definitivo, carregando no currículo 270 mortes. Em 29 de maio, o RR informou, com exclusividade, da parceria entre Starboard e Apollo para a compra da ViaVarejo. Dois dias depois o assunto estava estampado nos principais jornais do país. No fim, a dupla de gestoras perdeu o negócio. Michael Klein foi mais rápido no gatilho e ficou com a ViaVarejo. Em 30 de maio, o Relatório Reservado publicou, em primeira mão, a condenação da Volkswagen pelo TJ-RJ pelo escândalo da adulteração de resultados de emissão de poluentes em veículos a diesel. Outros veículos só noticiaram o veredito, no valor total de R$ 460 milhões, quatro dias depois.
Na edição de 24 de junho, o RR antecipou um movimento decisivo no processo de recuperação judicial da Saraiva: uma “rebelião” dos credores, condicionando a aprovação do plano ao afastamento da família da gestão da empresa. Mais um tiro certeiro: em 29 de agosto, a saída de Jorge Saraiva Neto do comando da companhia foi confirmada. Em 14 de agosto, o RR publicou, com exclusividade, a retomada dos planos da JBS de abrir o capital nos Estados Unidos. No apagar das luzes de 2019, o RR levantou ainda um caso inusitado: sete donos de embarcações incendiadas na Marina de Angra dos Reis (RJ) aguardam há meses pelo pagamento de seus seguros. Por ora, nem a BR Marinas, concessionária do atracadouro, nem a Tokyo Marine, responsável pela apólice coletiva do local, pagaram um centavo pelo sinistro.
Dez dias depois, o assunto estava em coluna de prestígio de uma revista semanal. Essa seleta de acertos foi apenas uma pequena amostra do número elevado de furos e análises premonitórias com que a newsletter brindou seus assinantes durante 2019. O leitor do RR não tem dúvida de que em nossas páginas pode enxergar o noticiário mais à frente. Em 2020, esperamos ter a honra de que nossos assinantes permaneçam nos prestigiando. Ainda em 2019, o Relatório Reservado adensou o volume de informações disponibilizadas ao seu assinante com o lançamento do Observatório RR – uma nota técnica diária sobre assunto específico e relevante – e o Termômetro RR, que antecipa a temperatura da agenda política e econômica do dia seguinte. Em 2020, podem esperar, teremos muito mais. Que venham novos acertos e muito mais assinantes!
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BC adota o “socialismo liberal” no sistema financeiro
23/12/2019O governo dito liberal de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes parece querer “democratizar” o sistema financeiro à custa das grandes instituições privadas. O Banco Central lançou em audiência pública nova regulamentação que propõe liberar os caixas de autoatendimento para clientes de fintechs e assemelhados. Pela proposta da autoridade monetária, os “novos bancos” poderão ter a sua disposição uma enorme estrutura física e tecnológica de terceiros sem gastar um tostão por isso. Trata-se de uma perversa assimetria. Mal comparando, é como se uma petroleira que gastou bilhões de dólares na construção de um pipeline fosse obrigada a ceder seu gasoduto a terceiros que nada desembolsaram. Os grandes bancos do país investem mais de R$ 20 bilhões por ano em TI, infraestrutura de segurança e transporte de valores para manter os caixas eletrônicos operando 24 horas por dia, sete dias por semana. Forçá-los a compartilhar essa estrutura é quase uma desapropriação. A prática poderia muito bem ser chamada de “socialismo liberal”. Talvez seja hora de convocar Olavo de Carvalho…
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O teatro de Paulo Guedes
20/12/2019O ministro Paulo Guedes mente quando afirma que o secretário de Tesouro, Mansueto Almeida, deverá ficar, no mínimo, mais um ano no cargo. O RR não acredita em coincidências. Depois da publicação, pela newsletter, da real avaliação do ministro sobre Mansueto (ver edição de 16 de dezembro), Guedes promoveu um desagravo público, com fartura de elogios e palmas de toda a equipe econômica, levada ao evento com esse objetivo. De qualquer forma, a fonte do RR é o técnico da equipe econômica mais próximo de Guedes. Mansueto vai sair antes, sim, e Guedes mentiu. Ponto final.
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Farrapos fiscais
17/12/2019O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tem feito gestões junto ao ministro Paulo Guedes na tentativa de obter um repasse da União da ordem de R$ 2 bilhões. Seria uma antecipação de recursos da futura privatização da distribuidora de energia CEEE, prevista para o ano que vem. A “securitização” se daria dentro do acordo para o refinanciamento da dívida gaúcha com a União. O problema é que o estado parou de pagar ao governo central.
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Versões e contraversões cercam a saída de Mansueto Almeida do Tesouro Nacional
16/12/2019Há diversas versões para a saída do secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, do governo. Sim, ele vai sair! A versão corrente, diz respeito à sua insatisfação e cansaço com a missão. O secretário é oriundo da equipe econômica do governo Temer, um café pequeno perto da pauleira da gestão Bolsonaro. O governo, como se sabe, não é para estômagos frágeis. Mansueto teria deixado o ministro da Economia, Paulo Guedes, desolado, por não poder contar com sua colaboração. Mas prometeu ao ministro que não sairia imediatamente, dando-lhe tempo para fazer a transição.
É o que consta. Uma segunda versão aponta para o descontentamento de Guedes com a performance de Mansueto. Declarações como “estamos longe de fazer 10% do ajuste fiscal” teriam o voluntarismo criticado, inclusive, no Palácio do Planalto. Mansueto fala pelos cotovelos. É o rei das declarações em off the records na imprensa. E o próprio Guedes acha o seu “campeão” mais folclórico do que cerebral. Com todo o respeito aos profissionais da contabilidade, Mansueto seria um contador lotado na Secretaria do Tesouro. Bem, essa é mais uma das histórias.
Outra versão, essa a mais emergente: Paulo Guedes pretende trocar Mansueto pelo Secretário de Previdência e Trabalho, Rogerio Marinho, verdadeiro superstar da equipe econômica. Marinho se consagrou na negociação da reforma da Previdência e está enfrentando quase sozinho o abacaxi da carteira verde e amarela. Guedes gostaria dele no centro do nó fiscal, dando um upgrade na Secretaria do Tesouro, que acumularia a Secretaria do Conselho Fiscal da República. Este último órgão, reuniria, de três em três meses, os presidentes da República, Câmara, Senado, STF, TCU e associação dos TCEs. Com o RR, não tem par ou ímpar. Ou uni duni tê. Confiamos nas nossas fontes. A terceira versão vai para o trono. E Rogerio Marinho vai para o cargo de Secretario do Tesouro.
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Cobrança baiana
6/12/2019O governador da Bahia, Rui Costa, está cobrando diretamente de Paulo Guedes a fatura por obras no metrô de Salvador. O estado desembolsou na frente cerca de R$ 250 milhões em um projeto de responsabilidade do governo federal.
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Lipoaspiração
2/12/2019Paulo Guedes foi aconselhado a aparar a “pacotada” que enviou ao Congresso. Tirar algumas propostas e incluir outras de apelo popular. Cortar os excessos seria um gestão de boa vontade com os parlamentares e uma demonstração de sensibilidade social. Guedes, contudo, vai deixar tudo como está, delegando aos políticos a missão de cortar aquilo que bem entenderem. O ministro da Economia acredita na tese de Churchill de que um estadista somente cumpre o seu destino se for odiado, e não amado. Mas quem disse que Guedes é um estadista?
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As líquidas convicções de Paulo Guedes
29/11/2019O ministro Paulo Guedes, “caso as labaredas do continente cheguem ao Brasil”, conforme os dizeres da jornalista Maria Cristina Fernandes, no jornal Valor, de ontem, pode muito bem bater continência ao capitão Jair Bolsonaro e dar um cavalo de pau na política econômica. Compartilhada por muitos, a aposta que Guedes não é pragmático e irá até a morte com esta política econômica é equivocada e desconhece a essência do personagem.
Nos episódios passados de aquisição do Ibmec do ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso – uma história à procura de um bom narrador – e da saída do Banco Pactual, Guedes mostrou malemolência e jogo de corpo. O ministro da Economia é, sim, um liberal convicto, mas, antes de tudo, é maquiavélico e não abre mão de poder. Guedes se preparou a vida toda para implementar no governo um experimento liberal. Está tentando. Mas já demonstrou que é capaz de engolir sapos para ficar onde está. Ou mesmo fazer atalhos que a sua igreja condena, tal qual estipular um teto mensal
para o juro do cheque especial. É liberal sim, pero no mucho se es necesario, así lo exige.
É bem provável que variáveis sociais resilientes, como o desemprego, combinadas com a agenda de uma eleição atrás da outra, e vá lá, o fogaréu de protestos nos países hermanos, levem o Capitão a ordenar a Guedes um meia volta volver na política econômica. Seria, então, procurada uma Ilhas Malvinas ou qualquer coisa que valha, quer dizer uma externalidade onde depositar o motivo da mudança. A guerra comercial entre os EUA e China,
que está comendo as exportações do Brasil, é um bom exemplo. Em nome da situação excepcional e da crise social decorrente, e ancorado nas suas “grandes conquistas”, o ministro poderia decretar uma pausa na política de ajuste e irrigar o social com recursos orçamentários e extraorçamentários.
Afinal, como gosta de dizer Guedes, citando seu grande ídolo Karl Popper, só é irrefutável aquilo que é dogma. E ele – quem foi que disse? – não é dogmático.
Seria, então, a hora de Guedes seguir o seu maior desafeto intelectual, John Maynard Keynes: “Se a realidade muda, eu mudo”, recitaria o ministro, ressalvando que é um liberal convicto, o momento é passageiro e logo à frente retornaria à ortodoxia que vinha salvando o país. Ao contrário do que vaticinou Maria Cristina Fernandes, que provavelmente não conhece o economista, a opção do Capitão não está restrita à repressão ou à demissão do ministro, caso o continente pegue fogo. Ambos já mostraram que sabem voltar atrás. Guedes, apesar das frases de efeito mostrando desapego ao cargo, não quer largar o osso de jeito nenhum. Basta perguntar a qualquer um que o conheça bem. O RR, por exemplo.
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Repatriação entra no radar da equipe econômica
28/11/2019Era só o que faltava, o câmbio virar um problema. A carreira desabalada do dólar e a falta de atenção do governo ao fato de que os fundamentos da economia não são favoráveis ao câmbio no curto prazo – que pode se tornar longo a depender do cenário internacional – estão levando a equipe econômica a revirar o baú de velhas ideias e projetos nessa área. Uma dessas medidas seria a realização de uma nova e urgente repatriação do dólar, em condições mais atrativas do que a efetuada em 2016, na gestão do então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
À época, a repatriação gerou uma atração de R$ 169 bilhões, com uma arrecadação fiscal para o governo de R$ 59 bilhões. Essa dinheirama não existe mais no exterior. Mas estima-se que algo equivalente a 30% desse valor ainda resistam bravamente nos paraísos fiscais. É bem verdade que a segunda fase de repatriação feita também na gestão Temer/Meirelles frustrou o governo, com a arrecadação de apenas R$ 1,6 bilhão. Agora, além do aperto dos órgãos de controle e fiscalização financeira internacionais, haveria outro estímulo para o retorno do vil metal ao Brasil.
Para a nova repatriação, caso ocorra, estuda-se imposto e multa bem abaixo dos 30% cobrados no governo Temer ou mesmo um parcelamento generoso do pagamento. Acredita-se que o simples anúncio da medida teria algum impacto de baixa sobre a cotação do dólar. A repatriação, entretanto, está longe de resolver o problema do câmbio, que depende do manejo das políticas fiscal e monetária; da atitude firme do governo na busca de capital estrangeiro; da ousadia de irrigar a economia física com recursos extraorçamentários – inclusive como isca para o investidor externo –; e da moderação, ou melhor, do silêncio do ministro da Economia. A equipe econômica tem que trabalhar com afinco para não ser obrigada a obrar uma das bravatas mais arriscadas de Paulo Guedes: vender um caminhão de reservas. Um dos dilemas do lastro cambial é se ele existe para ser usado ou para ser guardado. Tirar a teima agora não parece ser um bom negócio.
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O “AI-5” sempre fez parte do kit Paulo Guedes
27/11/2019Once upon a time Ibmec in the 80s… O então diretor técnico da instituição, Paulo Oliveira Nunes Guedes, era a estrela maior de um centro acadêmico povoado por Chicago´s boys – denominação dada aos economistas que trabalharam no ajuste ortodoxo da economia chilena. Pesquisadores e técnicos de diversas gerações iam, ao termino do expediente, sentar ao redor do professor no barzinho que ficava debaixo da rampa de subida para o segundo andar do Museu de Arte Moderna. O papo com Guedes era um espetáculo.
Na época, o Ibmec estava localizado na Av. Beira Mar e era um órgão mais voltado à pesquisa do que a educação e treinamento. Durante todo o último ano da ditadura, Guedes, que nunca foi contrário ao governo totalitário, reclamava do estamento dominante por um motivo prosaico: era contra as políticas econômicas de Mario Henrique Simonsen e Delfim Netto, últimos ministros da Fazenda do regime militar. Sempre com tiradas sarcásticas, de humor agudo, afirmava que, se a ditadura fosse comunista, faria logo um “Gulag” no Nordeste e estava resolvido o problema da hiperinflação. Ou, então, que a redistribuição de renda podia ser feita “incendiando-se todas as favelas”. Ou ainda que os economistas de esquerda, hegemônicos e barulhentos na mídia à época, deveriam “ir todos para o paredão” e serem assassinados, despoluindo o debate econômico no Brasil.
O jovem Guedes podia tudo naqueles idos. Divertido, confundia a todos. Não se sabia ao certo o que era o seu pensamento genuíno ou chistes e caricaturas apenas para marcar posição de forma hilária. O tempo passou e o czar Paulo Guedes revela que há alguma inspiração com os dizeres do passado. Considera o AI-5 viável, aponta o Chile e a Bolívia como exemplos de resistência a manifestações populares, ameaça suspender as reformas estruturais se os protestos não pararem e discrimina jornalistas em função do que eles escreverem sobre o assunto. Paulo Guedes é o mesmo dos anos 80. Só não é mais divertido.
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Paulo Guedes bebe na fonte de Eliezer Batista
18/11/2019O projeto de fusão de municípios desprovidos de sentido econômico, apresentado no pacote 3 D (Desvinculação, Desindexação e Desconcentração) do ministro Paulo Guedes é uma cópia mal ajambrada do plano de Eliezer Batista, quando comandava a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo Collor. Enquanto Guedes foca aspectos fiscais, como fusão de municípios que não tenham 10% de receita própria correspondente à arrecadação total ou ao menos cinco mil habitantes, Eliezer observava também o aspecto holístico. Analisava a logística, a demografia e até a cultura. Não há demérito na cópia de Guedes. A ideia carece da amplitude da original, que visava a sinergia com a economia física, mas é igualmente boa. Tudo que for aproveitado da lavra de Eliezer Batista merece elogios. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas resta ver se Jair Bolsonaro e Paulo Guedes dobrarão a cláusula pétrea da Constituição que veda a aglutinação de municípios. O então ministro Eliezer Batista não conseguiu. Por trás da boa ideia pode estar a intenção de colocar o bode na sala. Acabar com mais de duas mil unidades municipais é uma medida que cabe à perfeição para ser subtraída da PEC dos 3D.
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Velho Paulo
18/11/2019R$ 5 bilhões. O RR apurou que este é o valor que será reservado para o novo fundo de revitalização do Rio São Francisco. Isso se o ministro Paulo Guedes cumprir a promessa feita ao senador Oto Alencar, relator da chamada PEC dos Fundos.
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Paulo Guedes, o popular
13/11/2019Paulo Guedes – quem diria? – encostou em Lula no quesito popularidade. Mesmo com reforma da Previdência, desemprego ainda na casa dos 12%, proposta de congelamento do salário mínimo, alcançou 40,4% de aprovação em pesquisa realizada pelo Atlas Político junto a duas mil pessoas. Triscou nos calcanhares de Lula, que marcou 40,7%.
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Contrapartidas
13/11/2019Paulo Guedes e cia. bateram o martelo: a venda da empresa de saneamento Saneago é condição sine qua non para a adesão de Goiás ao Regime de Recuperação Fiscal.
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Lula reabre seu antiquário de ideias
12/11/2019Dois raios podem cair no mesmo lugar e o segundo fazer um estrago maior do que o anterior. É o que Lula parece querer demonstrar com a repetição dos seus conselheiros, especialmente na área econômica. Antes de sair da prisão e logo que se livrou do cárcere, o petista buscou entre antigos colaboradores informações e produção de relatórios para combater enfaticamente a política econômica de Jair Bolsonaro. O ministro Paulo Guedes será um alvo permanente, tratado como “entreguista” e “inimigo do povo”. As escolhas de Lula revelam que a cadeia o fez refletir pouco. Estão na fila dos conselheiros Nelson Barbosa, Aloizio Mercadante, Ricardo Carneiro e até Guido Mantega. O ápice da mesmice, contudo, é a participação de Dilma Rousseff nesse ministério informal que o petista pretende formar. Lula, ao que tudo leva a crer, não está entendendo nada. Na medida em que parece ouvir apenas seus pensamentos, somente cabe torcer para que José Dirceu seja o arauto da mudança. Dicas de virtuais conselheiros, que oxigenariam com sua competência e inovação o pensamento das oposições: André Lara Resende, Eduarda La Roque, Laura Carvalho, Christian Lynch e Fabiano Guilherme dos Santos, só para dar uma provinha. Mas é difícil que Lula saia desse ramerrame em que se meteu junto com sua corte de neófitos.
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Conselho Fiscal não passa pelo crivo da Constituição
8/11/2019O Conselho Fiscal da República já nasce marcado para morrer. Segundo juristas ouvidos pelo RR, a nova instância proposta pelo ministro Paulo Guedes é inconstitucional e, mesmo que vá adiante, não resistirá aos primeiros questionamentos nos tribunais. O ornitorrinco institucional anunciado por Guedes – a partir da criação de uma esfera decisória que uniria Executivo, Congresso, STF e TCU – esbarra, logo de cara, no princípio da separação dos Poderes previsto na Constituição em seu Artigo 2º: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.” O entendimento entre constitucionalistas é que a Suprema Corte não pode participar de decisões colegiadas com outras instâncias.
Os juristas alertam para o risco de tal modelo criar aberrações jurisdicionais, que colocariam sub judice todas as decisões proferidas pelo Conselho. A quem, por exemplo, um estado ou município que se sentisse lesado por uma deliberação do Conselho Fiscal recorreria? Ao STF, sendo ele parte vinculada e corresponsável pela decisão questionada? Imagine-se o grau de constrangimento ao qual um ministro do Supremo estaria exposto ao ter de julgar matéria que, mesmo indiretamente, recebeu o imprimatur da própria Corte no âmbito do Conselho Fiscal. Segundo informações filtradas do Ministério da Economia, o principal artífice da proposta de criação do Conselho Fiscal da República foi o chefe da Assessoria Especial de Paulo Guedes, Marcelo de Siqueira, procurador federal e ex-diretor do BNDES.
Em meio ao espetáculo pirotécnico do anúncio da reforma fiscal, a medida foi solta no ar sem maiores detalhes. Não está claro, por exemplo, se a criação desse ecossistema de tamanha biodiversidade institucional se dará também por meio de PEC. Caso seja este o caminho escolhido, mais uma vez a medida baterá no muro da Constituição, mais precisamente de uma cláusula pétrea. Os juristas apontam para o Artigo 60, parágrafo quarto: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: III. A separação dos Poderes”. Ou seja: a predominar esse entendimento, por dever de ofício, a primeira decisão do Supremo relacionada ao Conselho seria vetar a sua instauração. Ao menos restaria a Paulo Guedes o conveniente discurso de que buscou dividir a responsabilidade por decisões na reforma fiscal e no pacto federativo com outros entes institucionais.
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Lula livre agradece o pacote fiscal do governo
8/11/2019Os telefones dos membros da equipe econômica, o ministro Paulo Guedes à frente, tocaram sem parar ao fim da sessão do Supremo Tribunal Federal que julgou contra a prisão em segunda instância. A eminência do Lula livre significa um esforço muito maior para aprovação do “Pacote 3D” – desindexação, desvinculação e desobrigação. As medidas para redução do déficit público são um programa de oposição sob medida para Lula, que deverá trocar o Estado de Emergência Fiscal pelo Estado de Emergência Social. Levantaram a bola para o ex-presidente. Lula vai focar seu discurso nas medidas de arrocho fiscal, que preveem, inclusive, restrições ao salário mínimo. A preocupação da equipe econômica, incluindo o triunfalista Paulo Guedes, é justamente a dedicação de Lula em angariar apoio contra as medidas. O líder do PT vai satanizar em tempo integral Jair Bolsonaro, Guedes e os economistas do governo, que sairão do conforto dos braços do Congresso para o ataque permanente dos trabalhadores, regidos por Lula nos palanques e nas redes sociais
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O “Estado de Emergência Autoritária” de Paulo Guedes
7/11/2019O pacote 3D – desindexação, desvinculação e desobrigação – do ministro Paulo Guedes foi uma mistura de castigos, cortes lineares, redução de recursos para investimentos e criação de um leviatã de três cabeças, um conselho composto pelo Executivo, Legislativo e STF, que não se sabe muito bem como vai arbitrar por cima de governos eleitos legitimamente pelo povo. Poderia muito bem ser trocado pelos Estados de Emergência Social, Tributária e de Investimentos. As medidas, que compõem o verdadeiro Estado de Emergência Fiscal, são autoritárias, antidemocráticas e voltadas unicamente para a obsessão de seu regente com a redução do gasto público. Guedes vai extinguir 281 fundos públicos (R$ 220 bilhões).
Para onde vai o dinheiro? Para abater os juros e reduzir o custo da dívida pública federal. Raspas e restos poderão ir para o social e a infraestrutura, isso se houver novos recursos vinculados. O Estado de Emergência Fiscal determina que o mau comportamento das contas do Estado seja castigado com cortes e sanções, tais como a do salário mínimo, que passaria pela primeira vez a não ter aumento real, por dois anos. Os demais cortes variados nos gastos públicos, passados dois anos, caso haja economia, serão repartidos em 1/4, que voltará para aplicação em obras públicas (quem sabe?). A parcela do FAT para o BNDES cai pela metade, reafirmando a disposição do governo de seccionar o investimento em dinheiro bom, de alocação privada, e dinheiro ruim, de alocação pública.
Em caso de Emergência Fiscal, como se fosse um Estado de Sítio, o governo pode fazer tudo. Por exemplo: desindexar despesas obrigatórias, independentemente do descasamento dos pagamentos e condições do acordo entre as partes. Outra medida que caracteriza o desgosto com o investimento: transferência de royalties da União para os estados e municípios de R$ 400 bilhões, em 15 anos. Não há nenhuma menção à destinação de parte desse dinheiro em formação bruta de capital fixo ou mesmo educação e saúde.
É a tal democracia aguda e radical de Paulo Guedes, que preconiza a gestão dos estados e municípios como mais eficiente, sem levar em conta, é claro corrupção, precatórios e atraso de obras. O ministro diz que a situação fiscal do Estado está bastante frágil, mas não diz se realizará um superávit primário com as medidas, nem quando e muito menos quanto. Tampouco informa o potencial recessivo do Estado de Emergência Fiscal. E deixa claro sua prioridade em cortar salários, jornadas, empregos e verbas vinculadas a gastos sociais em vez de tributar recursos dos mais abonados. É como se diz: miséria é miséria em qualquer canto. Riquezas são diferentes.
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Emergência Social
6/11/2019O governo deveria criar um Estado de Emergência Social juntamente com o de Emergência Fiscal. Mas essa medida não seria de Paulo Guedes, jamais.
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Comitiva presidencial
6/11/2019O próprio presidente Jair Bolsonaro fez questão de que o ministro da Secretaria de Governo, General Luiz Eduardo Ramos, integrasse a “comitiva” que caminhou a pé do Palácio do Planalto ao Congresso, ontem de manhã, para entregar os projetos das reformas. A princípio, apenas Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni estavam escalados para a travessia.
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Paulo Guedes entra de carrinho nos clubes de futebol
5/11/2019Paulo Guedes pisou no gramado com chuteira de trava alta. O ministro da Economia tem feito gestões junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para barrar a possibilidade de um novo programa de refinanciamento de dívidas fiscais de clubes de futebol. A proposta é uma das iscas do projeto de lei do clube-empresa assinado pelo deputado federal Pedro Paulo. De acordo com o PL, ao migrar para o novo modelo, a título de contrapartida, a turma da bola ingressaria em um novo Refi s, com a redução de 50% dos juros sobre suas dívidas referentes a tributos federais, além do parcelamento em 240 prestações. Guedes é contra o haircut da taxa de juros e consequentemente a renúncia de receita fiscal. Para o rubro-negro ministro da Economia, o Estado já deu muita colher de chá para os clubes e cada novo programa de refinanciamento de dívida só aumenta o calote. Os times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro devem quase R$ 2 bilhões à União. O Rio é o campeão dos campeões: o quarteto Vasco, Fluminense, Botafogo e Flamengo soma mais de R$ 800 milhões em dívidas.
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Monumento
1/11/2019Paulo Guedes avalia erigir uma estátua do ex-ministro Roberto Campos bem em frente ao Ministério da Economia. Campos merece
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Governo cobra “pedágio” por devolução de concessões
23/10/2019No que depender do Ministério da Economia, a nova Medida Provisória em gestação no governo para a “devolução amigável” de concessões rodoviárias não será tão amigável assim. Paulo Guedes e sua equipe defendem que os investidores privados interessados em aderir à MP paguem um pedágio. Neste caso, as empresas que quiserem devolver ativos à União terão de abrir mão de ações judiciais e da cobrança de indenizações por investimentos já realizados. Segundo o RR apurou, o ministro Tarcísio Freitas, originalmente contrário a essa condicionante, já começa a rever sua posição. A premissa é de que os investidores serão duplamente premiados se ainda tiverem direito a alguma compensação. Todos os grupos sequiosos por embarcar na MP são inadimplentes contumazes. A Triunfo Concebra, que administra a BR-262, cumpriu com não mais do que 15% dos investimentos previstos no edital de licitação para a duplicação da rodovia. A Invepar, por sua vez, não entregou nem 10% das obras que lhe cabiam na Via040, que administra quase mil quilômetros da BR-040 entre Brasília e Juiz de Fora.
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Histerese é a palavra que Paulo Guedes não ousa dizer
16/10/2019Um banco paulista e uma revista de economia negociam a realização de um seminário com a pergunta que ninguém quer fazer: “E se não der certo?”. Afloram dúvidas se a nossa enfermidade resiste aos choques da ortodoxia. Até o ministro da Economia, Paulo Guedes, começa a suspeitar que surgiu um anticristo não previsto no seu catecismo liberal. O canhoto atenderia pela nomenclatura “histerese” e, mesmo constando dos livros-textos, é algo que a Universidade de Chicago sempre considerou mais próximo da literatura de terror de Stephen King do que dos cânones da teoria econômica.
Tecnicamente, a histerese se refere à resiliência de um sistema conservar sua propriedade mesmo na ausência do estímulo que o gerou. Caso emblemático da histerese econômica brasileira é o mercado de trabalho, que permanece oscilando nos mesmos patamares da recessão de Dilma Rousseff, dezenas de meses depois. Histerese que também atinge a atividade produtiva, que se arrasta como uma lagarta há pelo menos três anos. Nesse tempo, a taxa de juros Selic desabou, fenômeno que deveria se refletir na produção e na taxa de ocupação. Mas foi como se os juros tivessem plantados no céu.
Desemprego e estagnação permaneceram inalterados. Centros conservadores do pensamento econômico já estão alertando para a histerese. O Ibre, da FGV, recomendou formalmente um estímulo fiscal, além do monetário. Ironia da história: o Brasil vai se empanturrar de inflação baixa, possivelmente até com taxas negativas. Os departamentos de pesquisa já trabalham com projeções de taxa de juros real negativa e inflação correndo abaixo da meta, além de queda do PIB para 2020. As perspectivas mais otimistas são de melhoria residual dos índices, o que constituiria uma espécie de “estagdeflação”.
Enquanto Paulo Guedes declara que o fiscal é sagrado e intocável, crescem os riscos de que a manutenção prolongada da mediocridade do mercado de trabalho e do PIB afete o seu potencial futuro de crescimento. Quanto pior hoje pior amanhã. O fenômeno da histerese pode ser traduzido como uma crise sem crise. Não há desajuste cambial, hiperinflação, juros siderais ou quebras de safra. Mas a economia anda mal, sem querer levantar da cama, como em um quadro de depressão psicológica. A histerese é também decodificada através da expressão estagnação secular. Trata-se de uma concepção do professor de Harvard Alvin Hansen, que prevê a ocorrência do fenômeno quando se juntam as circunstâncias de queda da produtividade, perda de fôlego da demanda agregada, e a demografia passa a ser um ônus.
Só essa última variável nos incomoda menos. O ministro Paulo Guedes sequer arrisca a menção do termo histerese. Não cabe no seu credo. Não há novidade nas escolhas de Guedes. O que causa espécie é a incorporação do credo neoliberal exacerbado no entorno militar do presidente da República, o que de alguma forma refletiria também o pensamento dos generais da ativa, tradicionalmente desenvolvimentistas. Talvez a guinada ideológica dos fardados e “apijamados” do Palácio do Planalto e dos Clubes Militares seja uma “aliança” contra um inimigo maior.
Como disse o presidente Bolsonaro na ONU, “o socialismo quase nos apanhou.” E permanece sendo a grande ameaça ao país, na visão desse agrupamento. A coalizão entre Forças Armadas e neoliberais seria a fórmula para explodir os pilares do comunismo, erigidos por Lula sobre uma base de Estado Forte, que foi construída pelos militares de 64, antimarxistas, mas nacional desenvolvimentistas. Dilma Rousseff pavimentou a ameaça aos quartéis com a Comissão da Verdade. Portanto, além da histerese econômica, é possível que estejamos atravessando o risco de uma histerese militar. Não se sabe bem qual das duas é a mais perigosa.
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Bolsonaro mira no salário mínimo de olho em 2022
9/10/2019O governo Jair Bolsonaro está se tornando um modelo do revólver Colt Paterson, calibre 36. Só que com inúmeros gatilhos. Há novos disparadores engatilhados para a Regra de Ouro e para o aumento da carga tributária; e um inédito pinguelo para o salário mínimo.Segundo apurou o RR, o presidente Bolsonaro encomendou ao ministro Paulo Guedes uma fórmula de salário mínimo. O gatilho da nova política seria a eleição de 2022.
A medida tornou-se mais confortável do ponto de vista fiscal, tendo em vista que o governo praticamente desindexou seus gastos do mínimo. Mesmo assim, a equipe econômica preferia deixar o piso salarial ao léu, sem nenhuma política de correção, além do reajuste pelo INPC, arbitrada pelo governo. O modelo que parece ter a preferência dos economistas, conforme levantou o RR, seria o disparo do gatilho salarial a cada três anos, desde que o reajuste real fosse um percentual inferior em 20% à mediana do PIB dos três anos anteriores.
Seria melhor do que o atual zero de salário real, mas bem abaixo da correção pelos PIBs dos dois anos anteriores. Os técnicos do governo acham que essa fórmula é sustentável, pois difere no tempo a correção do salário real, aplicando-lhe ainda um certo deságio. O salário mínimo existe desde 1940. Desde 1990 – portanto, há 29 anos – que o piso salarial tem aumento real determinado por políticas de governo.
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Inscrições fechadas
8/10/2019No que depender de Paulo Guedes, o governo federal não fará mais qualquer concurso público até o fim do atual mandato de Jair Bolsonaro. Palavra do próprio ministro a um empresário fonte do RR.
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Mais uma perda
24/09/2019Paulo Guedes perdeu mais uma: o governo vai reduzir os juros da Cédula do Produtor Rural. Será um dos pontos centrais da “MP do Agro”, em gestação no Ministério da Agricultura.
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Carta trunfo
20/09/2019Paulo Guedes tem estimulado as discussões dentro do governo para uma fusão de ministérios até o início de 2020. Talvez seja mesmo para valer; talvez não passe de um blefe do ministro para inibir a choradeira dos ministros por mais verbas.
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O sindicalismo está de passagem pelo Brasil
20/09/2019O trabalhismo internacional, ao que parece, está mais em alta com o governo Bolsonaro do que o similar doméstico. Hoje, representantes de centrais sindicais da África do Sul, China, Índia e Rússia, que estão em Brasília para participar de um seminário, serão recebidos por autoridades brasileiras. Na agenda, encontros com o ministro Paulo Guedes e o secretário da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Talvez os forasteiros possam levar algumas reivindicações da CUT, Força Sindical e congêneres, que foram barradas na composição do Grupo de Altos Estudos que discute a nova reforma trabalhista, sob o comando de Marinho.
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Bancos públicos deixam a proa do FMM
12/09/2019O governo Bolsonaro pretende reduzir o peso dos bancos públicos na gestão do Fundo de Marinha Mercante (FMM). A proposta tem como defensores os ministros Paulo Guedes e Tarcisio Freitas. A ideia é que Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES passem a ter, cada um, apenas um representante no Conselho do FMM – atualmente, são duas cadeiras. A medida seria mais um movimento do governo Bolsonaro para se distanciar dos governos do PT. BB, Caixa e BNDES passaram a ter maior interferência na gestão do FMM na era Lula, por ocasião dos grandes projetos para a indústria naval que surgiram no rastro da descoberta do pré-sal. Dali saíram mais de R$ 5 bilhões para estaleiros denunciados na Lava Jato, além do empréstimo para a malfadada Sete Brasil. É até surpreendente que Bolsonaro ainda não tenha falado em “abrir a caixa-preta” do FMM, que tem um orçamento para 2020 de R$ 6,3 bilhões.
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A era do pós-Guedes deve começar antes da campanha presidencial
11/09/2019O RR publicou, na edição do último dia 6, que está em discussão no governo um “plano fura teto”. A “PEC da PEC do Teto” seria adotada cheia de cuidados, sob a forma de um waiver, com tempo determinado (dois anos) e sujeita a uma série de condicionalidades (maior ou menor arrecadação fiscal, circunscrição à despesa com investimento etc.). A intenção ribombou por três vezes nas declarações de Jair Bolsonaro e seu porta-voz da Presidência da República. Abaixo o teto! O ministro da Economia, Paulo Guedes, entrou no circuito persuadindo Bolsonaro a se desdizer e usando seu trunfo máximo para convencer os mercados de que o teto não é sequer arranhável: “Se tentarem mexer na âncora fiscal, pego meu chapéu e vou embora”.
Guedes usou o expediente de combater fogo com fogo: “O problema não é o teto, é o piso; temos que rebaixar o piso”. Com esse objetivo estão sendo planejadas medidas de castigo para o caso da despesa se mostrar maior do que a correção pela inflação dos dois últimos anos. Irão para o pelourinho os funcionários públicos, com cortes dos benefícios da Previdência, redução de salários e demissões sem justa causa (curiosamente por dois anos, mesmo período de tempo da tese inversa do waiver). Os cortes no Orçamento – cada vez mais difíceis no valor exigido porque as despesas aumentam além do projetado – são vítimas dos dilemas da autofagia fiscal: como crescer com políticas restritivas se elas impedem a expansão da economia?
Ao mesmo tempo, como voltar a crescer sem um ajuste contracionista que arrume as contas deficitárias que contaminam as expectativas? Talvez as respostas estejam no fator tempo. Os modelos funcionam ou não devido ao prazo disponível e necessário ao sucesso da sua implementação. São grandes as dúvidas se o rebaixamento do piso das despesas, entre outras medidas restritivas, será capaz – ou terá tempo – de engendrar aumento da arrecadação, crescimento do emprego e expansão do PIB. As interrogações passam a ser imensas se esse ambiente mais próspero se dará até 2021, ano que antecede o calendário eleitoral, do qual Jair Bolsonaro é desde já um dos principais protagonistas. Há dúvidas, justificáveis, se Paulo Guedes fará uma inflexão salvacionista, colaborando com seu comandante-em-chefe para que ele assegure um novo mandato presidencial. Certeza só uma: Bolsonaro não marchará para uma nova eleição com uma conjuntura econômica como a atual. Os dados estão rolando para ver que figurino vestirá o Paulo Guedes do porvir. Se é que será esse o nome do futuro ministro da Economia.
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Bolsonaro articula um waiver temporário para a PEC do Teto
6/09/2019Jair Bolsonaro não está solitário no seu pleito pela flexibilização da PEC dos gastos. Segundo uma fonte do Planalto, os ministros militares palacianos têm defendido enfaticamente junto ao presidente o envio ao Congresso Nacional de uma PEC que abra um intervalo de dois anos na Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos, medida que durante o processo legislativo recebeu diversas denominações: PEC do Teto, PEC 241, na Câmara dos Deputados e PEC 55, no Senado Federal. A situação orçamentária tem humilhado as Forças Armadas, com exigência de dispensas de recrutas e cortes do rancho.
Os militares consideram que, proporcionalmente a diversas outras áreas tesouradas do governo, parecem ter sido escolhidos para pagar o pato do ajuste, não obstante a sua atuação estratégica. Essa nova PEC, repita-se, teria vigência de apenas dois anos. Em 2022, o “pé direito” do teto de gastos voltaria às regras atuais. O período de abreviação do dispositivo em 2020 seria maior do que o do ano seguinte, o que induz a pensar que o governo buscará compensação do gasto em 2021.
Ela poderia se dar, por exemplo, pelo aumento da arrecadação fiscal (via reforma tributária e maior crescimento da economia). Nesse ínterim seria dada prioridade à reforma administrativa, defendida pelo deputado Rodrigo Maia e pelo ministro Paulo Guedes, por meio da qual se buscaria reduzir a dimensão do Estado. Hoje o tamanho da máquina pública não para de crescer, exigindo sucessivos cortes de gastos, na maior parte subtraindo os investimentos. A reforma administrativa, caso a pauta seja aprovada, será a agenda principal do Congresso.
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“IBGPea” pode ser o grande think tank do governo
26/08/2019A fúria consolidadora da equipe econômica do ministro da Paulo Guedes está triscando o IBGE e o Ipea. As duas instituições sempre primaram pela independência. Nos últimos tempos, têm sido bolinadas pelo governo, que aproveita da inanição orçamentária de ambas para buscar influir mais do que deveria nas atividades de uma e de outra. No governo Bolsonaro, o IBGE entrou em pé de guerra com as mudanças que a equipe do ministro da Economia ensaiou fazer no censo demográfico. O IBGE, de Isaac Kerstenetzky, e o Ipea, de João Paulo dos Reis Veloso, estão entre os órgãos governamentais mais lapidares da história da produção de bens públicos do país. Dito isto, é bom que se ressalte: não consta sequer a insinuação de que Guedes e sua turma pensem em uma virtual fusão dos dois institutos porque queiram transformá-los em pau mandados. Essa alusão é não mais do que pura intuição. Se quiser influenciar as decisões de ambas as casas o ministro já conta com o instrumento do orçamento – quer melhor mecanismo de pressão? A união entre o IBGE e o Ipea estaria mais para as decisões reformistas-modernizantes por meio das quais Guedes quer deixar sua marca no governo. Medidas como juntar a Susep e a Previc e transferir o Coaf para o Banco Central, entre outras ideias menos votadas. O Ipea até tem pontos em comum com o IBGE. Ambos lidam com base de dados. Mas cabe ao primeiro uma atuação bem mais crítica, questionando, fundamentalmente, o próprio governo. O IBGE, ao contrário, é um órgão eminentemente de produção de estatísticas. A criação do “IBGEpea” permitiria ao ministro da Economia fortalecer a estrutura de mais uma área do governo. Deixariam de ser organismos “desinteressantes” para se transformarem em uma única agência influente, o grande think tank do governo. Pode ser que sejam só especulações. Mas a ideia é à feição exata de Paulo Guedes.
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Colheita com pinça
23/08/2019Na moita, o ministro Paulo Guedes está catando milho entre os recursos fiscais disponíveis. Quer separar algum dinheiro para investimentos. Guedes parece mau feito um pica-pau, mas nem tudo é amargo naquele homem.
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Carpideiras
21/08/2019Paulo Guedes é aguardado, hoje, em Brasília, para encerrar o Congresso Brasileiro do Aço. Vai ter muito choro: redução das tarifas para importação de aço, atrasos nos pagamentos do Minha Casa, Minha Vida, 4,7 mil obras paradas no país… Os siderurgistas, no entanto, vão levar só sucata.
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Estudo sem bolsa
21/08/2019Entre travar uma indesejável queda de braço com Paulo Guedes ou deixar de pagar os bolsistas do CNPQ, o ministro Marcos Pontes parece já ter feito sua escolha. O astronauta é só silêncio sobre os R$ 300 milhões que o Conselho precisa para honrar as bolsas de estudo entre setembro e dezembro.
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Moeda de troca
21/08/2019O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se encheu de otimismo após as últimas gestões junto ao ministro Paulo Guedes. Estão adiantadas as negociações para que a emissão de ações do Banrisul que excedem o controle do estado sejam usadas como contrapartida para a inclusão do Rio Grande do Sul no programa de recuperação fiscal. O tempo urge: o déficit fiscal do estado estimado para este ano ultrapassa os R$ 7 bilhões.
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Falência
13/08/2019Mais um governador bate à porta de Paulo Guedes com o pires na mão. O “pedinte” é Gladson Camelli, do Acre, e o “pedido”, R$ 300 milhões. O estado corre sério risco de não conseguir custear os serviços básicos à população até o fim do ano.
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O “cidadão Kane” do Planalto
9/08/2019Transborda do Palácio do Planalto que o próximo movimento na cruzada santa de Jair Bolsonaro contra a mídia impressa será a determinação de que todas as instâncias do governo federal cortem as assinaturas de jornais e revistas. O argumento é que a modalidade impressa tornou-se desnecessária, com a combinação e avanço das TVs aberta e por assinatura, onlines e internet. O restante seria coberto através de um serviço de clipping que atendesse todo o aparelho de Estado.
Da mesma forma como justificou a MP 892, que suspendeu a obrigatoriedade de publicação de balanços e informes de companhias abertas em jornais, Bolsonaro reportaria à economia de gastos sua “principal motivação” para a adoção da medida.Há determinação e método nessa escalada do presidente, curiosamente pajeado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Do ponto de vista da convergência ideológica liberal de Guedes, existe, sim, total afinidade com os objetivos de vingança que norteiam Bolsonaro.
Falou em corte de despesas, o ministro fica todo excitado. Mas Guedes desde o primeiro minuto foi o darling dos capitães da grande imprensa. Recebeu um apoio maior do que todos os ministros da Fazenda e Planejamento juntos. Perguntado, em outros idos, sobre a obrigatoriedade do anúncio em jornal de grande circulação, assunto que chegou a baixar na CVM, comentou que a suspensão se fazia desnecessária. Era de se esperar que não coadjuvasse tão mansamente uma campanha tão contraditória com suas relações históricas junto aos maiores formadores de opinião do país. De Bolsonaro sempre se esperou tudo. Está estripando as finanças da imprensa em nome de questões prosaicas, estritamente pessoais. O risco é querer estripar a democracia. Se continuar assim, vamos todos sentir saudade de Lula.
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Fila indiana
9/08/2019A ministra Damares Alves é mais uma a bater na porta de Paulo Guedes em busca de dinheiro. Em meio à nova leva de cortes no Orçamento reivindica cerca de R$ 1 bilhão para garantir a execução de programas da Pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos.
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Superministro
9/08/2019O ministro Tarcisio Freitas intercedeu diretamente junto a Paulo Guedes para evitar cortes no orçamento na Valec. Conseguiu, assim, salvar os R$ 300 milhões destinados a obras em novas Superministroferrovias, a exemplo da Fiol.
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Demonstrativo
8/08/2019Recomenda-se a todos os editores da mídia impressa que pautem seus repórteres para perguntar ao ministro Paulo Guedes o que ele acha da MP 892 – a Medida Provisória que desobrigou a publicação de balanços financeiros em jornais. Guedes assinou a MP. Se disser que concorda, será uma mentira maior do que todo o tratado geral da hipocrisia.
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Que Guedes é esse?
29/07/2019Intrigante a forma como a Amcham Brasil está promovendo a palestra do secretário de Comércio Exterior dos EUA, Wilber Ross, amanhã, em São Paulo. Ele é chamado pela Câmara de “Paulo Guedes do governo Trump”. Longe disso. Ross tem sido criticado por Trump e está com a cabeça a prêmio.
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“Força Nacional do Trabalho” repousa em uma prateleira do Palácio do Planalto
26/07/2019O ministro Paulo Guedes tem feito ouvidos moucos a uma medida soprada pelo próprio Palácio do Planalto que combinaria geração de emprego, distribuição de renda e, de quebra, o destravamento de projetos na área de infraestrutura. A ideia, surgida de conversas dos militares palacianos com o presidente Jair Bolsonaro, consistiria na criação de mecanismos para capacitação e aproveitamento de mão de obra jovem, voltada notadamente para a execução das mais de 4,7 mil obras públicas paradas no país. A proposta poderia ser viabilizada de duas formas. Uma delas seria a formação de uma força civil de trabalho, mediante contratação temporária.
O treinamento desse contingente ficaria a cargo do Exército. Neste caso, uma das questões que teriam de ser definidas é onde este grupo de trabalhadores seria pendurado dentro da estrutura pública. Outra hipótese seria uma espécie de keynesianismo fardado. As Forças Armadas passariam, excepcionalmente, a absorver um contingente maior de jovens alistados no serviço militar obrigatório. A medida seria acompanhada da ampliação do tempo de permanência dos recrutas no Exército, Marinha ou Aeronáutica. Hoje, esse prazo é de um ano, podendo, em casos específicos, ser reduzido em dois meses ou estendido por seis meses.
Como o serviço militar obrigatório é remunerado – aproximadamente um salário mínimo por mês –, o soldo seria um alívio para jovens sem perspectiva de entrada no mercado de trabalho, a maioria oriunda de famílias de baixa renda já solapadas pelo desemprego. Tanto um modelo quanto o outro teria de passar pelo estreito buraco da agulha do Orçamento. Caberia à equipe econômica buscar as verbas necessárias para fundear a proposta. No caso da proposta se materializar no âmbito das Forças Armadas, a verba extra permitiria, por exemplo, a ampliação do projeto Soldado Cidadão.
Trata-se de uma parceria entre escolas militares e técnicas para a capacitação dos recrutas em áreas como telecomunicações, mecânica, eletricidade, transportes etc. Segundo dados do próprio Exército, 65% dos jovens que passam pelo Soldado Cidadão conseguem um emprego após a conclusão do serviço militar. O efetivo maior absorvido pelas Forças Armadas poderia ser utilizado pelos batalhões de infantaria nas obras de infraestrutura. Um caminho natural seria o seu aproveitamento na construção das 108 escolas cívico-militares que o Ministério da Educação pretende implantar no país.
O Exército, ressalte-se, já participa de importantes empreendimentos de infraestrutura, como a duplicação da BR-116, no Rio Grande do Sul, ou a pavimentação da BR-163 no Pará. Pelas notórias restrições orçamentárias, as Forças Armadas se viram obrigadas a restringir drasticamente o serviço militar obrigatório. Segundo dados do Ministério da Defesa, em média cerca de 1,8 milhão de jovens se alistam no serviço militar a cada ano. Apenas 5%, ou seja, aproximadamente 90 mil, são incorporados pelo Exército, Marinha e Aeronáutica. De acordo com a Pasta, o gasto anual por recruta é de R$ 19.642,00 (o que inclui remuneração, alimentação, fardamento e transporte), totalizando R$ 1,767 bilhão por ano. Em um exercício meramente hipotético, se o governo decidisse duplicar esse contingente com o objetivo de gerar 90 mil vagas de trabalho para jovens, não gastaria sequer o equivalente a 6% dos R$ 30 bilhões contingenciados do Orçamento de 2019. O ganho econômico e social compensaria o dispêndio adicional.
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Legado Campos
25/07/2019O achado social e político de Paulo Guedes, criando uma modalidade de saque anual do FGTS para todos os trabalhadores, merece loas, mas não chega a ser tão original assim. O mentor de Guedes, o ex-ministro do Planejamento Roberto Campos, nos idos de 1995, fez uma proposta similar de saques anuais, logo rechaçada por meio mundo. Se dependesse de Campos, juntamente com José Luiz Bulhões Pedreira um dos criadores do FGTS, a criatura, inclusive, já estaria morta. Em tempo: não custa recordar que foi Henrique Meirelles o primeiro a tirar uma casquinha das siderúrgicas regras de saque instituindo a transferência da rentabilidade do Fundo para o trabalhador.
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Julio Bozano volta à toca
24/07/2019O mais sagaz dos históricos banquier d’affaires brasileiro vai fazer uma inflexão na postura. Julio Bozano deixa de ser low profile e retorna a sua condição de no profile. Qualquer associação desse mergulho no anonimato com o jubileu de Paulo Guedes faz sentido integral. Bozano, que tinha Guedes como bambino d’oro do private equity Bozano Investimentos, queimou todas as caravelas que levavam seus negócios e imagem na direção do ministro da Economia. Trocou o foco é o nome da empresa, que agora se chama Crescera. Os negócios feitos antes com Guedes saem da vitrine. Bozano jamais será visto em um dos eventos da Pasta do ex-sócio. Se vacilar não o cumprimentará caso o encontre no Gero, restaurante que ambos costumam frequentar. Bozano é uma lenda. Só para dar uma ideia da largura do seu espectro, foi sócio da Anglo American, gigante do ouro, da sul-africana De Beers, dos diamantes assassinos, e da Embraer, orgulho nacional. Entre outras raridades, foi sócio de Mário Henrique Simonsen, sem que isso tivesse maculado como promíscua a relação entre o banqueiro e o mais brilhante ministro da Fazenda da história do país. É provável que ainda fale com Paulo Guedes, mas somente por telepatia. Um craque absoluto no que faz.
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Fôlego na economia ou estelionato?
18/07/2019Antes de comemorar, convém conferir o tamanho da publicidade do governo para, então, julgar se a antecipação dos saques do FGTS e do PIS/Pasep será mais um confisco disfarçado. Mais ou menos assim: o governo anuncia que vai permitir a retirada, depois fica quietinho, os beneficiários se esquecem do prazo e o tacho cheio é raspado pelo Tesouro Nacional. O governo Temer usou do mesmo estelionato disfarçado com as dívidas julgadas e vencidas da União. Espera-se que Paulo Guedes queira esse dinheiro para aquecer o consumo e não financiar sorrateiramente o déficit primário.
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O despertar da Zona Franca de Manaus
16/07/2019Enfim, o ano vai começar para a Zona Franca de Manaus. A primeira reunião do Conselho de Administração da Suframa em 2019 está marcada para o dia 25. Depois de sete meses, o Ministério da Economia vai dar posse aos conselheiros indicados pelo governo, incluindo o próprio ministro Paulo Guedes, a quem caberá a presidência do colegiado. As três cadeiras estão vagas desde janeiro. De lá para cá, a Zona Franca praticamente parou no tempo. Mais de uma centena de projetos – entre novos investimentos e ampliação de fábricas – está encalhada no Conselho. Os pedidos de autorização não foram votados por falta de quórum.
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O risoto da Previdência
9/07/2019A bancada ruralista vai celebrar a votação da PEC da Previdência com uma chuva de arroz. Em meio à tramitação da “reforma de todas as reformas” do governo Bolsonaro, a Frente Parlamentar da Agricultura está prestes a arrancar um programa de subsídios para os produtores do cereal no sul do país. Segundo o RR apurou, os recursos poderão somar cerca de R$ 300 milhões. O acordo deverá ser selado nas próximas duas semanas, na contramão dos esforços do ministro Paulo Guedes para reduzir esse tipo de incentivo. Os termos do benefício foram discutidos na semana passada em uma reunião entre a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, e ruralistas, escoltados pelo deputado Luiz Carlos Heinze, um dos próceres da FPA. Os produtores do Rio Grande do Sul estimam um prejuízo de mais de R$ 600 milhões com as enchentes do início do ano.
As “remake news” de Paulo Guedes
O governo vai detonar uma blitzkrieg de estímulos já manjados para reverter as expectativas negativas em relação ao comportamento da economia em 2019/2020. A ação da equipe econômica é um remake das operações de marketing feitas no passado: o governo refoga iniciativas já anunciadas e as apresenta como algo orquestrado e essencialmente novo. O tal plano estruturado a ser divulgado após a votação da Previdência tem por função o reforço nas bolsas e nos mercados do impacto da votação da principal reforma estrutural. Como se sabe, a Previdência será saudada como a conquista da Copa Jules Rimet. Só que à vera ela somente mexe com as expectativas neste ano – interfere pouco na realidade fiscal em 2019 e 2020. O projeto é pedalar, no bom sentido, a reforma acoplada com as outras medidas animadoras das expectativas. A lista, que foi guardada para pós-aprovação da reforma, é de velhíssimas novidades: o choque de energia barata, o saque antecipado do PIS/Pasep e FGTS, aceleração do programa de privatizações, reforma tributária, redução do Estado brasileiro e melhorias no campo microeconômicos, com novas regras para debêntures incentivadas de infraestrutura. Todas as propostas já foram despejadas na mídia, sempre com a condicionalidade da mudança do regime de aposentadoria. A grande expectativa é se Paulo Guedes vai abrir um flanco e liberar medidas fiscais e parafiscais para dar um gás na economia do curto prazo. As reformas e iniciativas mais pretensiosas ainda estão por ser buriladas e só começarão a vigorar a partir do próximo ano. Agora um estímulo na veia talvez seja o que falta para que a malta – e não apenas o mercado de valores mobiliários – compre o conjunto de medidas estruturais.
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Interceptando Rogério Xavier
8/07/2019A exposição de Paulo Guedes na abertura do Expert XP, na última quinta-feira, lembrou as apresentações de Steve Jobs nos lançamentos de produto da Apple. Guedes foi inúmeras vezes aplaudido de pé por um auditório apinhado, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. No entanto, todo o consenso tem suas ranhuras. O RR resolveu espiar o que nomes respeitados do mercado financeiro andam falando sobre Guedes nas redes sociais. O primeiro garimpo vem do Twitter de Rogerio Xavier, da SPX, um dos maiores craques da administração de fortunas – sua gestora cuida de uma carteira de R$ 40 bilhões. A seguir, alguns comentários em referência a “PG” pinçados neste “Xavierleaks dell´arte”:
.“Ele quase pôs tudo a perder, mas deixa para lá. Ele é um péssimo operador. Por que não perguntam como foi a vida dele após a saída do Pactual??? E a saída do JGP… vocês são muito novos… desisto… não estou criticando as ideias, critico a execução. Será dá para entender???”
. “Se dependêssemos no PG estaríamos perdidos. Quem está tocando essa previdência se chama Rodrigo Maia. A reforma tributária se sair, quem vai tocar é o RM. vocês se iludem com o PG. O futuro mostrará quem é PG .”
. “Vamos fazer o seguinte? Deixa na mão do presidente e do PG para aprovar qq coisa e vamos ver no que dá…”
. Se for o Marquinhos Lisboa, Beca ou PG não importa. Que façam. Mas não fiquem tão PG dependentes, porque se for só por ele, esquece. Mas enfim, é só uma opinião, respeito quem não concorda.
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Paulo Guedes apela aos remédios que sua medicina proíbe
28/06/2019O ministro Paulo Guedes decidiu seguir as lições do mundo e adotar estímulos monetários. Anunciou que aumentará a liquidez do mercado de crédito em R$ 100 bilhões, diminuindo a alíquota do recolhimento compulsório dos depósitos bancários. O próximo passo será a redução da taxa Selic na reunião do Copom, de julho, provavelmente em um ponto percentual – e não haverá BC autônomo que diga o contrário. Boas notícias? Sim e não.
As medidas são favoráveis pela ótica de que, sob severa austeridade fiscal, o caminho dos juros e do crédito é a alternativa restante para propiciar algum refresco na economia. O BC e o Ministério da Economia já trabalham, internamente, com a hipótese de uma recessão neste ano. O BC, que projetava quase 3% de crescimento do PIB, no início do ano, já despencou suas estimativas para 0,8%. No mercado, várias instituições projetam taxas na faixa de 0,5%. Nesse ritmo, cair para – 0,1%, digamos assim, é bastante crível. Detalhe: em todas as previsões sobre o PIB é tida como certa a aprovação da reforma da Previdência.
O relaxamento da liquidez, portanto, é uma receita padrão para a circunstância. Por outro lado, talvez não haja tantos tomadores assim para os recursos disponibilizados ao setor bancário. O principal motivo são os spreads escorchantes da ordem de 19,2 pontos percentuais, que subiram mais de dois pontos percentuais em relação a 2018, mesmo com a taxa básica de juros descendo a ladeira. A projeção da LC Consultores é de que o saldo total de crédito cresça 6,6% em 2019 para um aumento do PIB de 1%. É bom, mas é pouco. Na margem, a redução do compulsório ajuda. Mas o RR mantém a sua aposta de que Paulo Guedes “vai ter de aprovar algum gasto”. Ordens do andar de cima. É o que se diz nas internas.
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Hipérboles
26/06/2019Uma vez Paulo Guedes sempre Paulo Guedes. Ao comemorar a decisão do Conselho Nacional de Política Energética de quebrar o monopólio do gás natural, o ministro da Economia não se conteve e projetou uma queda de 40% do preço do combustível e um aumento de 8,46% do PIB industrial. São números espetaculares, monumentais, cósmicos. A grandiloquência de Guedes lembra, com sinal trocado, sua antiga encarnação como Beato Salu, responsável por projeções horripilantes para a economia. Acertou algumas, errou outras. O RR torce para que todas as suas profecias favoráveis ao país se confirmem.
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Exceção
25/06/2019O general Santos Cruz era a exceção entre os ministros da ala militar nos elogios absolutos a Paulo Guedes. Discordava na dosagem de corte de gastos vis à vis a responsabilização dos “gastadores”. E não achava muita graça no show off do ministro da Economia.
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Paulo Guedes solta devagar as rédeas do dinheiro
13/06/2019O ministro Paulo Guedes aquiesceu ao grito de todas as torcidas organizadas. Vai ter gasto público. Vai ter alguma política anticíclica. Vão ter medidas pró-consumo. Guedes topou soltar o dinheiro, mas em conta-gotas, para não atrapalhar o foco na reforma da Previdência e nem contaminar as futuras reformas tributárias e de transferência dos fundos federativos. Pode-se esperar a liberação de R$ 10 bilhões, R$ 15 bilhões ou R$ 20 bilhões em tranches sempre irregulares. Nenhum programa, pacote ou plano de ações. A operação segue o modelo “rouba montinho”.
O ministro tira dali recursos parafiscais, põe aqui as “despedaladas” e instrumentos híbridos de capital e dívida, repõe acolá com a esperada apropriação dos recursos não sacados das contas do PIS/Pasep e FGTS e complementa arbitrando o resgate da dívida bruta com algum gasto primário. Até o fim do ano, entram ainda na equação fiscal os R$ 100 bilhões do leilão dos excedentes de cessão onerosa. Estica e puxa de um lado e aloca em outro. É a contabilidade engenhosa no lugar da criativa. Mas a tacada de mestre de Guedes foi mesmo na negociação do crédito adicional para o cumprimento da regra de ouro.
Preocupada com o desastre político que qualquer forfait do Congresso poderia provocar, a equipe do ministro fez uma cirurgia bariátrica no buraco orçamentário de R$ 248,9 bilhões. O objetivo da redução era apresentar um valor mais palatável aos parlamentares, lubrificando a aprovação do suplemento orçamentário. Chegaram a baixar o rombo para R$ 90 bilhões. Guedes, acostumado às eletrizantes emoções de “bater e tomar mercado” (compra e venda de ações no intervalo de segundos), não titubeou: bancou o valor cheio de R$ 248,9 bilhões para aprovação do Congresso.
“É melhor que sobre dinheiro e não tenhamos que atravessar novamente essa burocracia”, teria dito. O pedido passou e o dinheiro sobrou. Já na partida, o ministro se comprometeu a pagar um pedágio de R$ 2,8 bilhões com gastos no Minha Casa, Minha Vida, área de educação e bolsas do CNPQ. Com a operação “rouba montinho”, pode ser até que, além das despesas para que a economia não asfixie, Guedes consiga reduzir bem o déficit primário do ano – da ordem de R$ 104 bilhões – sim, aquele que o ministro, no início do governo, prometeu zerar. Com esse bailado fiscal, alguns gastos reanimadores da economia e a aprovação das reformas, talvez 2019 acabe com um tímido sorriso no canto da boca. O paciente estaria respirando melhor. Bom que seja assim. Para 2020, aguarda o enfermo um déficit primário de cerca de R$ 140 bilhões, um salto da dívida mobiliária acima de 80% do PIB e um novo estouro da regra ouro.
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Barão de Munchausen?
5/06/2019Paulo Guedes assumiu um risco desnecessário ao revelar ontem, em audiência na Câmara dos Deputados, que foi convidado por Dilma Rousseff para ser seu ministro da Fazenda. Guedes pode ter confundido sondagem com convite. E ainda periga ser desmentido publicamente. Deu munição para que a expresidente da República o chame de mitômano.
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As sístoles e diástoles do ministro Paulo Guedes
27/05/2019Assim como Pedro negou Jesus três vezes, Paulo ameaçou deixar Jair em três oportunidades. As duas primeiras foram bravatas, não para intimidar o presidente, por quem Paulo Guedes nutre sincera simpatia, mas para pressionar o Congresso e demais stakeholders. O desabafo para os jornalistas da revista Veja, divulgado na sexta-feira, contudo, tem outra conotação. O ministro da Economia disse que, se a reforma da Previdência não for aprovada, e com um piso de R$ 800 bilhões, pegará um avião e irá morar no exterior.
Não explicitou qual o deadline para a aprovação da reforma. E nem o seu grau de tolerância em relação a alguma queda nos R$ 800 bilhões. E menos ainda disse sobre a sua situação de desgaste físico. Guedes tem tido uma performance heróica nas batalhas campais pela mudança na Previdência. Elas têm provocado sequelas. O ministro está com tremores nas mãos. Dorme pouco. Nos 143 dias de governo, acentuou sua calvície e embranqueceu mais os cabelos já grisalhos.
Guedes tem sofrido a coação dos políticos e corporações. Mas a maior pressão é feita pela sua esposa, Maria Cristina, que tem visto o marido definhar. Ele não precisa do cargo para nada. “E já fiz o que tinha de ser feito”, segundo suas próprias palavras. Por Maria Cristina, Guedes estaria no Rio e em casa, caminhando no calçadão da praia do Leblon, como fazia todas as manhãs antes de assumir o Ministério. No dia 14 de março, na posse do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o ministro ameaçou pela primeira vez pegar seu boné e voltar para o mercado financeiro.
Palavras de Guedes: “Se botarem menos de R$ 1 trilhão eu vou dizer assim: vou sair rápido, porque esse pessoal não é confiável. Se não ajudam nem os filhos; então, o que será que vão fazer comigo?” Desta última declaração para a mais recente, o ministro já deu um desconto de R$ 200 bilhões para a sua permanência. No dia 27 de março, avisou no Senado Federal: “Se a PEC da Previdência não vou aprovada, vou embora do governo. A bola está com o Congresso”. Com a afirmação da última semana, Guedes criou um fato político, forçando inclusive o presidente Jair Bolsonaro a se manifestar sobre a intenção manifesta. Pelas circunstâncias, Guedes talvez esteja sendo o mais corajoso dos ministros da Fazenda das últimas safras. Mas tem que se cuidar.
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Minha Casa, Minha Vida exige novo “puxadinho” no Orçamento
23/05/2019Antes de colocar de pé um novo programa de financiamento habitacional, o desafio do governo é evitar o colapso do “velho” Minha Casa, Minha Vida. O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, está pleiteando a Paulo Guedes a liberação emergencial de aproximadamente R$ 1,2 bilhão para honrar contratos já assumidos. O novo “puxadinho” orçamentário é fundamental: sem esse dinheiro, o Minha Casa, Minha Vida vai parar.
A verba extra de R$ 800 milhões anunciada há cerca de três semanas é suficiente apenas para cobrir os custos até agosto. Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Regional confirma que “está sendo estudada a possibilidade de novos aportes de recursos para MCMV no segundo semestre.” De janeiro até abril, os atrasos nos repasses de recursos do Minha Casa, Minha Vida já somam cerca de R$ 550 milhões.
Consultado, o Ministério não se pronunciou especificamente em relação às pendências acumuladas. Para a gestão Bolsonaro, o risco de paralisação das obras vai além da questão social. Trata-se também e fundamentalmente de um problema de ordem política. Boa parte dos atrasos no programa habitacional se concentra no Nordeste, região na qual o governo amarga os índices de popularidade mais baixos. O Ceará, sozinho responde por 10% dos valores pendentes. A esta altura, tudo o que a gestão Bolsonaro menos precisa é de mutuários e sem-teto protestando nas ruas do país.
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Quem ampara o cambaleante FAT?
21/05/2019Os novos números do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) vão dar mais munição ao ministro Paulo Guedes e à proposta de redução do abono salarial – uma das propostas penduradas na PEC da Previdência. Relatório elaborado pelos técnicos do Ministério da Economia, ao qual o RR teve acesso, aponta uma projeção de défi cit no FAT superior a R$ 60 bilhões nos próximos quatros anos. Os números serão apresentados hoje, na reunião do Conselho Deliberativo do Fundo (Codefat). O mesmo estudo indica que o Fundo precisará de uma receita da ordem de R$ 339 bilhões no mesmo período – ou seja, aproximadamente R$ 85 bilhões por ano – para cobrir o rombo projetado. Somente uma guinada na economia e um salto no número de empregos formais permitiriam alcançar essa meta de arrecadação sem qualquer novo aporte do Tesouro – os repasses, ressalte-se, estão suspensos desde 2017. No ano passado, as entradas do FAT somaram R$ 64,4 bilhões, para uma despesa de R$ 72,2 bilhões. O equilíbrio financeiro do FAT depende de uma série de medicamentos cruzados. As novas regras propostas para o abono salarial – o benefício ficaria restrito a trabalhadores que recebem um salário mínimo e não dois, como atualmente – gerariam uma economia de aproximadamente R$ 8 bilhões por ano. Para efeito de comparação, um pouco acima do déficit do FAT no ano passado (R$ 7,8 bilhões). Além da recuperação da economia, o saneamento do Fundo passa também pelo BNDES. O FAT aguarda a devolução de R$ 54 bilhões retidos no banco.
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Overbooking
16/05/2019Em sua atribulada chegada à Câmara, ontem, o ministro Abraham Weintraub chamou a atenção pelo tamanho de sua “escolta”. Além de congressistas da base aliada, era acompanhado por 16 assessores do Ministério. Nem Paulo Guedes costuma carregar uma tropa similar em suas idas ao Congresso. A maior parte do séquito de Weintraub, no entanto, foi impedida de entrar no plenário.
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Tratamento de choque
14/05/2019Jair Bolsonaro pediu ao ministro Paulo Guedes um “choque de consumo” até o final do ano. No gatilho estão os saques do FGTS e do PIS/Pasep e um refinanciamento das dívidas das pessoas com nome no SPC. Nenhuma dessas medidas tem impacto fiscal negativo. Todas têm grande poder de impulsão do varejo.
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Pacto interministerial
14/05/2019Seja qual for o resultado da votação da Medida Provisória 870 em plenário, os ministros Sérgio Moro, Paulo Guedes e Damares Alves firmaram um pacto: não haverá alterações nos principais cargos de chefia da Funai e do Coaf, independentemente da Pasta que abrigará os dois órgãos. Pelo menos é o que foi combinado.
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A quem interessa um Coaf sem poder de polícia?
10/05/2019Antes que se iniciem as torrenciais maledicências, não é uma demanda de Paulo Guedes o iminente retorno do Coaf para o Ministério da Economia. A medida só tem uma tradução: a redução dos dispositivos e da força-tarefa que vêm sendo montados por Sérgio Moro para intensificar o combate à corrupção e a crimes financeiros. A medida expõe Guedes e o atrapalha nas grandes batalhas pelas reformas estruturais.
À primeira vista, não há probabilidade da manutenção do projeto do ministro da Justiça na Pasta da Economia. Moro idealiza um Coaf conectado à Polícia Federal e ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, subordinados à Justiça. Além da já anunciada duplicação do quadro de funcionários, composto por 37 servidores, também estão programados investimentos para a integração do Conselho com a área de Inteligência da PF. Os planos de Moro preveem ainda a nomeação de especialistas em lavagem de dinheiro para postos-chave no Coaf.
O cartão de visitas já foi apresentado: indicado por Moro, o presidente do Coaf, Roberto Leonel, foi chefe da Inteligência da Receita Federal em Curitiba e atuou no caso do Banestado e na Lava Jato. No momento, qualificar qualquer tipo de ação política por trás do movimento pendular do Coaf é quase um exercício epistemológico. As circunstâncias não suportam diagnósticos cartesianos. A quem interessa desmobilizar o aparelho de investigação de crimes financeiros formulado por Sérgio Moro a partir do Coaf? O Centrão?
Os investigados pela Lava Jato? Os condenados por Moro? Olavo de Carvalho? Antes que alguém faça qualquer ilação sobre o relacionamento atávico entre Paulo Guedes e o mercado financeiro, ressalte-se logo que essa associação é venal. A celeuma em torno da volta do Coaf à Economia pode não passar de mera fumaça. Ontem mesmo, em mais um movimento errático, Jair Bolsonaro fez um apelo, ainda que tímido, para que o plenário do Congresso devolva o Coaf a Moro. Por enquanto, o projeto do ministro da Justiça segue de pé. Mas tudo pode acontecer. Até mesmo não acontecer nada.
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Paulo Guedes merece respeito pela bravura inaudita
9/05/2019No dia em que se comemorou a vitória das forças aliadas na Segunda Guerra Mundial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, que já foi tachado de “Macunaíma” e “Beato Salu”, somente para citaralguns epítetos pouco elegantes, podia muito bem atender pelos nomes de Geraldo Baêta da Cruz, Geraldo Rodrigues de Souza e Arlindo Lúcio da Silva. Os três pracinhas brasileiros saíram em patrulha pela região de Montese, pouco antes da tomada do território. Era 14 de abril de 1945 quando os três soldados se depararam inesperadamente com uma companhia do Exército alemão, com aproximadamente 100 homens.
Eles ordenaram aos brasileiros que se rendessem. Os pracinhas optaram honradamente por enfrentar uma batalha perdida, sem munição, até a morte. No mesmo dia 8 de maio, em que se celebra a paz no ocidente, um dos mais controvertidos personagens da vida pública do país voltou ao Congresso Nacional, para debate junto à Comissão Especial da Câmara dos Deputados, no confronto que já está sendo chamado de “Guerra da Previdência Social”. O realismo da execução não foi o mesmo dos “Drei Brasilianische Helden” (três heróis brasileiros), mas, simbolicamente, o fuzilamento foi de violência similar.
O que se viu foi mais um massacre moral contra o único ministro da República que defende uma causa com ardor e bravura. Desgrenhado, suando, esbravejando, aparentando um ataque cardiovascular a qualquer momento, Guedes lutou como um tigre por uma bandeira e em nome de um governo de poltrões. Com a ferramenta da sua torrencial racionalidade, só ele aceita o enfrentamento em defesa da causa mater do mandarinato bizarro de Jair Bolsonaro. Paulo Guedes não quer essa reforma da Previdência. Quer qualquer reforma da Previdência que lhe dê o R$ 1 trilhão necessário para evitar a insolvência do Estado brasileiro e a suspensão radical dos investimentos no país.
Que gravem, subsidiem ou retirem os benefícios de diferentes classes, profissionais, idades, gêneros. Esse não é o ponto. A questão é a aritmética: se o buraco não fechar, serão suspensos os investimentos e os pagamentos das unidades federativas, o país poderá experimentar um shutdown e as aposentadorias, last, but not least, não serão honradas. O RR costuma fazer severas críticas à postura radical e não raras vezes destemperada de Paulo Guedes.
Mas Guedes encontrou o seu papel e figurino. Ninguém no país está lutando como ele por uma reforma que só não foi ainda aprovada por que o papel da oposição tem sido de contraditar qualquer medida do governo, mesmo que concorde no mérito. Só que essa reforma é a mãe de todas as reformas. O ministro pode se ver sem munição, encurralado, sem apoio político, mas a sua não rendição já está escrita entre as boas páginas da história. Nesse momento, Guedes representa Baêta da Cruz, Rodrigues de Souza e Lúcio da Silva. Dele, emana a comovente coragem dos pracinhas.
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Bolsonaro cobra de Guedes um afago ao povão
6/05/2019O presidente Jair Bolsonaro está pressionando o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que apresente antes mesmo da votação da reforma da Previdência um elenco de medidas de caráter popular. A missão vai na direção inversa dos planos de Guedes, que quer focar na Previdência, com zero de dispersão. Assim que aprová-la, de preferência com economia de gastos que permitam a migração rápida para o regime de capitalização, anunciaria um potente pacote microeconômico.
Essas seriam suas duas primeiras alavancas para a retomada firme do investimento. A terceira seria a reforma tributária, com simplificação dos impostos e redução da carga tributária sobre as empresas. Na visão do ministro, é dessa combinação que desabrochará o emprego. O problema é que essa equação tem um tempo longo de resolução – este ano está perdido. E dar algum doce nesse ínterim amargo pode se tornar politicamente necessário. O Palácio do Planalto já enxerga pouco à frente manifestações contra o aperto da classe trabalhadora.
Por enquanto, Paulo Guedes só maltratou: cortou empregos no setor público e nas estatais, contingenciou recursos, pré-anunciou o fim da correção real do salário mínimo, e mesmo o 13º salário do Bolsa Família foi concedido em troca do congelamento dos benefícios. Uma compensação poderia vir com alguma medida de alívio no crédito, ou mesmo com algum adicional de renda vinculado à produtividade. A questão é que Paulo Guedes detesta essa política de picadinho, aquela que ora solta uma medida de alívio aqui, ora solta outra acolá. O ministro acha que isso tem a cara de Dilma Rousseff e contraria não somente suas ideias, como também sua postura irredutível, um dos principais trunfos nessa batalha pelas reformas estruturais. Vale observar se o que Bolsonaro pediu é mesmo o que ele quer e pelo que vai bater pé. A arritmia de comportamento do presidente não permite avalizar qualquer intenção dele como firme, ou mesmo séria. Melhor apostar no cavalo de Paulo Guedes. O trabalhador que espere.
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Dali não sai
24/04/2019Volta e meia o ministro da Economia, Paulo Guedes, diz a integrantes da sua equipe que, se intervierem nas suas decisões, dá meia volta e retorna para o Leblon, seu pedaço de mundo predileto. O intervalo das ameaças tem ficado cada vez mais curto. Um dos colaboradores mais próximos de Guedes no governo desdenha da ranzinzice. Afirmou que apostaria com o RR que não passam de desabafos. Diga-se a bem da verdade que Guedes sempre foi chegado a uma falação.
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Paulo Guedes busca na era Vargas a inspiração para a reforma administrativa
22/04/2019Foi soprada ao pé do ouvido de Paulo Guedes a proposta de criação de uma espécie de DASP repaginado. O ressurgimento do Departamento Administrativo do Serviço Público – numa releitura do órgão fundado por Getulio Vargas em 1937 – faria parte da reforma administrativa em gestação no Ministério da Economia. Caberia a esta nova instância elaborar um plano de carreiras, cargos e salários para o funcionalismo público. Estaria sob sua alçada a missão de estabelecer regras de remuneração, critérios de reajuste e normas para a promoção de servidores, tudo que não existe hoje.
A recriação do DASP e a reorganização da algaravia salarial da máquina pública são movimentos complexos, mesmo para um super-ministro, como Paulo Guedes. Na prática, o governo estaria mexendo em direitos adquiridos ao criar uma instância para arbitrar por cima e de forma transversal valores e freios para a remuneração do funcionalismo e concentrar no Executivo prerrogativas hoje repartidas entre os Três Poderes. Seria necessária a votação de uma PEC para alterar os dispositivos constitucionais que regem as normas salariais dos servidores, algo ainda mais difícil tratando-se de um governo até agora caracterizado pela incapacidade de articulação política. De toda a forma, teria tudo para ser uma das reformas mais ousadas da gestão Bolsonaro, abrindo caminho para a redução de excessos no funcionalismo e a racionalização do Estado.
Hoje, não há qualquer cientificidade na fixação dos salários e benefícios do funcionalismo, o que contribui para o desbalanceamento da renda entre os Poderes. Segundo estudo do Ipea, o Judiciário apresenta a maior remuneração média – R$ 16 mil/mês, seguido do Legislativo (R$ 14,3 mil). Na lanterninha, com razoável distância, o Executivo (R$ 8 mil). Reza a Constituição que “A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos… não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal”. Essa cláusula, no entanto, está para a remuneração do funcionalismo como o antigo limite de 12% estipulado pela Carta Magna estava para a taxa de juros. Ou mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal, para o estouro dos limites orçamentários. Gilmar Mendes já disse que “não há teto mais furado do que esse” em referência ao valor máximo da remuneração do funcionalismo, que, com o reajuste dos salários dos ministros do STF no fim de 2018, passou para R$ 39 mil. O buraco no telhado começa no próprio Judiciário. Levantamento com base em dados do CNJ mostra que mais de 70% dos magistrados dos Tribunais de Justiça somam rendimentos superiores ao teto constitucional. Trata-se também do único Poder que não vem cumprindo o limite de gastos. No ano passado, o aumento do custeio do Judiciário superou os 8%, quando o autorizado era 7,2%.
Se levar a recomendação adiante, Paulo Guedes estará bebendo em uma das fontes de água mais cristalina que já minaram na gestão pública. O DASP notabilizou-se como um centro de excelência. Além de conduzir a reforma da administração federal no governo Vargas, foi também um órgão de assessoramento técnico da Presidência da República. Em seus sete primeiros anos, foi comandado por Luís Simões Lopes, que, posteriormente, presidiria a Fundação Getulio Vargas por 46 anos.
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Tropa de choque da Previdência
18/04/2019Em meio à batalha para a aprovação da reforma da Previdência, Paulo Guedes decidiu reforçar sua articulação política. Criou no Ministério da Economia uma Assessoria Especial de Relações Institucionais. O eleito para o cargo deverá ser definido até o fim de semana – o Ministério confirma que o “assessor ainda não foi nomeado”. Caberá a ele formar um dueto com o assessor para Assuntos Parlamentares do Ministério, Philippe Wanderley Barbosa.
…
O presidente do INSS, o procurador federal Renato Rodrigues Vieira, também foi escalado pelo governo para lubrificar as relações com o Legislativo. Vieira fará encontros técnicos com deputados e senadores para esmiuçar detalhes da reforma da Previdência.
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República virtual 1
15/04/2019A Força Sindical prepara um “tuitaço da Previdência”. O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar fez uma tour de force para levantar os perfis de deputados e senadores nas redes. A ideia é utilizar as mídias digitais para viralizar críticas e propostas para a PEC da Previdência, constrangendo publicamente os parlamentares.
República virtual 2
Na esteira da triunfal chegada de Sérgio Moro no Twitter (620 mil seguidores em uma semana), há uma campanha dos “bolsonaristas” nas redes sociais para que Paulo Guedes também crie o seu perfil.
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Renda mínima é carta-trunfo no bolso de Guedes
12/04/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem um trunfo oportuno, flexível e capaz de unir críticos da Zona Norte à Zona Sul. Trata-se do imposto de renda negativo, uma invenção da Escola de Chicago, que lapidou um pensamento original de Friedrich Hayek, um dos expoentes da Escola Austríaca, junto com Carl Menger e Ludwig Von Mises. Guedes tangenciou a medida, também traduzida como renda mínima ou renda básica universal, durante a campanha eleitoral. Em algum momento, disse que Jair Bolsonaro poderia incluir a iniciativa entre os futuros feitos do seu governo.
Mais recentemente, em meio ao pau puro da luta pela aprovação da PEC da Previdência, soltou que o governo poderia instituir o imposto de renda negativo para complementar as contribuições no regime de capitalização. O ministro circunscreveu-o à reforma da Previdência. O anúncio, que devidamente explicado daria um empurrão na aprovação da reforma au grand complet, a julgar pelas perguntas que foram feitas na Comissão de Justiça da Câmara, passou batido – para ser mais preciso, nenhuma pergunta foi feita.
No dia seguinte, a mídia publicou a declaração do ministro de forma pouco entusiasmada. E nada mais se disse. A implementação da renda mínima no seu modelo clássico, no qual ricos e pobres são remunerados pelo Estado com o mesmo valor – forma de reduzir a burocracia e apropriações indébitas tão comuns no Bolsa-Família, por exemplo – simplificaria toda a política assistencialista praticada no Brasil, que tem uma dezena de rubricas e programas diferentes. Bastaria a renda mínima como pagamento, ao invés de uma miríade de benefícios sociais.
Imagine uma renda mínima de R$ 1.300,00, um valor que já foi calculado por técnicos do Banco Mundial. Nada mau para que todos os cidadãos no país tivessem esse piso como garantia de uma vida mais digna. Na revista Insight Inteligência – da Insight Comunicação, responsável pela edição do Relatório Reservado –, que começa a circular nesta sexta-feira, é republicada uma entrevista, originalmente de 2000, de Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia, ícone da Universidade de Chicago e ídolo de Paulo Guedes, sobre o imposto negativo. Friedman é entrevistado, por mais inusitado que pareça, pelo ex-senador Eduardo Suplicy, que carrega essa bandeira solitariamente há 20 anos.
O mais monetarista dos professores de Chicago considera a medida a mais eficiente política compensatória. Simples e universal. Seria bom que o ministro da Economia revisitasse a ideia do velho mestre em toda a sua amplitude. A implementação da renda mínima deixa o Bolsa-Família na traseira da História – mesmo com o 13º e outros eventuais aditivos. Ela ajudaria a azeitar as difíceis negociações que terão de ser feitas para a aprovação das reformas estruturais. Hoje, a torcida por Guedes é quase uma obrigação. Sua racionalidade é um das poucas divisórias entre a reorganização de uma economia esfacelada e a desorientação generalizada que provem do Palácio do Planalto. No modelo de Guedes, a purga e a dor sociais são quase que inevitáveis no processo de estabilização. A renda mínima pode minorar esse sofrimento e levá-lo a um reconhecimento que até os seus mais aguerridos combatentes terão de aceitar como merecido.
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A “despedalada” e a fritura de Joaquim Levy
10/04/2019A pressão do Ministério da Economia para que o presidente do BNDES, Joaquim Levy, devolva à União, “para ontem”, recursos da ordem de R$ 126 bilhões está deixando de ser uma guerra fria para se tornar uma guerra suja. Paulo Guedes saiu do front para evitar o desgaste de prosseguir apertando Levy. Seus assessores assumiram a missão de quebrar a resistência da “despedalada” dos recursos, com o pagamento antecipado ao Tesouro Nacional dos empréstimos realizados no passado. O presidente do BNDES, por sua vez, pretende que a operação seja coberta de todas as garantias, de forma a evitar mais um constrangimento pessoal junto às autoridades fiscalizadoras.
Levy permanece arrolado em inquérito civil de improbidade administrativa que tramita na Procuradoria da República no Distrito Federal. Segundo o inquérito, ele teria realizado de modo disfarçado e ilícito “suposta operação de crédito entre o Tesouro e os bancos públicos”. Levy teria pedalado em 2015, melhorando artificialmente as contas do governo. Assessores de Paulo Guedes foram escalados como tropa de choque do ministro da Economia. À frente, Daniella Marques Consentino, chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da Pasta e uma espécie de “cão de guarda” de Guedes, acompanhada dos secretários da Fazenda, Waldery Rodrigues Júnior, e do Tesouro, Mansueto Almeida.
Os três colocam em xeque a permanência de Levy no cargo. Daniella ataca por todos os flancos. Waldery bate forte publicamente, dando declarações que diminuem o presidente do BNDES; Mansueto opera conversando com os jornalistas em off the records e criticando a falta de um compromisso firme em relação aos recursos solicitados. Levy, por sua vez, diz que o ressarcimento à União é uma prioridade, “mas que o retorno dos aportes deve estar atrelado ao pagamento dos financiamentos que a instituição concedeu com esses recursos, incluindo estados, municípios, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.”
Só para constar, são esses mesmos bancos que estão incluídos no inquérito contra o presidente do BNDES. Levy sabe que a operação é extremamente politizada. Há também o risco dela ser interpretada como um financiamento disfarçado do banco ao seu controlador. Por essa ótica, ele cairia nas garras da Lei de Responsabilidade Fiscal. A proposta implicaria redução de lucros e menos dividendos, impostos e contribuições. Ou seja: redução de receita primária para o Tesouro. Com relação às pedaladas de 2015, o presidente do BNDES diz que ocorreu exatamente o contrário. Ele não só conteve a prática como teria “despedalado” no final do ano fatídico. Por uma dessas travessuras do destino, Joaquim Levy experimenta no BNDES agruras parecidas com as vividas por Paulo Rabello de Castro, quando era presidente do banco. A diferença é que o ministro da Fazenda era Henrique Meirelles, uma verdadeira dama quando comparado ao obstinado Paulo Guedes e sua furiosa tropa de choque.
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Decoreba
4/04/2019Mansueto Almeida, Secretário do Tesouro, caiu nas graças do chefe Paulo Guedes. É dele a última palavra nos assuntos fiscais. Mansueto tem todos os números na ponta da língua. Os governadores, porém, não gostam dele.
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É alta a percepção de que Jair Bolsonaro não concluirá o seu mandato
3/04/2019Sondagem RR
O presidente Jair Bolsonaro não vai chegar ao fim do seu mandato. Este é o veredito da maioria dos 230 assinantes do Relatório Reservado – dirigentes empresariais, banqueiros, juristas, parlamentares, cientistas políticos e analistas de mercado – consultados pela newsletter entre os dias 22 e 26 de março. Questionados sobre a hipótese de Bolsonaro não completar os quatro anos de governo, 69% dos entrevistados consideraram esta probabilidade alta (58%) ou média (11%). Apenas 31% classificaram como baixo o risco de o presidente da República não concluir seu mandato. Ressalte-se que esta foi a primeira pergunta feita aos entrevistados na enquete, justamente com o objetivo de evitar que a resposta eventualmente fosse influenciada pelo restante do questionário. Antes que o leitor tire conclusões precipitadas, informamos que a motivação desta sondagem são as recorrentes menções à hipótese do presidente não cumprir os quatro anos de mandato. Pode se afirmar que praticamente todos os colunistas da imprensa tangenciaram o assunto em determinado momento, mesmo que o objetivo, em alguns casos, fosse considerar a tese despropositada. De qualquer forma, a repetição do tema é um fato em si só. É importante enfatizar também que esta não é uma pesquisa quantitativa, mas uma sondagem de sentimento. As percepções em relação ao governo captadas nesta enquete podem ser explicadas pela incapacidade de fazer a economia reagir, falta de apoio dos empresários, perda de popularidade, incompetência na articulação política, suspeições sobre a própria família Bolsonaro, deterioração do relacionamento com a mídia profissional, problemas que se repetem nestes primeiros três meses de gestão.
O risco vem dos demais Poderes
De acordo com a sondagem, o Congresso Nacional é percebido como o front de maior ameaça à continuidade da gestão Bolsonaro. O RR perguntou aos seus assinantes “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, qual é o principal grupo de pressão que poderia precipitar a abreviação do seu mandato?” O Legislativo recebeu 32% das respostas, certamente motivadas pelas repetidas crises no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Parlamento e incapacidade demonstrada pelo governo até o momento em conduzir a articulação política. Na sequência, o Judiciário foi apontado por 28% dos consultados. De alguma forma, a percepção de que o Legislativo e o Judiciário podem vir a ser os dois maiores responsáveis por um eventual impedimento do presidente reproduz o passado de uma maneira transversa. Bolsonaro foi um dos apoiadores das ações nos dois Poderes que culminaram com a queda da presidente Dilma Rousseff. As demais respostas mostram um elevado grau de pulverização. À exceção do Legislativo e do Judiciário, nenhum outro grupo de interesse atingiu mais de 10% na enquete. Os empresários receberam 8% dos votos. Trabalhadores e sociedade organizada, que, de alguma forma, podem ser vistos como blocos geminados, tiveram, respectivamente, 8% e 7%. A mídia foi apontada por 6% dos assinantes como o principal grupo capaz de levar ao impedimento de Bolsonaro. O dado mais representativo, no entanto, talvez seja o reduzido volume de respostas para os militares – também 6%. Ou seja: a sondagem desfaz a percepção, existente em alguns setores da sociedade, de que as Forças Armadas poderiam vir a ser um eventual agente de desestabilização do atual governo. Por último, apenas 5% dos consultados entendem que todos os grupos de interesse citados na sondagem seriam responsáveis, numa espécie de ação compartilhada, por um eventual afastamento de Bolsonaro.
O perigo mora no Congresso
O Congresso está no cerne de outra pergunta da sondagem. O RR indagou aos consultados “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, na sua avaliação qual o principal motivo que levaria à eventual interrupção do mandato?” O esgarçamento das relações com o Legislativo liderou as respostas, com 26%. Na sequência, apareceu o quesito “Falta de decoro”, com 14%. Ou seja: entre aqueles que consideram expressiva as chances de um afastamento de Bolsonaro, as atitudes do presidente são vistas como um potencial detonador desse processo. A crescente impopularidade do Capitão ficou com 11%. Logo a seguir, veio a crise econômica, com 10%. Para 9% dos consultados, um impeachment poderia vir pela contaminação por atos familiares. Trata-se de um ponto curioso, no qual Bolsonaro não seria o agente, o protagonista da ação, mas, sim, refém de eventuais malfeitos de seus filhos, notadamente Flávio Bolsonaro, às voltas com o caso Queiroz. Empatado com o mesmo percentual (9%) surge uma possível acusação de gestão temerária. Ainda neste quesito, outra resposta chama a atenção: na avaliação dos assinantes do RR, a saúde do presidente Jair Bolsonaro é vista como um fator maior de risco para a continuidade do governo (8%) do que uma eventual acusação de malversação de recursos (5%). Trata-se de um indício de que a facada ainda está no imaginário das pessoas. Por fim, apenas 3% disseram acreditar na hipótese de uma eventual renúncia do próprio Bolsonaro. Significa que, na avaliação dos entrevistados que tratam como expressiva a probabilidade de afastamento de Bolsonaro, ele se daria por externalidades e não por vontade própria.
Desgosto com a economia
A percepção de descontentamento com os primeiros meses de mandato é reforçada por outra questão da sondagem. Diante da pergunta “O governo está atendendo às suas expectativas na área econômica”, 82% disseram que “não”. Pelo já mencionado corte dos assinantes do RR, é um alerta de insatisfação que vem dos andares mais altos e mais influentes da pirâmide. Entre os assinantes do RR, 79% entendem ser alta (67%) ou média (12%) a probabilidade de o Capitão perder apoio entre o empresariado. Apenas 21% vislumbram esta possibilidade como baixa. A expectativa é que a rejeição ao governo se espraie de forma generalizada. Na opinião de 97% dos entrevistados, é alta (80%) ou média (17%) a probabilidade de que a perda de popularidade de Bolsonaro prossiga. Um universo residual, de apenas 3%, classifica esta hipótese como baixa.
A falta que faz a articulação política
O RR também pediu aos seus assinantes para analisar quais são os principais fatores de risco para o governo Bolsonaro, classificando o seu grau de problematização como alto, médio ou baixo. A excessiva interferência da prole de Jair Bolsonaro é vista como um importante motivo de desestabilização da gestão. Para 92% dos ouvidos, a constante intromissão dos filhos em assuntos do governo, notadamente no próprio Executivo, é um fator de risco alto (74%) ou médio (18%). Apenas 8% dos consultados enxergam o notório espaço de Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro como um transtorno menor para o Capitão. Mais uma vez, fica evidente o quanto a incapacidade de articulação política tem deteriorado as avaliações da opinião pública em relação à gestão. Para 89% dos consultados, a dificuldade de entendimento com o Legislativo é um fator de risco elevado (68%) ou intermediário (21%) para o presidente Bolsonaro. Há outra questão delicada que também passa pelo ambiente familiar: as denúncias que pairam sobre o clã Bolsonaro. Para 77% dos entrevistados, o potencial de criminalização da família (leia-se o caso Queiroz e a proximidade com milícias no Rio de Janeiro) é um fator de risco alto (48%) ou médio (29%) para o governo.
Redes sociais
O RR também consultou seus assinantes sobre outra questão visceralmente ligada à excessiva participação dos herdeiros, notadamente de Carlos Bolsonaro, no governo. No total, 87% dos entrevistados consideram o uso indevido das redes sociais como um alto (71%) ou médio (16%) fator de risco para o presidente. Apenas 13% entendem que a demasiada comunicação por meio do perfil pessoal do presidente da República não é um empecilho relevante. Vem dos Estados Unidos outra ameaça potencial à estabilidade política do governo Bolsonaro. Entre as classificações de alto (51%) e médio calibre (19%), 70% dos entrevistados entendem que a influência danosa de Olavo de Carvalho é uma dificuldade de relevo para o Palácio do Planalto. Os 30% restantes classificaram o “guru da Virginia” como um problema de baixa envergadura para Bolsonaro.
O Fator Mourão
Nem tudo são espinhos. Em contrapartida à crescente reprovação entre os empresários e à perda de popularidade, outro item da sondagem reforça haver a percepção de que o estamento militar se manterá como um dos principais grupos de sustentação do governo Bolsonaro. De acordo com a sondagem, a maioria (68%) considera baixa (52%) ou média (16%) a probabilidade de uma queda do apoio das Forças Armadas a Jair Bolsonaro. Somente 32% dos entrevistados entendem haver possibilidade de um gradativo distanciamento entre os militares e o atual governo. Outra resposta reforça o entendimento de que este amálgama será mantido. Para 91% dos assinantes ouvidos pelo RR, são as altas (64%) ou médias (27%) as chances de uma maior participação de egressos das Forças Armadas no Ministério. É ínfimo, portanto, o índice de entrevistados que considera baixa a probabilidade da entrada de novos militares no primeiro escalão (9%). Ressalte-se ainda que, entre os militares que compõem o governo, a mais representativa figura não é percebida, pela maioria, como um fator de risco para Jair Bolsonaro, não obstante sua crescente projeção. Para 46% dos entrevistados, a proeminência do vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, é um problema de baixo impacto para a gestão Bolsonaro. Outros 28% classificaram esta questão com algo de peso médio sobre o governo. Apenas 26% entendem que o notório relevo do General Mourão pode vir a representar um risco à gestão Bolsonaro.
Ministros à beira do precipício
O RR perguntou a seus assinantes o quanto a performance negativa de parcela do Ministério (Educação, Relações Exteriores, Família e Turismo) é um fator de risco para o governo. Para 80%, trata-se de uma ameaça altamente relevante (49%) ou média (31%) para a gestão. Apenas 20% classificaram a performance destes ministros como um problema de baixo significado. Não por acaso, segundo a enquete, há uma grande possibilidade de que Bolsonaro substitua ministros da sua cota pessoal que não têm correspondido às expectativas: 94% consideram alta (82%) ou média (12%) a probabilidade de troca – apenas 6% entendem que tudo ficará como está na Esplanada dos Ministérios. Em contrapartida, a julgar pela sondagem, não há percepção de risco quanto aos superministérios de Bolsonaro. Do total de consultados, 88% consideram que são baixas (72%) ou médias (16%) as chances de Paulo Guedes e Sérgio Moro deixarem o governo. Apenas 12% trabalham com uma probabilidade alta de que isto venha a ocorrer.
Economia cresce
Ainda na pergunta sobre o que acontecerá com o governo Bolsonaro (classificando quanto à probabilidade – alta, média ou baixa), há uma divisão quanto às expectativas em relação à economia. Para 49% são altas (41%) ou médias (8%), as chances de retomada do crescimento econômico em 2019-2020. No entanto, 51% classificam como baixa esta possibilidade. Mesmo com as notórias dificuldades de articulação política, os assinantes do RR acreditam que a reforma da Previdência vai passar. Consultados sobre a ameaça de reprovação da PEC no Congresso, 88% classificaram esta hipótese como baixa (68%) ou média (20%). Somente 12% dos assinantes ouvidos pela newsletter trabalham com o cenário mais caótico e cravam que existe uma alta probabilidade de a grande agenda do governo Bolsonaro – no momento, a única – ser rechaçada pelo Congresso. A relação com a mídia profissional também está no pipeline com uma questão de relevância no mosaico político. Para 81% dos entrevistados, é alta (58%) ou média (23%) a probabilidade de que esta convivência piore ao longo do mandato. Somente 19% consideram baixa a hipótese de atritos ainda mais contundentes. •
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É alta a percepção de que Jair Bolsonaro não concluirá o seu mandato
3/04/2019Sondagem RR
O presidente Jair Bolsonaro não vai chegar ao fim do seu mandato. Este é o veredito da maioria dos 230 assinantes do Relatório Reservado – dirigentes empresariais, banqueiros, juristas, parlamentares, cientistas políticos e analistas de mercado – consultados pela newsletter entre os dias 22 e 26 de março. Questionados sobre a hipótese de Bolsonaro não completar os quatro anos de governo, 69% dos entrevistados consideraram esta probabilidade alta (58%) ou média (11%). Apenas 31% classificaram como baixo o risco de o presidente da República não concluir seu mandato. Ressalte-se que esta foi a primeira pergunta feita aos entrevistados na enquete, justamente com o objetivo de evitar que a resposta eventualmente fosse influenciada pelo restante do questionário. Antes que o leitor tire conclusões precipitadas, informamos que a motivação desta sondagem são as recorrentes menções à hipótese do presidente não cumprir os quatro anos de mandato. Pode se afirmar que praticamente todos os colunistas da imprensa tangenciaram o assunto em determinado momento, mesmo que o objetivo, em alguns casos, fosse considerar a tese despropositada. De qualquer forma, a repetição do tema é um fato em si só. É importante enfatizar também que esta não é uma pesquisa quantitativa, mas uma sondagem de sentimento. As percepções em relação ao governo captadas nesta enquete podem ser explicadas pela incapacidade de fazer a economia reagir, falta de apoio dos empresários, perda de popularidade, incompetência na articulação política, suspeições sobre a própria família Bolsonaro, deterioração do relacionamento com a mídia profissional, problemas que se repetem nestes primeiros três meses de gestão.
O risco vem dos demais Poderes
De acordo com a sondagem, o Congresso Nacional é percebido como o front de maior ameaça à continuidade da gestão Bolsonaro. O RR perguntou aos seus assinantes “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, qual é o principal grupo de pressão que poderia precipitar a abreviação do seu mandato?” O Legislativo recebeu 32% das respostas, certamente motivadas pelas repetidas crises no relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Parlamento e incapacidade demonstrada pelo governo até o momento em conduzir a articulação política. Na sequência, o Judiciário foi apontado por 28% dos consultados. De alguma forma, a percepção de que o Legislativo e o Judiciário podem vir a ser os dois maiores responsáveis por um eventual impedimento do presidente reproduz o passado de uma maneira transversa. Bolsonaro foi um dos apoiadores das ações nos dois Poderes que culminaram com a queda da presidente Dilma Rousseff. As demais respostas mostram um elevado grau de pulverização. À exceção do Legislativo e do Judiciário, nenhum outro grupo de interesse atingiu mais de 10% na enquete. Os empresários receberam 8% dos votos. Trabalhadores e sociedade organizada, que, de alguma forma, podem ser vistos como blocos geminados, tiveram, respectivamente, 8% e 7%. A mídia foi apontada por 6% dos assinantes como o principal grupo capaz de levar ao impedimento de Bolsonaro. O dado mais representativo, no entanto, talvez seja o reduzido volume de respostas para os militares – também 6%. Ou seja: a sondagem desfaz a percepção, existente em alguns setores da sociedade, de que as Forças Armadas poderiam vir a ser um eventual agente de desestabilização do atual governo. Por último, apenas 5% dos consultados entendem que todos os grupos de interesse citados na sondagem seriam responsáveis, numa espécie de ação compartilhada, por um eventual afastamento de Bolsonaro.
O perigo mora no Congresso
O Congresso está no cerne de outra pergunta da sondagem. O RR indagou aos consultados “Caso você tenha considerado como alta ou média a probabilidade de um eventual afastamento do presidente Jair Bolsonaro, na sua avaliação qual o principal motivo que levaria à eventual interrupção do mandato?” O esgarçamento das relações com o Legislativo liderou as respostas, com 26%. Na sequência, apareceu o quesito “Falta de decoro”, com 14%. Ou seja: entre aqueles que consideram expressiva as chances de um afastamento de Bolsonaro, as atitudes do presidente são vistas como um potencial detonador desse processo. A crescente impopularidade do Capitão ficou com 11%. Logo a seguir, veio a crise econômica, com 10%. Para 9% dos consultados, um impeachment poderia vir pela contaminação por atos familiares. Trata-se de um ponto curioso, no qual Bolsonaro não seria o agente, o protagonista da ação, mas, sim, refém de eventuais malfeitos de seus filhos, notadamente Flávio Bolsonaro, às voltas com o caso Queiroz. Empatado com o mesmo percentual (9%) surge uma possível acusação de gestão temerária. Ainda neste quesito, outra resposta chama a atenção: na avaliação dos assinantes do RR, a saúde do presidente Jair Bolsonaro é vista como um fator maior de risco para a continuidade do governo (8%) do que uma eventual acusação de malversação de recursos (5%). Trata-se de um indício de que a facada ainda está no imaginário das pessoas. Por fim, apenas 3% disseram acreditar na hipótese de uma eventual renúncia do próprio Bolsonaro. Significa que, na avaliação dos entrevistados que tratam como expressiva a probabilidade de afastamento de Bolsonaro, ele se daria por externalidades e não por vontade própria.
Desgosto com a economia
A percepção de descontentamento com os primeiros meses de mandato é reforçada por outra questão da sondagem. Diante da pergunta “O governo está atendendo às suas expectativas na área econômica”, 82% disseram que “não”. Pelo já mencionado corte dos assinantes do RR, é um alerta de insatisfação que vem dos andares mais altos e mais influentes da pirâmide. Entre os assinantes do RR, 79% entendem ser alta (67%) ou média (12%) a probabilidade de o Capitão perder apoio entre o empresariado. Apenas 21% vislumbram esta possibilidade como baixa. A expectativa é que a rejeição ao governo se espraie de forma generalizada. Na opinião de 97% dos entrevistados, é alta (80%) ou média (17%) a probabilidade de que a perda de popularidade de Bolsonaro prossiga. Um universo residual, de apenas 3%, classifica esta hipótese como baixa.
A falta que faz a articulação política
O RR também pediu aos seus assinantes para analisar quais são os principais fatores de risco para o governo Bolsonaro, classificando o seu grau de problematização como alto, médio ou baixo. A excessiva interferência da prole de Jair Bolsonaro é vista como um importante motivo de desestabilização da gestão. Para 92% dos ouvidos, a constante intromissão dos filhos em assuntos do governo, notadamente no próprio Executivo, é um fator de risco alto (74%) ou médio (18%). Apenas 8% dos consultados enxergam o notório espaço de Eduardo, Carlos e Flávio Bolsonaro como um transtorno menor para o Capitão. Mais uma vez, fica evidente o quanto a incapacidade de articulação política tem deteriorado as avaliações da opinião pública em relação à gestão. Para 89% dos consultados, a dificuldade de entendimento com o Legislativo é um fator de risco elevado (68%) ou intermediário (21%) para o presidente Bolsonaro. Há outra questão delicada que também passa pelo ambiente familiar: as denúncias que pairam sobre o clã Bolsonaro. Para 77% dos entrevistados, o potencial de criminalização da família (leia-se o caso Queiroz e a proximidade com milícias no Rio de Janeiro) é um fator de risco alto (48%) ou médio (29%) para o governo.
Redes sociais
O RR também consultou seus assinantes sobre outra questão visceralmente ligada à excessiva participação dos herdeiros, notadamente de Carlos Bolsonaro, no governo. No total, 87% dos entrevistados consideram o uso indevido das redes sociais como um alto (71%) ou médio (16%) fator de risco para o presidente. Apenas 13% entendem que a demasiada comunicação por meio do perfil pessoal do presidente da República não é um empecilho relevante. Vem dos Estados Unidos outra ameaça potencial à estabilidade política do governo Bolsonaro. Entre as classificações de alto (51%) e médio calibre (19%), 70% dos entrevistados entendem que a influência danosa de Olavo de Carvalho é uma dificuldade de relevo para o Palácio do Planalto. Os 30% restantes classificaram o “guru da Virginia” como um problema de baixa envergadura para Bolsonaro.
O Fator Mourão
Nem tudo são espinhos. Em contrapartida à crescente reprovação entre os empresários e à perda de popularidade, outro item da sondagem reforça haver a percepção de que o estamento militar se manterá como um dos principais grupos de sustentação do governo Bolsonaro. De acordo com a sondagem, a maioria (68%) considera baixa (52%) ou média (16%) a probabilidade de uma queda do apoio das Forças Armadas a Jair Bolsonaro. Somente 32% dos entrevistados entendem haver possibilidade de um gradativo distanciamento entre os militares e o atual governo. Outra resposta reforça o entendimento de que este amálgama será mantido. Para 91% dos assinantes ouvidos pelo RR, são as altas (64%) ou médias (27%) as chances de uma maior participação de egressos das Forças Armadas no Ministério. É ínfimo, portanto, o índice de entrevistados que considera baixa a probabilidade da entrada de novos militares no primeiro escalão (9%). Ressalte-se ainda que, entre os militares que compõem o governo, a mais representativa figura não é percebida, pela maioria, como um fator de risco para Jair Bolsonaro, não obstante sua crescente projeção. Para 46% dos entrevistados, a proeminência do vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, é um problema de baixo impacto para a gestão Bolsonaro. Outros 28% classificaram esta questão com algo de peso médio sobre o governo. Apenas 26% entendem que o notório relevo do General Mourão pode vir a representar um risco à gestão Bolsonaro.
Ministros à beira do precipício
O RR perguntou a seus assinantes o quanto a performance negativa de parcela do Ministério (Educação, Relações Exteriores, Família e Turismo) é um fator de risco para o governo. Para 80%, trata-se de uma ameaça altamente relevante (49%) ou média (31%) para a gestão. Apenas 20% classificaram a performance destes ministros como um problema de baixo significado. Não por acaso, segundo a enquete, há uma grande possibilidade de que Bolsonaro substitua ministros da sua cota pessoal que não têm correspondido às expectativas: 94% consideram alta (82%) ou média (12%) a probabilidade de troca – apenas 6% entendem que tudo ficará como está na Esplanada dos Ministérios. Em contrapartida, a julgar pela sondagem, não há percepção de risco quanto aos superministérios de Bolsonaro. Do total de consultados, 88% consideram que são baixas (72%) ou médias (16%) as chances de Paulo Guedes e Sérgio Moro deixarem o governo. Apenas 12% trabalham com uma probabilidade alta de que isto venha a ocorrer.
Economia cresce
Ainda na pergunta sobre o que acontecerá com o governo Bolsonaro (classificando quanto à probabilidade – alta, média ou baixa), há uma divisão quanto às expectativas em relação à economia. Para 49% são altas (41%) ou médias (8%), as chances de retomada do crescimento econômico em 2019-2020. No entanto, 51% classificam como baixa esta possibilidade. Mesmo com as notórias dificuldades de articulação política, os assinantes do RR acreditam que a reforma da Previdência vai passar. Consultados sobre a ameaça de reprovação da PEC no Congresso, 88% classificaram esta hipótese como baixa (68%) ou média (20%). Somente 12% dos assinantes ouvidos pela newsletter trabalham com o cenário mais caótico e cravam que existe uma alta probabilidade de a grande agenda do governo Bolsonaro – no momento, a única – ser rechaçada pelo Congresso. A relação com a mídia profissional também está no pipeline com uma questão de relevância no mosaico político. Para 81% dos entrevistados, é alta (58%) ou média (23%) a probabilidade de que esta convivência piore ao longo do mandato. Somente 19% consideram baixa a hipótese de atritos ainda mais contundentes. •
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Bolsonaro dá um carinhosa freada no discurso de Paulo Guedes
2/04/2019É um caso típico do roto falando do esfarrapado. O presidente Jair Bolsonaro e o seu chefe da Casa Civil, Ônix Lorenzoni, se juntaram para aconselhar o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre suas declarações e a melhor condução política para aprovação da reforma da Previdência. Ficou decidido que Guedes vai negociar a mudança nas aposentadorias no Congresso, mas trará a decisão sobre a aprovação dos pleitos para o Palácio do Planalto. O ministro da Economia não será uma chave mestra, que abre as portas do Orçamento quando deveria fechar.
Ele vai ouvir os parlamentares, ponderar e levar as propostas para o grupo palaciano. Segundo a fonte do RR, Bolsonaro disse que Guedes deve se concentrar na Previdência e parar de prometer medidas que afetam antipaticamente diversos grupos de interesse. É a abertura da economia, com a queda das barreiras tarifárias, em uma hora; é mudança na lei do salário mínimo, em outra hora. São ameaças sobre a condução do Sistema “S”, em mais outra.
No momento, o que interessa mesmo são as grandes mudanças institucionais. “Não vai fazer diferença para a economia se o sujeito vai comer um iogurte francês mais barato do que aquele produzido com o leite das vacas de Minas Gerais”, teria dito Lorenzoni. O presidente Bolsonaro e o minitro da Casa Civil recomendaram também como desnecessárias as declarações recorrentes dos desejos liberais mais profundos, tais como a privatização da Petrobras e do Banco do Brasil e a terceirização do funcionalismo público.
Esses sonhos não se tornarão realidade. Pelo menos no horizonte da aprovação das reformas estruturais prioritárias. Paulo Guedes, de acordo com a fonte, assente a todas as recomendações de Bolsonaro e de seu colega de Ministério. Ao contrário do que aparenta em suas perfomances, de perto o ministro da Economia é manso, agradável e ponderado. Mas o próprio Guedes conhece a sua natureza. É difícil conter naquele frasco uma ebulição ideológica, que, tecnicamente correta ou não, vem buscando uma fresta de escapamento há muitas décadas. Bolsonaro, Lorenzoni, Guedes e outros ministros que não fazem parte desse enredo são uma combinação que desafia a lógica dos princípios ativos. Espera-se que os alquimistas estejam chegando.
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A metralhadora Paulo Guedes
29/03/2019Paulo Guedes soltou o verbo junto a um interlocutor do RR, sobre a independência das Forças Armadas em relação às suas despesas e manutenção de ativos sem utilidade. Segundo a fonte, Guedes teria recomendado a privatização de algumas bases aéreas da FAB, praias e ilhas da Marinha, e imóveis do Exército. O ministro começaria a desmobilização pelo Forte de Copacabana. Na visão de Guedes, o enxugamento compensaria, em parte, a modesta contribuição da reforma da Previdência dos militares.
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Paulo Guedes busca inspiração em Simonsen para relançar refinanciamento compensatório
27/03/2019Os elogios recentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao professor Mario Henrique Simonsen podem revelar a atualidade e a inspiração em uma das ideias do mestre. Corriam os anos 70, e a economia derretia com a inadimplência de pessoas físicas e jurídicas. Simonsen, que nunca rezou pela cartilha da ortodoxia econômica, bolou uma forma de estimular a liquidez sem emissão monetária ou endividamento. Batizou o engenhoso instrumento de refinanciamento compensatório.
A receita de Simonsen determinava que o Banco Central liberasse recursos do compulsório bancário para que as instituições financeiras pudessem renegociar dívidas de empresas e pessoas físicas, evitando, assim, uma quebradeira em massa. Guedes, que à época não comungava com a medida, está tentando utilizá-la para sacudir o consumo. O assunto está em estudos pela equipe econômica. Sem expectativas de novos investimentos e com as despesas do governo contidas, o papel de desfibrilador da economia, neste ano, ficou restrito a algum aquecimento do mercado interno.
E qualquer resíduo a mais no PIB conta ponto. Durante a campanha presidencial, Ciro Gomes plagiou Simonsen e defendeu o refinanciamento de todas as pessoas físicas penduradas no SPC. No modelo original estavam incluídas as pessoas jurídicas. Hoje dar essa guarida para as empresas seria cometer um haraquiri político. Atualmente, mais de 60 milhões de brasileiros estão inadimplentes, sendo que a maior parte são idosos. A medida atinge, portanto, grande parte do público que é impactado pelas mensagens sobre a reforma da Previdência.
O “refinanciamento compensatório” vai direto na veia da taxa de desemprego, que está quase imóvel na faixa de 12%; suaviza a impopularidade das mudanças na Previdência; reconhece que os bancos, mesmo abarrotados de dinheiro, não acreditam mais na clientela, que se encontra com o nome sujo. O dinheiro seria carimbado. Somente poderia ser usado para renegociar as dívidas daqueles que penam no SPC e estão excluídos do mercado de consumo. Uma garantia para que os bancos voltem a emprestar. Seria uma iniciativa com impacto direto no bolso dos brasileiros que mais se ressentem da marcha lenta da economia. O fato de Paulo Guedes estudar a adoção da medida revela não só a atualidade do pensamento do mestre, mas também a inspiração em uma das suas ideias, que poderá ser relançada em breve. É um sincero, ainda que tardio, elogio a Mario Henrique Simonsen.
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Venda de reservas cambiais fica em stand by
20/03/2019Apesar das manifestações públicas em relação ao tamanho excessivo das reservas cambiais e as vantagens de trocar parte delas pelo abatimento de dívida pública bruta, os ministros da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, interditaram a discussão sobre a medida. O assunto somente será retomado se a reforma da Previdência for aprovada. Mesmo assim, a probabilidade dela vir a ser adotada se tornou remota no médio prazo. Com a esperada redução mais agressiva da taxa de juros – sempre condicionada à votação da reforma e a manutenção de um cenário externo de risco baixo – e a queda do custo do carregamento das reservas, juntamente com a diminuição do déficit primário, o ritmo de crescimento da dívida pública bruta tende a diminuir.
Se o PIB subir mais, ela tende a cair em relação ao Produto Interno. As reservas também apontam viés de queda se comparadas ao PIB. Portanto, elas permaneceriam altas em termos absolutos, mas mais baixas em relação ao PIB e às importações, que aumentariam como razão direta do crescimento do Produto Interno. Valeria a pena reduzir o lastro cambial do país e subtrair a aura de fortaleza que o atual volume de US$ 380 bilhões oferece em nome de uma redução até certo ponto inexpressiva da dívida bruta?
Roberto Campos Neto, nos primeiros pronunciamentos após sua posse no BC, achava que sim, pois a baixa do custo de carregamento insinuava serem desnecessários tantos dólares estocados. Paulo Guedes pensava igual. Até o final de outubro do ano passado, um mês e pouquinho antes da sua posse, tinha até a cifra de quanto de reserva ele venderia: US$ 100 bilhões. Repetiu algumas vezes sua intenção. Em meados de novembro, mudou de opinião. Disse que mexeria nas reservas somente se houvesse um ataque especulativo e o dólar atingisse o patamar de R$ 5,00. Agora, sabe-se que a conversa foi para a geladeira. O volume de reservas brasileiras acima do que o FMI recomenda fica como insígnia da capacidade larga de solvência do país.
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Franqueza
19/03/2019O ministro Paulo Guedes conversava com colaboradores e economistas, após o evento de sexta-feira na FGV, quando abriu as portas para a franqueza: “Entre as grandes estatais a primeira que eu detonaria seria o BNDES.” O presidente do banco, Joaquim Levy, próximo da roda, esticava os ouvidos para ver até onde a honra lhe cabia.
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Nordeste é o Brasil que Bolsonaro precisa conquistar
14/03/2019O ministro Paulo Guedes vai receber entre hoje e amanhã uma pesquisa que reforça a urgência do governo elaborar projetos estruturantes e deslocar recursos para o Nordeste. O levantamento realizado pela Associação Comercial de São Paulo em 72 municípios brasileiros e obtido com exclusividade pelo RR expõe o desalento que impera na região, se comparado às demais áreas do país. Quando perguntados sobre a expectativa de conseguir emprego nos próximos meses, o Índice de Confiança medido entre os nordestinos foi o menor (82), contra 106 no Sudeste e 122 no Sul.
Não por coincidência, o Nordeste fechou o ano de 2018 com o maior índice de desocupação entre todas as regiões do país – 14,9%, contra 12,3% na média nacional, segundo o IBGE. O governo tem clareza de que o Nordeste é uma área por ser capturada, praticamente uma lacuna no mapa do bolsonarismo. Trata-se da única região em que o PT e consequentemente a esquerda seguem com uma posição de hegemonia eleitoral – Fernando Haddad ganhou em todos os estados no segundo turno.
Os números da Associação Comercial de São Paulo se juntarão a tantos outros indicadores que pressionam o governo a desenvolver ações com foco no Nordeste. A região leva dois anos para crescer o que o Brasil cresce em 12 meses (o que já nem é grande coisa). Em 2018, o PIB nordestino subiu 0,6%, contra 1,1% do resultado nacional. A deterioração econômica da região se reflete também no aumento do número de famílias que vivem abaixo da linha de pobreza. Essa proporção passou de 5,8% para 8,9% da população.
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Militares pressionam por um “Plano Guedes” para o desenvolvimento nacional
12/03/2019A ala militar do governo está irmanada em torno da reforma da Previdência. Não há dúvida. Mas não fecha integralmente com o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, de fazer do governo uma grande ceifadora do Estado. Os generais do Planalto estão uníssonos em evitar qualquer manifestação que desvie a prioridade da Previdência. Internamente, entretanto, pressionam diretamente Guedes para que prepare um mapa do desenvolvimento com maior clareza do que as lojas permanentes à mão invisível do mercado.
O general Hamilton Mourão defende um plano de longo prazo que contemple metas para a erradicação dos problemas mais graves do país. Acha também que o governo tem de enviar comitivas de alto nível, constituídas, inclusive, por oficiais da ativa – vários projetos passam direta ou indiretamente pelas Forças Armadas – para negociar financiamentos de porte. China, Rússia, Estados Unidos e Índia seriam os targets. São países com os quais o Brasil tem mais interesses geopolíticos e econômicos. O governo levaria como contrapartida novos projetos de infraestrutura, venda das estatais e concessões em condições privilegiadas, além da exploração de ativos minerais e terras agrícolas. O Brasil precisa investir valores elevados no seu crescimento.
Essa conta não pode ser colocada nas costas do Estado. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz é outro militar do Planalto que discorda do discurso monotônico de Guedes. Santos Cruz diz abertamente que não acredita nos valores gigantes que o ministro da Economia propaga como absolutamente necessário cortar para equilibrar as contas do Estado. O general acredita que há muito dinheiro a recuperar e considera um absurdo toda essa quebradeira no aparelho público federal, estadual e municipal sem que ninguém tenha sido responsabilizado.
Todos os generais acham que o problema social depende de crescimento e que o crescimento depende de investimentos, preferencialmente nos setores fundamentais. A pressão sobre o ministro da Economia é grande. É possível que ele tenha que se dedicar a um “Plano Guedes”, voltado para o setor real de forma a criar um horizonte para realizações físicas. Essa seria a forma de tornar menos áridas as ações do ajuste fiscal, tais como mudança no salário mínimo, reforma administrativa, fim da estabilidade do funcionalismo público, abertura da economia, entre outras medidas de caráter extremamente antipático que, à primeira vista, sinalizam para a perda de competitividade e empobrecimento da população.
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Mensagem aos liberais
28/02/2019Se o ministro da Economia, Paulo Guedes, quiser uma contribuição justa e ética para conter o déficit primário, pode recorrer ao velho e bom imposto sobre heranças, com novos e consistentes argumentos. Segundo estudo feito pelo Peterson Institute for Internacional Economics, com base em dados da revista Forbes, a proporção de bilionários em decorrência de heranças é maior no Brasil do que no mundo. Em 2017, 44,7% dos bilionários brasileiros haviam alcançado essa posição devido ao recebimento de bens de família. O imposto sobre esse tipo de operação no Brasil é o menor da América Latina e um dos mais baixos em todo o mundo, em média na faixa de 4%. Na Europa Ocidental, Estados Unidos e Japão, o tributo se situa entre 20% e 45%.
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Queda da Selic é o cartão de visita de Campos Neto
28/02/2019Os pronunciamentos dos presidentes do Banco Central em suas sabatinas no Senado Federal são exercícios de redundância e repetição. O novo comandante do BC, Roberto Campos Neto, defendeu com ênfase a linha mestra da sua gestão: cautela, serenidade e perseverança. Ora, como se Campos Neto pudesse propor ousadia, exacerbação e precipitação. Todos os presidentes do BC entoam o mesmo mantra. Mas nem todos copiam a política monetária do(s) antecessor(es).
Campos Neto promete ser um desses casos. Uma fonte próxima a Paulo Guedes ouviu do ministro que, ao contrário das gestões Alexandre Tombini e Ilan Goldfajn, a seta dos juros está apontando na direção de baixa. Esse seria o consenso do núcleo central da equipe econômica, da qual Campos Neto faz parte. Ao contrário de Henrique Meirelles, no governo Lula, Tombini, no governo Dilma, e Ilan, no governo Temer, o novo presidente do BC foi escolhido diretamente por Paulo Guedes, que tem ascendência intelectual sobre o financista. Os juros não caem por bonapartismo monetário.
A redução depende da ocorrência de outras variáveis em um processo no qual são observados diversos fatores. Campos Neto não decidiu baixar as taxas e ponto final, mas ausculta probabilidades e evidências. Se a inflação der sinais de cair dos já reduzidos 3,75% para 3,50% ou 3,25%, bem abaixo da meta de 4,25%; se a atividade econômica continuar constipada, com a indicação de um PIB de 2% ou até mesmo 1,5%, conforme já projetam algumas casas bancárias; com o Federal Reserve antecipando a suspensão do ciclo de alta dos juros; Neto vai muito, muito provavelmente reduzir a taxa Selic.
Por mais que o fiscal possa fazer pela economia, todas as medidas serão contracionistas. Mesmo o efeito expectativa da reforma da Previdência pode tomar um banho de água morna se a aprovação for sendo atrasada até o fim do ano. A queda dos juros seria um fato novo, auspicioso como toda vez que acontece. O espaço para a redução é largo. Vai de 6,25% a 5,75% – uma Selic de 5,50% seria azarão. Façam suas apostas.
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Indústria envia SOS a Mourão
21/02/2019Empresários dos setores de química, siderurgia, máquinas e equipamentos estão debruçados sobre um diagnóstico do abandono completo da indústria pelo governo. O documento está sendo preparado para entrega ao general Hamilton Mourão. As conclusões são dramáticas. Mesmo que o PIB volte a subir para 3% a 4%, a indústria terá um crescimento proporcional inferior e permanecerá perdendo peso relativo no agregado da economia, resultando em menor arrecadação tributária, baixa geração de emprego e combalida capacidade em pesquisa, tecnologia e inovação. Segundo os empresários, o vice-presidente é o único integrante do governo determinado a empunhar essa bandeira. Mourão já se encontrou com representantes de todos esses setores. O general tem disposição para encampar causas, vocalizá-las e defendê-las dentro do governo. Ele seria o indicado para negociar com Paulo Guedes um lugar para a indústria no bojo da política econômica. O presidente Jair Bolsonaro não tem afinidade e não entende do assunto. Em breve as manifestações virão à tona. O RR garante o que diz.
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Ministério da Economia transforma Serpro no “grande irmão” da nação
20/02/2019Sob a égide de Paulo Guedes, o ex-diretor do Instituto Millenium Paulo Uebel caminha para se tornar o comandante-em-chefe de um dos órgãos mais poderosos do aparelho de Estado, seja pelo seu espectro de atuação, seja pelo seu efeito multiplicador sobre a economia. Caberá à Secretaria Geral de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, capitaneada por Uebel, criar as condições para um incremento potencial do PIB da ordem de R$ 370 bilhões por ano, segundo estudos da própria área de Planejamento. O aguardado salto virá da implantação do projeto “Governo Digital”, leia-se a integração em uma única plataforma dos dados e processos da máquina pública federal, do sistema de acesso à informação de ministérios, estatais e autarquias, além de todos os serviços prestados à população.
O Serpro, estatal responsável pelo processamento de dados do governo federal, será uma peça central nessa engrenagem. Sob a área de influência da nova Secretaria, a empresa se tornará uma espécie de “grande irmão” nacional. Uma parcela expressiva do
Brasil está dentro da estatal. Criado no governo militar, em 1964, o Serpro congrega toda a base de CPFs, CNPJs, Carteira Nacional de Habilitação, Renavan, dados da Receita Federal, Programa de Recuperação Fiscal (Refis), entre outros. Ressaltese ainda que a estatal foi responsável pelo desenvolvimento da inteligência central embarcada no novo Documento Nacional de Identificação (DNI).
A partir do Serpro, a Secretaria de Governo Digital conseguirá visualizar no seu radar o ir e vir dos cidadãos brasileiros. Nada mais sintomático, por sinal, que o próprio Paulo Uebel tenha sido o responsável pela indicação presidente da empresa, Caio Mario Paes de Andrade. O “Governo Digital” é um projeto com o objetivo de arrumar a máquina pública tanto para dentro quanto para fora. Herdado do governo Temer, o documento “Estratégia de Governança Digital (EAD)” enfeixa 106 microprojetos de transformação de serviços em 35 órgãos do governo federal. Entre as missões estão a contratação de infraestrutura de processamento em nuvem; a utilização de recursos de inteligência artificial e robôs (Chatbots) para integração de todas as centrais de atendimento da esfera federal; e a criação de um canal de notificações ao cidadão por meio notadamente de SMS e WhatsApp.
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Ritual
18/02/2019Paulo Guedes tem, religiosamente, reservado as quartas-feiras para reuniões com o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. A pauta é monotemática: a venda de ativos do banco.
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Paulo Guedes cogita paralisar atividades do governo
15/02/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, cogita a suspensão geral do pagamento dos gastos públicos se a tramitação da reforma da Previdência engasgar. Em outras palavras vai aplicar um shutdown, ou melhor dizendo, a suspensão das atividades do governo. Por essa ótica, o Plano B do ministro, de entregar a feitura do orçamento ao Congresso, fica sendo na verdade o Plano C. Pode ser até que não seja plano algum. Em outros idos, quando o senador Antônio Carlos Magalhães defendia com unhas e dentes o chamado orçamento autorizativo, Guedes não mostrava entusiasmo com a medida.
Isto porque o mesmo Congresso que tinha por obrigação zelar pelo equilíbrio das contas roía a estabilização aprovando caminhões de medidas provisórias. O assunto da suspensão dos gastos já foi tratado anteriormente com o presidente da República, Jair Bolsonaro. A palavra de ordem é negociar com o Congresso até a última gota de saliva. Mas o prazo é até junho. Se as conversações se estenderem, o governo corta os tubos das despesas. Não cabe tergiversação.
Guedes tem um compromisso junto com sua equipe de zerar o déficit primário neste ano. Não há a menor chance, sendo ele o ministro, de não vir sequer a cumprir a meta de R$ 139 bilhões do primário. Sem a Previdência, as contas públicas degringolam e o ajuste terá de ser maior no próximo ano. Um amargo tira-gosto já está sendo servido: o governo vai fazer um bloqueio preventivo de gastos até os números fiscais serem mais bem analisados. Até o fim de março libera 1/8 mensal do orçamento para cada ministério. Em tempo: o Brasil não tem a experiência de ter vivido um shutdown.
Curioso! Há uma estranha simbiose da nossa realidade com a da América de Donald Trump. Nesse momento, Trump negocia para evitar uma nova paralisia parcial dos gastos. O problema dele é uma prosaica obsessão com a entrada de mexicanos. Nossas questões fiscais, a começar, com a Previdência, são mais sérias. É melhor que parem por aí as semelhanças e que Trump não inspire Bolsonaro a aplicar um shutdown em função da migração venezuelana. De bizarrices já estamos cheios.
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Balanço do dia
11/02/2019Diariamente, ao final do expediente, Paulo Guedes liga para a mulher, Cristina, fazendo uma espécie de balanço do dia. “Titina” tem uma sabida influência sobre o marido.
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O show da Previdência
7/02/2019Depois de Jair Bolsonaro, figurinha carimbada nos auditórios de TV, chegou a vez de Paulo Guedes. A comunicação do Palácio do Planalto costura a participação do ministro em programas de perfil popular para falar sobre a reforma da Previdência. Na mira, Ratinho, no SBT, e José Luiz Datena, na Band, com os quais o Capitão Bolsonaro estabeleceu notória proximidade durante a campanha. Mas imper- dível mesmo seria um encontro entre o “Posto Ipiranga” e Silvio Santos, rodeados pelas colegas de trabalho do Homem do Baú.
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O governo Bolsonaro vai deflagrar, a partir de hoje, uma tour de force para angariar o apoio da sociedade à reforma da Previdência. Curiosamente, inverteu a pirâmide e vai começar a catequese por quem menos precisa ser evangelizado. Hoje, o secretário Especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, iniciará uma série de encontros com entidades representantes de aposentados e pensionistas. Só depois o road show chegará àqueles que realmente serão atingidos pela reforma, com reuniões em entidades sindicais. Convenhamos, seria curioso ver Marinho falando sobre a reforma da Previdência do Bolsonaro para uma plateia da CUT…
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“Reforma monetária”
5/02/2019Uma missão revestida de simbolismo aguarda por Paulo Guedes para breve: colocar sua assinatura em um papel especial fornecido pela Casa da Moeda. O chamegão do ministro será estampado em uma próxima fornada de cédulas de real. A mesma tarefa terá de ser cumprida por Roberto Campos Neto, que espera apenas a aprovação do Senado para assumir a presidência do Banco Central.
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Antes da folia de Momo
3/02/2019As prioridades de Paulo Guedes (Economia) para o mês de fevereiro: Previdência e Responsabilidade Fiscal. A primeira depende uma altíssima articulação política. Já a segunda está sendo acompanhada de perto por assessores do ministro, pois depende de decisão do Poder Judiciário. O STF colocará em julgamento, no dia 27 de fevereiro, oito ações diretas de inconstitucionalidade contra dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, iniciativa que poderá favorecer os governadores, também preocupados em colocar as finanças locais em ordem. De acordo com a Secretaria do Tesouro, 14 estados superaram em 2017 o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, de 60% da receita corrente líquida em gastos com pessoal, incluindo ativos a aposentados.
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Promessa maior
3/02/2019Nas reuniões com empresários e entidades classistas, sempre a portas fechadas, Paulo Guedes afirma que não baixará alíquotas para importação de produtos sem antes dar condições de competividade aos fabricantes nacionais. Mas nada de subsídios. Segundo ainda o ministro, a abertura das nossas fronteiras aos exportadores globais será gradual.
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Afinal, para que serve a golden share da Vale?
30/01/2019O gabinete de crise do Palácio do Planalto trouxe para o centro das discussões uma questão shakespeariana: usar ou não usar a golden share que o governo detém na Vale para substituir a direção da companhia. O assunto tem uma conotação político-estratégica que vai além de uma punição pela irresponsabilidade na administração do risco. A dúvida é se a manutenção dos gestores não compromete o governo de certa forma, pelo menos no imaginário da sociedade, com a tragédia de Brumadinho.
Depois do desastre de Mariana, a recorrência de um acidente dessas proporções enseja que o assunto deixe de ter conotações meramente corporativas. O segundo erro, com um número maior de mortes, exige uma atitude enérgica da autoridade pública, além das políticas convencionais de evacuação, socorro, apoio e solidariedade. A dúvida do governo é se a extensão jurídica da golden share permite seu uso para promover a mudança da administração. O presidente em exercício, general Hamilton Mourão, sacou rápido do coldre. Disse que estuda sim essa possibilidade no âmbito do gabinete de crise.
O RR apurou que os ministros envolvidos na discussão estão divididos. Há quem defenda que, se a golden share for aplicada para troca da diretoria, a interpretação é que não há mais gestão profissional nem governança corporativa. Até porque não estão definidos os casos em que essa intervenção ocorre. Por outro lado, ignorar o instrumento parece um contrassenso. Afinal, para que ter uma ação de classe especial para ser usada em situações excepcionais, se quando ocorrer uma calamidade pública o governo simplesmente esconde o instrumento. Afinal, a golden share só serve para evitar que a companhia mude de nome ou leve sua sede para o exterior? São decisões prosaicas em comparação com o apocalipse de Brumadinho.
Segundo a fonte do RR, os ministros favoráveis à degola consideram que, além da necessidade de alguma providência oficial, os diretores da companhia não teriam mais clima de trabalho na empresa. A calamidade inquietou o quadro de pessoal ainda mais do que Mariana. A Vale passou a ser considerada uma companhia que dá pouco valor à vida. Pelo menos é o que diz a mídia internacional. A banda econômica do governo é contrária ao uso da golden share.
O ministro da Economia Paulo Guedes et caterva prefeririam que o instrumento ficasse no armário, tendo em vista o programa de concessões e privatizações do governo. Ele criaria uma insegurança regulatória. O ministro do Gabinete Civil, Onix Lorenzoni, contudo, afina o coro com o general Mourão. Diz que se for comprovada a falha da Vale, a diretoria será mudada. O mais simples é deixar que Previ faça o trabalho na próxima reunião do Conselho de Administração. Conforme o RR já publicou, a fundação está com a faca nos dentes para remover o presidente da Vale, Fabio Schvartsman.
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Insper também busca seu lugar ao sol
30/01/2019O pessoal do Insper gostaria de colaborar mais com Paulo Guedes, mas ficou difícil azeitar as relações. Levantaram a bola de André Lara Resende com alguns convites para palestrar. Até Fernando Haddad, professor da instituição, eles promoveram. E tome Ricardo Paes de Barros, Eduardo Gianetti, Samuel Pessoa – este, da FGV, é tido como um insperiano enrustido – e o próprio regente Marcos Lisboa, sem qualquer comentário favorável sobre o superministro. Guedes também esteve por lá. Mas foi engolido a seco como biscoito de polvilho. Não havia nenhuma identificaçãoentre os grupos. O resultado foi o reconhecimento e a nomeação dos economistas da FGV para quase todos os cargos relevantes da área econômica, além da Petrobras, feudos de Paulo Guedes. É a maior concentração de doutores por metro quadrado da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio de todos os governos. Quem poderia descongelar essa relação com o Insper é o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, parceiro de artigos juntamente com Lisboa e Pessoa. Mansueto, entretanto, oportunamente mudou de lado. Quando se pergunta a ele se ele tem disposição para colocar compressas na contundida relação com o Insper, a resposta vem taciturna, meio abafada. “Estou fazendo meu trabalho aqui. Esse assunto não me interessa. É tudo fofoca”, reza o mantra de Mansueto.
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Sistema S 1
30/01/2019Um dos pontos debatidos, ontem, entre Paulo Guedes (Economia) e o presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio, foi sobre o Sistema S.
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Formigueiro
29/01/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai apresentar, hoje, um esboço das suas ideias sobre editais de leilões e concessões ao ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro. Guedes sabe que o TCU pode vir a ser a saúva das privatizações.
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Paulo Guedes quer rasgar a camisa de força do Orçamento
21/01/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, está amadurecendo a ideia de enviar à apreciação do Palácio do Planalto não somente o projeto de reforma da Previdência, mas também a proposta de desvinculação das receitas orçamentárias. Quanto à disposição de Guedes de desengessar o Orçamento, nenhuma novidade. O fato surpreendente seria o envio conjunto para votação no Congresso dos projetos de flexibilização da rigidez orçamentária e mudança na Previdência. Nas conversas com lideranças políticas e governadores, a equipe econômica pôde medir a sensibilidade em relação à medida. A percepção é que o impacto dos dois projetos sobre as finanças dos estados seria altamente positivo. As unidades federativas estão quebradas. Os desequilíbrios provocados pelos gastos previdenciários e obrigatoriedade dos gastos estão entre as principais causas. Com relação ao orçamento federal, a flexibilização das obrigatoriedades permitiria o cumprimento do teto dos gastos. Atualmente o nível de engessamento do orçamento alcança 94%. O que sobra dá para comprar papel, lápis e uma borracha.
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Target
14/01/2019O target de Paulo Guedes é um minúsculo superávit primário e redução do crescimento da dívida pública bruta em relação ao PIB, em 2019. O ministro diz que as previsões do Focus nesse campo são uma bobagem.
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O jogo recomeçou na Susep
11/01/2019O recuo de Paulo Guedes no projeto de fusão da Susep com a Previc deu novo gás ao Solidariedade. O partido, mais precisamente o deputado Lucas Vergílio, já se mobiliza na tentativa de manter Joaquim Mendanha de Ataídes à frente da agência reguladora da área de seguros. Vergílio verbaliza os interesses dos corretores de seguros, que também batalham para manter outros indicados na Susep, como o diretor de Administração, Paulo dos Santos, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Autorregulação do Mercado de Corretagem de Seguros.
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Privatização da Eletrobras é a sintonia perfeita
4/01/2019O ministro da Economia, Paulo Guedes, bem pode estar recitando curtos solilóquios que demonstram o seu estado de espírito. Um deles seria: “Vinde a mim sucesso pertencido”. Uma dessas muitas vitórias foi determinada pelo destino: a indicação do almirante Bento Albuquerque para ministro de Minas e Energia. Albuquerque era a peça que faltava para amalgamar a privatização da Eletrobras e amolecer as resistências que ainda existem no governo contra a venda das maiores estatais. O recado é soberba pura: Bolsonaro disse que não venderia a Eletrobras. Pois bem, agora ele aceita privatizar a companhia.
Bolsonaro disse que não se desfaria da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica. Será? Guedes tomou conhecimento com antecedência da posição do almirante. As conversas se deram em meio à troca de informações sobre a complexa gestão e áreas de influência da Petrobras. O ministro da Economia queria eliminar qualquer ruído pelo fato de ter nomeado o presidente da estatal, Roberto Castello Branco. O almirante Albuquerque é o dono do setor. Ponto final. A identificação do presidente da Petrobras com o ministro remete à Marinha.
Ontem, em seu discurso de posse, Castello Branco fez questão de ressaltar sua passagem pelo Colégio Naval. A coincidência de pensamento em relação ao futuro da Eletrobras, estimulado pela evidência de que a empresa está financeiramente com a língua de fora, alinhou os ministros da Economia e de Minas e Energia, fortalecendo a argumentação para que o presidente Bolsonaro recuasse em sua posição contrária. A calda do pêssego foi a confirmação da permanência de Wilson Ferreira Jr. na presidência da Eletrobras.
A primeira função de Ferreira Jr. será vender a empresa; a segunda, vender a empresa; e a terceira, vender a empresa. A operação tanto pode ser uma privatização hard, com a transferência para um novo controlador, ou uma privatização soft, com a capitalização da empresa através do modelo corporation. O certo é que ela ocorrerá. Os entendimentos iniciais levam a crer que a área nuclear será separada da Eletrobras e inteiramente reestruturada. Os pruridos foram mitigados.
É possível, inclusive, a formação de uma joint venture com capital estrangeiro e gestão a cargo da Marinha. Bolsonaro tem planos especiais para o setor. Vale reiterar que o almirante Albuquerque exerceu os postos de diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha e diretor do Programa de Submarinos da Força. Nesse ínterim, há sinalizações de que o 3G Radar permanece candidatíssimo à compra da Eletrobras. O fundo fez chegar a Paulo Guedes que, inclusive, estaria disposto a participar em modelos menos convencionais de privatização. Jorge Paulo Lemann, que hoje é um minoritário do 3G Radar, também colaborou acenando com o seu apoio. Pelo lado do capital estrangeiro, a italiana Enel já teria assoprado o seu interesse. Parece que os astros conspiram para transformar em realidade os sonhos mais lindos do ministro da Economia. A começar, quem diria, pelo presidente Bolsonaro, todos tocam de ouvido a mesma sinfonia privatizante.
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Plano AA
4/01/2019Quem conhece Paulo Guedes sabe que não houve precipitação afobamento da sua parte quando anunciou um Plano B caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Guedes não resiste a uma ameaça. E jogar a responsabilidade pelo orçamento nas costas dos políticos é uma baita ameaça. Ninguém no Congresso quer saber disso.
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Ano Novo começa sob a égide do liberalismo
28/12/2018Se o lendário economista Arthur Candal estivesse vivo, resumiria a pré-gestação do governo Bolsonaro como “um brutal acerto de diagnóstico”. Candal usava o adjetivo “brutal” inversamente a sua definição etimológica. A palavra vem do latim “brutale” e é utilizada para qualificar algo como “sem razão” ou “irracional”. Para o economista, ela se adequava ao termo em seu sentido contrário, ou seja, algo tremendamente correto.
Em comum com o então jovem Paulo Guedes, tinha o som e a fúria. Candal foi a estrela maior do Ipea nos anos de ouro, época em que a instituição de pesquisas era dirigida por João Paulo dos Reis Velloso. Na mesma constelação, estavam nomes como Pedro Malan, Regis Bonelli e Edmar Bacha. Para se ter uma ideia do peso do personagem, o empresário Paulo Cunha, um dos donos do Grupo Ultra e referência entre seus pares, responde de bate-pronto quando é perguntado sobre Candal: “Ninguém estudou ou entendeu mais a indústria do que ele”.
“Arthur, o vermelho”, conforme era chamado nas décadas de 60 e 70, se dizia “kaleckiano”. Aliás, ele e Maria da Conceição Tavares. Com uma diferença, Candal, quando se exilou, foi estudar com o mítico economista, uma espécie de “Keynes polonês”. Ele contava que antes do seu primeiro encontro formal com Michal Kalecki, na véspera de Natal, rondava pelas ruas de Varsóvia, quando decidiu entrar em um bar. O economista era um famoso “altero-copista”, difícil de ser enfrentado em uma disputa etílica. Pois que, sem conhecer Kalecki, postou-se ao seu lado no balcão. E os dois, olhando-se de esguelha, derramaram toneis de vodka. Não trocaram uma palavra sequer. Só depois que Candal descobriu quem era o seu vizinho no bar.
Muitos anos depois, prosseguindo em suas autocríticas, Candal tornou-se fiscalista e privatista, passando a enxergar o déficit público como o demônio na terra. O economista dizia que quem fez sua cabeça foi Mario Henrique Simonsen, com quem tinha tido uma “brutal” discordância de décadas. Em uma inesquecível noite, no bar do Hilton Hotel, localizado à Av. Ipiranga, após um evento patrocinado pela então Pricewaterhouse sobre os rumos da indústria, Candal se declarou a Simonsen. Disse que o ex-ministro tinha acertado o tempo todo e ele não tinha enxergado o que estava à frente. Beberam até quase o dia raiar.
Naqueles idos, “Arthur, o ex-vermelho” já tinha identificado no jovem e acelerado Paulo Guedes um economista merecedor de observação. Leu um debate entre Conceição, uma velha amiga, e o jovem monetarista, realizado na Anbid, e disse: “A Maria perdeu essa”. E ganhar da Maria era um feito raro. A esquerda atacava o enfant gâté apelidando-o de “Beato Salu”, alusão a um místico catastrofista que fazia a graça de uma novela de televisão. Candal entendia os excessos de Guedes como estratégia: o rapaz elevava o tom muitos decibéis para enfrentar a maioria intelectual, em um período no qual o liberalismo, fosse lá qual a vertente, era satanizado como se tivesse a culpa pelos porões da ditadura.
Roberto Campos, ídolo de Guedes, quando perguntado quem seria seu sucessor entre os “chicaguianos” Paulo Rabello e Paulo Guedes, dizia que a ordem dos Paulos não alterava o resultado. Mentira! Guedes era um ultraliberal elevado a uma potência maior. Reza a lenda que em uma semana natalina, em Chicago, o jovem Paulo Guedes levantou-se na sala de aula e, para perplexidade geral, ousou discordar do velho professor, um tal de Milton Friedman. Ensaiou um debate com o Prêmio Nobel. Em comum com Candal, o “Posto Ipiranga” tem a “brutal” capacidade de argumentação. Ao que consta, nunca se encontraram. Guedes chegou aonde queria e está prestes a iniciar a contenda da sua vida em busca de um ajuste fiscal nunca dantes realizado. Pode ser que esteja errado. De novo, alguns tons acima. Mas, Arthur Candal, “o petroquímico”, aprovaria. Até talvez topasse alguma radicalidade a mais. Sempre melhor que briguem as ideias do que os homens. O RR deseja um Feliz Ano Novo a todos os assinantes!
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O primeiro concerto do regente Paulo Guedes
19/12/2018O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, logo que se assentar oficialmente no cargo, na primeira semana de janeiro, dará uma entrevista coletiva para entusiasmar o mercado e empurrar o Congresso em direção à aprovação da Reforma da Previdência. Toda a equipe do ministro está debruçada sobre as futuras medidas e dados que serão divulgados por ocasião do evento.Guedes, conforme é do seu estilo, vai trabalhar com as expectativas. O ministro pretende demonstrar que o país pode crescer acima das melhores projeções se os políticos colaborarem. Mesmo com uma política econômica contracionista. Todos os assessores do ministro da Economia participarão da entrevista. A ideia é anunciar nos detalhes a estratégia para as áreas do Planejamento, Fazenda e Indústria e Comércio, todas afeitas ao futuro ministro da Economia. O evento será também uma celebração do pensamento liberal aplicado. Espera-se um show off à altura do histórico performático de Paulo Guedes.
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A nova “matemática” do INEP
14/12/2018Tratado como nome certo para o time de Paulo Guedes na Fazenda, o pesquisador do Ipea e integrante da equipe de transição Adolfo Sachsida poderá ter outra missão no governo. Sachsida está cotado para assumir a presidência do INEP, segundo cargo em importância na área da Educação. O Instituto é responsável pela elaboração dos exames que avaliam a educação básica (Prova Brasil e Enem) e superior (Enade), além da produção de pesquisas e indicadores de todo o sistema educacional brasileiro. Não custa lembrar que Bolsonaro já fez críticas públicas à “ideologização” do Enem. Logo após a eleição, classificou a prova como um “vexame” e uma “doutrinação exacerbada”. Adolfo Sachsida é co-autor de um estudo polêmico que relaciona o ensino de sociologia com a piora do desempenho dos alunos em matemática no Brasil. Publicado em abril deste ano, o trabalho analisou o efeito da obrigatoriedade da inclusão das disciplinas de filosofia e sociologia no ensino médio, estabelecida por lei em 2008. Segundo o estudo, alunos que passaram a estudar essas áreas tiveram notas piores em outros campos em comparação aos estudantes não afetados pela lei. O trabalho gerou controvérsia no meio acadêmico. À época, foi criticado por especialistas, que consideraram que a relação causal da inserção das disciplinas como motivo isolado da piora em matemática não se sustenta.
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Caixa Econômica na mira do privatista Paulo Guedes
13/12/2018O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, está disposto a relançar pela enésima vez a tese de que o país não precisa ter duas mega instituições financeiras estatais; e que pode muito bem privatizar uma delas. Estamos falando da Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, primeiro e segundo lugar no ranking de maiores instituições pelo critério de ativos financeiros. Desde o governo Collor, vai e volta, a ideia surge em algum lugar. Passou por FHC, por Lula e, mais recentemente, foi defendida por Henrique Meirelles.
Agora mesmo, na era Jair Bolsonaro, já surgiu algumas vezes com colorações diferentes. Primeiro, foi no afã privatista de Guedes, que queria se desfazer da Petrobras, CEF, Eletrobras e tudo mais o que estivesse pela frente. Bolsonaro fechou a porta para os excessos do ministro. As principais estatais não seriam privatizadas. Depois, Guedes cometeu uma inconfidência: comentou com um amigo e dirigente do sistema financeiro que queria ver o Bank of América Merrill Lynch associado ao Banco do Brasil. Ou seja: o Estado brasileiro venderia a sua parte. Ninguém mais sério quis comentar o desvario.
Agora, Guedes voltaria a mirar o seu alvo. A bola da vez seria a CEF. Qual o motivo? A União tem 100% do capital da instituição. Portanto seria mais dinheiro para redução da dívida pública bruta. Uma lufada de ares privatistas colaboraria para higienizar a CEF, uma instituição cercada de interesses políticos por todos os lados. Guedes também quer se livrar da coleção de riscos bancários. Prefere ficar, na área comercial, com o BB – se pudesse não ficava com nenhum. A CEF volta e meia precisa de injeções de capitalização do governo. Seu maior ativo é a vasta rede bancária. A proposta de vitaminar o BB em paralelo com a venda da CEF pode ser um estímulo para sensibilizar Bolsonaro que, no caso das instituições financeiras, reduzir é aumentar, mesmo que por via transversa. Se Guedes emplacar essa, vai para a galeria dos ministros que quebraram paradigmas.
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Kepler Weber rodopia nas bolas
5/12/2018A roleta gira freneticamente no cassino da bolsa. Desde o início de novembro, quando o superministro Paulo Guedes sinalizou a venda de participações societárias do Banco do Brasil em empresas, a ação da Kepler Weber já subiu mais de 35%. Segundo o RR apurou, um grande banco norte-americano tem atuado freneticamente nas duas pontas do balcão. O BB tem 17,4% do capital ordinário da fabricante de silos. A Previ, outro tanto
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Bolsonaro ameaça o estado de direito com o risco de criminalização da repatriação
4/12/2018O governo Bolsonaro vai usar e abusar do medo como prática política. Arrefecerá o grau de fricção com o uso permanente do balão de ensaio como mediador das suas atitudes – dependendo da rejeição à medida, com recuos logo a seguir. É o stop and go aplicado à política. está operando com tensão permanente, usando para isso os filhos, suas manoplas ministeriais, Sergio Moro e Paulo Guedes, e o exército de contingência que ficará sediado no Planalto e demais pastas, leia-se os generais quatro estrelas. O Estado policial que vai ganhando contornos a partir de anúncios recentes se assentará sobre compensações junto aos mais carentes.
Nada mais clássico na história dos populismos de corte autoritário. Sem recursos para investir em políticas assistencialistas, o presidente eleito vai extrair essa poupança do empresariado afeito a práticas inconfessáveis. É o método Moro elevado à política de Estado. Esse é o desenho nítido do governo Bolsonaro que o próprio establishment procura tornar opaco. Faltando pouco menos de um mês para a sua posse, Bolsonaro dá dois exemplos de medidas agudas que passam a ideia de um estado policialesco. Uma delas traz a reboque a premissa da criminalização a priori e se constitui em uma ameaça ao próprio estado de direito, ao colocar sob risco contratos firmados. Trata-se da possibilidade de uma devassa dos contribuintes que aderiram aos programas de repatriação de recursos não declarados à Receita promovidos nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer.
O balão de ensaio subiu aos céus e não foi furado: a informação foi amplamente disseminada na mídia no fim de semana sem ser desmentida. Caberá a Sergio Moro investigar a origem dos quase R$ 175 bilhões regularizados nas duas edições. A rigor, de antemão, a medida já colocaria sob suspeição os quase 27 mil cidadãos e 123 empresas que internalizaram o dinheiro e pagaram suas respectivas multas sob a promessa de que o assunto estaria encerrado aos olhos da Receita Federal e demais autoridades da área financeira. Agora, no entanto, os beneficiários do programa se veem diante do risco de revogação deste indulto. A situação dos contribuintes que aderiram à repatriação, ressalte-se, é razoavelmente frágil do ponto de vista jurídico.
Todos os beneficiários do programa automaticamente assumiram a culpa por manter recursos não declarados ao Fisco no exterior. Portanto, são potencialmente réus confessos. À época, não faltaram juristas elevando a voz em relação a essa vulnerabilidade, que poderia ter sido evitada, por exemplo, com a aprovação de uma PEC. Novos governos geram dúvidas sobre o futuro. A gestão Bolsonaro já se notabiliza por lançar interrogações sobre o passado. Vai pelo mesmo caminho a voracidade com o que o futuro governo promete caçar novos acordos de leniência com empresas que admitiram irregularidades em contratos com a administração pública. Assessores de Bolsonaro já soltaram ao vento a meta de arrecadar cerca de R$ 25 bilhões com as multas.
Não se sabe os critérios utilizados para se chegar a tal cifra, o que, por ora, abre um vasto leque de especulações sobre a amplitude da medida. Todas as empresas que prestam serviços ao setor público são suspeitas até prova em contrário? Essas medidas seriam embaladas com um discurso em nome da transparência, da faxina na corrupção, da higienização da República, o que conferiria legitimidade e asseguraria o apoio popular às ações. Mas o grande apelo seria a indexação das propostas ao bem-estar social. Ao colocar direitos adquiridos no espremedor, Bolsonaro retiraria o sumo necessário para cobrir a isenção de imposto de renda para quem ganha até cinco salários mínimos, a instituição do 13º do Bolsa Família, a garantia de creche universal para as crianças em idade pré-escolar, renda mínima, entre outras agendas. Dinheiro do crime para o povo. Crime? Qualquer coisa que assim pareça.
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Comércio unilateral
30/11/2018Não obstante as declarações de desdém ao Mercosul feitas por Paulo Guedes, os argentinos dão mostras de que o comércio entre os dois países ainda é importante, ao menos para um dos lados da fronteira. O governo Macri fez questão de enviar uma comitiva diplomática à audiência pública que será realizada hoje pela AGU com o objetivo de tornar o ambiente normativo mais amigável para o investidor estrangeiro e o comércio exterior.
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Um tiro pela culatra na concentração bancária
28/11/2018Se uma das justificativas de Paulo Guedes para esquartejar e vender pedaços do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal é reduzir a concentração bancária, como ele próprio afirma, a medida deve ter exatamente o efeito contrário. Diante da histórica dificuldade dos bancos estrangeiros, notadamente do segmento de varejo, de entrar e permanecer no mercado brasileiro, tudo leva a crer que os três maiores grupos privados do país – Bradesco, Itaú e Santander – serão os grandes absorvedores das operações da Caixa e do BB. Hoje, os cinco grandes bancos do país somam cerca de R$ 6,2 trilhões em ativos, ou mais de 80% do total do sistema financeiro – há pouco mais de uma década esse índice era de aproximadamente 60%.
Reúnem ainda 80% dos empréstimos e depósitos, 50% do mercado de seguros e 70% da área de cartões de crédito/débito. Com a venda de ativos do BB e da Caixa Econômica, estes percentuais provavelmente passariam a ser condensados nas mãos dos três maiores bancos privados. Em um exercício meramente especulativo, mas factível, caso o governo decida se desfazer integralmente das carteiras das seguradoras ligadas ao Banco do Brasil e à Caixa, a participação de Bradesco, Itaú e Santander poderia chegar a 70% do ramo de automóveis e a 80% no segmento de vida e previdência. No mercado de crédito, esta simulação é mais complexa, pois dependeria da extensão que a venda da carteira comercial da Caixa alcançaria.
De antemão, é possível dizer que a disposição da equipe econômica é tirar a CEF de todos os setores que possam representar risco para o governo e não sejam relevantes para as políticas públicas. Sob certo ângulo, o avanço dos grandes grupos financeiros não foi necessariamente de todo mal. Pelo contrário. Essa concentração sempre foi um fator de proteção do sistema financeiro nacional, permitindo que o país saísse ileso de grandes crises bancárias internacionais, notadamente a hecatombe dos subprimes, em 2008.
De qualquer forma, assim como há uma boa dose de exagero na manutenção pétrea de US$ 380 bilhões em reservas cambiais, talvez a concentração bancária não precisasse ser tanta. Existiria uma hipótese não mais tão remota de atração de banco estrangeiro para o mercado brasileiro por meio de privatizações. O próprio ministro Paulo Guedes deixou vazar que uma futura fusão entre o Bank of America Merrill Lynch e o Banco do Brasil seria benéfica para o setor financeiro nacional. Ocorre que a medida pode levar ao mesmo dilema, ou seja, mais concentrar do que elevar a competição bancária.
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O head hunter de Bolsonaro
26/11/2018Paulo Guedes recebeu carta branca de Jair Bolsonaro para indicar também os vice-presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Serão mais 20 integrantes da área econômica com o imprimatur do superministro. No caso da Caixa, que responde à Lei das Estatais, a rigor os nomes dos 11 VPs terão de ser submetidos ao Conselho de Administração. Trata-se de um mero detalhe.
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Sonhos de uma noite de dizimação
22/11/2018No mundo perfeito idealizado por Paulo Guedes, o sistema bancário público sofreria uma semi-extinção. O Banco do Brasil perderia o seu sobrenome e seria associado a um grupo estrangeiro. A Caixa Econômica, por sua vez, deixaria de ser uma instituição bancária para se transformar em uma certificadora e garantidora de empréstimos imobiliários, uma espécie de Fannie May tropicalizada – em alusão a uma das maiores empresas de hipoteca dos Estados Unidos. Mesmo com a inexorável concentração bancária decorrente da eventual fusão do BB com um estrangeiro, o argumento é que ela pelo menos se daria entre entes privados. Nesse universo lúdico ultraliberal, o Banco da Amazônia (Basa) seria incorporado pelo Banco do Brasil. Já o Banco do Nordeste e a Finep seriam agregados
ao BNDES. Nos prováveis devaneios do ministro da Economia, tudo são possibilidades. A única certeza é que o BNDES será desidratado. Esta dimensão paralela que permeia as divagações de Paulo Guedes buscaria tirar totalmente o governo do risco da atividade financeira, vista como uma potencial fonte de perdas de recursos. Isso incluiria alguns pingentes pendurados no sistema bancário estatal. Em tese, a gestão do FGTS e do FAT, a cargo da Caixa Econômica, e o financiamento agrícola, cujo repasse é de responsabilidade do BB, seriam licitados para a banca privada. O Fundo de Garantia, por sinal, seria gradativamente transferido para uma carteira de previdência complementar.
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Bozano antecipa seu primeiro ano letivo pós-Paulo Guedes
16/11/2018A Bozano Investimentos ensaia sua primeira operação após a saída de Paulo Guedes. A companhia estaria em negociações para a compra da Unigranrio. As cifras no quadro-negro giram em torno dos R$ 600 milhões. As tratativas envolvem a transferência dos dez campi da universidade carioca. Há cerca de dois meses, a Ser Educacional, do empresário cearense Janguiê Diniz, esteve perto de fechar a aquisição da Unigranrio. O negócio, no entanto, teria esbarrado na discordância em relação a valores e no passivo fiscal da empresa – a dívida seria da ordem de R$ 100 milhões. Consultada, a Unigranrio confirmou o encerramento das conversas com a Ser e informou que não há qualquer negociação em curso “neste momento”. A Bozano, por sua vez, não foi tão assertiva: “Por questões de confidencialidade não podemos nos manifestar de forma positiva nem negativa sobre negociações”. Para bom entendedor… A área de educação, não custa lembrar, está no centro das denúncias que pairam sobre o futuro ministro da Economia. O Ministério Público investiga supostas irregularidades em aplicações feitas por fundos de pensão na BR Educacional, private equity que era gerido por Paulo Guedes na Bozano.
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Levy é uma reserva de valor
14/11/2018Não foi o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que “bancou” a nomeação de Joaquim Levy para a presidência do BNDES. Guedes aquiesceu. A indicação veio por um caminho distinto, de fora do governo, e nem por isso menos influente. O núcleo mais próximo a Bolsonaro, que pensa estrategicamente, considera desejável que os “ministros essenciais” tenham seus potenciais substitutos para qualquer eventualidade, próximos, bem próximos, da área de atuação dos titulares. Nada disso quer dizer que Guedes não seja um dos ministros mais prestigiados do governo.
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Decálogo de premissas para o bom protecionismo
14/11/2018A grave situação fiscal do país está dando margem a generalizações perigosas, que podem levar à quebra de empresas, extinção de empregos e sumiço de parcela expressiva da indústria brasileira. A discussão sobre a retirada das barreiras tarifárias, consideradas a bête noire do ministro da Economia, Paulo Guedes, assumiu conotação ideológica, capaz de conduzir à “destruição destrutiva” e antischumpeteriana de boa parte do parque industrial. O bom senso pressupõe que se trate assunto tão relevante sem o part pris de uma ou outra escola de economia. Segue um decálogo de premissas: I. Há um tremendo problema fiscal. II. As barreiras à importação, é bem verdade, são excessivas a despeito da questão fiscal. III. Todos os países do mundo usam a proteção alfandegária. IV. A indústria brasileira atinge o nível de participação mais baixo em relação ao PIB. V. Há que se separar alhos de bugalhos; uma coisa é conceder proteção para a indústria de brinquedos; outra é para o setor de química. VI. Cortar barreiras exige um estudo sobre custos e benefícios; não é contar bananas. VII. Existe uma categoria chamada capacidade concorrencial, na qual se utilizam expedientes fiscais e alfandegários para combater assimetrias dos fundamentos. VIII. A indústria é o locus do desenvolvimento de tecnologia, capacitação profissional e pagamento dos melhores salários. IX. Seria de bom alvitre que as associações da indústria, em vez de ficarem aplaudindo qualquer medida ou nome indicado para o governo, fizessem contas, cálculos, simulações, buscando mostrar que a verdade do protecionismo tem mais de uma face. X. A indústria deverá apresentar como contrapartida à concessão de barreira o compromisso de aumento de produtividade em determinado prazo.
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Paulo Guedes ensaia sua lua de fel com a indústria
7/11/2018Há três hipóteses perambulando na avenida da indústria brasileira. A primeira delas é o ministro da Economia, Paulo Guedes, conseguir se impor junto aos empresários e retirar barreiras às importações, cortar subsídios, reduzir o BNDES e esvaziar as entidades do setor. A segunda: Guedes tenta, tenta, há uma forte reação dos industriais, e ele não leva. Finalmente, a terceira e mais provável: Guedes fica soltando seus balões de ensaio e Jair Bolsonaro vai furando um por um. Em todas as alternativas, é previsto o conflito entre o ministro e o setor. Guedes não tem a menor afeição aos industriais. A recíproca também é verdadeira. O economista declarou em outras oportunidades que o sumiço de certos setores da indústria seria bom para o país. Assim, segmentos sem vantagem competitiva estrutural, como o têxtil, moveleiro, calçados e brinquedos, só para citar alguns, poderiam muito bem desaparecer. Guedes acha que são os empresários acostumados aos favores do Estado que tornam a indústria ineficiente. Os industriais consideram o contrário: não há concorrência possível se os fundamentos são assimétricos. Juros, tributos, infraestrutura, custo do trabalho, o Brasil perde em todas na comparação com o exterior. A briga é boa. Um “desindustrialista” contra empresários industriais, em período no qual a participação do setor no PIB desaba.
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A malha fina do Capitão Bolsonaro
1/11/2018A precaução de Jair Bolsonaro com o perfil ilibado dos futuros ministros alcançou a equipe de transição na área econômica. O rigor excluiu o economista Rubem de Freitas Novaes do time formado por Paulo Guedes. Em todas as listas até então, o nome de Novaes esteve presente como uma das primeiras opções de Guedes. As afinidades entre ambos são muitas. Novaes é doutor em economia pela Universidade de Chicago, verdadeira igreja para o futuro ministro da Economia. Ele também trabalhou no Banco Pactual, onde Guedes iniciou sua carreira como financista de prestígio. Foi esta passagem pelo banco que cassou o passaporte de Rubem Novaes para o governo de Bolsonaro. O economista foi citado em episódio de venda de informações do Banco Central. Na ocasião o Ministério Público chegou a pedir a quebra do seu sigilo telefônico. Nada ficou provado contra Novaes, mas Jair Bolsonaro já deixou claro que não formará seu governo por profissionais condenados ou mesmo suspeitos da prática de ilícitos
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Holofotes sobre o FAT
30/10/2018O orçamento do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em 2019 vai monopolizar a próxima reunião do Conselho de Desenvolvimento do FAT, marcada 5 de novembro. O tema ganhou ainda mais relevância com as declarações de Paulo Guedes, futuro ministro do Fazenda de Jair Bolsonaro. Ao pregar a desoneração da folha de pagamento, Guedes admitiu mexer no abono salarial, hoje pago a 23,6 milhões de pessoas. Por sinal, no dia seguinte à reunião, o BNDES fará um seminário em sua sede para comemorar os 30 anos da Constituição Federal e seu artigo 239, que destinou a arrecadação do PIS-PASEP para o financiamento do seguro-desemprego e do abono salarial.
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Paulo Guedes incorpora Roberto Campos e prepara um cardápio de medidas para a posse
29/10/2018O futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, trabalha dia e noite com sua equipe para, tão logo Jair Bolsonaro tome posse, anunciar um grandioso programa de medidas. Guedes, segundo a fonte do RR, vai apresentar as ações imediatas e de médio e longo prazos. Muitas ações. Como tem uma verdadeira fixação em Roberto Campos, estaria se inspirando no ex-ministro em seu discurso de posse no Senado. Na ocasião, Campos anunciou nada mais, nada menos, do que 100 projetos de lei. Paulo Guedes talvez seja o mais ferrenho discípulo, no Brasil, das teorias dos economistas Robert Lucas Jr. e Thomas Sargent, apóstolos da teoria das expectativas racionais. Não quer deixar um fiapo de tempo para que os operadores do mercado iniciem suas especulações. Vai trabalhar as expectativas desde a primeira hora. O virtual ministro sabe disso porque, além de economista, conhece como se comportam as raposas da área financeira. E preparem-se para ver Guedes ocupando todos os espaços para argumentar. Ele é um dos economistas mais bem dotados de inteligência verbal do país. O RR tem críticas de sobra a atitudes de Guedes em sua trajetória, mas duvida e dobra a aposta quando dizem que ele não aguentará o tranco ou sairá choramingando logo que um dos quatro estrelas de Bolsonaro apertá-lo. Paulo Guedes se preparou a vida toda para esse momento. Quanto maior o desafio maior o seu estímulo. Seu ego é maior do que o de Bolsonaro.
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“Lady Beth” faz um afago à área de Defesa
24/10/2018Elizabeth Guedes, irmã de Paulo Guedes e vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) é uma estrategista, conforme informou o RR na edição de 15 de outubro. Parece que, antecipando a importância do estamento militar no governo, “Lady Beth” contratou a filha do ministro Raul Jungmann, Julia Jungmann, para a gerência de Responsabilidade Social da Anup. Antes mesmo da chegada do mano ao Ministério da Fazenda, começou a montar sua network em Brasília.
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Causos do “Posto Ipiranga” 2 – “Lady Beth” pavimenta seu caminho para o futuro Ministério da Educação e Cultura
15/10/2018O pano de prato que Elisabeth Guedes vem bordando com a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), o BNDES e o Ministério da Educação (MEC) revela uma parceria construída sobre paradoxos, na qual o livre mercado não é tão livre assim. “Beth” é irmã do ministeriável da moda, Paulo Guedes, e conhecida como braço direito do mano. Se ficar enfurecida, contudo, ela mesma é capaz de decepar mãos e dedos do irmão querido. A burocrata é chamada de “Lady Beth” numa alusão óbvia à terrível Lady Macbeth shakespeariana. Durante sua passagem pelo Ibmec, levada por Guedes, “Beth” reinou poderosa, dando ordem e mexendo com dinheiro grosso.
Da mesma forma como o irmão, que morde o inimigo até obter a regalia pretendida – aí então cala, ou às vezes até sopra –, “Beth” somente desliga a britadeira depois de dobrar o adversário e obter o butim. Guedes, por exemplo, barbarizou na imprensa o BNDES de Luciano Coutinho e suas taxas subsidiadas. Isso apenas até arrancar os recursos do banco para capitalizar o seu fundo de investimentos em educação. Depois da captura da bufunfa, nenhum pio mais. Paulo Guedes é um “liberalopata”, mas não carimba dinheiro público. Dizem os ex-acionistas do Ibmec que “Beth” é a lanterna na popa no projeto familiar de fazer um império financeiro a partir da educação. Guedes é a bolsa, é claro. Acompanhando os passos da dupla, “Beth” seguiu para a Universidade Anhanguera Morumbi e o irmão foi investir no fundo de educação da Abril.
Agiram todo esse tempo como irmãos parceiros, aliás, como sempre, com uma exceção: quando “Beth” vendeu suas ações do Ibmec, deu os recursos obtidos para Guedes aplicar. O câmbio, porém, deslizou drasticamente. E ela teve um brutal prejuízo com o conselho do irmão. Guedes se escondeu da sua fúria por semanas. Águas passadas, “Beth” assumiu a vice-presidência da Anup, enquanto o irmão tocava mais um fundo de educação (Bozano Investimentos). Mais recentemente, Paulo Guedes achou quem o quisesse para ser um Roberto Campos inflável. Em meio aos discursos liberaloides de cá e de lá, “Beth”, já surfando no misto de prestígio com pavor que o mano provoca, conseguiu aprovar com o BNDES e o MEC uma receita de R$ 2 bilhões para financiar bolsas com juros mais baixos.
O montante foi divulgado no mês passado. É um montão de grana para as universidades privadas, é claro. E não há sequer uma definição do perfil do aluno que será favorecido, cuja probabilidade esmagadora é de que seja de alta renda. O tema é bom. Se Guedes o colocar na campanha apertando a irmã, provará que é um verdadeiro “Chicago boy”. Mas é difícil o enfrentamento. Os “Guedes brothers” são unha e carne. E, não bastasse, o irmão morre de medo da irmã. A julgar pela trajetória dos dois, mais fácil Beth ganhar o futuro Ministério da Educação e Cultura.
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Jair Bolsonaro entrega o comando da infraestrutura nacional ao seu “Estado Maior”
2/10/2018Engana-se quem pensa que o economista Paulo Guedes será uma espécie de primeiro-ministro se o capitão Jair Bolsonaro for eleito. O economista vai mandar um bocado, conforme é sabido, mas não tanto o quanto propala aos quatro ventos. Desde já dois comandos centrais estão decididos: a macroeconomia vai para o civil Guedes; mas a infraestrutura ficará sob o mando dos generais Augusto Heleno (provável ministro-chefe do Gabinete Civil e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro) e Hamilton Mourão (vice-presidente na chapa militar).
O general Mourão já confirmou que pretende assumir a pasta da infraestrutura ou o comando de toda a área de projetos deste setor. O general Heleno, por sua vez, é quem tem tratado dos assuntos com maior impacto na formação bruta de capital fixo. O modelo liberaloide de Guedes exclui os agentes clássicos de desenvolvimento da economia. Os cabeças de ponte da intervenção do Estado. Os generais não concordam com a ideia de que basta o ajuste das contas públicas e um bom ambiente regulatório para que o capital estrangeiro chegue em profusão para resolver o déficit de investimento do país.
O pensamento dos militares é contraditório com o do virtual ministro da Fazenda em pontos sensíveis. O papel do BNDES é um exemplo do dissenso. Enquanto Guedes detona o banco, considerando deletéria sua participação, Mourão e Heleno teriam planos diferentes para a instituição. Na visão dos generais, o BNDES teria sua função espraiada para a análise de projetos – uma das maiores deficiências da área de infraestrutura – e auditoria de performance das obras. Uma das críticas ao banco é que os empreendimentos que financia atrasam e estouram os custos.
Para o cumprimento das missões, uma hipótese seria o reforço da capacidade operacional do BNDES, com a realização de convênios junto ao Departamento de Engenharia e Construção do Exército e o Instituto Militar de Engenharia (IME). Ambos cumpririam papéis hoje distribuídos junto a distintas instituições do governo, tal como a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Desde o início da candidatura Bolsonaro foi previsível que o governo teria o maior componente militar desde a abertura democrática. O que ninguém imaginou é a combinação do pensamento friedmaniano de Paulo Guedes com a visão nacionalista, patriota e desenvolvimentista dos generais.
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Ministro “Paulinho” tropeça na matemática
21/09/2018Paulo Guedes é um sujeito inteligente, mas relapso. Apresentou seu esboço de reforma tributária sem combinar com o chefe Jair Bolsonaro, que não gostou do que ouviu. “Paulinho” propôs simplificar o mosaico tributário, adotando dois gravames: um substituindo a mordida sobre as receitas que não são transferidas para estados e município e outro sobre a contribuição sindical. Nenhum deles se espelha no IVA do economista Marcos Cintra ou no Imposto Único, do ex-ministro Roberto Campos, bem mais radicais, porém organizados. A proposta do economista de taxar a movimentação financeira tem por objetivo ampliar a base da arrecadação, e não repetir a velha CPMF, em que o imposto se superpõe a todos os demais. No projeto do virtual ministro da Fazenda de Bolsonaro, a carga tributária encolherá devido à extinção ou à redução dos demais impostos e alíquotas. Até aí, tudo bem. O problema de “Paulinho”, como sempre, é a falta de rigor com números e o exagero nas associações. Na apresentação do novo modelo, o economista simplesmente falou os percentuais que lhe vieram à cabeça, ignorando a matemática. Um crime para qualquer “Chicago Boy”. O resultado, feita a simulação, foi um corte de dois terços na arrecadação tributária. Uma vacilada típica do “Paulinho”.
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Duet
17/09/2018Paulo Guedes vem tentando cooptar Jorge Gerdau para a campanha de Jair Bolsonaro. Pensando bem, o duet entre o Capitão e o Kaiser faz todo o sentido.
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O elo perdido de Paulo Guedes para as privatizações
1/08/2018O economista Paulo Guedes, virtual ministro da Fazenda em um governo de Jair Bolsonaro, extrai sempre ideias criativas das suas caraminholas. Dessa última leva, uma proposta merece atenção especial. Guedes anunciou publicamente que quer privatizar todas as estatais – ou “metade que seja”, minimiza. Diz que levantaria um valor entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões. Mas como realizar o milagre? Vender essa miríade demoraria o tempo de um governo. Ou mais.
O pulo do gato do economista é embalá-las todas em um fundo, que seria trocado por dívida da União. As empresas passariam a ter gestão profissionalizada e governança no conceito corporation. A mágica de Guedes se dá toda dentro do governo, sem editais, leilões, várias instâncias reguladoras e demais burocracias. A receita do bolo contém só o valuation das companhias, a transferência das empresas para um fundo de estatais e o abatimento das cotas desse fundo da dívida pública bruta interna.
A privatização para valer, no melhor estilo Chicago University, se daria em um segundo momento, quando as cotas do fundo iriam a mercado. Nas contas do economista, a dívida poderia descer de 73% para algo na casa de 40%. Com a efetuação das reformas que foram adiadas, a exemplo da tributária e previdenciária, o Brasil desentortaria o seu ajuste fiscal passando a ter zero de déficit primário no orçamento. As contas permitiriam uma queda acentuada da Selic real, talvez para algo em torno de 3%. E a relação dívida bruta/PIB baixa e cadente permitiria a conquista de um ciclo virtuoso da economia. Parece ser simples e bom demais, para emergir da dupla Bolsonaro e Paulo Guedes. O RR não crê em brujas, pelo que las hay, las hay.
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Paulo Guedes alista empresários na campanha de Bolsonaro
5/07/2018O economista Paulo Guedes foi encarregado da missão de atrair os empresários para a candidatura de Jair Bolsonaro. Guedes é o assessor econômico do capitão. Ele tem se reunido com líderes empresariais pesos-pesados, notadamente de São Paulo. Guedes sabe que os dirigentes de grandes corporações tendem a apoiar o PSDB, o partido da iniciativa privada oligárquica. Para demover essa preferência, o economista tem usado uma moeda de troca valiosa: se os empresários institucionalizarem a campanha de Bolsonaro, terão participação expressiva no futuro governo. A julgar pelo discurso do economista e ex-sócio do Banco Pactual, noves fora a intenção golpista, a articulação eleitoral de Jair Bolsonaro lembra à distância a conspiração do pré-64. À época, empresários e militares se juntaram para a tomada do Estado, com um projeto econômico ortodoxo. Hoje, não consta que haja militares cogitando qualquer intervenção autoritária. Pelo contrário! Os oficiais que comporão a maioria de um eventual governo Bolsonaro virão da reserva das Forças Armadas. Mas é bom que, mesmo por cautela, os detentores do capital se lembrem de 1964. Os empresários que financiaram o golpe e um projeto amplo de reforma do Estado, achando que participariam do governo, foram devidamente rifados. O combinado saiu caro.
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Nobel de medicina
24/04/2018Paulo Guedes quer voltar à PUC-Rio, não exatamente como professor, mas como sócio. O virtual ministro da Fazenda de Jair Bolsonaro fez uma oferta para se associar à universidade na montagem de uma faculdade de medicina. A primeira proposta foi descartada pela direção da PUC-Rio, mas Guedes prepara nova ofensiva. “Paulinho” e o sócio Júlio Bozano uniram-se ao empresário Elie Horn, dono da Cyrela, em um fundo para a área de saúde. Com cerca de R$ 800 milhões em carteira, o trio tem como objetivo criar uma rede de escolas de medicina e comprar ativos no setor hospitalar. No ano passado, adquiriu o Hospital São Lucas, em Ribeirão Preto (SP).
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Façam suas apostas
8/03/2018Paulo Guedes deu entrevistas para Deus e o mundo. Agora estaria preparando uma apresentação mais detalhada para o mercado. As raposas financeiras tentam adivinhar em qual ponta Guedes está: se entre os comprados ou vendidos.
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Paulo Guedes monta Ministério à sua imagem e semelhança
29/11/2017O economista Paulo Guedes faz forfait quando afirma que ainda não respondeu ao convite para se tornar ministro da Fazenda em um eventual governo de Jair Bolsonaro. Guedes não só aceitou como já começou a montar sua equipe. Um dos escalados é o econometrista João Luiz Mascolo, que trabalhou com Guedes no Ibmec. Mascolo é sócio da SM Managed Futures, professor do Insper e ex-marido de Maria Silvia Bastos Marques.
Ele e o eventual futuro chefe formam a dupla mais radical de extrema direita entre os economistas do país. Bolsonaro estará bem acompanhado. Em um debate com a professora Maria da Conceição Tavares, na Anbid, nos idos da década de 80, o então jovem economista Paulo Guedes afirmou que, se fosse preciso colocar fogo nas favelas para obter o ajuste econômico, não hesitaria. Os favelados desceriam e a estabilidade os alocaria no mercado de trabalho. Ninguém morreria, é claro. Ou ficaria transtornado pela perda de detalhes tão insignificantes da sua vida. O mercado funciona. Por pouco, Conceição não mordeu sua jugular.
Paulo Guedes é assim mesmo; combina brilhantismo com disparates. É como se fosse um “Glauber Rocha de extrema direita entre os economistas”, com visões barrocas e alucinadas. Seu maior desejo sempre foi o de ter uma passagem pela vida pública. Quem o conhece sabe que ele trocaria os milhões de reais ganhos no mercado financeiro por essa experiência de manda-chuva da Fazenda. Passo a passo, o possível governo Bolsonaro vai se tornando uma antiobra assustadora.
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“Jogólatras anônimos”
13/10/2017Depois de um período no desterro, em que perdeu milhões de reais “batendo mercado” nas bolsas, Paulo Guedes deu a volta por cima. Enricou novamente, resgatou sua credibilidade como conselheiro e tornou-se sócio de Julio Bozano em um private equity. Guedes chegou a ser adicto no mercado de ações. Salvou-se. Bom que seja assim. Noves fora a egolatria, o economista tem um senhor talento.
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Oráculo
18/03/2015Paulo Leme, economista altamente nacionalista que Joaquim Levy queria indicar para a presidência da Petrobras, tem dito que a combinação de recessão com câmbio turbinado vai transformar o Brasil em um bazar de vendas. Paulo Leme é filho do também economista Og Leme, a quem Roberto Campos prestava tributo: “Ele consegue ser um liberal mais radical do que eu”.