Tag: Hemobrás

Saúde
BNDES deve doar “sangue” para a Hemobrás
10/05/2023Há articulações no governo para um aporte do BNDES na Hemobrás, fabricante de medicamentos hemoderivados e biotecnológicos controlada pelo Ministério da Saúde. A transfusão financeira teria como objetivo garantir a construção complexo fabril da empresa em Goiana (PE). O cronograma – seguidamente adiado nos últimos anos – prevê a conclusão das obras até dezembro. No entanto, há cerca de duas semanas, membros da Comissão de Assuntos Sociais do Senado, entre os quais Humberto Costa (PT-PE), visitam o local e constataram os severos atrasos. Nos bastidores, Costa tem sido um dos principais articuladores do pedido de aporte do BNDES.
Se depender apenas do orçamento da empresa, o prazo de término das obras neste ano é inexequível. Alguns dos blocos dos 17 prédios previstos sequer começaram a ser erguidos. A Hemobrás é vista no Ministério da Saúde como vital para garantir o abastecimento de hemoderivados para a rede pública hospitalar. Hoje, o Brasil ainda depende excessivamente das importações, responsáveis por 50% do consumo interno. Sem a conclusão das obras em Goiana, a Hemobrás é um projeto capenga, dada a impossibilidade de atuar de ponta a ponta na produção de medicamentos. Atualmente, o Brasil envia plasma ao exterior – notadamente à empresa suíça Octapharma – para ser transformado em remédio e posteriormente importado. O aporte do BNDES permitiria, por exemplo, que a Hemobrás iniciasse neste ano a produção do fator recombinante VIII, medicamento fundamental no tratamento da hemofilia.

Destaque
Ministério da Saúde injeta sangue novo na Hemobrás
30/01/2023A ministra da Saúde, Nísia Trindade, iniciou estudos com o objetivo de revitalizar e ampliar a Hemobrás, fabricante de derivados de sangue criada no primeiro mandato de Lula, mais precisamente em 2004. A prioridade é concluir as obras de construção dos 17 prédios previstos no projeto original do complexo fabril da empresa, localizado na cidade de Goiana (PE). Segundo o RR apurou, o governo planeja ainda aumentar a capacidade instalada da estatal: no caso do plasma, por exemplo, a meta é ampliar a produção de 500 mil litros para algo em torno de 700 mil litros por ano.
Nísia Trindade e sua equipe tratam a expansão da Hemobrás como fundamental para reduzir o déficit de hemoderivados no Brasil e a dependência da indústria internacional. Em alguns produtos, as importações respondem por mais de 50% do consumo interno. Somente com a aquisição de imunoglobulina, o governo gasta por ano algo em torno de US$ 120 milhões. O custo e, não raramente, a falta de derivados atingem, sobretudo, a rede do SUS. A situação se agravou durante a pandemia de Covid-19, com o elevado número de internações de pacientes em estado grave e, consequentemente, um boom na demanda por hemoderivados. A expansão da Hemobrás se encaixa ainda no projeto do governo e, mais precisamente do BNDES, de investir no complexo industrial da saúde.
A Hemobrás tem uma trajetória repleta de solavancos. As obras se arrastam desde 2005 e já consumiram mais de R$ 2 bilhões. Ao longo desse período, a estatal foi atacada por “sanguessugas”, leia-se um esquema de corrupção desbaratado, em 2015, pela Operação Pulso, da Polícia Federal. O governo Bolsonaro ensaiou a privatização da Hemobrás, mas, como tantas outras promessas de desestatização, o projeto ficou no papel.

Privatização pode trazer sangue novo para a Hemobrás
24/02/2021O governo está decidido a privatizar a Hemobrás. Segundo o RR apurou, a fabricante de hemoderivados para o tratamento da hemofilia será incluída no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). O assunto, de acordo com a mesma fonte, já está na mesa da secretaria do PPI, Martha Seillier.
Teria sido, inclusive, um dos temas abordados na reunião especial que Martha teve ontem, às 15h, com representantes de diversas áreas do governo. A privatização é vista como a única solução viável para a Hemobrás, dada a incapacidade do governo de seguir fazendo transfusões financeiras na empresa. Criada em 2004, a estatal já consumiu cerca de R$ 1,5 bilhão em recursos públicos.
Mesmo assim, ainda não conseguiu concluir a construção do seu parque fabril de hemoderivados em Goiana (PE), um conjunto formado por 17 prédios. A privatização encontra resistências na área técnica do Ministério da Saúde. A Hemobrás é tida como estratégica para a distribuição de hemoderivados ao SUS. Nada que não possa ser resolvido com uma cláusula atrelando a compra da empresa a um contrato de fornecimento à rede pública. No limite, o governo pode até instituir uma golden share. Duro mesmo vai ser privatizar a Hemobrás nas atuais circunstâncias. Não bastasse a pandemia, as diatribes intervencionistas de Jair Bolsonaro alimentam a insegurança jurídica e esfriam o sangue de qualquer investidor.