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Empresa

As muitas nuvens no caminho da “Azultamgol”

20/03/2024
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Uma fonte ligada à área regulatória da aviação civil procurou o RR em razão da matéria publicada na edição de ontem, sobre o flerte do governo com a ideia de uma tríplice fusão entre Latam, Gol e Azul. Em conversa com a publicação, ressaltou alguns outros entraves para que a iniciativa ganhe altitude. Um deles seria a dificuldade de misturar culturas de negócio bem distintas. A Latam, após a recente reestruturação acionária, já obedece a uma lógica de capital pulverizado. Azul e Gol, por sua vez, ainda são consideradas empresas de “dono”, tendo no manche, respectivamente, David Neeleman e a família Constantino. Outro óbice tão ou mais difícil de ser superado: o próprio governo teria de entrar na operação com algum aporte de capital junto aos acionistas da Gol e da Azul. Seria a forma de harmonizar a estrutura societária da nova empresa e evitar uma participação excessivamente relevante da Latam e, por consequência, do capital estrangeiro na nova empresa. Isso porque, após a recuperação judicial, o controle da companhia saiu das mãos da família Cueto e passou a ser compartilhado por uma colmeia de fundos internacionais – como os norte-americanos Sixth Street e Sculptor Capital e o inglês Strategic Value – que ficaram com 66% das ações. Isso para não falar da Delta e da Qatar Airlines, que se mantiveram no capital da empresa chilena.

Sem a entrada do governo no equity, os atuais sócios da Gol e da Azul seriam razoavelmente diluídos vis-à-vis a diferença de tamanho entre as três empresas. No ano passado, a Latam teve uma receita total de R$ 55 bilhões. Seu lucro líquido correspondeu a R$ 2,8 bilhões. Gol e Azul, por sua vez, registraram entre janeiro e setembro (último balanço disponível) uma receita combinada de R$ 27,4 bilhões. A dupla somou ainda um prejuízo de R$ 2,4 bilhões nos três primeiros trimestres do ano passado – sozinha, a Gol teve uma sonora perda de R$ 1,3 bilhão no terceiro tri. Em relação às respectivas frotas, a distância pró-Latam também é expressiva. A empresa chilena tem 335 aeronaves de passageiros em operação. A Azul reúne 180 aviões. A Gol, por sua vez, fica ainda mais atrás: 136 aeronaves em uso. Em tempo: nesse quesito, como bem lembra a fonte do RR, a Azul tem um handicap considerando-se a hipótese de uma eventual associação das três empresas. A maior parte da frota da companhia é da Embraer. Pensou Embraer, pensou BNDES, grande financiador de contratos da fabricante de São José dos Campos. Se o governo quiser mesmo que essa ideia decole, difícil pensar em uma fusão desse tamanho sem a participação do banco de fomento para “soldar” a fuselagem societária da nova companhia.

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