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Investidores preparam ofensiva jurídica contra Americanas

13/01/2023
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Importantes fundos de investimento acionistas da Americanas já estariam se mobilizando para entrar com uma ação conjunta contra a companhia, por perdas causadas pelo escândalo contábil de R$ 20 bilhões. Segundo a fonte do RR, ligada a um dos fundos acionistas da rede varejista, entre os artífices do contra-ataque jurídico estariam o BlackRock e a Vanguard, duas das maiores gestoras de recursos do mundo – com ativos, respectivamente, de US$ 10 trilhões e US$ 7 trilhões. Em apenas um dia e meio, o valor de mercado da Americanas e consequentemente as participações em carteira desses fundos derreteram em quase 80%. Mais do que coincidência, os investidores enxergam uma possível reincidência. Conforme o RR noticiou ontem (https://relatorioreservado.com.br/noticias/americanas-cria-um-efeito-domino-sobre-os-demais-negocios-de-lemann/), o caso da Americanas é muito semelhante à fraude contábil da Kraft Foods, também controlada por Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. De acordo com a mesma fonte, a ofensiva na Justiça deverá ser acompanhada de denúncia à CVM. Consultada pelo RR, a autarquia informou que “Conforme disposto no §3º do art. 9º da Lei nº 6.385/76, está adotando todas as providências cabíveis para o adequado e cuidadoso esclarecimento de todos os atos, fatos e eventos com relação ao caso em epígrafe, com a abertura de processos administrativos em diferentes superintendências e áreas de atuação da Autarquia, inclusive, mas não apenas, os seguintes procedimentos – sem prejuízo de outros que venham a ser, posteriormente, instaurados no âmbito das apurações”.  A CVM afirma ainda que “Após a investigação e apuração dos atos, fatos e eventos, caso venham a ser formalmente caracterizados ilícitos e/ou infrações, cada um dos responsáveis poderá ser devidamente responsabilizado com o rigor da lei e na extensão que lhe for aplicável, sendo facultado à CVM recorrer também aos convênios e acordos de cooperação com Polícia Federal e Ministério Público Federal.” Perguntada especificamente se já recebeu algum pedido de abertura de processo por parte de acionistas da Americanas, a autarquia não se manifestou. Procurados pelo RR, Americanas, BlackRock e Vanguard não se pronunciaram até a postagem desta matéria. O espaço segue aberto para o posicionamento.
Ainda segundo informações apuradas pelo RR, a ação dos grandes fundos teria como alvo não apenas a Americanas, mas também acionistas e gestores, inclusive ex-executivos. É o caso de Miguel Gutierrez, que comandou a empresa por mais de 20 anos. Gutierrez, homem de confiança dos acionistas da Americanas, deixou o cargo de CEO no fim de 2022 para dar lugar à efêmera passagem de Sergio Rial. De acordo com a mesma fonte, outro executivo que deve ser responsabilizado pelos minoritários é Timotheo Barros, que até o ano passado ocupava o posto de CFO. Assim como Gutierrez, trata-se de um nome com longa trajetória na Americanas, onde entrou em 1996. Desde 2009, integrava a diretoria executiva. Ou seja: tanto Gutierrez quanto Barros estavam à frente da gestão no período já aludido por Sergio Rial, que renunciou ao cargo de CEO da empresa, como o possível intervalo em que ocorreram irregularidades no balanço – segundo Rial, o “problema se arrasta por cerca de sete a nove anos”.
Os minoritários pretendem também responsabilizar o board. Nesse caso, as atenções naturalmente se voltam mais na direção dos chamados representantes dos acionistas de referência. Além do próprio Carlos Alberto Sicupira, sócio de Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, há outros nomes que praticamente personificam o trio de investidores. Esse núcleo duro é quase uma família, tamanho o vínculo com os principais sócios da Americanas, a começar por Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo. Há ainda Eduardo Saggioro Garcia, parente de Monica Saggioro, sócia de Lara Lemann – também filha de Jorge Paulo – na Maya Capital. Outro nome quase consanguíneo no Conselho da Americanas é Cláudio Moniz Barreto Garcia. Ele começou sua carreira como estagiário na antiga Brahma e está no grupo há mais de três décadas. Considerado um dos executivos mais próximos de Marcel Telles, ocupou uma série de cargos na AB Inbev. Hoje é chairman da Fundação Telles, entidade criada pelo investidor.

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