Tag: Petrobras

Política
Mesmo longe, Dilma está perto de Jean Paul Prates
23/11/2023
Política
Alckmin é um vice-presidente multiuso
23/11/2023Geraldo Alckmin tem mil e uma utilidades no governo. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria foi designado para uma nova missão: nas próximas semanas, cumprirá uma agenda de viagens pelo país. Vai visitar importantes obras de infraestrutura e, de quebra, fazer política junto aos governadores. A peregrinação começa amanhã, pelo Mato Grosso do Sul. Alckmin desembarcará no estado para “supervisionar” a construção da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, que ligará Porto Murtinho à cidade de Peralta, no Paraguai. Orçado em mais de R$ 470 milhões, o trecho é parte de um projeto maior: a implantação da Rota Bioceânica. O RR apurou que Alckmin deverá aproveitar a presença no Mato Grosso do Sul para visitar o site da fábrica de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas, cuja construção será retomada em breve pela estatal. Ou seja, fica o recado: se Alckmin visitar o canteiro, é porque a obra vai andar.

Mercado
Parceria com YPFB para produção de ureia e amônia enfrenta resistências na Petrobras
21/11/2023A proposta do governo da Bolívia para a construção conjunta de uma fábrica de amônia e ureia em Puerto Quijaro, na fronteira com o Brasil, é vista com ressalvas na Petrobras. Segundo informações filtradas da empresa, um dos principais motivos seria o modelo societário apresentado pelos bolivianos, que prevê o capital dividido fifty to fifty entre a estatal brasileira a YPFB. O projeto está orçado em aproximadamente US$ 2,5 bilhões. Em contato com o RR, a Petrobras confirmou que uma missão de executivos esteve recentemente na Bolívia para encontros com representantes da YPFB. Segundo a estatal, os “executivos da Petrobras ouviram oportunidades apresentadas pelos representantes da YPFB, sendo que nenhuma destas oportunidades foi analisada, não havendo, portanto, qualquer encaminhamento entre as empresas para instalação de uma fábrica de fertilizantes na Bolívia.” A companhia diz ainda que “eventuais decisões de investimentos deverão, dentro da governança estabelecida na Petrobras, passar pelos processos de planejamento e aprovação previstos nas sistemáticas aplicáveis, tendo sua viabilidade técnica e econômica demonstrada.”

Destaque
Petrobras traça seus novos investimentos na Colômbia
20/11/2023O RR apurou que a Petrobras negocia com a Ecopetrol novos investimentos conjuntos em exploração e produção na Colômbia. As conversas mais avançadas envolvem uma parceria para a extração de gás no poço Glaucus-1, no Caribe colombiano, considerada uma das maiores reservas do país vizinho. O investimento previsto é da ordem de US$ 1 bilhão.
A operação tem ainda um terceiro vértice, a Shell, que já é sócia da Ecopetrol no ativo. As tratativas entre a Petrobras e a estatal colombiana passam também pelo bloco Alqamari-2, na região de Orito. A Ecopetrol confirmou há pouco mais de um mês a existência de petróleo e gás com viabilidade comercial na área.
Segundo informações filtradas da própria Petrobras, executivos da companhia irão à Colômbia ainda neste mês para uma agenda de reuniões com representantes da Ecopetrol. Consultada pelo RR, a companhia informou que “mantemos constantes contatos com a Ecopetrol, no âmbito da parceria, o que inclui visitas de profissionais da Petrobras à Colômbia.”
Petrobras e Ecopetrol discutem o futuro e também o “passado”. As duas empresas vão retomar os investimentos no bloco Tayrona, em águas profundas na Colômbia. No governo Bolsonaro, a direção da estatal chegou a colocar a participação à venda, mas o processo foi suspenso pela gestão de Jean Paul Prates. No contato com o RR, a Petrobras confirmou que “está avaliando a descoberta e realizando atividades exploratórias”.

Petróleo
Eneva pesa os prós e contras de um litígio com a Petrobras
14/11/2023A Eneva avalia medidas judiciais contra a Petrobras, que suspendeu a venda de campos de produção terrestre na Bahia. A empresa, controlada pelo BTG Pactual e pela Cambuhy Investimentos, dos Moreira Salles, havia apresentado uma oferta vinculante à estatal em 2022. Juridicamente, a Eneva acredita que dá para brigar. A questão é outra: se politicamente vale comprar esse barulho. Procurada pelo RR, a empresa não se manifestou até o fechamento desta matéria.

Destaque
Justiça coloca combustível em disputa sobre royalties do petróleo
9/11/2023Uma disputa federativa há algum tempo submersa no Judiciário está voltando à tona, a partir de uma ação movida pela Prefeitura de Angra dos Reis contra a União e a ANP. Em sentença proferida no último dia 20 de outubro, o TRF-2, mais precisamente a Vara Federal de Angra dos Reis, determinou que não é necessária a aplicação de correção monetária aos valores repassados pelo governo federal a estados e municípios referentes aos royalties do petróleo. A decisão deverá desencadear uma reação em série de unidades da federação e de cidades produtoras.
A própria Prefeitura de Angra vai impetrar um recurso no TRF-2. É só o começo do que pode vir a ser uma bola de neve judicial. Segundo o RR apurou, os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e municípios do Norte Fluminense já se movimentam para entrar com ações, no próprio Tribunal Federal da 2ª Região ou mesmo no STJ.
O tema é controverso e perambula pelos Tribunais há mais de sete anos. Em 2017, o então ministro do STF Marco Aurelio Mello deu uma liminar ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo garantindo a atualização monetária no repasse dos royalties. No entanto, até hoje não há jurisprudência definida sobre a questão, o que abre caminho para interpretações antagônicas. No Judiciário, espocam decisões isoladas, ora a favor de estados e municípios, ora pró-União, como no caso da ação movida pela Prefeitura de Angra dos Reis.
Ponto para a AGU. O pilar argumentativo da Advocacia-Geral é que a Lei 12.351/2010, que trata da exploração e a produção de petróleo e dos respectivos royalties, não prevê qualquer mecanismo de atualização monetária. O órgão alega também que o intervalo entre o recolhimento dos royalties pelo Tesouro Nacional e a distribuição aos entes federativos não justifica o argumento de “enriquecimento sem causa”, acusação comumente feita por governos estaduais e Prefeituras para cobrar a incidência de correção.
Além do emaranhado de discussões e interpretações jurídicas, há um fator determinante neste momento para tensionar ainda mais o cabo de guerra federativo em torno da derrama do petróleo. A projeção é de que os royalties arrecadados pela União neste ano não passarão de R$ 44 bilhões, ou seja, 30% abaixo da cifra contabilizada em 2022 (cerca de R$ 62 bilhões). Significa dizer que, em termos absolutos, o bolo será menor para todo mundo – governo federal, estados e municípios.
Não se pode desprezar ainda uma variável concorrente: devido à nova política de dividendos da Petrobras, a União receberá um valor bem menor referente à participação nos lucros – a estimativa é que a sua parcela caia de R$ 58 bilhões para R$ 34 bilhões. Nesse contexto, premido pela necessidade de aumentar a arrecadação, o governo certamente adotará uma postura ainda mais firme em relação à disputa por correção monetária sobre os royalties pagos a estados e municípios.

Destaque
Petrobras viabiliza fornecimento de gás para retomada de investimentos em fertilizantes
7/11/2023Quem pensa que as conversas entre executivos da Petrobras e autoridades bolivianas, há duas semanas, em La Paz, ficaram circunscritas a investimentos no país vizinho, notadamente em E&P, não conhece da missa a metade. Os emissários da estatal cumpriram uma missão tão ou mais importante: obter do governo da Bolívia garantias de fornecimento de gás para a Unidade de Nitrogenados de Três Lagoas (UFN III), no Mato Grosso do Sul. Ao que tudo indica, foram bem-sucedidos. Nos corredores da própria Petrobras, circula a informação de que a empresa deverá anunciar nos próximos dias a retomada da construção da UFN III, projeto que marcará o retorno da estatal ao setor de fertilizantes. Um forte indício nesta direção é a presença de uma estrelada comitiva nesta semana em Três Lagoas. Está prevista para amanhã uma visita ao local do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, além do próprio presidente da estatal, Jean Paul Prates. Tebet, por sinal, tem a sua cota de contribuição para a retomada do projeto. Ainda que o retorno da Petrobras ao setor de fertilizantes tenha sido uma promessa de campanha do próprio Lula, Tebet tornou-se uma voz de peso dentro do governo para a retomada da construção da UFN III. Procurada pelo RR, a Petrobras não se pronunciou.

Destaque
Sindicatos e indústria se unem para frear banimento de produtos plásticos
1/11/2023O senador licenciado e atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, conseguiu unir o capital e o trabalho em torno da mesma causa. Grandes representações sindicais estão se juntando a entidades da indústria em uma ofensiva pela reformulação do projeto de lei nº 2524/2022, de autoria de Prates. O PL estabelece o banimento de diversos produtos plásticos de uso único, como canudos, talheres, pratos, copos etc. CUT, Força Sindical e organizações sindicais do setor – notadamente a Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ) – têm feito gestões junto a parlamentares da base aliada para impedir a aprovação do atual texto do projeto. Os sindicalistas reivindicam um tempo maior, de até dez anos, para a retirada dos produtos de circulação e a adequação da indústria à nova legislação – o projeto original de Jean Paul Prates propõe uma transição de apenas dois anos, considerada insuficiente pelos trabalhadores.
As lideranças sindicais pleiteiam ainda que o Ministério do Trabalho seja designado para conduzir a mediação e o planejamento desse período de adaptação. As entidades tentam evitar que, junto com utensílios plásticos, o projeto de lei represente também o banimento de milhares de empregos. De acordo com um estudo que circula entre os sindicatos, as medidas previstas no atual texto do PL colocam sob risco aproximadamente 200 mil dos mais de 340 mil postos de trabalho na cadeia de transformação do plástico, o equivalente a uma massa salarial da ordem de R$ 6,7 bilhões.
Em contato com o RR, a CNQ confirmou que “nós instamos aos legisladores a considerarem essas preocupações e a trabalharem em conjunto com as partes interessadas para suavizar o impacto do PL 2524/2023.” A entidade ressalta “a importância de garantir uma transição justa para os trabalhadores da indústria química”. A Abiplast, por sua vez, defende “a necessidade da reformulação do PL 2524/2022, destacando os impactos econômicos que a supressão de uma gama de produtos pode acarretar para a economia e para toda a sociedade.”.
Energia
As aproximações sucessivas entre Brasil e Bolívia
25/10/2023O presidente Lula vai enviar o próprio ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, à La Paz para conduzir as negociações sobre a retomada dos investimentos da Petrobras na Bolívia. A visita de Silveira deverá resultar em uma espécie de memorando de entendimentos com a YPFB. O terreno para a viagem do ministro de Minas e Energia está sendo preparado pelos executivos da Petrobras que desembarcaram na capital boliviana no fim da semana passada. Os representantes da estatal manterão uma agenda de reuniões com a direção da YPFB para possíveis investimentos conjuntos na extração de óleo e gás e também na produção de lítio – – conforme o RR antecipou.

Energia
Petrobras quer ficar com uma costela da Emae
23/10/2023Diante da iminente privatização da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), o Ministério de Minas e Energia discute possíveis cenários em relação à usina térmica Piratininga, arrendada pela estatal paulista à Petrobras. Uma das ideias é buscar um acordo com o futuro controlador da empresa para manter o contrato de arrendamento, que vence em março do próximo ano. A Pasta cogita também a hipótese, mais complexa, da própria Petrobras apresentar uma proposta de compra da usina.
Com capacidade instalada de 190 MW, a termelétrica não é uma peça isolada no mosaico da petroleira na área de geração. A usina opera de forma integrada à Nova Piratininga, antiga Usina Fernando Gasparian, esta pertencente à Petrobras. O potencial energético combinado das duas plantas é de 576MW.
Além disso, a térmica cumpre um papel dentro do programa de geração emergencial do governo. O problema é que qualquer de solução de continuidade dependerá fundamentalmente da boa vontade de Tarcísio Freitas. O governador de São Paulo terá de topar um acordo que tire um pedacinho da Emae do balcão de privatização.

Política externa
Lula e Luiz Arce conversam sobre investimentos da Petrobras na Bolívia
9/10/2023Segundo uma fonte do Itamaraty, Lula terá, nesta semana, uma conversa por telefone com o presidente da Bolívia, Luiz Arce. Vai tratar da retomada dos investimentos da Petrobras na exploração de gás natural no país vizinho. E do interesse do Brasil em estender o atual contrato de fornecimento do insumo, que vence em 2025. Os preparativos para a conversa entre os dois presidentes começaram na semana passada, quando o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, se reuniu com o seu congênere boliviano, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Franklin Molina Ortiz. Na segunda quinzena de outubro, representantes da Pasta de Minas e Energia e da própria Petrobras são aguardados na Bolívia, mais precisamente em Santa Cruz de La Sierra, para encontros com autoridades locais. A ideia é que sejam discutidos projetos para as reservas de San Alberto, Sábalo, Itaú e San Telmo Norte, no departamento de Tarija.

Destaque
Governo estuda usar BNDES e Petrobras como “avalistas” dos green bonds brasileiros
9/10/2023O governo reserva um papel importante para o BNDES e a Petrobras no lançamento de títulos verdes já anunciado pelo ministro Fernando Haddad. A ideia em discussão na equipe econômica é usar o banco de fomento e a petroleira para garantir a emissão na Bolsa de Nova York, estimada em R$ 10 bilhões pela própria Pasta da Fazenda. BNDES e Petrobras entrariam comprando parte dos títulos, como forma de estimular a demanda e assegurar a colocação dos green bonds.
Seria quase uma operação de tesouraria soberana. As duas estatais funcionariam como uma espécie de avalistas do lançamento, em um gesto eivado de simbolismo. Ao investir nos papéis, as duas estatais, ou seja, o próprio governo afiançaria os títulos soberanos com selo ESG. Seria a União comprando a União. De quebra, BNDES e Petrobras colocariam em sua carteira papéis com um razoável potencial de rentabilidade.
A petroleira, ressalte-se, tem em tesouraria cerca de R$ 4,7 bilhões em títulos públicos. Já o BNDES é um tradicional financiador da União: carrega em carteira aproximadamente R$ 66 bilhões em papéis emitidos pelo Tesouro.
A medida é vista na equipe econômico como um “seguro emissão” ou algo que o valha. A necessidade do BNDES e da Petrobras entrarem ou não na operação e o volume de títulos adquiridos por ambos dependeriam da procura pelos papéis. O cuidado é mais do que justificável. Haddad e seus assessores tratam esse primeiro lançamento de green bonds do Tesouro fundamental, quando não determinante para o êxito de futuras operações similares. Conforme o RR já informou, a equipe econômica já tem planos de lançar outras duas tranches de títulos ESG: uma voltada à Europa e outra especificamente para o que seria um sindicato de fundos soberanos do Oriente Médio. A equipe econômica considera o lançamento dos bônus verdes como uma de suas iniciativas mais relevantes, algo capaz de mudar o patamar do Brasil na captação de recursos internacionais. O objetivo é engendrar um mercado permanente, com potencial de resiliência, que permita emissões com alguma regularidade.

Destaque
Ipiranga e Liquigás são as “surpresas” de Jean Paul Prates?
6/10/2023O termo “surpresas” usado publicamente pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não foi uma mera força de expressão. Segundo o RR apurou, a estatal pretende retornar não apenas à distribuição de combustíveis, mas também ao setor de GLP. A dupla investida é tratada no governo Lula como um movimento carregado de forte simbolismo, uma vez que representaria a reversão de duas decisões da gestão Bolsonaro, marcada por uma política de desinvestimentos na estatal.
A alta direção da Petrobras está discutindo possíveis caminhos para levar os dois projetos adiante. O primeiro movimento não chega a ser surpreendente, já que o próprio Lula repetiu algumas vezes a intenção de recomprar a antiga BR Distribuidora. “Surpresa” mesmo seria a estratégia adotada para o retorno da Petrobras à comercialização de combustíveis. Em vez da reestatização da Vibra Energia, em voga desde a campanha eleitoral, a Petrobras partiria para a compra da Ipiranga, do Grupo Ultra.
Segundo informações filtradas da própria companhia, o próprio Prates é um entusiasta da ideia de uma proposta para a aquisição da companhia. O entendimento é que as circunstâncias podem favorecer o movimento. Não obstante a histórica gestão de excelência do Ultra, a Ipiranga vem apresentando seguidos engasgos na sua operação. A empresa tem sofrido com o binômio perda de margens e aumento das despesas. No segundo trimestre deste ano, o Ebitda caiu 43% em relação a igual período em 2022.
A queda da rentabilidade levou a empresa a cortar na própria carne, com o fechamento de mais de 400 postos no primeiro semestre.
Ao comprar a Ipiranga, a Petrobras voltaria ao setor com seis mil postos. Uma vez mantido o atual contrato de cessão do brand à Vibra Energia – um tema também em discussão na estatal -, a bandeira BR passaria a estar presente em mais de 14 mil unidades, o equivalente a um terço de todos os pontos de venda de combustível do país. Ou seja: a Petrobras multiplicaria consideravelmente a exposição da marca com uma dimensão superior até mesmo ao número de postos da antiga BR Distribuidora em seus tempos de estatal. A ofensiva sobre a rede do Grupo Ultra seria também uma forma de contornar as notórias dificuldades para a aquisição da própria Vibra.
O estatuto da empresa tem uma série de barreiras erguidas exatamente para impedir ou ao menos dificultar a reestatização da empresa. A principal delas é a pílula de veneno imposta a qualquer investidor que atingir 25% do capital. A título de exercício: tomando-se como base apenas a cotação em bolsa, ou seja, sem qualquer prêmio, o valuation para 100% da Vibra é R$ 22 bilhões.
No caso do GLP, segundo uma fonte da própria estatal, entre as cartas colocadas sobre a mesa, a principal delas seria a recompra da Liquigás. A empresa pertence à Copa Energia, mas ainda carrega grande associação com a Petrobras, sobretudo pela manutenção da antiga marca dos tempos de estatal. Além do investimento estratégico per si, a operação seria vital para posicionar a Petrobras na direção da sustentabilidade. O GLP é um combustível mais limpo e alternativa natural de transição para uma matriz de baixo carbono.
O regresso da Petrobras ao segmento de gás de cozinha permitiria, ainda, a ampliação do relacionamento da estatal com as camadas mais baixas da população, importante e histórica base de apoio a Lula. Não por outro motivo, Jair Bolsonaro instituiu o Auxílio Gás no apagar das luzes de 2021, ano anterior às eleições presidenciais – o que, inclusive, lhe valeu uma investigação no Tribunal de Contas, conforme informou o RR.

Empresa
Seacrest avança sobre novos campos maduros da Petrobras
29/09/2023A Seacrest, petroleira com sede nas Bermudas, está garimpando novos campos maduros no Brasil, notadamente nas Bacias do Espírito Santo e de Campos. Segundo o RR apurou, haveria conversas com a própria Petrobras. A estatal tem ativos em fase declinante de produção em áreas como Barracuda e Albacora, no Norte Fluminense. Neste ano, a Seacrest já desembolsou US$ 426 milhões na compra de quatro campos terrestres da Petrobras no Polo Norte Capixaba, com produção diária da ordem de 4,6 mil barris. No início deste ano, a petroleira levantou US$ 260 milhões com uma emissão de ações na Bolsa da Noruega. A Seacrest tem planos de triplicar sua produção no país até 2025.

Empresa
China Petroleum quer aumentar participação em sociedade com a Petrobras
20/09/2023A China National Petroleum Corporation (CNPC) abriu conversações com a Petrobras em torno do aumento da sua participação no bloco Aram, uma parceria com a estatal na Bacia de Santos. Os chineses detêm 20% do consórcio; os 80% restantes estão nas mãos da empresa brasileira. Trata-se de um dos maiores e mais promissores ativos do grupo chinês em águas profundas em todo o mundo.
Em maio, a Petrobras anunciou a segunda descoberta de óleo no bloco. O diretor executivo de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Carlos Travassos, já disse publicamente que a empresa declarar “em breve” sua comercialidade. O apetite da CNPC não se limita ao bloco de Aram.
Os chineses despontam como candidatos a outros investimentos conjuntos com a Petrobras, inclusive na área de refino. Seria um passo a mais na aproximação entre a estatal e petroleiras da China. No fim de agosto, a Petrobras assinou memorandos de entendimento com quatro grupos chinesas para possíveis investimentos em exploração e produção, refino e energia renovável.Procurada pelo RR, a estatal não se manifestou.

Destaque
Governo embala medidas para estimular investimentos em eólicas offshore
19/09/2023Enquanto o marco regulatório não sai, o governo está quebrando a cabeça em busca de medidas para estimular investimentos em usinas eólicas offshore. Uma das propostas em discussão no Ministério de Minas e Energia é vincular a cessão das áreas a contratos de venda de energia de até 20 ou 30 anos, ancorados no mercado cativo. Ou seja: o investidor teria, já na partida, a garantia de compra do insumo por acordos de longo prazo e com o chamado preço definido, ou seja, fixado pela Aneel, regime no qual os consumidores não têm liberdade para negociação das tarifas.
Segundo estudos da área técnica do Ministério de Minas e Energia, as eólicas offshore em funcionamento no mundo somente atingiram seu breakeven entre 15 e 20 anos. Os contratos de longo prazo seriam uma maneira de assegurar o retorno do investimento. Outra medida que ganha corpo no governo é a participação direta do BNDES no financiamento dos projetos.
Uma das ideias é o uso de debentures incentivadas de infraestrutura. As empresas ou consórcios à frente dos projetos emitiriam os papéis com a garantia firme de que o banco de fomento ficaria com uma parcela mínima. Seria um considerável reforço, além das linhas de crédito já criadas pelo BNDES para financiar projetos em energia renovável, que somam até o momento algo em torno de R$ 15 bilhões.
Um dos maiores óbices à construção de eólicas em alto-mar é justamente o seu elevado custo. Para cada 1 GW de capacidade instalada, estima-se que é necessário um investimento da ordem de US$ 2,5 bilhões, mais de duas vezes maior valor exigido em usinas onshore.
As discussões dentro do governo vêm sendo conduzidas diretamente pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira – à frente também das articulações junto ao Congresso para a aprovação do marco regulatório das eólicas offshore ainda neste ano. Um dos principais colaboradores de Silveira na formulação de propostas para o setor é Mauricio Tolmasquim, gerente de Estratégia e Planejamento da Petrobras. Durante o período de transição, Tolmasquim foi quem elaborou boa parte das diretrizes do governo Lula para a área de transição energética.
Na Petrobras, é o executivo responsável pelos projetos para o segmento. A própria estatal, conforme já anunciado pelo governo, terá um forte papel como indutora de investimentos em energia renovável e, mais especificamente, em geração eólica offshore. Na semana passada, a empresa divulgou já ter protocolado junto ao Ibama estudos para licenciamento ambiental em dez projetos na costa brasileira, com capacidade somada de 23 GW.

Destaque
Petrobras e Saudi Aramco têm um encontro marcado na energia renovável
18/09/2023O governo Lula reserva um papel relevante para a Petrobras nas relações bilaterais entre Brasil e Arábia Saudita. Há articulações para uma parceria entre a estatal e a Saudi Aramco na área de transição energética. A ideia é que as duas companhias façam investimentos conjuntos em geração eólica e na produção de hidrogênio verde no Brasil.
O acordo poderá ser turbinado com aportes do PIF (Public Investment Fund), fundo soberano saudita, que já anunciou um mega plano de desembolsar globalmente US$ 1 trilhão ao longo da próxima década em setores estratégicos, como energia limpa e cadeia de alimentos. O acordo reforçaria a estratégia do governo de impulsionar a atuação da Petrobras em geração renovável por meio da associação com grandes grupos internacionais, vide a Equinor. A estatal já firmou um memorando de intenções com a petroleira norueguesa para a construção de até sete usinas eólicas offshore no litoral brasileiro. Procurada pelo RR, a Petrobras não quis comentar o assunto.
As tratativas envolvendo Petrobras e Saudi Aramco se dão em um contexto diplomático mais amplo e favorável ao Brasil. O presidente Lula foi um dos principais articuladores da entrada da Arábia Saudita, assim como de outros países, no bloco dos BRICs. Seu prestígio junto aos sauditas pode ser medido pelo recente encontro reservado com o príncipe Mohammed bin Salman por ocasião da reunião de cúpula do G20 na Índia.
O Brasil tem a oportunidade surfar na enxurrada de investimentos que a Arábia Saudita está fazendo para renovar sua matriz energética e econômica – baseada em petróleo, petróleo e petróleo. Recentemente, a própria Saudi Aramco anunciou investimentos de US$ 2,5 bilhões na instalação de duas usinas solares no país. Nos planos sauditas cabem projetos colossais, como The Line, a cidade futurista que está sendo construída no deserto e será toda abastecida com energia limpa. A associação com a Petrobras em transição energética tem correlação também com outros investimentos já feitos pelos árabes no Brasil, como a recente aquisição de 13% da Vale Metals pela Manara Minerals, leia-se o próprio PIF. Com o acordo, a Arábia passou a ter em território brasileiro uma privilegiada fonte de suprimento de níquel e cobre, essenciais para a produção de baterias elétricas.
Energia
Petroecuador sai a caça de investidores no Brasil
6/09/2023Executivos da Petroecuador têm feito uma espécie de road show no Brasil em busca de parceiros para investimentos em exploração e produção de petróleo em seu país. Segundo o RR apurou, houve conversas com a Petrobras e com uma petroleira privada. A estatal equatoriana precisa de sócios para acelerar projetos em desenvolvimento e compensar o duro golpe que sofreu recentemente.
Em plebiscito realizado em agosto, 90% da população local decidiram proibir a exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuní, na Amazônia equatoriana, uma das maiores e mais promissoras jazidas do país. Além de ter de encerrar suas operações na região, a Petroecuador ainda será obrigada a gastar aproximadamente US$ 700 milhões para o desmantelamento de suas instalações.

Destaque
Petrobras pode ser o ponto de fusão entre Brasil e Bolívia no lítio
30/08/2023A retomada dos investimentos da Petrobras em terras bolivianas vai além da exploração de petróleo e gás. A estatal poderá ser uma ponte entre Brasil e Bolívia para uma parceria na produção de lítio. Ainda que incipientes, já existem alguns passos nessa direção.
Segundo o RR apurou, uma comitiva da Petrobras viajará ao país vizinho no mês que vem para visitar reservas do mineral pertencentes à estatal YLB (Yacimientos de Lítio Bolivianos). A delegação deverá percorrer as jazidas de Uyuni, Coipasa e Pastos Grandes, que somam cerca de 23 milhões de toneladas de lítio já comprovadas. De acordo com a mesma fonte, a agenda incluiria também encontros com representantes da chinesa Citic Guoan Corporation e da russa Uranium One Group.
Ao lado da YLB, ambas estão construindo dois complexos industriais opara a extração e processamento do mineral nas reservas de Uyuni e Coipasa, um investimento da ordem de US$ 1,5 bilhão. Em contato com o RR, a Petrobras informou que “está, no momento, desenvolvendo estudos sobre os investimentos para seu Plano Estratégico 2024-2028.” Segundo a companhia, “o direcionador estratégico para a área de gás e energia e renováveis é atuar de forma competitiva e integrada, otimizando o portfólio e atuando na inserção de fontes renováveis, com um indicativo de investir entre 6% e 15% do total previsto em projetos de baixo carbono.
” A Petrobras lembra que “baterias e outras tecnologias de armazenamento de energia fazem parte do contexto da transição energética”. Mas é cautelosa e diz que “atualmente não há nenhuma definição quanto a investimentos ou parcerias neste segmento nem acerca de seu posicionamento no segmento de extração de lítio.”
O próprio ministro de Energia da Bolívia, Franklin Molina, já andou dando spoiler sobre o assunto. Há pouco mais de um mês, em entrevista a uma TV local, deixou escapar a possibilidade de a Petrobras investir em lítio no país. O script idealizado pelo Brasil vai ainda mais longe. O governo brasileiro vislumbra a oportunidade de trazer parceiros internacionais para a produção do mineral do lado de cá da fronteira. Mais do que isso: a parceria com a Bolívia seria o passaporte para um movimento multilateral sabidamente almejado pela gestão Lula: a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”, o bloco que está sendo costurado por bolivianos, chilenos e argentinos, detentores de quase 70% das reservas globais do insumo. O governo brasileiro acreditar estar empilhando créditos para que isso aconteça: além da retomada dos projetos da Petrobras na Bolívia, há conversações para o aumento dos volumes de gás adquiridos do país vizinho.

Política externa
Lula vai à Angola e Angola vem ao Brasil vender o seu petróleo
21/08/2023O petróleo terá um papel central na pauta da visita de Lula a Angola, nos próximos dias 25 e 26.Os angolanos pretendem buscar investidores no Brasil para atuar na exploração e produção de óleo e gás. Segundo tratativas preliminares entre os dois países, a própria Agência Nacional de Petróleo, Gás e Bicombustíveis de Angola pretende realizar um road show no Brasil para promover suas futuras rodadas de licitações. Há uma marcada logo ali na frente, em 30 de setembro, quando a agência vai leiloar as bacias terrestres de Kwanza e do Congo. Em tempo: cabe recordar que, em um passado recente, a Petrobras já teve operações de exploração e produção no continente africano, mais precisamente em Angola, Benin, Gabão, Tanzânia e Namíbia, por meio de uma joint venture com o BTG. Um negócio de incômoda lembrança tanto dentro da estatal quanto para André Esteves. Em 2019, a Lava Jato investigou suspeitas de irregularidades na venda dos ativos ao banco.

Destaque
Governo aumenta a dosagem de conteúdo local na indústria de óleo e gás
18/08/2023O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e seus assessores estão elaborando uma proposta a ser enviada à ANP, no mais tardar até outubro, para o aumento da exigência de conteúdo local na exploração e produção de óleo e gás. Mas que ninguém espere uma reprise dos primeiros mandatos de Lula e da gestão Dilma, quando o sarrafo foi lá para cima. A ideia do governo seria estabelecer faixas “intermediárias”, na casa dos 50% ou 60%, dependendo da fase do projeto e da área (onshore ou offshore).
Em 2004, no pico da obrigatoriedade, a exigência de equipamentos nacionais chegou a 86% na etapa de exploração e a 89% nas atividades de desenvolvimento. Hoje, o índice para exploração está fixado em 18%. No caso da produção, as alíquotas variam de 25% a 40%. A medida é tratada pelo governo como condição sine qua non para a retomada da indústria naval brasileira – promessa de campanha do presidente Lula. E a ANP nessa história?
No Ministério de Minas e Energia, o entendimento é que a agência reguladora não será um obstáculo para a mudanças nas regras. O diretor-geral da agência, Rodolfo Saboia, é tido como uma figura maleável. Não custa lembrar que foi na sua gestão, por meio da resolução 848/2021, que a ANP mudou o procedimento em relação às petroleiras que descumprem as regras de conteúdo local. A agência passou a permitir Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) para a conversão de multas em novos investimentos obrigatoriamente em bens e serviços nacionais. Somente nos 12 primeiros meses de vigência da nova norma, 25 empresas apresentaram proposta de acordo, totalizando R$ 2 bilhões em multas que acabaram convertidas em encomendas à indústria local.
Falar de conteúdo local é falar de Petrobras. Assim como no passado, a estatal será a grande responsável por fomentar as encomendas à indústria naval brasileira. Toda essa engrenagem se cruza também com o PAC. A companhia tem 47 projetos incluídos no Programa, um pacote de investimentos da ordem de R$ 320 bilhões. Nove desses projetos estão na Margem Equatorial, considerado o novo pré-sal brasileiro.
Energia
Negociações sobre o gasoduto de Vaca Muerta avançam
18/08/2023Segundo informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, uma comitiva do governo argentino vai desembarcar no Brasil até o fim de agosto. Na agenda, reuniões em Brasília e na Petrobras. É mais uma etapa do processo de negociação para o possível financiamento do Brasil à construção do gasoduto de Vaca Muerta. O apoio está condicionado à garantia de fornecimento de gás. A Secretaria de Energia da Argentina acena com duas possibilidades para o suprimento do insumo. A primeira é a construção de um ramal saindo do Noroeste da Argentina, do trecho do pipeline entre Sallequieló e San Gerônimo para se conectar com o gasoduto Bolívia-Brasil. A outra é a abertura de um ramal do Sul argentino até Uruguaiana, seguindo posteriormente para Porto Alegre

Destaque
Queda nos dividendos das estatais já está “precificada” no ajuste fiscal
9/08/2023Haja aposta eletrônica, cassino, “imposto do pecado” e o que mais estiver ao alcance. O governo vai ter de cortar um dobrado para aumentar a arrecadação e cumprir as metas do novo arcabouço fiscal. Um dos grandes desafios da equipe econômica neste momento é encontrar formas de compensar a queda no pagamento de dividendos das estatais, que, nos últimos anos, se tornou uma importante fonte de receita para a União. A redução da derrama está dada, em razão de uma combinação de fatores, a começar pela própria redução da lucratividade das empresas, vide a Petrobras.
O lucro de R$ 28,7 bilhões no segundo trimestre representou uma queda de 47% em relação a igual período no ano passado. A petroleira não está sozinha. Ainda que não na mesma proporção, a Caixa Econômica também amargou um resultado decepcionante no primeiro trimestre – o ganho de R$ 1,9 bilhão representou um recuo de 5% na comparação com o mesmo intervalo em 2022.
Outro fator determinante para a queda da receita com os repasses de dividendos vem de uma decisão do próprio governo: é líquido e certo que, na gestão Lula, as grandes estatais – leia-se, sobretudo, Petrobras, BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica – voltarão a ter um forte papel na indução de investimentos e na ampliação de programas com impacto social. Em suma: vai sobrar menos dinheiro para remunerar os acionistas. Não faltam movimentos que apontam nessa direção. A Petrobras já sinalizou seu retorno ao setor de fertilizantes e a retomada dos projetos para a renovação da matriz energética – neste último caso, com a possibilidade de criação de uma subsidiária específica.
O Banco do Brasil, por sua vez, está abrindo o cofre para a agricultura. O Plano Safra 2023/24 será o maior da história, com R$ 240 bilhões, 27% a mais do que na edição anterior. Já na Caixa Econômica, a ordem é impulsionar o crédito habitacional. Só no primeiro semestre, o banco destinou R$ 85 bilhões para o financiamento da casa própria, 15% a mais do que em igual período no ano passado. A conta deve crescer nos próximos meses, diante da disposição do governo de turbinar o recentemente relançado Minha Casa, Minha Vida.
Somente em 2021 e 2022, a soma dos dividendos pagos à União pelas estatais foi de R$ 131,4 bilhões. Ressalte-se que o repasse correspondeu a 3,6 vezes a cifra prevista no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) totalizando-se os dois anos (R$ 36 bilhões). Na média, a Petrobras, sozinha, foi responsável por quase 70% do que o Tesouro arrecadou com a participação nos lucros das estatais. Em seus cálculos, o governo estima que terá de aumentar a arrecadação em até R$ 150 bilhões para cumprir as metas do arcabouço fiscal.
Para efeito de comparação, trata-se do equivalente a quase três vezes o montante que a Petrobras repassou à União em 2022 a título de participação nos lucros – em torno de R$ 55 bilhões. Valores como esse ficarão no passado. A locomotiva dos dividendos já começou a desacelerar. Na semana passada, a petroleira anunciou a distribuição aos acionistas de R$ 14,9 bilhões, relativos ao segundo trimestre deste ano.
O valor é 83% inferior aos dividendos pagos pela estatal em referência ao segundo trimestre de 2022. Banco do Brasil, Caixa e BNDES vão seguir a mesma toada. No caso da agência de fomento, a nova política nem esperou por 2023, retroagindo ao ano passado. O banco já anunciou que pagará à União o equivalente a 25% do lucro de 2022, e não mais 60% com estava previsto originalmente. Com isso, o repasse caiu de R$ 24 bilhões para R$ 10 bilhões.

Empresa
“Petroverde” pode comer ainda mais dividendos da Petrobras
1/08/2023Jean Paul Prates vai ter de contentar a União e seus acionistas majoritários. O presidente da Petrobras vai secar os dividendos da estatal para cumprir a política de investimentos com um pé firme na renovação da matriz energética. Parcerias com outras empresas em projetos de energia verde já estão sendo tratados. Além de empreitadas da companhia no greenfield. A produção de hidrogênio verde é a parada final. O ânimo é tão grande que até se pensa em criar uma empresa subsidiária ou coligada com um nome diferente. A Petrobras manteria sua denominação de batismo. A experiência amarga de tentativa de mudança da marca, na gestão de Henri Philippe Reichstul, que passaria a se chamar Petrobrax, jogou uma pá de cal na tentativa de repetir a iniciativa. Mas uma Petroverde, anexada à holding, faz brilhar os olhos de Prates.
E a grande Petrobras, a dona do petróleo brasileiro? Pois vai ter menos dividendos e mais recursos, não somente para expandir a exploração do pré-sal, mas para iniciar o épico da extração de óleo da Margem Equatorial, tida com a maior reserva petrolífera do país. Prates trabalha para que Lula possa dizer: “Eu estou fazendo um novo pré-sal, o que ninguém fez no mundo”. Agora, há muita gente gulosa entre Prates e suas intenções. Que o comandante da Petrobras se cuide.

Destaque
Centrais sindicais sobem ao palco da venda da Braskem
13/07/2023Nunca antes na história houve tamanho alinhamento entre a direção da Petrobras e sindicalistas. As grandes centrais de trabalhadores do país – à frente CUT e CTB – estão entrando de cabeça em um movimento de apoio à compra da Braskem pela estatal. A coalizão, ressalte-se, ainda não é um monolito. Há uma fissura localizada: a Força Sindical teria se negado a participar da iniciativa. Nos bastidores, a recusa é atribuída ao próprio Paulinho da Força, não exatamente pelo tema em questão, mas por divergências políticas e disputas de poder, notadamente dentro da IndustriaALL Brasil – entidade criada pela CUT e pela Força Sindical em 2020 e inspirada na IndustriALL-Global Union, que reúne mais de 50 milhões de trabalhadores em 140 países. Dissensos à parte, as grandes centrais discutem algumas iniciativas em defesa da “estatização” da Braskem. CUT, CTB e cia. costuram um manifesto para endossar a carta aberta publicada na semana passada por nove entidades de trabalhadores dos setores petroleiro e químico, à frente o poderoso Sindipetro. O documento diz que a Petrobras deve assumir o controle da Braskem e transformá-la em um “instrumento estatal para o desenvolvimento nacional”. Segundo informação apurada pelo RR junto ao presidente de uma das centrais de trabalhadores, os líderes sindicais engajados no movimento cogitam também a realização de uma grande manifestação no Rio, sede da Petrobras. Ou seja: a venda da Braskem – quem diria? – pode parar nas ruas.
A mobilização dos sindicalistas vai ao encontro do interesse da Petrobras em assumir o controle da Braskem, já manifestado pelo presidente da companhia, Jean Paul Prates. Na última segunda-feira, a estatal informou que solicitou acesso virtual ao data room da empresa petroquímica para o eventual exercício do tag along ou do direito de preferência sobre a participação da Novonor. Ontem, a J&F ingressou oficialmente no rol de candidatos à aquisição da Braskem, com uma proposta de R$ 10 bilhões, juntando-se a outros interessados – Unipar e um consórcio formado por Apollo e Adnoc, praticamente descartados. Nesse contexto, a entrada em cena das centrais sindicais com a sua pressão sintonizada com a direção da Petrobras vai colocar ainda mais combustível nessa disputa. Quase que como um “referendo” interno, será a força de trabalho legitimando a decisão da estatal.

Destaque
Petrobras avança no mapa da América do Sul
10/07/2023O projeto da Petrobras de retomar os investimentos na América do Sul começa a sair do papel. Segundo o RR apurou, a estatal pretende disputar as próximas rodadas de licitações de campos de petróleo na Guiana. A primeira delas ocorre nesta semana: as propostas devem ser enviadas até o dia 15 de julho – ao todo, serão ofertados 14 blocos. A investida teria uma motivação principal: a Margem Equatorial, que se estende ao país vizinho e também ao Suriname. Estudos mostram que há uma grande similaridade do ponto de vista geológico entre os campos petrolíferos existentes na Guiana e aqueles localizados no lado brasileiro, na faixa litorânea entre o Amapá e o Rio Grande do Norte. Há notórias sinergias, tanto que pesquisas e descobertas já realizadas na Guiana e no Suriname têm servido de referência para estudos da Petrobras – a estatal já furou mais de 700 poços na Margem Equatorial.
Além das razões de ordem estratégica, sob certo aspecto a investida da companhia no país vizinho pode ser vista também como uma questão de Estado. A julgar pelos acenos e declarações já feitos pelo próprio presidente Lula, a Petrobras será uma peça importante para o governo fazer política externa na América do Sul, somada a boas oportunidades de investimento. Não por coincidência, segundo uma qualificada fonte do Itamaraty, Lula e o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, deverão ter uma conversa telefônica ainda nesta semana. Ao que tudo indica, a licitação de blocos de exploração e produção será um dos temas abordados. Em contato com o RR, consultada sobre a possível participação no leilão da Guiana, a Petrobras disse que “Por meio da nossa gestão ativa de portfólio, estamos constantemente avaliando oportunidades, dentro e fora do Brasil. No exterior, estamos atentos tanto às licitações que acontecerão quanto a possíveis parcerias com outras empresas.”. A empresa afirmou ainda que “Inscrições em rodadas de licitação de blocos e acesso aos dados fazem parte do processo de avaliação de novas oportunidades de negócio. A participação no processo não garante a efetiva formalização de proposta no dia do leilão.”
Em outro front, a Petrobras já teria iniciado também conversas com a YPFB para investimentos conjuntos na Bolívia. Entre outras possibilidades de parceria, a YPFB busca parceiros, por exemplo, para a campanha de exploração e produção de gás na área de Vitiacua, no Departamento de Chuquisaca. Trata-se da mais nova e promissora fronteira exploratória da Bolívia. As reservas estimadas somam mais de 56 bilhões de metros cúbicos de gás. É a maior aposta dos bolivianos para aumentar o suprimento interno e as exportações do insumo. Ao RR, a Petrobras informou que “Conversações com a YPFB, contraparte nos Contratos de Serviços operados na Bolívia, são parte da rotina de gestão dos ativos que a companhia detém no país, por meio de uma subsidiária.” Consultada especificamente sobre a nova área de exploração de gás, a estatal afirmou que “Não há, no momento, nenhuma conversa em andamento com a YPFB em relação ao bloco Vitiacua.”
Justiça
Estados miram uma grana extra no crepúsculo da Lava Jato
3/07/2023A decisão do ministro Edson Fachin autorizando que parte da indenização paga por um delator à Petrobras seja compartilhada com o Mato Grosso traz um novo matiz, ainda que tardio, à Lava Jato. São Paulo e Pernambuco também deverão receber uma parcela da sanção. O erário dos dois estados teve perdas com desvios de recursos revelados, em seu acordo de colaboração com a Justiça, por Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef. Segundo o RR apurou, procuradores do Mato Grosso, São Paulo e Pernambuco já estão debruçados sobre os processos da Lava Jato com o objetivo de identificar novas possibilidades de pedidos de indenização.

Política
Um afago de Lula a José Sarney
28/06/2023O Palácio do Planalto cogita nomear o atual embaixador do Brasil em Lisboa, Raimundo Carreiro, para o comando da PPSA. À frente da estatal do pré-sal, que vai ganhar novo fôlego na gestão Lula após ser praticamente escanteada por Jair Bolsonaro, Carreiro teria, por exemplo, a missão de conduzir o programa de aumento da oferta de gás natural, já anunciado pelo governo. Não é de hoje que o Planalto busca um cargo para repatriar Carreiro e fazer um afago a José Sarney, seu tutor político. Outra hipótese já aventada foi aninhar o embaixador e ex-ministro do TCU na diretoria de relações institucionais da Petrobras.

Empresa
Petrobras e Ecopetrol ensaiam um dueto dos dois lados da fronteira
19/06/2023A colombiana Ecopetrol já fez chegar à Petrobras o interesse em montar um “bem bolado” com a companhia. De um lado, a retomada dos investimentos da estatal brasileira em exploração e produção de óleo e gás na Colômbia; do outro, uma parceria para o desenvolvimento de projetos de transição energética do lado de cá da fronteira. De certa forma, a primeira parte da dobradinha já começou, com a recente decisão da Petrobras de suspender a venda da sua participação de 44% no bloco de Tayrona, na Colômbia.

Internacional
Petrobras acelera conversas com YPFB para investimentos na Bolívia
6/06/2023A retomada dos projetos da Petrobras em países vizinhos é para ontem. O RR apurou que executivos da diretoria de Exploração e Produção deverão viajar à Bolívia ainda neste mês. Na agenda, conversas com a diretoria da YPFB para discutir projetos conjuntos de exploração de gás. O próprio no1 da estatal, Jean Paul Prates, conversou sobre o assunto com o presidente da Bolívia, Luiz Arce, na semana passada, em Brasília.
Política externa
Argentina busca apoio do governo Lula para compras gás
2/06/2023O presidente da Argentina, Alberto Fernández, aproveitou sua passagem por Brasília para negociar com o governo Lula um acordo para a compra de gás. A operação envolveria a transferência de aproximadamente 10 milhões de metros cúbicos por dia, em um acordo pelo menos até o fim do ano. Na prática, o Brasil atuaria quase como um trader, um intermediário na venda do gás boliviano. O país andino estaria atrasando a entrega de insumo já contratado pela Argentina, algo não muito diferente do que a estatal boliviana YPFB fez com a Petrobras entre 2019 e 2020.

Destaque
Maduro desponta como o “fiador” da entrada do Brasil na Opep
31/05/2023Há pelo menos duas versões para as loas de Lula a Nicolás Maduro, que excederam qualquer expectativa de exagero na recepção – Maduro teve honrarias de um grande chefe de Estado. A primeira das versões, um tanto quanto simplória, interpreta a apoteose de saudação a Maduro em terras brasileiras como mais um ato de pragmatismo. Lula pretendeu dar um sinal amigável as suas bases de apoio mais à esquerda. Por essa ótica, comprada por quase todas as mídias, os festejos para o presidente venezuelano foram planejados para afagar a bolha dos petistas e aliados mais ideológicos. A segunda versão é mais ambiciosa. Ela segue em linha com o projeto de Lula de levar o Brasil a um patamar de protagonismo na discussão e decisões da geopolítica. O presidente da Venezuela é visto no Palácio do Planalto como um aliado fundamental para o projeto acalentado pelo petista e seus principais assessores da área internacional, notadamente Celso Amorim: a entrada do Brasil na Opep. Maduro funcionaria como uma espécie de embaixador do pleito brasileiro junto aos demais integrantes das Organização dos Países Exportadores de Petróleo – da qual os venezuelanos são membros fundadores. Guardadas as devidas proporções, o presidente da Venezuela estaria para a causa como Donald Trump esteve, em certo momento, para as tratativas em torno do ingresso do Brasil na OCDE.
Os números credenciam o Brasil a entrar na Opep. Na média, o país produz atualmente algo em torno de 3,2 milhões de barris de petróleo por dia. Esse volume seria suficiente para colocar o Brasil em quarto no ranking dos países membros da Organização, atrás apenas da Arábia Saudita, Iraque e Irã. Olhando-se para as reservas comprovadas, o poder de fogo brasileiro seria menor se comparado aos integrantes da entidade. Atualmente, o país tem cerca de 15 bilhões de barris, o que lhe daria apenas o décimo lugar no rol da Opep – por sinal, quem lidera nesse quesito é exatamente a Venezuela, com aproximadamente 300 bilhões de barris. Ressalte-se, no entanto, que o Brasil pode, em breve, dar um salto com a Margem Equatorial – o que, de certa forma, explica a disposição de Lula de levar adiante os projetos da Petrobras nessa nova fronteira petrolífera, não obstante os óbices de ordem ambiental. Estudos mais recentes, como o do Centro de Infraestrutura (CBIE), indicam uma estimativa em torno de 30 bilhões de barris em reservas estimadas na região.
O governo Bolsonaro, não custa lembrar, chegou a ensaiar articulações internacionais para o ingresso do Brasil na Opep. Na viagem que fez à Arábia Saudita, em 2021, o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tratou do assunto com as autoridades locais. Como quase tudo na política externa da gestão Bolsonaro, a pauta não saiu do lugar.

Destaque
Margem Equatorial é um falso dilema para o governo
26/05/2023O imbróglio da Margem Equatorial é uma “Escolha de Sofia que já está escolhida”. O Palácio do Planalto não vai recuar. Muito pelo contrário. O governo Lula está decidido a fazer o que for necessário para levar adiante os projetos da Petrobras na região. A decisão vai muito além da esfera corporativa. Trata-se de um assunto de Estado, conduzido a partir de um forte cálculo político e de um aguçado senso de oportunidade. É como se dois raios tivessem caído no mesmo lugar, ou melhor, na gestão do mesmo presidente da República. Em termos potenciais, a Margem Equatorial está para o Lula III como o pré-sal para o Lula I e II. A nova fronteira petrolífera do Brasil tem reservas estimadas em 30 bilhões de barris, segundo estudo da CBIE Advisory, do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Ou seja: o triplo das reservas já comprovadas do pré-sal.
Entre os prós e contras que pesam na balança, o governo Lula vislumbra um saldo político positivo. A preocupação agora é administrar as possíveis perdas. O Palácio do Planalto sabe que precisa endurecer para tirar petróleo da Margem Equatorial, mas sem perder a ternura em pontos chave. A questão é como mitigar a desmoralização do Ibama; como encaixar a “operação fura-poço” na Amazônia sem perder a franquia do discurso de preservação ambiental; como não diluir o prestígio internacional de Lula nessa área. E, de alguma forma, tão ou mais importante: como acomodar Marina Silva, que, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e Fernando Haddad, forma a tríade dos ministros indemissíveis, tamanho o desgaste político que a saída de qualquer um da respectiva Pasta traria. Marina é um fator de risco, vide o track records: no primeiro governo Lula deixou o Ministério do Meio Ambiente por não concordar com a “Margem Equatorial” da ocasião, leia-se a construção da Usina de Belo Monte. Ainda assim, há sinais, neste momento, de uma maior adaptabilidade de Marina às circunstâncias políticas. São sintomáticas, por exemplo, as suas declarações de que o Congresso tem poder demais e é o maior responsável pelo desmonte dos órgãos ambientais. É como se a ministra estivesse calculadamente desviando o foco do Planalto e do próprio presidente Lula para o Legislativo.
De toda a forma, há uma dissintonia no governo Lula. Em vários aspectos, a teoria e a prática não dialogam, com colisões entre diferentes iniciativas e políticas. É o caso, por exemplo, das medidas anunciadas ontem para a produção de veículos populares. Não há dúvidas de que a indústria como um todo precisa de airbags, sobretudo um setor que, apesar de toda a tecnologia, ainda é intensivo em emprego, como o automobilístico. No entanto, é no mínimo um contrassenso de que um governo que se diz tão comprometido com a transição energética e a causa ambiental estimule a produção de automóveis em vez de fomentar soluções de mobilidade no transporte coletivo.
De qualquer forma, essa questão é apenas um detalhe, algo infinitamente inferior frente ao problema maior da Margem Equatorial. Trata-se de um assunto de razoável peso institucional, capaz de gerar uma eventual crise interministerial e de desarticular um núcleo duro desse governo representado na figura da ministra Marina Silva.
Institucional
Presidente do Ibama leva puxão de orelhas dos cartórios brasileiros
26/05/2023Como diria o outro, “Que fase!”. Após a negativa do pedido de licença ambiental da Petrobras para a Foz do Amazonas, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, vem recebendo flechadas de todos os lados. Algumas inusitadas. A Associação dos Notários e Registradores do Brasil pretende encaminhar uma representação formal ao Instituto por conta de uma recente declaração de Agostinho. Ao mencionar a recusa da autorização à Petrobras, o presidente do Ibama disse que o órgão “não é um cartório onde as pessoas levam um papel e a gente carimba”. No documento que será enviado a Agostinho, a Associação vai ressaltar que as atividades que o tabelionato executa são regidas por lei e fiscalizadas pelo Poder Judiciário.

Destaque
Petrobras registra vazamento de óleo na Região dos Lagos
25/05/2023O RR recebeu, há cerca de uma hora, a informação de um vazamento de óleo em instalações da Petrobras na cidade de Arraial do Cabo, mais precisamente na Praia do Pontal. O assunto é tratado com gravidade pelas autoridades da Região. Em contato agora há pouco com o RR, a Petrobras confirmou que “foram identificados resíduos de material oleoso em algumas praias do município de Arraial do Cabo (RJ).” A empresadiz que “recolheu as amostras e encaminhou para análise da procedência do material oleoso.” A Petrobras afirma que “está realizando limpeza da área atingida, mesmo que não haja confirmação da origem do material.” Em meio às discussões sobre a Margem Equatorial, era tudo o que não podia acontecer para a companhia.
ATUALIZAÇÃO (18h23): A Petrobras procurou o RR para prestar esclarecimentos adicionais. A empresa informou que “ainda não há confirmação desse vazamento ser da Petrobras.”. A companhia informa também que “não possui instalação em Arraial do Cabo.”

Empresa
A Vale é bem maior do que seus números da superfície revelam
19/05/2023É difícil saber o que a Vale tem feito para ampliar o seu arsenal mineral. Está fazendo pesquisas? Em que áreas? Há descobertas novas? A companhia divulga de forma meio mequetrefe o seu estoque de reservas medidas e inferidas. Historicamente, a empresa sempre deteve áreas geológicas riquíssimas. Não houve nada que tenha feito isso mudar. A Vale tinha uma subsidiária, a Docegeo, voltada exclusivamente para a pesquisa e prospecção mineral. Foi extinta há exatos 20 anos. Era uma espécie de “mini CPRM” – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – só que com um portfólio de maior valor. Ficavam na Docegeo os alvarás de pesquisa, ou seja, a subsidiária funcionava como responsável pelas atividades geológicas e uma espécie de banco das potenciais jazidas da companhia. No intervalo entre os anos 70 e 90, a companhia atualizava duas a três vezes por ano descobertas e investimentos, através de comunicados e entrevistas à imprensa.
Lá nos idos da privatização da Vale, o histórico ex-presidente da empresa, Eliezer Batista, se levantou contra o modelo de venda em função da precificação indevida desses ativos. Na época dizia-se que somente as jazidas da companhia somavam R$ 100 bilhões, enquanto a mineradora foi privatizada por “somente” R$ 3,3 bilhões. Só para se ter um aperitivo dessa riqueza, apenas em Carajás a Vale tem grandes reservas inferidas de quase todos os minérios mais relevantes. No agregado, certamente elas são maiores e mais valiosas do que as pertencentes a qualquer outra empresa no Brasil, à exceção da Petrobras. Duvida-se que essa fortuna esteja contida no valor de mercado da companhia ou mesmo seja auditada nos seus balanços sociais. Aliás, quanto vale esse estoque? E por que a empresa, que atualiza seus dados minerais na CVM e na SEC, não divulga oficialmente os valores do seu maior ativo, aquele que está guardado debaixo da terra? Métodos para aferição existem. É só fazer conta. O RR encaminhou uma série de perguntas à Vale e fez seguidos contatos com a companhia, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.
Negócios
O retorno ao game de um velho conhecido da Lava Jato
19/05/2023Após enfrentar os percalços da Lava Jato, o executivo Eduardo Antonello, ex-CEO da Golar Power, está de volta ao mercado. Em conversas com investidores do setor, tem acenado com a promessa de projetos grandiosos na área de GNL (Gás Natural Liquefeito). O track records joga a seu favor. Enquanto esteve à frente da Golar Power – uma joint venture entre a norueguesa Golar LNG e o fundo norte-americano Stonepak -, Antonello liderou uma leva de empreendimentos no segmento. Hoje a empresa tem oito terminais de regaseificação de GNL já em operação ou em construção no país. A volta ao setor será um bom teste do quanto a citação na Lava Jato arranhou a reputação de Antonello. O executivo foi investigado por suspeitas de corrupção em contratos entre a Seadrill – empresa de perfuração em águas profundas que ele dirigia – e a Petrobras. Posteriormente, o STJ anulou as investigações.

Destaque
Tribunal de Contas investiga uso eleitoral da Petrobras
17/05/2023Além do STF e da Justiça Eleitoral, Jair Bolsonaro é alvo também do TCU. As prebendas eleitorais distribuídas por Bolsonaro em 2022 e a Petrobras estão na mira do Tribunal de Contas da União. A Corte investiga o programa de doação de gás de cozinha e de cestas básicas mantido pela estatal durante o ano passado. Ao todo, a companhia desembolsou mais de R$ 300 milhões. Segundo informações apuradas pelo RR, os ministros do TCU enxergam uma dupla irregularidade no programa: doação em época de eleição e atividade alheia ao escopo e às atribuições da Petrobras, mais precisamente da Gerência de Responsabilidade Social, área que administrava a benemerência eleitoral. Em contato com o RR, o TCU confirmou a existência do processo (nº 043.227/2021-0), de relatoria do ministro Augusto Nardes, com o objetivo de “acompanhamento de programa social criado pela Petrobras para apoio a famílias em situação de vulnerabilidade social, com foco no gás de cozinha (GLP).” Ainda segundo o Tribunal, os documentos da investigação “não estão públicos no momento”. Por sua vez, a Petrobras informou ao RR que “atendeu todos os ofícios requisitando documentos e informações por parte do TCU no que toca ao programa social de doação de gás e aguarda a inclusão em pauta do processo para julgamento, quando poderá conhecer a posição do Tribunal sobre o assunto”. A estatal afirma ainda que “Não há imputação de irregularidades a gestores até o momento”.
Além de acertar em Jair Bolsonaro, a investigação do TCU respinga no próprio quadro de executivos da Petrobras. É o caso de Rafaela Guedes, que, à época, comandava a Gerência Executiva de Responsabilidade Social da companhia. Nos corredores da Petrobras, Rafaela era considerada o “nome certo” no “lugar certo” na “hora certa”. Vista por seus pares como bolsonarista-raiz, respondia ao então presidente da empresa, Caio Mario Paes de Andrade, que ocupou o cargo entre junho e dezembro – ou seja, durante toda a campanha eleitoral -, e ao diretor de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Rafael Chaves. Este último também estaria citado no procedimento do TCU.
De acordo com as investigações do Tribunal de Contas, não competia à Petrobras e, consequentemente, à Gerência de Responsabilidade Social fazer qualquer tipo de doação. De fato, até então, o Sistema Petrobras só havia feito algo similar em 2020 e, mesmo assim, por meio da então controlada Liquigás, posteriormente vendida para o consórcio Copagaz/Itaúsa/Nacional Gás. Segundo uma fonte da Petrobras, o planejamento das doações teria ocorrido ainda em 2021, o que poderia reduzir o grau de responsabilização dos gestores da empresa. No entanto, os recursos foram desembolsados em 2022, ano eleitoral. Além do TCU, o processo poderá ser encaminhado também ao TSE, que utiliza de critérios de avaliação mais dirigidos às campanhas eleitorais e poderá juntar as informações a outras investigações em curso.
Em tempo: Rafaela Guedes deixou a Responsabilidade Social e está assumindo a Gerência de Sustentabilidade da estatal, subordinada à nova diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, comandada por Mauricio Tolmasquim. De acordo com informações apuradas pelo RR, a transferência de Rafaela para um cargo estratégico tem sido questionada por lideranças sindicais da Petrobras, que vêm pedindo a cabeça de antigos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro mantidos em cargos de gerência executiva – conforme o RR já noticiou.

Destaque
Governadores cobram de Marina Silva o sinal verde para a Petrobras na Margem Equatorial
15/05/2023A dificuldade da Petrobras em obter as licenças ambientais para a Margem Equatorial deflagrou uma “rebelião” federativa. O RR apurou que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), está liderando uma articulação política em bloco com o objetivo de pressionar o Ibama a liberar a autorização. A coalizão inclui ainda os governadores do Maranhão, Amapá e Rio Grande do Norte – respectivamente Carlos Brandão Junior (PSB), Clecio Luis (Solidariedade) e Fátima Bezerra (PT). De acordo com a fonte do RR, Barbalho vem tratando diretamente do assunto com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva – inclusive, durante a recente passagem de ambos na China.
Trata-se de uma negociação delicada. O imbróglio com o Ibama antecede a gestão de Marina – é algo que se arrasta há mais de três anos. No entanto, a ministra não se mostra muito simpática às atividades de exploração e produção na Margem Equatorial, notadamente na Bacia Amazônica. Marina já disse textualmente que olha para extração de petróleo na Foz do Amazonas “do mesmo jeito que olhei para Belo Monte”. Não se trata de um bom prenúncio para a Petrobras e os governadores interessados na questão, a julgar pela resistência de Marina à construção da hidrelétrica durante sua primeira passagem pelo Ministério do Meio Ambiente.
Os quatro governadores discutem ainda a possibilidade de um manifesto público como forma de sensibilizar as autoridades ambientais. A ideia é bater na tecla dos investimentos e dos postos de trabalho que estão deixando de ser gerados com a demora na liberação da licença pelo Ibama. Apenas em royalties, os quatro estados estimam que as perdas anuais passam dos R$ 2 bilhões. Assim como Barbalho, Fátima Bezerra dá uma dimensão e um peso maiores ao pleito. Entre os chefes de governo estaduais, trata-se de um dos nomes mais influentes junto ao presidente Lula. Basta lembrar que Fátima coordenou a campanha presidencial de 2022 no Nordeste. Além disso, a governadora potiguar é umbilicalmente próxima do próprio Jean Paul Prates, presidente da Petrobras. Prates era o suplente de Fátima no senado e herdou sua cadeira quando ela assumiu o governo do Rio Grande do Norte.
Política
Uma voz a mais no governo pela volta da Petrobras ao setor de fertilizantes
15/05/2023A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem defendido dentro do governo a retomada dos investimentos da Petrobras em fertilizantes. Vem tratando do assunto diretamente com o seu colega Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia. A questão é de interesse direto do Mato Grosso do Sul, seu estado. O retorno da estatal ao setor significará, entre outros projetos, a retomada da construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 da Petrobras no município de Três Lagoas. Estima-se o custo para a conclusão das obras na casa dos R$ 3 bilhões.

Destaque
Suzana Kahn vai assumir Estratégia da Petrobras e reforçar transição energética para o baixo carbono
10/05/2023A Petrobras vai dar mais uma firme sinalização de que os investimentos em transição energética são prioridade para a atual gestão. O RR apurou que Suzana Kahn vai assumir a gerência executiva de Estratégia e Planejamento da estatal, área responsável por submeter e conduzir os planos estratégicos de médio e longo prazos da companhia. Professora da Coppe/UFRJ, Suzana é muito respeitada no Brasil e no exterior. Integra o IPCC – sigla em inglês para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Trata-se de uma indicação direta de Mauricio Tolmasquim, escolhido pelo governo para assumir a nova diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis da estatal.
Anteriormente, Suzana Khan havia sido indicada para o Conselho de Administração da Petrobras, mas seu nome acabou não sendo aprovado na Assembleia Geral de Acionistas. Caberá à dupla Tolmasquim/Suzana conduzir os investimentos da companhia em energia limpa, uma área que perdeu punch na petroleira durante o governo de Jair Bolsonaro. Segundo a fonte do RR, Suzana será aprovada sem ressalvas no Background Check de Integridade, processo de verificação dos executivos indicados para cargos da alta administração da Petrobras.

Destaque
Petrobras estuda manter um pé na petroquímica com ressurreição da antiga Rio Polímeros
9/05/2023A Petrobras pode sair integralmente da Braskem, mas não da petroquímica. Entre os diferentes cenários contemplados pela direção da companhia está a ressurreição da Rio Polímeros – ou RioPol. Neste caso, a venda da participação da Petrobras na Braskem seria atrelada a um spin off das instalações do antigo Polo Gás Químico, localizado em Duque de Caixas (RJ). A estatal não apenas assumiria as instalações como voltaria a desenvolver a segunda geração a partir do site da velha RioPol, com capacidade instalada de 540 mil toneladas de polietileno por ano. Esse movimento poderia provocar uma guinada nos planos da Petrobras para a petroquímica, notadamente com o congelamento do Polo Gaslub, nada mais do que o rebrand do Comperj – um nome e um projeto que remetem a tempos escabrosos no compliance da estatal.
Em março deste ano, a empresa anunciou a assinatura de contrato com a Toyo Setal Empreendimentos para a conclusão das obras da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do complexo, instalado em Itaboraí (RJ). Ainda assim, os movimentos da gestão de Jean Paul Prates em relação ao Gaslub não têm sido assertivos. Trazem mais dúvidas do que certezas. Em fevereiro, durante reunião com lideranças do PT no Rio, entre quais os deputados Lindbergh Farias e Washington Quaquá, Prates acenou com a conclusão integral das obras, incluindo a implantação de unidades de produção de combustíveis e lubrificantes. O “anúncio” chegou a ser celebrado por Quaquá em um vídeo postado em suas redes sociais, no qual aparece ao lado do presidente da Petrobras. Mais recentemente, no entanto, em meados de abril, a Petrobras informou ao mercado que avalia mudar o escopo do Polo Gaslub, concentrando-se apenas na produção de insumos petroquímicos de segunda geração. Estima-se que somente esse projeto demandaria mais de US$ 2 bilhões em investimentos. Na ponta do lápis, faria mais sentido apostar e impulsionar um negócio já pronto e em operação, como o site da antiga Rio Polímeros – ainda que isso venha custar à Petrobras um deságio no valor de venda da sua participação na Braskem. Importante ressaltar que, do ponto de vista geográfico e político, o resultado seria o mesmo: a Petrobras garantiria investimentos e geração de emprego no Rio de Janeiro.
Há poucos projetos com tamanha capacidade de contar a história recente da indústria petroquímica brasileira quanto a antiga Rio Polímeros. Tal qual uma bola de fliperama, o projeto ricocheteou entre as diversas idas e vindas societárias do setor ao longo das últimas duas décadas. Quando inaugurada, em 2005, a RioPol tinha como sócios Unipar, Suzano, Petrobras/Petroquisa e BNDES. Em 2007, a estatal comprou a Suzano Petroquímica, automaticamente aumentando sua participação no empreendimento. Em 2008, a Rio Polímeros passou ao guarda-chuva da Quattor, criada a partir da associação entre a Unipar e a Petrobras. Essa configuração durou não mais do que dois anos. Em 2010, a Quattor foi comprada pela Braskem. Naquele mesmo ano, a Rio Polímeros acabaria incorporada pela própria Braskem, desaparecendo definitivamente como empresa para ser um site a mais entre os ativos da companhia.

Destaque
Petroleiros cobram de Jean Paul Prates a “desbolsonarização” da Petrobras
4/05/2023Há uma intentona em curso na Petrobras. Os petroleiros estão cobrando do presidente da companhia, Jean Paul Prates, a “desbolsonarização” da diretoria da estatal, leia-se a saída de executivos identificados como apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo o RR apurou, o movimento, liderado pela FUP (Federação Única dos Petroleiros), exige a cabeça do diretor executivo de Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes. Cobra também a demissão de Carlos José Travassos, que comanda a diretoria de Desenvolvimento da Produção. Ambos estariam abrigando em suas respectivas diretorias executivos que teriam feito campanha internamente a favor da reeleição de Bolsonaro. Mais do que isso: os representantes dos petroleiros acusam alguns desses gestores de terem perseguido funcionários apoiadores do presidente Lula. Nos corredores da Petrobras circula, inclusive, uma lista com dez nomes, notadamente de gerente executivos, classificados como “bolsonaristas”. Em contato com o RR, a Petrobras disse, como não poderia deixar de ser, que “Não há qualquer intenção da companhia ou do presidente Jean Paul Prates de substituir os diretores executivos de Exploração e Produção, Joelson Falcão Mendes, e de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos José Travassos.”. Garante também que não foi entregue “à companhia uma suposta lista de gerentes executivos, com base em seus posicionamentos políticos.” Pode até ser que a relação não tenha chegado formalmente à direção da empresa. O RR, no entanto, teve acesso à lista de dez nomes de gerentes executivos apontados como “bolsonaristas” e compartilhada no último fim de semana em grupos de WhatsApp de gestores da empresa. O RR fez também seguidas tentativas de contato com a FUP, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
A pressão maior recai sobre Joelson Mendes, que praticamente já assumiu o cargo com o status de “persona non grata” junto ao “chão de fábrica” da Petrobras. Mendes foi escolhido à revelia das lideranças sindicais. O nome de preferência dos petroleiros para a diretoria de Exploração e Produção sempre foi o do geólogo Guilherme Estrella, que ocupou o cargo nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Os petroleiros não desistem: exigem de Jean Paul Prates a substituição de Mendes por Estrella. A ofensiva contra o atual diretor de Exploração e Produção cresceu, sobretudo, nos últimos dez dias. De acordo com uma das fontes ouvidas pelo RR, representantes da FUP foram cobrar de Mendes a saída de gerentes apoiadores de Bolsonaro. Teriam ouvido, como resposta, que não haverá caça às bruxas. Em alguns setores da empresa já é dada como certa a queda de Mendes “para o lado”. Ou seja: a direção da empresa já estaria avaliando uma “missão” para ele em uma subsidiária da Petrobras.
Independentemente das consequências, por si só a mobilização dos petroleiros contra os bolsões pró-Bolsonaro na estatal já refletem o aumento da força dos sindicatos com a volta do PT ao governo. Essa onda tem chegado às mais diversas praias. O sindicalista João Fukunaga, funcionário de carreira do Banco do Brasil, assumiu a presidência da Previ; o ex-deputado Decio Lima, também de origem sindical, foi o escolhido para comandar o Sebrae Nacional; o ex-presidente da CUT Vagner Freitas aterrissou na presidência do Conselho de Administração do Sesi. Na Petrobras, a FUP já cravou uma vitória que denota poder. A Federação teve um papel importante para brecar o aumento da remuneração da diretoria da Petrobras. A primeira proposta levada ao Conselho de Administração previa um reajuste de 44%. A repercussão negativa, potencializada pelas gestões políticas feitas por petroleiros, levou o governo a interferir e barrar o aumento. No fim, o índice ficou em apenas 9%.

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Petrobras desata mais uma “amarra” herdada do governo Bolsonaro
26/04/2023A Petrobras está desmontando, peça por peça, o arcabouço liberal que ditou sua estratégia de negócios nos últimos quatro anos. Além da revisão dos Termos de Compromisso de Cessação (TCC) firmados com o Cade em 2019 – o que, na prática, significará a manutenção do monopólio da estatal no transporte de gás –, a direção da estatal pretende esvaziar o indicador Delta EVA (Economic Value Added). De 2019 para cá, a ferramenta de gestão tem sido usada pela Petrobras como balizador para a aprovação ou não de novos investimentos, e até mesmo para a decisão de abandonar projetos e hibernar plantas industriais. Mais do que uma mera medida administrativa, o EVA serve como instrumento de apoio ao compliance, pois obriga que a diretoria executiva ou o conselho de administração registre em ata a aprovação de um projeto não rentável de acordo com o indicador.
O fim da utilização desse instrumento permitirá à nova diretoria da empresa a retomada de projetos que foram deixados de lado pelo governo Bolsonaro por não se enquadrarem nos índices de geração de valor apontados pelo EVA. A Petrobras poderá, por exemplo, voltar ao setor de fertilizantes e resgatar antigos empreendimentos, como a construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) – algo tratado pelo governo Lula como prioridade estratégica.
Ao mesmo tempo, a quebra desse “teto de gastos” da estatal abre brecha também para movimentos com alguma dose de motivação política. Entram neste rol a exploração de campos terrestres na Bahia, o Comperj, no Rio de Janeiro, e as refinarias Abreu Lima e Clara Camarão, respectivamente em Pernambuco e Rio Grande do Norte – por sinal, terra do presidente da empresa, Jean Paul Prates.
O EVA começou a ser utilizado na gestão de Roberto Castello Branco para calcular o valor adicionado das operações da Petrobras, buscando mensurar a lucratividade real dos negócios para seus acionistas. Deste então, o indicador passou a fazer parte das métricas de topo da companhia, foi inserido como meta no Balanced Scorecard (BSC) das gerências e passou a ser critério para o pagamento de bônus a executivos e empregados.
Guardadas as devidas proporções, para as últimas gestões da Petrobras, o EVA teve serventia similar ao próprio acordo com o Cade. O TCC com o órgão antitruste acabou se transformando em uma conveniente justificativa para a petroleira acelerar a venda de ativos de refino e da participação na TBG, a transportadora do Gasoduto Bolívia-Brasil. Da mesma forma, o EVA tornou-se uma cômoda muleta para embasar internamente a desmobilização de ativos e a reprovação de projetos com a motivação da baixa rentabilidade para os acionistas.
Jean Paul Prates sabe que terá desgaste junto ao mercado para implementar essa mudança e já avalia maneiras de substituir um indicador por outro de natureza semelhante. Internamente, também haverá desconforto com o quadro gerencial da estatal, que já está matriculado no EVA. Dentro da Petrobras já se sabe que os responsáveis por administrar o incômodo gerencial serão os executivos de Estratégia e Planejamento, Maurício Tolmasquim, e de Desempenho Empresarial, Eduardo de Nardi Ros. Procurada pelo RR, a empresa não se manifestou.

Energia
Déficit de petróleo na Bolívia pode dar gás para a Petrobras
13/04/2023A YPFB tem consultado a Petrobras e companhias privadas para a compra de petróleo no Brasil. A estatal boliviana estaria disposta a importar cerca de 200 mil toneladas em uma primeira encomenda e outras 300 mil toneladas nos próximos seis meses. No caso da Petrobras, a operação abre brecha para uma negociação ainda mais ampla. Na estatal, já se discute a possibilidade de um “bem-bolado”, leia-se uma composição envolvendo a importação de gás boliviano. O país andino vive um déficit de petróleo. Suas refinarias estão operando bem abaixo da capacidade.

Empresa
Petrobras e estatal boliviana ensaiam parceria na transição energética
10/04/2023Os governos do Brasil e da Bolívia têm mantido tratativas em torno de investimentos conjuntos na área de transição energética. As conversas envolvem a Petrobras. Segundo informações filtradas do Ministério de Minas e Energia, uma das ideias sobre a mesa é uma parceria entre a companhia e a estatal boliviana Empresa Nacional de Electricidad (Ende) para projetos conjuntos em energia limpa nos dois países. Ressalte-se que a Ende está construindo a linha de transmissão Puerto Quijarro-San Juan del Mutún-Puerto Busch, esta última na fronteira com o Brasil. A estrutura pode ser envolvida na operação – por exemplo, na distribuição de energia na Região Centro-Oeste.
A gestão Lula enxerga duas serventias no possível acordo entre a Petrobras e a Ende. Em primeiro lugar, seria um passo a mais no projeto recolocar a estatal nos trilhos da geração renovável. Nesse caso específico, a Petrobras não apenas cumpriria o desígnio traçado pelo atual governo – ser a principal propulsora de investimentos em transição energética no país – como também ampliaria sua influência no segmento dentro da América do Sul. Além disso, o acordo poderia funcionar com uma moeda de troca para a entrada do Brasil na “Opep do Lítio”, como vem sendo chamado o bloco organizado pela Bolívia, Argentina e Chile – ver RR.

Destaque
Petrobras avança na venda do Polo Potiguar
6/04/2023De acordo com informações filtradas da Petrobras, a estatal deverá concluir até maio a transferência dos 22 campos onshore e offshore do Polo Potiguar à 3R Petroleum, um negócio de US$ 1,3 bilhão. Segundo o RR apurou, a direção da 3R teria sido comunicada sobre o prazo para o fechamento do contrato. Trata-se de uma operação sensível, com potencial de provocar mais faíscas na já chamuscada relação de Jean Paul Prates, presidente da companhia, com o Ministério de Minas e Energia e o próprio Palácio do Planalto. Faíscas que eventualmente podem vir a se tornar labaredas caso a Petrobras adote o mesmo procedimento com os demais ativos negociados na reta final do governo Bolsonaro – as vendas da refinaria Lubnor para a Grepar Participações; dos campos terrestres do Norte Capixaba para a Seacrest; e dos campos marítimos dos polos Golfinho e Camarupim para a BW. São os campos minados da gestão Prates.
A Petrobras se encontra sob forte pressão política. O Ministério de Minas e Energia solicitou formalmente a suspensão da venda dos ativos por meio de dois ofícios, que chegaram ao Gabinete da Presidência e foram direcionados internamente à diretora executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade, Clarice Coppetti – um nome, por sinal, que suscita fagulhas políticas dentro da própria empresa. Ordem similar veio ainda mais de cima: o próprio presidente Lula declarou textualmente em entrevista ter determinado ao “companheiro Jean Paul” que interrompesse todas as operações em curso. Consultada pelo RR, a Petrobras não se manifestou especificamente sobre o timing para a conclusão da venda do Polo Potiguar e de outros ativos. A companhia limitou-se a replicar comunicados divulgados nos últimos dias. Na segunda-feira, dia 3, por meio de nota, a estatal reafirmou que a revisão dos processos de alienação de ativos “não deverá incluir desinvestimentos já em fase de assinatura e fechamento de contratos, de forma a cumprir plenamente os direitos e as obrigações já assumidas pela companhia e não causar qualquer dano às partes envolvidas nas negociações, em especial à Petrobras”.

Destaque
BNDES é a ponta de lança do governo para a reestatização da Eletrobras
24/03/2023A gestão Lula pretende usar o BNDES como instrumento para a polêmica reestatização da Eletrobras. A ideia em discussão no governo passa pelo aumento da posição do banco no capital da empresa, seja com a aquisição de papéis em mercado, seja com a compra em bloco de ações pertencentes a outros sócios relevantes. Hoje, somando sua participação direta e os títulos na carteira do BNDES e da BNDESPar, a União detém 40,18% das ordinárias da Eletrobras. Apenas como um exercício meramente ilustrativo: a compra das ações em poder do BlackRock (5,1%) e do GIC, fundo soberano de Cingapura (6,4%), permitiria ao governo ter mais de 51% do capital da companhia – mais precisamente 51,6%. Significa dizer que a União voltaria a ser, matematicamente, a controladora da Eletrobras. Mas essa aritmética não basta. No quebra-cabeças petista da reestatização da Eletrobras, toda essa operação precisa estar encaixada com outra peça: a ofensiva do governo para modificar o estatuto da empresa.
Conforme noticiou a jornalista Malu Gaspar, de O Globo, a Casa Civil e a AGU planejam entrar com uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) no STF. O objetivo principal é retirar o dispositivo que limita o poder de voto dos acionistas da Eletrobras a 10% mesmo que sua participação seja superior a esse patamar. Com essa barreira, tanto faz um investidor ter 10% ou 40%: vai mandar igual. A derrubada desse teto abriria caminho para o Estado retomar as rédeas na companhia, seja como o maior acionista individual, status que já possui, seja novamente em uma posição de controle, isto é, com 50% mais um das ações ordinárias. Esse segundo cenário é um motivo a mais para o governo tentar dinamitar o atual estatuto da Eletrobras. O governo Bolsonaro criou uma “cláusula de barreira” ou uma espécie de “trava anti-PT” – como se vê, com certa dose de razão. Trata-se da pílula de veneno estabelecida no Artigo 10 do estatuto: “O acionista ou grupo de acionistas que, direta ou indiretamente, vier a se tornar titular de ações ordinárias que, em conjunto, ultrapassem 50% do capital votante da Eletrobras e que não retorne a patamar inferior a tal percentual em até 120 (cento e vinte) dias deverá realizar uma oferta pública para a aquisição da totalidade das demais ações ordinárias, por valor, no mínimo, 200% (duzentos por cento) superior à maior cotação das respectivas ações nos últimos 504 (quinhentos e quatro) pregões”. Ou seja: pelas regras do jogo em vigor, se a União ultrapassar a marca de 50% das ONs, terá de pagar três vezes pelo restante das ações. Em sua sanha reestatizante, o governo quer dar um cálice de cicuta para essa poison pill, o que lhe permitiria reassumir o controle da companhia sem ter de desembolsar uma fortuna.
Toda essa complexa arquitetura, que vai do mercado de capitais à Suprema Corte, junta a fome com a vontade de comer. De um lado, a disposição do governo de que o BNDES volte a ser um agente de participação do Estado em empresas ou setores estratégicos; do outro, a notória intenção do presidente Lula de promover a reestatização da Eletrobras, manifestada recorrentemente durante a campanha eleitoral. O governo teria novamente uma máquina para fazer políticas públicas na área de energia. Ao lado da Petrobras, a empresa seria também uma propulsora de investimentos em transição energética. Pelo menos é a lógica petista que rege todo esse movimento. Uma lógica tão tortuosa quanto contestável, em razão dos riscos que traz a reboque.
As manobras do governo Lula para reestatizar a Eletrobras geram automaticamente insegurança jurídica. Caso a retomada do controle da empresa se concretize, estará aberta a porteira para outros casos similares. É como se o Brasil inventasse o modelo das privatizações por temporada, que poderão valer para um determinado governo, mas não para outro. Ao mesmo tempo, a investida joga por terra a ideia de public company, que poderia ser adotada para outras estatais. Não poderia haver recado pior para os investidores, já ressabiados. Recentemente, por exemplo, surgiram rumores de que a Petrobras poderia cancelar vendas de ativos fechadas na reta final do mandato de Bolsonaro. Se há um partido que deveria se preocupar em afastar a pecha de “rasga contratos” é o PT.
Em tempo: sob certo aspecto, o Lula III está bebendo na fonte do Lula I. Guardadas as devidas proporções, a estratégia de usar o BNDES como ponta de lança para o Estado retomar seus antigos poderes na Eletrobras remete a uma operação conduzida pelo próprio banco em 2003. Na ocasião, sob o comando do economista Carlos Lessa, o BNDES comprou uma participação de 8,5% na Valepar, holding controladora da Vale, que pertencia à Investvale – fundo de investimento dos funcionários da mineradora. Com esse movimento estratégico, à época muito contestado pelos privatistas puro-sangue, Lessa fechou a porta para uma eventual desnacionalização da companhia e até mesmo uma transferência da sua sede para o exterior. Àquela altura a Vale tinha um bloco de controle definido. A Mitsui, por exemplo, poderia assumir o mando da empresa caso adquirisse as ações em poder da Investvale. Ainda que as circunstâncias não sejam exatamente as mesmas, a Vale da vez se chama Eletrobras. E o BNDES vai voltar a ser aquele BNDES.

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Petrobras e Sinopec ensaiam parceria em energia renovável
23/03/2023A Petrobras terá lugar de destaque na agenda de Lula em Pequim. Segundo o RR apurou, a companhia poderá se associar à Sinopec para investimentos em transição energética no Brasil. De acordo com informações que circulam no Ministério de Minas e Energia, a estatal chinesa já sinalizou interesse em investir em geração eólica e solar no país. Outro alvo na mira da empresa é a instalação do hub de hidrogênio verde do Ceará – empreendimento que já conta com alguns investidores-âncora, como a australiana Energyx Energy.
Tanto do lado brasileiro quanto do lado do chinês, pode se dizer que a possível parceria entre as duas companhias segue um projeto de Estado. O governo Lula está recolocando a Petrobras nos trilhos da geração renovável, um caminho do qual a estatal se afastou durante o mandato de Jair Bolsonaro. Mais do que isso: a companhia será uma propulsora da transição energética no Brasil. O presidente da empresa, Jean Paul Prates, já anunciou, inclusive, a criação de uma nova diretoria específica para essa área. Dentro dessa estratégia, a tendência é que a Petrobras monte um arco de parcerias com grandes grupos internacionais. É o caso do acordo recém-firmado com a estatal norueguesa Equinor para a instalação de até sete usinas eólicas offshore no Brasil.
Por sua vez, na condição de maior consumidora de energia do mundo – algo como 25% de toda a produção global -, a China busca uma posição privilegiada na geoeconomia da geração renovável. E a Sinopec tem um papel fundamental nesse processo. A gigante dos combustíveis fósseis vem fazendo uma inflexão para a produção de energia limpa. No momento, está construindo em Xinjiang a maior fábrica de hidrogênio verde a partir de fontes renováveis do mundo. É responsável também pela instalação de uma mega planta na Mongólia. Somente nesses dois empreendimentos, vai investir mais de US$ 1,5 bilhão, uma “ninharia” perto do seu poder de fogo – a estatal chinesa fatura quase meio trilhão de dólares por ano.

Empresa
Petrobras segura venda de subsidiária e já estuda novos investimentos na Argentina
22/03/2023Segundo informações apuradas pelo RR, a Petrobras estuda suspender o processo de venda da Petrobras Operaciones (Posa), sua subsidiária na Argentina. Por trás da medida estariam planos de retomada dos investimentos no país vizinho – uma decisão que viria de cima para baixo. Os presidentes Lula e Alberto Fernández têm conversado sobre a possibilidade de negócios conjuntos na área de energia, a começar pelo financiamento para a construção do gasoduto Nestor Kirchner. Nesse cenário, a Posa seria ponta de lança para futuras parcerias com a estatal YPF. Ressalte-se que a subsidiária da Petrobras e a petroleira argentina são sócias no campo de Rio Neuquén.
Para além da Argentina, a freada na venda da Posa indica uma disposição da Petrobras de travar, ao menos em parte, o plano de alienação de ativos herdado da gestão anterior. São mais de 20 processos em aberto, alguns já em fase de recebimento de ofertas vinculantes e outros em estágio menos avançado, como é o caso da própria subsidiária argentina. Ao menos a gestão de Jean Paul Prates exorcizou o fantasma de que a estatal rasgaria contratos já assinados.

Empresa
Compass busca uma rota de escape da Petrobras
21/03/2023A Compass, leia-se Cosan, quer reduzir sua dependência do gás boliviano e, consequentemente, da Petrobras. A estratégia da companhia criar alternativas às amarras de preço impostas pela estatal, que concentra a maior parte das importações do insumo da Bolívia. A Compass pretende aumentar gradativamente a compra de gás da Argentina. A Sulgás, uma das controladas do grupo, já tem feito gestões neste sentido. Segundo a mesma fonte, há projetos, inclusive, de investimentos no porto de Rio Grande (RS) para o armazenamento do combustível.
Trata-se de um movimento de razoável peso no tabuleiro do setor. A Compass, de Rubens Ometto, reúne o maior portfólio de distribuidoras de gás do país. Além da Sulgás, controla a Comgás e a Gas Brasiliano, gigantes do mercado paulista, e tem participações em outras nove empresas por meio da Commit, a antiga Gaspetro, comprada junto à própria Petrobras.

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Governo estuda o que fazer com o excedente de dividendos da Petrobras
15/03/2023O que fazer com os crescentes dividendos das estatais, especialmente da Petrobras? O governo está debruçado sobre esse dilema. Um bom dilema, diga-se de passagem. As discussões partem da premissa de que haverá uma confortável folga nos lucros das empresas públicas em relação à previsão orçamentária. Assim tem sido nos últimos anos. Entre 2018 e 2022, a soma dos dividendos pagos à União pelas estatais foi de R$ 166 bilhões, muito acima do valor estimado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) em todos os anos – como mostra o gráfico abaixo. O montante corresponde a três vezes a cifra total prevista no PLOA ao longo do período – R$ 56,8 bilhões. A sobra se acentuou especialmente nos últimos dois anos. Em 2021, o PLOA previa um pagamento de R$ 9,7 bilhões para a União. O valor efetivamente realizado foi de R$ 43,5 bilhões. No ano passado, em termos relativos, a margem foi ainda maior. A União recebeu R$ 87,9 bilhões em participações nos lucros de suas controladas, R$ 61,6 bilhões a mais do que a previsão orçamentária encaminhada ao Congresso.
Ano a ano, o governo vem calibrando a projeção para cima. O PLOA de 2023 prevê R$ 41,4 bilhões em dividendos, 57% a mais do que no ano passado (R$ 26,3 bilhões). Mesmo com a subida do sarrafo, a expectativa é que o governo terá uma folga razoável em relação ao orçado. A questão é de que maneira usar esse excedente, sobretudo no caso da Petrobras, disparadamente a maior pagadora de dividendos da União – na média, a estatal tem respondido por algo em torno de 70% do bolo total. Há um mosaico de propostas sendo estudas pela equipe econômica. Um dos cenários é o governo usar a sua condição de acionista controlador da Petrobras para reter os dividendos da empresa, distribuindo uma participação nos lucros bem inferior à média dos últimos anos.
Esses recursos seriam canalizados para investimentos. A Petrobras aumentaria consideravelmente o portfólio de projetos com impacto efetivo sobre o PIB, estratégia que seria amplificada pela diversificação de negócios da empresa, com a entrada ou o retorno a setores como fertilizantes, energia renovável etc. A estatal seria uma máquina de obras. E porque não de lucros também, só que em uma perspectiva de mais longo prazo. Não custa lembrar que o governo pretende instituir, ao menos em uma segunda etapa da reforma tributária, o imposto sobre dividendos. Na condição de acionista de algumas das empresas mais lucrativas do país, a União teria uma mordida razoável nessa rubrica de receita. Ou seja: reduzir os dividendos da Petrobras e de outras estatais, destinando esses recursos para investimentos diretos, seria uma forma de evitar esse pedágio tributário. De qualquer forma, na hipótese mainstream os dividendos voltariam para a Petrobras, tanto o devidamente tributado, quanto a parte isenta do gravame. Mas esse seria o expediente papai com mamãe que não vai vingar no governo Lula.
Outra opção em estudo no governo é usar as sobras de dividendos da companhia em um fundo de compensação para manobrar variações dos preços dos combustíveis. Sempre haveria também a possibilidade de jogar os dividendos da Petrobras para dentro do orçamento como receita para gerar superávit primário. Se Paulo Guedes ainda fosse o ministro, nem haveria dúvidas sobre a sua escolha…

Empresa
Petrobras deve aumentar investimentos na Margem Equatorial
13/03/2023O RR apurou que a Petrobras pretende aumentar o volume de investimentos previstos para a Margem Equatorial, nova fronteira do óleo e gás no Brasil e uma das maiores apostas da estatal. As cifras contempladas no Plano de Negócios de 2023 a 2027 subiria de US$ 3 bilhões para US$ 4 bilhões. Além acelerar a campanha exploratória na região, de quebra o aumento das cifras teria também um caráter político. Serviria como um instrumento de pressão sobre o Ibama. A dificuldade de obtenção do licenciamento ambiental é o maior entrave ao avanço das operações na Margem Equatorial, a ponto do próprio Jean Paul Prates, presidente da empresa, estar à frente das tratativas com o Instituto. O impasse vem desde os tempos em que os blocos FZA-M-57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-12, hoje pertencentes à Petrobras, estavam nas mãos da Total. A empresa francesa tentou obter a licença por quatro vezes. Em todas elas, o Ibama negou o pedido.

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Um nome de risco na diretoria da Petrobras
10/03/2023A indicação da economista Clarice Coppetti para a diretoria executiva de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras já provoca desconforto entre os futuros conselheiros da estatal, a quem caberá referendar ou não a escolha. O nome de Clarice, funcionária de carreira da Caixa Econômica, remete a um passado nebuloso e a um dos maiores escândalos dos governos do PT, o “mensalão”. Em 2005, no primeiro mandato de Lula, surgiram denúncias de participação da economista em um suposto esquema de arrecadação de recursos para o partido montado dentro da Caixa. À época, um relatório da Gerência Nacional de Segurança da própria CEF apontou a existência de fraudes na área de tecnologia que teriam como objetivo encobrir desvios de recursos da instituição. No ano seguinte, quando já ocupava a Vice-Presidência de Tecnologia da Caixa, Clarice teve seu nome envolvido em outro episódio rumoroso. A economista foi acusada de participar da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa, testemunha central do caso do “Mensalão”, notadamente das investigações contra o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci. As suspeitas jamais foram comprovadas. Ainda assim, pelo currículo de Clarice e por todas as lembranças que a Petrobras evoca, a indicação da economista tem tudo para ser um prato cheio para a oposição.
A área de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade é a mais política das diretorias da Petrobras. Lado a lado com o próprio gabinete da presidência da companhia, é responsável direta pela interlocução com autoridades e parlamentares. Clarice Coppetti é um nome de confiança do PT. Além dos cargos que ocupou na Caixa em governos do PT, é casada com Cezar Alvarez, que foi assessor da presidência da República no primeiro mandato de Lula e secretário executivo do Ministério das Comunicações na gestão de Dilma Rousseff. Mais recentemente, Alvarez integrou o Comitê de Transição de Lula exatamente na área de comunicações.
Sob certo aspecto a indicação de um nome tão enraizado no PT como o de Clarice Coppetti representa uma espécie de choque térmico na diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobras. Atualmente, a área é comandada por Rafael Chaves, considerado dentro da própria estatal o mais bolsonarista entre todos os diretores da companhia. Chaves se notabilizou pelo vazamento de um vídeo em janeiro de 2022. Em um evento interno da Petrobras, o diretor fez um discurso inflamado sobre a corrupção na empresa “nos tempos do PT”.

Destaque
Petrobras retoma investimentos na área de fertilizantes
1/03/2023A Petrobras voltará a ser um instrumento do Estado para a redução do déficit de fertilizantes no Brasil. Segundo o RR apurou, a nova diretoria da estatal já estaria trabalhando em um cronograma para a reabertura de fábricas e a retomada de projetos paralisados durante o mandato de Jair Bolsonaro. De acordo com a mesma fonte, uma das primeiras medidas será o reinício das obras de construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN III) de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Há pouco de mais um mês, a estatal suspendeu o processo de venda do complexo. O custo previsto para a conclusão da UFN III gira em torno de R$ 3 bilhões. A companhia também pretende tirar da gaveta o projeto de construção da UFN V, em Uberaba (MG). Outra iniciativa seria a reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), fechada desde 2020. Hoje, as importações de fertilizantes respondem por aproximadamente 85% do consumo total no Brasil. Estima-se que, em plena operação, as três fábricas possam reduzir esse índice em algo próximo a dez pontos percentuais. É apenas o início. Internamente, segundo informações apuradas pelo RR, Prates já sinalizou que, sob sua gestão, a Petrobras vai desenvolver outros projetos no setor.
Mais do que uma resolução corporativa, a volta da Petrobras à área de fertilizantes é uma decisão de governo. Durante a campanha, o próprio Lula criticou duramente a saída da estatal desse setor. Noves fora questões de ordem política, as circunstâncias até fundamentavam a posição da Petrobras durante o mandato de Jair Bolsonaro. Mesmo considerando o custo do frete e o imposto de importação, houve um momento em que comprar fertilizante no exterior, notadamente da Rússia, era mais barato do que adquirir o insumo produzido no Brasil. A guerra contra a Ucrânia mudou essa dinâmica do mercado e reduziu o gap de oportunidade. Some-se a isso o surgimento de outras variáveis que podem tornar a retomada dos projetos em fertilizantes um bom negócio para o Brasil e para a própria Petrobras. A produção de petróleo na Margem Equatorial, nova fronteira energética no país, deverá provocar um aumento da produção interna de gás, o item mais relevante na estrutura de custos para a produção de adubo. Além disso, tratativas em curso com a Bolívia e a Argentina – neste caso envolvendo a construção do gasoduto Nestor Kirchner – também podem aumentar a oferta do combustível a preços mais vantajosos. De quebra, há ainda um ganho político para Lula: a retomada dos investimentos da Petrobras no setor dá ao presidente uma valiosa moeda de troca com governadores.

Destaque
Prates trabalha em busca de licença do Ibama para a Margem Equatorial
17/02/2023O próprio presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, está conduzindo diretamente as tratativas com a Ibama para destravar o licenciamento ambiental da Margem Equatorial. O ex-senador Prates tem bom trânsito junto ao novo presidente do Instituto, Rodrigo Agostinho, um handicap que carrega dos tempos de Parlamento. O atual presidente da Petrobras integrou a Comissão de Meio Ambiente do Senado no mesmo período em que Agostinho, então deputado federal, não apenas participava da Comissão congênere na Câmara como liderava a Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso.
Resolver o imbróglio da Margem Equatorial é uma das mais intrincadas missões de Prates neste início de gestão. O impasse se arrasta desde antes da Petrobras assumir a operação de campos na região. A francesa Total, antiga acionista majoritária e operadora dos blocos FZA-M-57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-12, tentou por quatro vezes receber a licença do Ibama. Levou bomba atrás de bomba: em todas as ocasiões, o estudo de impacto ambiental apresentado pelos franceses foi rejeitado pelo órgão. A Margem Equatorial é um dos grandes projetos na área de E&P em curso na companhia. O plano de negócios da empresa para 2023-2027 prevê investimentos de US$ 2,94 bilhões na região, considerada a nova fronteira do pré-sal no Brasil.

Energia
Petrobras impulsiona novos investimentos em energia no Nordeste
16/02/2023A Petrobras, sob a gestão de Jean Paul Prates, terá um papel importante no desenvolvimento de projetos na área de energia no Nordeste. O governador do Ceará, Elmano de Freitas, negocia com a direção da estatal o fornecimento de gás para a instalação de quatro térmicas na Zona de Processamento de Exportação do estado. Não é o único. O governador da Paraíba, João Azevedo, também costura com a empresa a garantia de entrega do combustível para a construção de duas termelétricas. As tratativas com a Petrobras envolvem o uso de instalações flutuantes no litoral dos dois estados com unidades de liquefação e armazenamento de gás natural.

Negócios
Prates faz “higienização” completa na presidência da Petrobras
6/02/2023Jean Paul Prates não deixou pedra sobre pedra na Petrobras. Antes mesmo da escolha dos futuros diretores da estatal, um de seus primeiros atos foi afastar todos os assessores lotados no gabinete da presidência, segundo uma fonte da própria empresa. A medida chamou a atenção dentro da companhia. Mesmo quando há trocas de governos, os assistentes diretos da presidência da Petrobras costumam ser substituídos de forma gradativa, a exemplo do que ocorre em outras cargos, como as gerências executivas. Prates, no entanto, chegou com um processo radical de higienização no seu entorno mais próximo na gestão da estatal. Talvez tenha seus motivos. Entre os destituídos da função especial, o destaque fica por conta do capitão tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem, que trabalhou no gabinete da presidência da Petrobras durante todo o mandato de Jair Bolsonaro. Personagem de pouca expressão na gestão de Roberto Castello Branco, Nagem ganhou espaço quando o general Joaquim Silva e Luna assumiu o comando da empresa. O capitão atuava em sintonia com o coronel da reserva Ricardo Silva Marques, gerente executivo da área de Inteligência e Segurança Corporativa. Nos corredores da companhia, ambos foram tachados como os “espiões” de Bolsonaro. Prates já desembarcou na empresa cortando os fios desse passado recente.

Negócios
Jean Paul Prates já recebe romaria de pedidos à Petrobras
26/01/2023Antes mesmo de assumir formalmente a presidência da Petrobras, Jean Paul Prates já começa a receber pedidos de investimento de antigos colegas de Parlamento. A bancada do Sergipe, à frente o senador petista Rogério Carvalho, está pleiteando que a estatal antecipe investimentos em exploração e produção de gás na costa do estado. E bota antecipar nisso. Pelo cronograma atual da Petrobras, o Projeto Sergipe Águas Profundas prevê um desembolso de mais de US$ 2 bilhões no estado somente a partir de 2027.

Destaque
Presidente da Petrobras calibra nova fórmula para preços dos combustíveis
19/01/2023A Petrobras não será mais a mesma. O novo presidente da estatal, Jean Paul Prates, já deixou entrever que haverá uma nova fórmula para a remarcação dos derivados de petróleo, mantendo o modelo de correção do combustível em função da paridade com preços internacionais da commodity. O segredo para que isso ocorra é a criação do novo marco para o uso dos dividendos da Petrobras. Uma parcela expressiva do resultado da empresa seria carreada para um fundo de compensação com o objetivo de equalizar as subidas excessivas dos preços derivados de petróleo. Uma parte dos dividendos seria destinada ao pagamento da dívida interna e alguma parcela iria para os investimentos em infraestrutura, de preferência alocações que tenham sinergia com a estatal.
Outra mexida em relação ao projeto do governo anterior é a política de investimentos para refinarias. Elas terão que ser reincorporavas ao plano de investimento da Petrobras, atravessando decisões do atual Conselho de Administração. Um primeiro passo já foi dado com a debandada do presidente da empresa, Caio Mario Paes Andrade, que se lançou nos braços do governador de São Paulo, Tarcísio Freitas. É previsível que haja novas defecções no Conselho, o que facilitará o novo comando da estatal.
Energia
YPFB tem gás de sobra para vender no Brasil
28/12/2022Emissários da estatal boliviana YPF têm procurado grandes grupos brasileiros nas últimas semanas, oferecendo contratos de fornecimento de gás natural. A empresa diz ter produto para pronta entrega. Quem te viu quem te vê. No primeiro semestre deste ano, a YPFB reduziu unilateralmente o suprimento de gás para a Petrobras, descumprindo o contrato entre ambas. Á época, aproveitou a oportunidade de vender o produto a preços maiores para a Argentina. Só que nos últimos meses, com o fim do inverno, o governo de Alberto Fernandez reduziu substancialmente as encomendas. E a YPFB voltou a olhar o Brasil com outros olhos, a ponto, inclusive, de assinar um aditivo contratual com a Petrobras após o imbróglio.

Destaque
Petrobras congela um de seus principais projetos de exploração e produção
21/12/2022A Petrobras pisou no freio em relação a um de seus investimentos mais importantes – e problemáticos. A estatal postergou o projeto de exploração e produção na Bacia da Foz do Rio Amazonas, na costa do Amapá. Segundo o RR apurou, a estatal adiou para janeiro o simulado de vazamento na área, que estava programado ainda para este mês. A determinação já foi comunicada à área técnica por meio de relatório interno, o Sitop (Situação Operacional das Unidades). Na prática, a decisão provocará um efeito-cascata, empurrando para a frente todo o cronograma original. A questão vai além de um “simples” ajuste de timing. Nos gabinetes da Petrobras, a leitura é que a atual diretoria lavou as mãos e jogou um problema no colo da futura gestão da petroleira. Dentro da companhia, não há mais qualquer previsão em relação aos prazos de execução do projeto da Bacia da Foz do Rio Amazonas. Consultada pelo RR, a estatal adotou um tom protocolar: “A Petrobras está envidando todos os esforços e mobilizando os recursos necessários para a realização da Avaliação Pré-Operacional (APO)”. E o cronograma? “A data para a realização da APO será definida em breve, junto ao Ibama”, diz a companhia, de forma evasiva.
O simulado de vazamento – um grande teste para a contenção de danos ambientais em caso de acidente – é condição sine qua nom para a companhia obter o licenciamento pelo Ibama. Ocorre que esse é justamente o ponto mais nevrálgico e polêmico do projeto da Bacia da Foz do Amazonas, desde muito antes da Petrobras assumir a gestão da área. A Total Energies – antiga acionista majoritária e operadora dos blocos FZA-M-57, FZA-M-86, FZA-M-88, FZA-M-125 e FZA-M-127– tentou por quatro vezes receber a licença do Ibama. Em todas as ocasiões, o estudo de impacto ambiental apresentado pelos franceses foi rejeitado pelo órgão. Esta acabou sendo a razão determinante para a Total vender sua participação no negócio para a Petrobras. Desde então, a estatal tem mantido desgastantes tratativas com o Ibama. O próprio diretor de Exploração e Produção, Fernando Borges, está na linha de frente das negociações com o instituto ambiental – conforme o RR informou -, o que dá uma ideia da dimensão do problema para a Petrobras. A Margem Equatorial, ressalte-se, é uma das grandes apostas da companhia em E&P, tratada como a nova fronteira do pré-sal no Brasil. O plano de negócios da empresa 2023-2027 prevê investimentos de US$ 2,94 bilhões na região.

Política
Mercadante no BNDES não é um bom sinal. Mas podia ser pior
13/12/2022Lula bateu o martelo da nomeação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES na véspera da sua diplomação. A conversa já vinha rolando há um bom tempo, mas o presidente eleito empurrava a definição para frente. A alternativa ao BNDES seria a indicação de Mercadante para a Petrobras. Mas dentro do grupo mais próximo do presidente a nomeação para a petrolífera foi considerada como uma sinalização mais arriscada. O próprio Mercadante concordou. Afinal, o banco de fomento não tem ações em mercado nem o impacto que a estatal tem nas bolsas de valores. Fora o fato de que, pelos notórios eventos pretéritos, a escolha do presidente da Petrobras tem de ser feita com muito carinho.
Havia dúvida como se daria a relação de Mercadante com o futuro ministro da Indústria e Comércio – especula-se que o mais cotado é o atual presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva – tendo em vista o tamanho que o economista possui no PT e junto ao próprio Lula. A pergunta é se o titular do banco não ficaria maior do que o ministro, pilotando um verdadeiro enclave dentro da Pasta. No passado, o excessivo empoderamento do então presidente do BNDES, Guido Mantega, gerou atritos com os ministros Antônio Palocci e Luiz Furlan, além do presidente do BC, Henrique Meirelles. Deu no que deu.
Quanto aos dizeres de Lula de que não fará privatizações, a declaração está em linha com o discurso de campanha e é um recado sobre a linha de atuação que o banco terá sob a gestão de Mercadante. Com certeza, havia outros nomes de gabarito, próximos do vice Geraldo Alckmin e com uma aceitação muito maior pelo mercado. Mas está dado. O sinal não é bom.

Destaque
Há algo de estranho nos negócios da Petrobras na Colômbia
13/12/2022Uma guinada nas operações da Petrobras na Colômbia tem causado estranheza nos corredores da própria estatal. Subitamente, a direção da Petrobras passou a tratar como prioridade o projeto de exploração e produção de gás no poço Uchuva-1, no bloco Tayrona. Nos últimos dias, as reuniões entre executivos das duas empresas se intensificaram, envolvendo, inclusive, órgãos de governo e autoridades regulatórias da Colômbia. Na Petrobras, já se fala na criação de uma força tarefa para agilizar a contratação de serviços e equipamentos. O objetivo seria iniciar as atividades em Uchuva-1 no primeiro semestre de 2023, um ano antes do que prevê o cronograma original.
Em contato com o RR, a Petrobras informou que “o consórcio do bloco Tayrona está em fase de planejamento das atividades relativas ao Plano de Avaliação da descoberta do poço Uchuva-1, incluindo possibilidades de otimização do projeto.” Perguntada sobre o cronograma do projeto, a estatal saiu pela tangente: “A primeira etapa da campanha exploratória se deu com a perfuração do poço Uchuva-1 e a próxima etapa respeitará os prazos contratuais do bloco Tayrona, incluindo aqueles relativos ao Plano de Avaliação da Descoberta (PAD) do poço Uchuva, conforme compromissos firmados junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos). Consultada se já existem movimentações para a contratação de equipamentos e serviços, mais evasivas: “O consórcio do bloco Tayrona atua de forma diligente para o cumprimento contratual dos prazos junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos).”
O súbito interesse da direção da Petrobras em relação ao projeto tem incomodado a área técnica da estatal, por uma série de razões. De acordo com a mesma fonte, não há, até momento, qualquer cálculo financeiro aprovado ou estudo definitivo do corpo técnico que embase a antecipação dos investimentos em Uchuva-1. Ao RR, a Petrobras informou o projeto “está em processo de avaliação econômica, conforme compromissos firmados junto à ANH (Agência Nacional de Hidrocarburos) no Plano de Avaliação da Descoberta.” Além disso, dentro da Petrobras sempre vigorou o entendimento de que o projeto é relevante para a Colômbia, mas de menor importância para a estratégia de negócios da própria companhia. Os reservatórios de gás no país estão declinando. Estima-se que já a partir de 2025 a Colômbia terá de importar um volume expressivo do insumo, o que explica a pressa do governo do presidente Gustavo Petro em acelerar o início da campanha de exploração em Uchuva-1. Ou seja: o empreendimento é prioritário para a Colômbia, mas não exatamente para a Petrobras.
Desde 2020, a operação no bloco Tayrona já era tratada como carta fora do baralho da Petrobras. Tanto que, há mais dois anos, a empresa vem tentando vender sua participação no consórcio com a Ecopetrol. Dentro da própria estatal, há informações desencontradas sobre o processo de desmobilização do ativo. O RR perguntou à Petrobras se a companhia desistiu de se desfazer da sua participação no bloco Tayrona. A resposta? Nenhuma palavra sobre o assunto.

Negócios
Petrobras reflete sobre venda de ativos em fertilizantes
7/12/2022O Conselho de Administração e a direção da Petrobras avaliam, com prudência, os próximos passos do plano de desmobilização de ativos da estatal no apagar das luzes da gestão Bolsonaro. Um caso mais premente é a venda de 34 títulos minerários de potássio localizados na Bacia do Amazonas. O pacote engloba oito concessões de lavra, quatro requerimentos e 22 autorizações de pesquisa, todos outorgados pela Agência Nacional de Mineração. A rigor, a operação está em fase avançada: a estatal já recebeu ofertas vinculantes. No entanto, a gestão da Petrobras ainda discute se bate o martelo neste ano ou empurra a questão para 2023, ou seja, para a próxima diretoria. Com a iminente chegada de Lula ao Poder, o receio é que a venda venha a ser suspensa pelo futuro governo. Assessores do presidente eleito chegaram a solicitar ao Ministério de Minas e Energia que o processo de desmobilização de ativos da Petrobras fosse interrompido. Mais do que isso: na campanha, o próprio Lula insinuou a possibilidade de reverter desinvestimentos já feitos pela Petrobras.

Política
Futuro governo quer desmontar o “GSI da Petrobras”
22/11/2022O nome do futuro presidente da Petrobras ainda é uma incógnita, mas uma de suas primeiras missões já está desenhada. Assessores do comitê de transição na área de energia ligados à estatal – como Deyvid Barcelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) – têm alertado sobre a necessidade de o PT desmontar logo na partida o aparelho de Inteligência instalado pelo governo Bolsonaro dentro da empresa. Conforme o próprio RR já revelou, esse bunker é personificado, sobretudo, na figura de dois militares: o coronel da reserva do Exército Ricardo Silva Marques e o capitão tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem. Dentro da estatal, ambos carregam a pecha de comandarem uma espécie de “estrutura de espionagem” a serviço direto de Bolsonaro.
Silva Marques chefia a Gerência Executiva de Inteligência e Segurança Corporativa, área que concentra os dados mais sigilosos dos funcionários da empresa. Nagem, por sua vez, bate ponto como assessor direto da presidência da companhia, com uma resiliência impressionante: já está no quarto CEO. Trata-se de um cargo de confiança. Normalmente assessores da presidência da Petrobras deixam o posto quando há uma troca de comando. Talvez a permanência de Nagem se explique pelo fato de que o seu chefe, de fato, não está na companhia, mas, sim, no Palácio do Planalto.

Um almirante a caminho da Petrobras?
20/10/2022O nome de Ruy Flaks Schneider, oficial da reserva da Marinha, circula no Palácio do Planalto como candidato a uma diretoria da Petrobras. Seria mais um capítulo da sanha intervencionista de Jair Bolsonaro na estatal. Nos últimos dias, surgiram notícias de que o presidente estaria disposto a trocar diretores da companhia para brecar novos aumentos dos preços dos combustíveis antes das eleições. No início de 2021, Schneider esteve cotado para assumir a presidência da Eletrobras. Curiosamente, em agosto, foi indicado pelo governo para o Conselho de Administração da própria Petrobras. No entanto, seu nome não foi aprovado na assembleia de acionistas.

Bolsonaro e Lula miram na redução do câmbio
17/10/2022Um refresco cambial é o que os arautos da área econômica de ambos os candidatos à Presidência pretendem usufruir no início do seu governo. Todos preconizam uma inflexão no valor da moeda. Um dólar cotado na faixa de R$ 4,00 seria a meta. Mas ninguém pensa em mexer no tripé macroeconômico. Nem apreciar o real artificialmente, vendendo um pouquinho das reservas cambiais, usando de operações de swap, ou coisas assim. Não é disso que se trata. O governante que vier vai vender Brasil. Na equipe econômica de Lula há o entendimento de que o anúncio de medidas ambientais fortes – inclusive, com projetos de investimentos “limpos” na Amazônia – e um pacote vultoso de empreendimentos voltados à área de energia renovável, tendo a Petrobras e o BNDES como parceiros, trarão um caminhão de dinheiro.
Ainda mais se o petista for o garoto propaganda das medidas no exterior. Lula vende bem. A lógica virtuosa é a mesma de sempre: dólar entrando, real valorizando e inflação caindo. Bolsonaro já iniciou o mesmo movimento. Paulo Guedes aproveitou a reunião do FMI, em Nova York, para vender o Brasil. Apresentou, em diversos encontros com os bancos, a “espetacular” agenda de resultados macroeconômicos do governo: PIB subindo, desemprego e inflação caindo, superavit primário e dívida bruta sob controle.
Se o câmbio cair, melhoram todas as variáveis. Guedes quer que o governo faça marketing no exterior, que trate com ufanismo nossos triunfos: energia renovável e commodities agrícolas, principalmente – o ministro já pisou e repisou que o Brasil é o garantidor da segurança alimentar do mundo. Mas o tiro de maior calibre que Paulo Guedes pretende dar é a privatização da Petrobras. A equipe econômica considera que a operação amassaria o câmbio. O combo inclui também um número de concessões superior ao do “primeiro” governo Bolsonaro. Guedes sempre repete que tem muito dinheiro voando no mundo e que o Brasil, além de ter feito seu MBA em concessões na gestão do coronel Tarcísio Freitas no Ministério da Infraestrutura, reúne os ativos naturais que todos querem. Boas intenções, ideias animadoras, mas de complexa execução. Um real comportadamente apreciado todo mundo quer. A ver quem saca do coldre a tão difícil previsibilidade.
Maranhão busca o seu “vale gás”
14/10/2022A equipe do governador reeleito do Maranhão, Carlos Brandão, estuda comprar gás diretamente da estatal boliviana YPFB a partir de janeiro de 2024. Exatamente nessa data, a Gasmar começará a fornecer gás natural à usina de pelotização da Vale no estado. Trata-se de um contrato estratégico para a distribuidora maranhense. O volume previsto é expressivo: cerca de 250 mil metros cúbicos por dia. O acordo com a YPFB seria um hedge. No cálculo do governo do Maranhão, a Petrobras não terá capacidade para suprir a demanda adicional da Gasmar já no início de 2024. A petroleira ainda não iniciou a perfuração da chamada Margem Equatorial Brasileira, cinco bacias sedimentares que se estendem da costa do Rio Grande do Norte ao Amapá.
Mais gás para a Petrobras
11/10/2022Em conversas reservadas com a direção da Petrobras, o presidente da YPFB, Armin Dorgaten Tapia, acenou que mais da metade da produção dos cinco novos campos de gás natural da empresa, nas regiões centro e sul da Bolívia, será destinada ao Brasil. Sinal de cumprimento do contrato com a estatal brasileira. Neste ano, não custa lembrar, a YPFB cortou unilateralmente cerca de 30% do fornecimento de gás para a Petrobras.

Ministério da Economia estuda nova antecipação de dividendos da Petrobras
10/10/2022A equipe econômica busca soluções para cobrir os dispêndios feitos pelo governo Bolsonaro que estão fora do teto de gastos. Uma das propostas que ganha força é antecipar o pagamento dos dividendos da Petrobras referentes ao quarto trimestre, repetindo expediente já adotado na distribuição dos lucros do segundo trimestre do ano. Nesse caso, a estatal procederia a remuneração dos acionistas até 20 de dezembro, o que permitiria ao Tesouro lançar esses recursos nas contas públicas de 2022.
Em conversa com o RR, a Petrobras informou que, no primeiro semestre de 2022, a União recebeu cerca de R$ 32 bilhões de dividendos da empresa. Com a nova parcela de dividendos aprovada em 28 de julho, o valor da remuneração da União somará R$ 64,1 bilhões neste ano – informação também confirmada à newsletter pela companhia. Perguntada especificamente sobre a possibilidade de antecipação do pagamento do valor referente ao quarto trimestre, a estatal não se pronunciou.
Haveria ainda a hipótese de recursos originalmente reservados para investimentos serem redirecionados para o pagamento de dividendos, o que aumentaria o valor da remuneração aos acionistas previsto para este ano – esse remanejamento poderia ser compensado em 2023. O nó fiscal é grande. A “PEC das Bondades” criou cerca de R$ 41 bilhões em despesas adicionais, não previstas no orçamento. Entram nessa conta o valor adicional do Auxílio Brasil de R$ 600 até dezembro, o vale-gás e os benefícios a caminhoneiros e taxistas. Cerca de R$ 12 bilhões já foram desembolsados.
Nesse cenário, a antecipação dos dividendos da Petrobras contribuiria bastante para o governo fechar as contas públicas de 2022, estropiadas pela combinação entre o carry over da pandemia e os afagos eleitorais do candidato Jair Bolsonaro. Mesmo porque, olhando-se para um lado e para o outro, Paulo Guedes e sua equipe não têm mais de onde tirar. Na atual circunstância, em meio ao processo eleitoral, dificilmente haveria espaço para o governo retirar da cartola uma nova PEC do Teto.
Poliana
29/09/2022O secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Bruno Eustáquio, diz que o Porto de Santos vai ser privatizado na segunda metade de dezembro. Claro, claro… Certamente o governo vai vender também o Banco do Brasil no Natal e a Petrobras no Réveillon…
Petrobras e Ibama frente a frente
15/09/2022Segundo o RR apurou, executivos da Petrobras vão se reunir hoje com a direção do Ibama. A companhia busca um alinhamento com o órgão ambiental com o objetivo de destravar a licença para a exploração do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas. Na última terça-feira, o Ibama emitiu um parecer apontando inconsistências na documentação apresentada pela estatal. A posição do Instituto aumentou a preocupação na Petrobras – a ponto de o próprio diretor de Exploração e Produção, Fernando Borges, estar à frente do assunto. A questão é intrincada e já mobiliza altos gabinetes em Brasília. Informações filtradas do Ibama apontam que a direção do órgão estaria sofrendo pressões políticas para liberar o licenciamento, atropelando, portanto, o parecer da área técnica.
“Jurisprudência” contra Petrobras
8/09/2022Corre na Petrobras que outros investidores da Sete Brasil pretendem aproveitar a brecha aberta pela Justiça norte-americana para acionar a estatal. A medida poderia beneficiar, por exemplo, o ex-banqueiro Aldo Floris, que aportou recursos na antiga fabricante de sondas por meio da Luce Drilling. A Justiça dos Estados Unidos acolheu recentemente a tese da EIG Global de que a Petrobras teria praticado fraude ao induzir investidores a entrar no capital da Sete Brasil, acobertando fraudes nos contratos com a empresa. Procurada, a Petrobras informou que “seguirá se defendendo vigorosamente no processo e reafirma a sua condição de vítima das atividades ilícitas investigadas no âmbito da Operação Lava Jato, conforme reconhecido por todas as instâncias do Judiciário brasileiro.”

Uma gigante do gás em São Paulo
6/09/2022Há um forte burburinho no setor de que a Compass, de Rubens Ometto, pretende promover a fusão da Gás Brasiliano e da Comgás. O grupo está com a faca e o queijo na mão para unir as duas distribuidoras. Dona da Comgás, a empresa assumiu o controle da Gas Brasiliano com a aquisição dos 51% da Gaspetro que pertenciam à Petrobras.
Há outras peças que se encaixam nesse mosaico. A fusão e o consequente aumento dos investimentos na rede de distribuição de São Paulo serviriam como uma valiosa moeda de troca para a Compass negociar com as autoridades do estado a prorrogação do contrato de concessão da Gas Brasiliano, que vai até 2029. Seria um movimento fundamental para sincronizar toda a operação em território paulista.
No fim do ano passado, ressalte-se, a empresa de Ometto conseguiu estender o contrato da própria Comgás até 2049. A associação entre Comgás e Gas Brasiliano daria origem a um player dominante no maior PIB do país. Juntas, as duas empresas atendem a 552 dos 645 municípios de São Paulo, somando 12 milhões de consumidores. A Compass mira em um segmento especial: dos grandes consumidores. O novo grupo teria um peso ainda maior para competir na venda de gás a indústrias, na concorrência direta com a Naturgy, leia-se a espanhola Gas Natural, que hoje divide esse mercado com a Comgás e a Gas Brasiliano.

Bolsonaro tem mais combustível pré-eleitoral
2/09/2022A maré de boas notícias capazes de aditivar a candidatura de Jair Bolsonaro não ficará restrita à nova queda dos preços dos combustíveis, divulgada ontem pela Petrobras. O comitê de campanha do presidente aposta nas profecias de Paulo Guedes e já trabalha com o surgimento de mais um fato positivo antes das eleições. O ministro segue na contramão dos economistas e analistas e prevê uma taxas de desemprego em agosto na faixa dos 8%. O índice a ser anunciado em setembro cairia como uma luva no discurso eleitoral às vésperas da escolha do futuro presidente. Guedes desdenha das projeções de desaceleração do mercado de trabalho daqui por diante. O que interessa é a fotografia do desemprego agora e não as apostas no porvir, até porque, diz o ministro, o futuro está por ser corrigido e não conta como insumo para o discurso de campanha.
…
A incansável equipe econômica de Paulo Guedes jogou às favas os pruridos em relação ao compromisso com a ortodoxia. A não inclusão de um benefício médio de R$ 600 do Auxílio Brasil no Orçamento de 2023 já antevê uma PEC ampliada, que livre o governo da discussão repetida, anualmente, sobre a busca de fonte de recursos para custeio do benefício. A futura PEC, a ser anunciada no âmbito da campanha eleitoral, garantirá um Auxílio Brasil de R$ 500 por três anos, menos R$ 100 do que o atual, mas com prazo de duração assegurado por um pedido mais longo.
“E de onde sairá essa dinheirama?”, perguntaria o Conselheiro Acácio, fazendo ouvidos moucos em relação à ferida na Constituição. A PEC do novo Auxílio Brasil permite, assim como foi feito com os precatórios, que os recursos não saiam, plunct, plact, zum, de lugar nenhum. Cairão do firmamento das contas públicas.
Mas Guedes acredita que, mesmo com a PEC garantindo alforria fiscal, é possível buscar financiamento em outras paragens, como uma nova rodada de antecipação de dividendos das estatais, privatizações, venda de ativos imobilizados da União, tributação de dividendos e leilões do pré-sal, só para citar as medidas mais votadas. Para Bolsonaro, o que interessa é o anúncio da sua “bondade” durante a campanha. Melhor três anos de Auxílio Brasil a R$ 500 do que um ano de R$ 600 fadados a sumir na poeira do calendário do próximo ajuste fiscal.
O redemoinho da Petrobras
1/09/2022É um crime o que estão fazendo com a Petrobras. Intervenção na política de preços dos combustíveis, indicação para a diretoria fora das exigências estatutárias, desmanche do parque de refino, antecipação e ampliação dos dividendos distribuídos para reduzir o furo do teto de gastos, postergação sem limite de prazos dos investimentos em energia renováveis, descaso em relação à agenda. Esta é a empresa que Paulo Guedes quer privatizar.
Ativos maduros
30/08/2022A Enauta, petroleira da Queiroz Galvão, é candidata à compra de campos maduros da Petrobras.
Gás aditivado
24/08/2022Segundo o RR apurou, o aditivo no contrato de compra de gás firmado com a boliviana YPFB custará à Petrobras US$ 200 milhões até o fim do ano. A extensão garantirá à estatal o fornecimento de até 20 milhões de metros cúbicos de GLP por dia.
Preparando o bote
9/08/2022A Glencore estaria em conversações com a Petrobras para a compra da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. A estatal pede algo em torno de US$ 1,5 bilhão pelo ativo. Para a Glencore, a aquisição da Refap significaria uma verticalização de seus negócios no Brasil. A trading já atua na revenda de combustíveis, por meio da rede de postos Ale.

Diplomacia do “bateu, levou”
4/08/2022Há um Jair Bolsonaro no caminho entre a Bolívia e o Mercosul. O Palácio do Planalto articula com Rodrigo Pacheco para que o Senado cozinhe em banho-maria a votação da entrada do país vizinho como membro do bloco econômico. Entre os integrantes do Mercosul, falta apenas o imprimatur do Congresso brasileiro. No que depender de Bolsonaro, o sinal verde não sairá tão cedo.
…
A postura do governo brasileiro não deve ser atribuída apenas a uma má vontade de ordem ideológica do presidente Bolsonaro. A Bolívia também tem feito por onde, especialmente por meio da YPFB. A estatal boliviana está reduzindo o fornecimento de amônia e ureia ao Brasil, para privilegiar outros mercados. A medida tem tudo para afetar a produção interna e, consequentemente, o fornecimento de fertilizantes para o agronegócio nos próximos meses. Some-se a isso o fato de que, recentemente, a YPFB cortou em 30% a venda de gás para a Petrobras, descumprindo seu contrato com a estatal brasileira. É outra medida que também atinge a indústria de fertilizantes, intensiva no uso do insumo.

As artimanhas fiscais do governo dentro da lei
2/08/2022O RR decidiu fazer algumas observações sobre fatos fiscais discutíveis e, algumas vezes, oportunistas que contraditam o próprio discurso do governo. São números impressionistas, que não levam em consideração, por exemplo, a correção pela inflação. Mas trazem à tona inquietações submersas em relação ao que move determinadas decisões do governo. Vamos a elas:
- Causa estranheza, em plena vigência do Estado de Emergência, cujo um dos motivos da sua decretação foi permitir o financiamento do Auxílio Brasil fora do teto, o governo antecipar dividendos das estatais com a mesma finalidade. Por que não fez antes? Não fez por quê?
- Qual a razão da insistência de privatizar as principais estatais, que são verdadeiras vacas leiteiras do governo? Que desperdício seria vender empresas geradoras de prováveis R$ 100 bilhões em dividendos para a União neste ano?
- Pode não ser uma pedalada fiscal sob uma avaliação rigorosa. Mas provoca espécie uma operação de transferência de parcela dos dividendos das grandes estatais para o BNDES, que, por sua vez, transferirá os recursos para o Tesouro com o objetivo de financiamento dos gastos de custeio do governo. Dilma Rousseff nunca teve tamanha criatividade.
- Entre 2019 e 2021, a União arrecadou R$ 70,7 bilhões com dividendos de estatais. Caso a previsão de R$ 100 bilhões para este ano seja atingida, o Tesouro vai amealhar, portanto, R$ 170,7 bilhões durante o mandato de Jair Bolsonaro. No mesmo intervalo, as despesas discricionárias do governo central somaram R$ 455,7 bilhões. Em um exercício hipotético, se os dividendos com estatais entre 2019 e 2022 fossem integralmente alocados a investimentos, representariam 37,4% do total de gastos discricionários do período.
- A título de curiosidade “privatológica”: somando-se a participação direta da União e as ações em poder do BNDES, o governo detém 36,5% do capital total da Petrobras. Tomando-se como base apenas o valor de mercado da estatal no fechamento de ontem, essa fatia equivale a algo como R$ 158 bilhões. Ou seja: somente os dividendos pagos à União no primeiro semestre deste ano, cerca de R$ 50 bilhões, correspondem a um terço dessa cifra. Vale mesmo vender a estatal? Uma vez privatizada, esses recursos somem.
- Ainda a Petrobras: caso fossem investidos na construção de novas refinarias, os dividendos pagos pela estatal à União tornariam o país superavitário na produção de diesel – as importações respondem por 23,2% do consumo.
- Para se ter uma ideia do impacto dos dividendos da estatal na produção de diesel, apenas o valor de R$ 50 bilhões antecipados pela Petrobras à União no primeiro semestre daria para “comprar” cinco vezes a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), vendida ao Mubadala. Nem seriam necessárias as cinco. Apenas três refinarias com a capacidade da RLAM cobririam o déficit de diesel no país. Como se sabe, nenhuma empresa privada se apresentou ainda para construir qualquer refinaria.
- Não custa lembrar que a comparação da antecipação de dividendos com as pedaladas fiscais de Dilma são uma “forçação” de barra. As pedaladas foram feitas ao arrepio da lei. A antecipação de dividendos “tapa teto” está dentro das regras, mas não deixa de ser uma contabilidade criativa muito heterodoxa, especialmente jeitosa para um ano eleitoral.
Bye bye Petrobras?
15/07/2022O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, com ajuda de ex-companheiros do Ministério da Economia, toca celeremente o projeto de privatização da Petrobras. O prazo para apresentação da Emenda Constitucional encomendada pelo ministro Paulo Guedes é até o final de agosto.

Vale tira o pé do manganês
12/07/2022A Petrobras está fazendo escola ao dar prioridade ao valuation, com a desmobilização de ativos. A Vale estuda a venda de pequenas reservas de manganês. O anúncio da transferência pode ser feito a qualquer momento. É o que sobrou do que foi uma das maiores minas do mineral no mundo, a jazida de Igarapé Azul, em Carajás, inteiramente exaurida. Para se ter uma ideia do que representou a reserva do Azul, quando ela estava em exploração, o Brasil perfilava entre os três maiores produtores do minério no mundo. A Vale chegou a pensar em adotar o modelo “minominas”, restrito ao minério de ferro, no qual ela cede os direitos minerais de pequenas propriedades, com a garantia de compra do minério de ferro explorado dessas jazidas. Mas a decisão foi sair de vez do manganês. Em tempo: a Vale vendeu todas as suas empresas de ferro liga com o metal. Com a crise da guerra da Rússia com a Ucrânia, segundo maior produtor de manganês do mundo, pode ser que as propriedades mineralógicas da Vale subam de preço. Um bom negócio é razão também da sua circunstância.

Reajuste à vista
7/07/2022A diretoria da Petrobras discute um novo reajuste no GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). Nos cálculos da estatal, a defasagem dos preços já chega a 4% em relação às cotações internacionais. O aumento será um batismo de fogo do novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, junto a Jair Bolsonaro.

Mubadala tem fome de Brasil
5/07/2022O Mubadala, que já soma mais de US$ 5 bilhões em ativos no Brasil, vai aumentar essa cifra. Segundo o RR apurou, o fundo árabe mantém conversações com a Petrobras para a compra da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. A unidade está avaliada em algo em torno de US$ 1,3 bilhão. O Mubadala é “reincidente” no plano de desmobilização de ativos da estatal: já comprou a refinaria Landulpho Alves, na Bahia, por US$ 1,6 bilhão. Ressalte-se que a eventual aquisição da Refap pelo fundo árabe não fere o Termo de Compromisso firmado entre a Petrobras e o Cade. Pelo acordo, um único comprador não poderá adquirir refinarias dentro de uma mesma região.
…
Mais uma prova do apetite do Mubadala pelo Brasil, dessa vez no setor de educação: o fundo pretende embalar suas universidades de medicina no país em uma nova holding. O passo seguinte também está traçado: a abertura do capital em bolsa. Até o momento o fundo árabe comprou as baianas UniFTC e UnesulBahia. De acordo com a mesma fonte, uma nova aquisição deverá ser anunciada em até dois meses.

XP Investimentos dá uma aula
5/07/2022A decisão da XP de criar um curso de treinamento gratuito e pós-pago para 400 estudantes, a maior parte para ingresso futuro nos seus quadros, merece loas. A iniciativa é tudo o que se espera de biliardários como Guilherme Benchimol, dono da corretora. O “MBA XP” é também a oportunidade de relembrar o engenheiro e construtor de catedrais Eliezer Batista, que há mais de uma década desenvolveu estudo pioneiro sobre o papel das grandes empresas no ensino nacional.
A exemplo do Japão, Batista defendia que empresas como Petrobras, Vale, Ambev, Bradesco ou Itaú “fizessem suas universidades”, próprias ou vinculadas a terceiros (com apoio a turmas específicas), com o objetivo de preparar capital humano para alimentar em grande parte o consumo próprio. Os alunos seriam altamente qualificados. Todos teriam de disputar, em concurso, com os demais interessados nos empregos da fomentadora educacional.
A “universidade das empresas” daria bolsas para parcela dos estudantes. Batista achava que o governo deveria entrar somente para pressionar. Mas os negócios seriam privados. Eliezer Batista deve estar dando um aceno sorridente para a XP.

Funcionários e direção da Petrobras em pé de guerra
1/07/2022Parece que foram desferidas sobre a Petrobras as sete pragas do Egito. Não bastassem as interferências do governo Bolsonaro na gestão da companhia, agora os funcionários entraram em rota de colisão com o comando da estatal. Segundo o RR apurou, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) pretende ingressar na Justiça pedindo o afastamento do novo presidente da empresa, Caio Paes de Andrade. Além da falta de comprovação de experiência técnica para o cargo, a entidade alega conflito de interesses.
A ex-mulher do executivo, Margot Greenman, é sócia da Captalys, controladora da iDrust. Esta, por sua vez, é gestora do Finanfor, plataforma de operações de crédito para parceiros e fornecedores da companhia. A FNP reúne, entre outros sindicatos da Petrobras, o forte Sindipetro-RJ. O embate entre funcionários e a direção da Petrobras se dá também em outro front. De acordo com informações apuradas junto a líderes sindicais, é grande a possibilidade de uma greve já na primeira quinzena de julho.
O motivo é a indignação dos colaboradores com a contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) apresentada pela empresa. Na última quarta-feira, em assembleia realizada na entrada do Edifício Senado (Edisen), no Centro do Rio – atual sede administrativa da companhia -, os funcionários rejeitaram o ACT por unanimidade. Também de forma unânime, aprovaram a proposta de estado de greve e assembleia permanente – ou seja, a paralisação pode ser deflagrada a qualquer momento. Entre os termos que provocaram mais insatisfação estão o reajuste salarial médio de 5% – ou seja, apenas metade do IPCA de 2021 (10,06%) -, o fim da gratificação para trabalhadores de campos terrestres e o aumento da contribuição dos empregados para o plano de saúde.
Todos passariam a pagar o mesmo índice, de 50% – hoje, a menor faixa é de 7%. Em contato com o RR, a Petrobras informou que “foi realizada uma reunião no dia 20 entre a companhia e representantes das entidades sindicais”. Segundo a estatal, “neste momento os sindicatos estão realizando as assembleias com os empregados para apreciação e deliberação da proposta apresentada pela companhia.”.Consultada especificamente sobre o pedido de afastamento de Caio Paes de Andrade, a empresa não quis se manifestar.
Acervo RR
Bolsa de apostas
30/06/2022O ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro está muito bem cotado entre os acionistas da Eletrobras para assumir a presidência da empresa. Monteiro, hoje no Credit Suisse, já foi indicado para o Conselho da companhia.

O curto-circuito no papo dos “Economistas do Brasil”
28/06/2022A leitura da lavação de roupa suja do grupo “Economistas do Brasil”, vazada nas mídias no último fim de semana, não revela nada muito explosivo, além de teses fascistoides do ex-presidente do Banco do Brasil Rubem de Freitas Novaes. O RR teve acesso ao conteúdo das conversas. O ex-presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, que se desentendeu com Novaes no grupo de economistas, não disse nada de tão novo que já não tenha dito antes, por ocasião da sua conturbada saída do cargo. Castello, em vários pontos da conversa, reforça o que já tinha falado: a tentativa permanente de Bolsonaro em intervir na Petrobras e sua disposição de não ceder às demandas despropositadas. No mais, são pedidos do presidente para mudar a regra de correção dos preços dos combustíveis e queixas da comunicação da estatal. Quem posa de Darth Vader no lado negro da força é Novaes, com sugestões horrorosas para o combate à inflação e, diga-se de passagem, a busca obsessiva de fazer de uma afamada jornalista inimiga no 1 não só dos economistas interlocutores no grupo, mas de todo o Brasil.

Compliance da Petrobras cria obstáculos a novos conselheiros
23/06/2022Se o Comitê de Elegibilidade (Celeg) da Petrobras seguir à risca o relatório que está sendo produzido pelo setor de compliance, o Palácio do Planalto vai perder mais uma. Segundo o RR apurou junto a fontes da empresa, a área de conformidade vai apontar, no chamado background check de integridade (BCI), óbices à indicação do secretário executivo da Casa Civil, Jonathas Assunção, e do procurador-geral da Fazenda Ricardo Soriano de Alencar para o board. A análise interna vai corroborar que ambos não estão em conformidade com o artigo 17 da Lei das Estatais, que impede a indicação para o Conselho de “titular de cargo de natureza especial ou de direção e assessoramento superior na administração pública”.
Em conversas intramuros, os profissionais da área de compliance da Petrobras chegam a classificar a simples indicação de Assunção e de Alencar como surreal, dado o conflito com a legislação e as regras da companhia. Consultada pelo RR sobre o teor do relatório que está sendo elaborado pela área de compliance, a Petrobras não quis se manifestar. Não é para menos.
Há um clima de tensão na área de Governança e Conformidade, comandada pelo diretor Salvador Dahan. De acordo com as fontes do RR, os últimos dois dias foram marcados por intensas conversas entre integrantes do Comitê de Elegibilidade e Dahan. Os membros do colegiado estão no olho do furacão. Com base nas informações encaminhadas pelo compliance, caberá a eles recomendar ou não à Assembleia Geral os nomes apresentados para o board.

Sachsida na cova do Centrão
23/06/2022O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, entrou na linha de tiro do Centrão. O motivo é a discordância de Sachsida em participar do estupro da Petrobras que está sendo praticado por políticos da base aliada. O ministro acha que a estatal é quem define os preços dos combustíveis, o que vai contra Ciro Nogueira e Arthur Lira, além dos palacianos de quatro costados. Em princípio, Paulo Guedes é quem segura Sachsida. A pergunta que não quer calar é se Guedes ainda consegue segurar alguém.
Mudança estratégica
22/06/2022A diretoria da Eneva avalia comprar gás da Petrobras para abastecer a Termelétrica de Sergipe, recém-comprada da Centrais Elétricas de Sergipe Participações por R$ 6,1 bilhões. Atualmente, a usina opera com GNL importado. O poder de barganha da Eneva em uma eventual negociação com a estatal não é de se jogar fora: a térmica é a maior do país, com capacidade instalada de 1,5 MW.

O maior fator de risco da Petrobras
21/06/2022Estranho, muito estranho. O governo diz que quer privatizar a Petrobras, mas, ao mesmo tempo, ameaça colocar o valor do ativo a zero. As declarações e ações de Jair Bolsonaro e cia. parecem não ter outro objetivo senão o de dizer a potenciais futuros acionistas que a companhia não vale nada em qualquer época, em qualquer tempo. A Petrobras já perdeu cerca de R$ 100 bilhões de mercado nos últimos 30 dias. Nessa toada, quem comprar a empresa estará levando a pobre coitada por um preço menor do que os dividendos que ela paga. Se Ernesto Geisel, ex-presidente da Petrobras e da República, estivesse vivo, “impichava” Jair Bolsonaro por crime de destruição da riqueza nacional.
Contencioso à vista
21/06/2022A Ipiranga, leia-se Ultra, estuda entrar na Justiça contra a venda da Reman, refinaria da Petrobras em Manaus, para o Grupo Atem. A alegação é de que o negócio criará um monopólio privado na venda de derivados na região. Ressalte-se que, assim como a Raízen, a Ipiranga foi incluída pelo Cade como parte interessada no processo que aprovou a operação.
Hora da Petrobras dar o troco?
17/06/2022A estatal boliviana YPFB está tentando comprar óleo diesel no Brasil em meio a uma crise no abastecimento local. O caminho natural é a Petrobras. No entanto, como se sabe, as relações entre as duas empresas estão estremecidas devido à redução no fornecimento de gás da Bolívia.

Petrobras pode servir para mais uma pirotecnia fiscal
10/06/2022Pau que bate em Chico bate em Francisco. Política econômica que fura teto e Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF) pode muito bem cavar outras heterodoxias em ano eleitoral. O Ministério da Economia estuda uma medida tremendamente polêmica: usar como recebível para gasto público presente uma promessa de privatização da Petrobras no futuro. A missão de cranear esse projeto está a cargo do ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que já anunciou publicamente o pedido à Pasta da Economia para o início dos estudos da venda da companhia. Na realidade, essa encomenda só faz sentido se houver a intenção de antecipação de receita. É como realizar gasto no presente lastreado em nuvens cinzentas do futuro.

Petrobras quer acionar YPFB por “calote” na entrega de gás
9/06/2022O RR apurou que a Petrobras estuda uma ação de arbitragem contra a YPFB pelo descumprimento do contrato de venda de gás à estatal brasileira. Nos últimos meses, a empresa boliviana reduziu, unilateralmente, o volume fornecido em 30%, para vender o insumo a preços mais altos à Argentina. A estatal deve exigir da YPFB um ressarcimento pelos prejuízos causados, notadamente o custo referente à importação de GNL, para cobrir o buraco deixado pelos bolivianos. Em contato com o RR, a Petrobras informou que “vem exercendo seu papel diligentemente, reivindicado o cumprimento do contrato com a YPFB e adotando as medidas para assegurar o fornecimento de gás aos seus clientes”. Consultada especificamente sobre o processo de arbitragem, a companhia não se manifestou. A relação comercial entre as duas empresas é marcada por turbulências. Em 2007, por exemplo, a Petrobras ameaçou recorrer a uma Câmara de Arbitragem após a expropriação de duas refinarias na Bolívia. Depois de tensas negociações, a YPFB aceitou ressarcir a empresa, pagando US$ 112 milhões. É o desfecho que a direção da Petrobras espera ver de novo.
Bola dentro das Minas e Energia
8/06/2022A falta de “aprovações governamentais” – termo usado pela Petrobras para justificar a suspensão da venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III à russa Acron – diz da missa apenas a metade. O próprio Ministério de Minas e Energia brecou a operação por receio de calote. Por duas vezes seguidas, segundo o RR apurou, a Acron teria adiado a apresentação de garantias financeiras para a conclusão do negócio. Tampouco comprometeu-se a investir os R$ 4 bilhões necessários para a conclusão das obras. Nos dois casos, alegou problemas de ordem operacional. “Problema de ordem operacional” para transações financeiras é exatamente o que mais a Rússia tem neste momento: o país está banido do Swift, o sistema bancário internacional.
Hora de fechar a porteira
6/06/2022O Ministério Público Federal está abrindo um flanco de batalha que atinge diretamente a Petrobras e demais petroleiras em operação no Brasil. A Câmara de Coordenação e Revisão do MPF enviou parecer ao PGR Augusto Aras atestando a inconstitucionalidade da decisão do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) de suspender os limites para a emissão de poluentes em plataformas de petróleo e gás. Aprovada no ano passado, a medida foi uma das últimas “boiadas” da gestão do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
Com todo o gás
31/05/2022No embalo dos sete blocos na Amazônia comprados à Petrobras em 2020, a Eneva vai acelerar seus negócios no Norte do Brasil. Até dezembro deve iniciar o fornecimento de GNV para postos da Região.
Ao pé do ouvido
30/05/2022O ex-governador do Piauí Wellington Dias vem ganhando espaço na formulação do programa de governo de Lula, notadamente na pauta econômica. É dele, por exemplo, uma das vozes que ecoam dentro do PT favoráveis à recompra de ativos já vendidos pela Petrobras.

Vira casaca nos preços
27/05/2022O bochicho de que Paulo Guedes defende um aumento nos preços dos combustíveis de seis em seis meses gerou um novo chiste junto aos companheiros de Pasta. Guedes criaria seu próprio CIP (Conselho Interministerial de Preços), com o nome de CPG (Conselho de Preços do Guedes). Mas há quem defenda um alcance mais restrito, com o “CPG” tornando-se o “CIPP” (Conselho Interministerial de Preços da Petrobras). O CIP foi um dos órgãos mais fortes do regime militar, comandado com mão de ferro pelo poderoso ministro Delfim Netto. Com ou sem “CPG” ou “CIPP”, mais parece que Guedes quer estatizar a Petrobras em vez de privatizá-la.
No território da Petrobras
18/05/2022A estatal colombiana Ecopetrol planeja investir em energia renovável no Brasil. E dizer que a Petrobras praticamente virou as costas para esse setor… Trata-se de mais um movimento estratégico da Ecopetrol com o objetivo de reduzir sua dependência do petróleo. No ano passado, o grupo comprou o controle da conterrânea ISA, dona de uma das maiores carteiras de ativos em transmissão da América Latina, incluindo a brasileira CTEEP.

Fundo de reconstrução de Guedes é só a ponta do iceberg
17/05/2022O fundo de reconstrução nacional para investimentos em infraestrutura, prometido ontem pelo ministro Paulo Guedes, é o primeiro movimento no tabuleiro após o encaminhamento dos estudos para a privatização da Petrobras. Guedes anunciou que o fundo será constituído das participações que a União detém em diversas companhias. Não especificou em quais. Apenas adiantou que a carteira do BNDES será vendida para geração do funding inicial.
Imagina-se que o fundo de reconstrução não será um segundo BNDESpar e também não terá o mesmo papel de banco de fomento do BNDES. O segundo movimento será a inclusão de outros ativos politicamente mais sensíveis. E o terceiro será adocicar a operação com a venda de uma fração das ações aos funcionários das estatais caso elas realmente venham a ser incluídas no fundo. A título de exemplo, algo similar ao modelo de privatização da Vale, quando o equivalente a 5,1% do capital total foi reservado para os trabalhadores da mineradora. Trata-se de uma engenharia híbrida.
As participações da BNDES-Par em empresas privadas seriam vendidas e os recursos diretamente aportados no fundo. No caso das estatais icônicas, o caminho seria outro: as ações da União nessas empresas seriam transferidas para o fundo. A privatização – seja da Petrobras, do BB ou da Caixa – poderia vir, portanto, por uma via oblíqua, com os devidos cuidados para não parecer uma desestatização lato sensu. Até porque vender uma dessas empresas na atual conjuntura seria um convite ao ingresso em um Vietnã político em plena campanha eleitoral. Curioso é pensar que, de certa forma, Guedes, neoliberal elevado à enésima potência, está adotando uma ideia de um ícone da esquerda: Ignácio Rangel.
O economista defendia a venda das estatais maduras para a criação de novas estatais ou frentes geradoras de emprego, ao invés do abatimento direto da dívida pública. Como se sabe, investimentos em infraestrutura geram uma enxurrada de postos de trabalho. Verdade seja dita, Paulo Guedes sempre defendeu a criação de um instrumento similar, mas insistia com a tese de que os imóveis da União seriam os ativos aportados no fundo. A ver se o ministro fará todos os movimentos, guardando uma quarta jogada para o xeque-mate: a adoção de uma golden share e uma pílula de veneno, se realmente o fundo vier a ser securitizado, carregar as estatais “sagradas” e tiver maiores pretensões de buscar dinheiro em mercado.

Lula e Alckmin planejam um choque regulatório
10/05/2022Lula e Geraldo Alckmin já estão trocando ideias para um futuro programa econômico. O petista e o ex-tucano estudam lançar uma espécie de choque de reafirmação regulatória. Esta pode ser uma das grandes surpresas da campanha. O projeto consistiria no fortalecimento da figura das agências. As atribuições de todos os órgãos reguladores do Estado passariam a ser definidas na própria Constituição. Hoje, apenas a Anatel (Artigo 21) e a ANP (Artigo 177) estão previstas na Carta Magna, ainda assim de forma superficial. As demais – a exemplo da ANAC, Aneel e ANTT, entre outras – nem isso.
Vivem em um limbo legal. Seu papel é definido de forma dispersa, a partir de uma algaravia de leis, portarias e decretos. A constitucionalização teria como objetivo tornar os órgãos reguladores independentes, a exemplo do Banco Central. Lula e Alckmin embalariam a medida com o discurso de que é necessário dar autonomia de fato às agências como forma de garantir o cumprimento de contratos em setores regulados da economia, como óleo e gás, energia elétrica, telefonia, concessões de infraestrutura etc. Ou seja: a dupla pretende passar um recado forte aos agentes de mercado de que, em seu governo, haverá segurança jurídica.
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas, muito provavelmente, Lula não fará a autocrítica de que esse intervencionismo começou no governo de Dilma Rousseff, com sua nova matriz econômica. Entre outros artificialismos, Dilma segurou os preços da energia na marra. Deu no que deu. Como sempre, Lula vai mimetizando as circunstâncias. Há um algoritmo político na ideia de revigoramento dos órgãos reguladores. Seria um gesto exatamente na contramão do que o governo Bolsonaro tem feito. O presidente Jair Bolsonaro vem provando que é possível desacreditar as agências. Umas das marcas da sua gestão é que qualquer área regulada está à mercê dos caprichos do Executivo.
Trata-se da mesma e tortuosa lógica que pauta as seguidas intervenções do Palácio do Planalto na Petrobras, uma sociedade de economia mista. Isso quando a ameaça de descumprimento das regras do jogo não vem do Legislativo. Neste momento, por exemplo, o Congresso está acelerando a tramitação de um projeto que adia para 2023 o reajuste das tarifas de energia no Ceará, previsto para este ano. Uma vez aprovada, a proposta abre brecha para que o mesmo ocorra em outros estados.
Não haveria uma Carta ao Povo Brasileiro II. Lula e Alckmin apresentariam de forma picada propostas para a economia, notadamente com o intuito de acalmar os mercados. E, nesse caso, conforme já sinalizado, o ex-tucano terá um papel fundamental nessas inflexões ao centro e à direita. Uma das funções de Alckmin será testar esses projetos, medir a aceitação dos agentes privados e até mesmo abordá-los publicamente, de forma a diluir a vinculação do ex-presidente a temas menos afeitos ao seu eleitorado. É um dos temperos do “Risoto de Lula com Chuchu”.
Mais gás
9/05/2022A Shell estuda a construção de dois terminais de gás natural liquefeito (GNL) no Nordeste. Com a decisão da Petrobras de reduzir a oferta do insumo às distribuidoras locais, há uma crescente disputa entre grupos privados na região.
Acervo RR
Reciclagem
3/05/2022A ANP trabalha para relicitar ainda neste ano uma leva de campos maduros. Entre outros ativos, o pacote englobaria blocos de óleo em gás onshore em Sergipe que estão sendo devolvidos pela Petrobras.
Segunda época
28/04/2022O RR apurou que a Petrobras vai reabrir, nas próximas semanas, o processo de venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul. No ano passado, o Grupo Ultra esteve perto de comprar o ativo, mas desistiu. Consultada, a Petrobras confirmou que o “relançamento do processo da Refap está em avaliação, após insucesso na tentativa inicial de desinvestimento”.
Acervo RR
Errata
25/04/2022O RR errou: considerou que a eleição de Eduardo Karrer para o Conselho de Administração da Petrobras eram favas contadas. Indicado pelo acionista controlador, a União, Karrer não foi eleito.
Uma ficha nem tão limpa assim na Petrobras
22/04/2022Eduardo Karrer, novo membro do Conselho de Administração da Petrobras, carrega algumas máculas dos tempos da EBX, do então onipresente Eike Batista. Quando era diretor de relações com investidores da MPX (rebatizada de Eneva), Karrer foi acusado, em processo na CVM (No RJ 2013/12595), de não ter divulgado fato relevante ao mercado, informando que o BTG Pactual iria retirar a garantia firme de colocação para um aumento de capital na companhia. Para encerrar a ação, o executivo firmou um termo de compromisso com a CVM e pagou R$ 250 mil – segundo informação disponibilizada pelo órgão regulador. O mesmo Karrer foi acusado em outro processo na CVM (No RJ 2013/10321), desta vez na condição de conselheiro da CCX, empresa colombiana de carvão de Eike. O motivo foi a não divulgação de fato relevante acerca dos estudos para uma oferta pública de aquisição das ações e consequente cancelamento de registro da empresa. O executivo acabou punido com uma advertência – informação também confirmada pela CVM.
Quem manda nas estatais?
19/04/2022O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, já foi devidamente enquadrado pela corporação. Como diversos outros executivos que tentaram comandar o banco como se estivessem na iniciativa privada, Montezano está apanhando do sistema de regras da instituição, que praticamente torna independente suas diversas áreas e departamentos. Algumas dezenas das deliberações de Montezano estão presas dentro da burocracia do BNDES.
…
José Mauro Ferreira Coelho assumiu a presidência da Petrobras com dois discursos: um, intramuros, para dentro da companhia, e outro para fora, através de entrevistas. Em ambos, faz uma profissão de fé na manutenção da política de preços de combustíveis da estatal. Tem até outubro para garantir que a sua palavra continua valendo.
Missão de paz
18/04/2022O general Braga Netto foi encarregado de amainar a mágoa do general Joaquim Silva e Luna, ex-presidente da Petrobras. No Palácio do Planalto há preocupação com o excesso declarações de Silva e Luna. Entre os quatro estrelas da sua geração, Braga Netto é considerado o mais jeitoso.

A culpa não é só da Petrobras
14/04/2022Em uma das muitas vezes em que falou sobre a Petrobras, Jair Bolsonaro até pareceu dizer uma rara verdade: a estatal deveria fazer mais marketing, ainda mais nesse momento em que vem sendo crucificada pela alta dos preços dos combustíveis. Contudo, ficou mesmo na meia verdade. A estatal só não faz mais marketing devido ao cabresto imposto pela Secom, braço da Presidência, que controla conteúdo e volume de anúncios da estatal.
Secos e molhados
14/04/2022Rodolfo Landim, que esteve perto de assumir o cargo de chairman da Petrobras, dedica-se neste momento a uma agenda mais provinciana: fazer o meio de campo entre o novo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e o Palácio do Planalto.
“Sherlock Lira” e o mistério da Petrobras
11/04/2022Provavelmente, só existe no mundo um personagem mais inteligente do que Sherlock Holmes, líder em todas as listas dos top ten na literatura. O gênio atende por Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, que veste, entre outros chapéus, os de defensor-modo semipresidencialismo e híbrido de lobista da legalização do jogo no Brasil. Agora, o cerebral Lira se investiu de apoiador da privatização da Petrobras.
Em entrevista recente, trouxe seus questionamentos labirínticos e sempre cerebrais para o grande público. “A quem serve a Petrobras? A gente produz petróleo aqui e o preço é dado pelo mercado internacional? Se ela não tem benefício para o Estado, se a população reclama dos preços caros dos combustíveis, que seja privatizada”. Elementar, né? Lira é tão arguto que passou ao largo dos R$ 37 bilhões de dividendos, referentes a 2021, pagos pela estatal à União. Inteligentíssimo, quis confundir benefícios para o Estado com as transferências para a União.
Ou seja: para o Estado não traz benefício, para a União traz. Driblou a verdade inconveniente que nenhum ente da galáxia comprará a Petrobras se a operação for condicionada a preços internos mais baixos do que os externos e o governo não subsidiar esse hiato. E como tem de defender o ajuste fiscal comme il faut – pelo menos até o final deste governo, quando mudará suas ideias em sintonia com o futuro mandante -, não lhe passa pela cabeça uma saída bastante factível: o fim das reclamações contra a “extorsão” dos preços da gasolina ou do diesel poderia ser obtido com a criação de um fundo de compensação, composto por recursos orçamentários ou pelos dividendos da própria Petrobras, o que dá mais ou menos no mesmo.
Falta pouco para o general do Centrão sugerir a mudança do estatuto das estatais para que a petroleira se torne um apêndice do Congresso, comandado por um “semipresidente” com função específica. Afinal, o que pretende Lira com esses entroncamentos encefálicos, acima do raciocínio comum? Serão só despistes engendrados por um gênio da raça? Elementar, meu caro leitor, elementar.

O futuro CEO já está na Petrobras?
5/04/2022Entre outras opções sobre a mesa, o Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia cogitam a hipótese de uma solução caseira para a presidência da Petrobras, leia-se a indicação de um executivo da própria estatal. A ideia teria começado a ser discutida já no fim de semana, quando surgiram os primeiros sinais de que Adriano Pires desistiria de assumir o comando da empresa. De acordo com informações que circulam na Pasta de Minas e Energia, dois nomes são vistos com bons olhos no governo: Fernando Assunção Borges, atual diretor executivo de Exploração e Produção, e Rafael Chaves, que responde pela diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade.
Ambos seriam “concorrentes” do secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, também cotado para o cargo. Fernando Borges tem a seu favor o fato de ser o diretor da Petrobras com mais tempo de casa – 38 anos. Com bom trânsito nas mais diversas áreas da empresa, seria um nome bem recebido dentro da estatal.
Já Rafael Chaves tem como principal handicap o relacionamento mais próximo justamente com a equipe de Paulo Guedes. Funcionário de carreira do BC, foi cedido à Petrobras em janeiro de 2019, no início da gestão de Roberto Castello Branco. Um dos argumentos a favor da solução interna é que essa opção agilizaria a posse do novo CEO, reduzindo a percepção de vácuo de comando na Petrobras. Ao contrário de um “forasteiro”, um diretor da Petrobras já passou por todos os ritos internos de conformidade exigidos para a nomeação e estaria automaticamente apto para assumir o cargo.

Petrobras avalia corte nos preços dos combustíveis
31/03/2022Dentro da sua particular lógica política, deliberadamente ou não, Jair Bolsonaro pode ter acertado no timing da troca de comando na Petrobras. Existe uma razoável probabilidade de a estatal reduzir os preços dos combustíveis, coincidentemente logo no início da gestão de Adriano Pires. Isso, ressalte-se, sem que o novo presidente da Petrobras mude uma vírgula na política comercial da companhia, baseada no conceito de PPI (Paridade de Preço Internacional). Muito pelo contrário.
Segundo fonte da própria estatal, a hipótese de um corte dos preços em abril já está sobre a mesa em razão dos cenários e cálculos técnicos feitos pela área de Comercialização e Logística. Consultada pelo RR, a Petrobras afirmou que “não antecipa informações sobre reajustes”. Desde a semana do último reajuste anunciado pela Petrobras, no dia 10, o preço do brent no mercado internacional já recuou 21%. Cabe lembrar que, poucos dias antes do aumento, o valor do petróleo havia atingido o seu pico desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia (US$ 140 o barril).
Outro ponto que contribui para uma queda dos preços dos combustíveis é o alívio no câmbio: desde a primeira semana de março, o dólar caiu 6,4% – de R$ 5,11 para os R$ 4,78 de ontem. Ressalte-se que as projeções da área de Comercialização e Logística da Petrobras são atualizadas regularmente em função de um sem-número de variáveis. Mas, à luz dos números de momento, a tendência é que Adriano Pires assuma a presidência da companhia em um ambiente favorável para o anúncio de um corte dos preços. Do ponto de vista político e eleitoral, seria um prato cheio para Bolsonaro capitalizar a troca de presidente na Petrobras.

Efeito dominó na Petrobras
29/03/2022A demissão do general Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras deverá desencadear outras mudanças no primeiro escalão da companhia. No início da noite de ontem, circulava nos corredores da estatal a informação de que o próximo alvo do governo seria o diretor de Comercialização e Logística, Claudio Mastella. Sua saída se daria antes mesmo da nomeação de Adriano Pires para o comando da empresa. Mastella é o responsável pela pasta que define os preços praticados pela estatal. Nas discussões internas, sempre se posicionou a favor da atual política comercial da Petrobras. Ou seja: sob a ótica do Palácio do Planalto, é tão “culpado” quanto Silva e Luna pelo alto preço dos combustíveis.

PT ronda reestatização de ativos da Petrobras
18/03/2022O balão de ensaio soprado por Lula na semana passada, associando os altos preços dos combustíveis à privatização da BR Distribuidora, ecoou o pensamento do núcleo duro do PT. Segundo o RR apurou, determinadas lideranças do partido próximas ao ex-presidente, a começar por Gleisi Hoffmann, têm defendido internamente a reestatização de alguns dos ativos vendidos pela Petrobras. Há quem pregue, inclusive, que a proposta conste do programa econômico de Lula. A medida seria embalada pelo discurso de que o retorno de operações estratégicas para as mãos da estatal contribuiria para a redução do custo dos combustíveis.
Alguns petistas chegam a mencionar ativos que deveriam ser reestatizados de forma prioritária. Entre eles figuram exatamente a Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e a Nova Transportadora do Sudeste (NTS), leia-se a malha de dutos que liga Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo ao gasoduto Bolívia-Brasil. Nas hostes petistas, há quem acredite que essas recompras seriam facilitadas por pressões políticas e pelo peso leviatânico da Petrobras e do próprio governo.
Assim é se lhe parece. Na semana passada, além de vincular os sucessivos aumentos dos combustíveis à privatização da BR Distribuidora, Lula ainda soltou uma frase de efeito relacionada ao tema: “Se preparem, porque vamos ganhar as eleições e vamos recuperar a Petrobras para o povo brasileiro”. Ao que tudo indica, é o velho jogo de Lula: a declaração foi um afago para os seus, ou seja, muito mais um recado para dentro do partido do que exatamente para o eleitorado. Interlocutores que conhecem bem o petista sabem que a ideia de reestatização de operações da Petrobras nem passa pela cabeça do ex-presidente.
Ainda assim, ao que parece, Lula deixou uma pulga atrás da orelha do mercado. Pelo sim, pelo não, o zunzunzum em torno do assunto já provoca mobilizações no meio empresarial. Segundo o RR apurou, o investidor Ronaldo Cezar Coelho, principal acionista da Vibra Energia, acionou o ex-senador Aloysio Nunes Ferreira, solicitando sua interveniência junto a Lula e a formuladores do programa econômico do PT com o objetivo de dissuadi-los da proposta.
Monitorando Mourão
18/03/2022Após a declaração de apoio ao presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, o entorno de Jair Bolsonaro já dá como praticamente certo que a próxima provocação pública do general Hamilton Mourão venha no dia 29 de março. Mourão fará uma palestra no seminário “O Brasil em Transformação”, que inaugura a Escola de Formação de Magistrados da Justiça Militar.
General Silva e Luna pode ser o “Pujol da Petrobras”
16/03/2022O general Joaquim Silva e Luna se mantém firme em cumprir rigorosamente a política de preços da Petrobras. Mas cada vez mais se torna solitário. Apesar da manifestação pública de apoio de Hamilton Mourão, chamando a atenção para o fato de Silva e Luna ser um colega de caserna e justificar sua “resiliência” no cargo em função das suas raízes militares, o fato é que o vice-presidente não falou de general para generais. O Alto Oficialato não está preocupado com questões da burocracia do Estado.
Mourão falou para os holofotes. A pressão do governo para a retirada de Silva e Luna do comando da petroleira não deverá arrefecer na medida que o general permanecer fiel as suas convicções. Ontem mesmo, o presidente Jair Bolsonaro disse que “com toda a certeza” a Petrobras vai reduzir os preços dos combustíveis, jogando mais peso sobre os ombros do presidente da companhia.
Guardadas as devidas proporções, trata-se de um replay do ocorrido com o então comandante do Exército, general Edson Pujol. Ou seja: não há patente que segure a sanha intervencionista de Bolsonaro.

YPFB entra na disputa por fertilizantes da Petrobras
14/03/2022A Petrobras já trabalha com um Plano B para a venda da Unidade de Nitrogenados (UFN III) de Três Lagoas (MS). Segundo o RR apurou, a boliviana YPFB manifestou interesse em assumir o projeto e concluir a construção da fábrica de fertilizantes. É o efeito Putin. A guerra entre Rússia e Ucrânia atingiu o processo de venda da UFN III.
O acordo fechado com a russa Acron há cerca de um mês virou uma incógnita. De acordo com uma fonte ligada à Petrobras, as tratativas estão congeladas desde a eclosão dos conflitos na Europa. Ressalte-se que a Acron, assim como outras grandes corporações russas, foi bloqueada no sistema de pagamentos internacionais, o Swift. Ou seja: está impossibilitada de fechar transações financeiras, no rastro das sanções globais impostas ao regime de Vladimir Putin.
Procurada, a Petrobras não quis se manifestar. A YPFB já tem negócios em fertilizantes na Bolívia, notadamente à base de ureia e amônia, e pretende aumentar sua presença no setor na América do Sul. A estatal vem sendo utilizada pelo governo do presidente Luiz Arce como um agente para reduzir a dependência boliviana de nutrientes importados. Algo que a gestão Bolsonaro e a Petrobras deveriam estar fazendo. A YPFB, ressalte-se, carrega um handicap para assumir a UFN III: ela própria seria a fornecedora de gás para a fábrica, equacionando um dos maiores custos do empreendimento.

O “custo Putin” para as térmicas brasileiras
10/03/2022A guerra entre Rússia e Ucrânia deve jogar pólvora nos custos da geração térmica no Brasil. Segundo o RR apurou, cálculos preliminares do Ministério de Minas e Energia apontam que os gastos para o abastecimento das termelétricas a gás ou diesel poderão duplicar caso o conflito se estenda por dois meses ou mais. Os estudos levam em consideração as projeções de alta do petróleo e derivados no mercado internacional e seu impacto sobre a política de preços da Petrobras. O Brasil tem 166 usinas movidas a gás natural e outras 2.260 a óleo diesel. Menos mau que São Pedro está ajudando com as chuvas recentes. O ONS estima que os lagos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, por exemplo, chegarão ao fim deste mês com algo em torno de 60% da capacidade. A se confirmar, será o melhor nível desde meados de 2016.

Intervenção de Jair Bolsonaro pode provocar renúncia de conselheiros da Petrobras
9/03/2022Nos corredores da Petrobras circula a informação de que conselheiros da companhia cogitam uma renúncia de seus cargos. A medida seria uma reação às seguidas intervenções do presidente Jair Bolsonaro na gestão da companhia, que caminham para o seu ápice com o possível congelamento dos preços dos combustíveis durante a guerra entre Rússia e Ucrânia. Tudo tem limite. Uma coisa é engolir um capricho aqui ou acolá de Bolsonaro; a outra é ser cúmplice de uma medida que deverá provocar uma tunga nos acionistas da empresa, incluindo grandes fundos internacionais. Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar.
A PEC que reduziria o ICMS sobre os combustíveis, até outro dia um fetiche de Bolsonaro, atingiria a receita dos estados. A proposta de uso dos dividendos da Petrobras pagos à União para subsidiar os preços dos derivados de petróleo afetaria notadamente o Tesouro, além de ir contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, conforme algumas interpretações. O congelamento, por sua vez, não fere as contas públicas. No entanto, bate direto nos minoritários da Petrobras, trazendo o risco de possíveis punições aos dirigentes da empresa.
Os membros do board temem ser responsabilizados, tanto no âmbito administrativo, leia-se SEC e CVM, quanto na esfera judicial, pelo inevitável impacto da medida sobre os lucros da estatal e consequentemente os ganhos dos acionistas. O passado recente serve de alerta. Em 2017, o Ministério Público Federal moveu ação por improbidade administrativa contra sete conselheiros da companhia nos anos de 2013 e 2014, entre os quais Guido Mantega, Graça Foster e Luciano Coutinho. À época, o governo Dilma manteve uma política de preços dos combustíveis defasados, abaixo dos valores do mercado internacional.
Calcula-se que, na ocasião, as perdas da Petrobras chegaram a R$ 100 bilhões. De Dilma a Bolsonaro, há um personagem em comum: Rodolfo Landim, recém-indicado para o comando do Conselho da Petrobras. Landim foi presidente da BR Distribuidora entre 2003 e 2006, quando Dilma Rousseff era ministra de Minas e Energia. Respondia diretamente a ela, com quem tinha enorme simbiose. Agora, o empresário retorna à Petrobras efetivamente em uma condição de vassalagem em relação ao presidente da República que não se verifica na gestão do atual chairman, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, também indicado por Bolsonaro.
Landim será um feitor do Palácio do Planalto na Petrobras. Além do risco de responsabilização civil, os conselheiros estariam reagindo também à própria indicação de Landim para a presidência do board. Hoje, o entendimento entre eles é que, na prática, a Petrobras não pertence à União, mas, sim, ao Palácio do Planalto. Bolsonaro mandou o compliance às favas e “takeoverizou” a gestão da estatal, transformando-a em um istmo do seu gabinete e de suas políticas de governo. Não custa lembrar que esta não seria a primeira “rebelião” de conselheiros da estatal causada por interferências de Bolsonaro. Em março de 2021, quatro integrantes do board pediram para não ser reconduzidos ao cargo logo após a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da companhia.

Fertilizante vira tema estratégico da área de Defesa
7/03/2022O conflito entre Rússia e Ucrânia levou o Plano Nacional de Fertilizantes para o âmbito da segurança nacional. Segundo o RR apurou, o presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado a tirar a elaboração do futuro programa da Casa Civil e levá-la para a Secretaria de Assuntos Estratégicos, a cargo do almirante Flavio Rocha, ou para o próprio Ministério da Defesa. A recomendação vem da ala militar do governo. A dependência brasileira dos fertilizantes importados, assunto que, durante décadas, foi conduzido com pouca atenção por seguidas gestões, passou a ser discutido nos Altos-Comandos das Forças Armadas, inteiramente debruçados sobre os impactos da guerra na Europa.
Cabe lembrar que o próprio ministro da Defesa, general Braga Netto, acompanhou Bolsonaro na recente visita à Rússia, principal fornecedor de adubo ao Brasil. Para muitos, o encontro com Putin não passou de marketing diplomático, um evento sem agenda específica. No entanto, naquele momento, a questão dos fertilizantes estava há algum tempo no radar das Forças Armadas.
A reunião com o presidente russo já tinha como objetivo a garantia de manutenção do suprimento dos nutrientes. Foram os militares e não os ministros Tereza Cristina, Paulo Guedes ou Carlos Alberto de França que fizeram o Palácio do Planalto mudar de rota e eleger o assunto como prioridade. A cada dia que passa, as preocupações dos Altos-Comandos mais se justificam. Na última sexta-feira, o governo russo determinou que os produtores de fertilizantes suspendam temporariamente as exportações devido aos problemas logísticos provocados pela guerra. No caso dos fertilizantes, o Brasil depende tanto ou mais dos russos quanto os chineses das proteínas brasileiras.
Não custa lembrar que o Plano Quinquienal da China prevê intensivo plantio de grãos em países como Indonésia, Tailândia e Vietnã, como forma de reduzir a necessidade de importação de grãos brasileiros. O Brasil precisa fazer o mesmo: diversificar suas fontes e aumentar expressivamente a produção interna de adubo, o que deve se dar através de estímulo ao capital estrangeiro, leia-se, por exemplo, a Mosaic ou mesmo a russa Eurochem. Além da atração de investimentos externos, a redução da dependência estrangeira passa também pela entrada ou retorno de grandes companhias ao setor de fertilizantes, casos de Petrobras, Bunge e Vale (ver RR de 21 de fevereiro).
Para os militares, o que está em jogo é uma questão de soberania. Quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, o Brasil importa o equivalente a 85% da demanda interna. Praticamente um quarto desse insumo vem da Rússia. Entre 2020 e 2021, as compras de nutrientes russos saltaram de US$ 1,8 bilhão para US$ 3,5 bilhões. Esse valor corresponde a mais de 60% das importações provenientes da Rússia. Ou seja: a depender da extensão dos combates com a Ucrânia e das consequências comerciais do conflito, o Brasil pode vir a ser duramente afetado na sua principal área de produção econômica, o agronegócio.
De volta ao balcão
3/03/2022O RR apurou que a Petrobras reabriu o processo de venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap). O problema é o preço: no ano passado, em cima do laço, o Ultra recusou-se a pagar o preço exigido pela estatal – cerca de R$ 7 bilhões, de acordo com a mesma fonte.

Vale cogita sua volta ao mercado de fertilizantes
21/02/2022A Vale estuda o retorno à mineração de fertilizantes. Dessa vez, o flashback se daria através da exploração de potássio. As jazidas no radar estão localizadas nos estados do Amazonas e de Goiás. O Brasil é dependente de 76% dos nutrientes fosfato e potássio, que juntamente como o nitrogênio formam o composto do fertilizante NPK.
Praticamente toda a produção agrícola brasileira depende do NPK. A fabricação do fertilizante foi considerada prioritária pelo governo militar nos anos 70, quando a então Vale do Rio Doce e a Petrobras tinham empresas voltadas para a mineração dos nutrientes, a Valefértil e a Petrofértil, respectivamente. Ou seja: o Brasil parece um cachorro correndo atrás do próprio rabo quando o assunto é a mineração de potássio e fosfato. O curioso é que a Vale, há cerca de quatro anos, vendeu suas operações de fertilizantes para a norte-americana Mosaic Company, inclusive suas áreas mineralizáveis de potássio.
Procurada, a mineradora não se pronunciou. Se a volta da empresa à exploração do minério se confirmar, coincidência ou não, ela antecede o Plano Nacional de Fertilizantes, que o governo pretende empinar através de Decreto, nos próximos dias. O Brasil é o único grande produtor de commodities agrícolas com uma elevada dependência do exterior para atendimento da sua demanda por fertilizantes, uma contradição tendo em vista a importância estratégica do setor e o seu potencial de ampliação no mercado internacional.

O greenwashing da Petrobras
21/02/2022A doação de R$ 1 milhão para as vítimas da tragédia de Petrópolis (RJ) anunciada pela Petrobras está mais para uma operação de greenwashing do que para uma ação social à altura da estatal. Para efeito de comparação, a cifra equivale a 6,25% do que a empresa desembolsa anualmente com seus oito diretores, ou seja R$ 2 milhões per capita entre remunerações, impostos, previdência privada, plano de saúde e outros benefícios – isso sem contar os bônus, que podem passar de dez salários. Se confrontada com os dividendos pagos pela companhia em 2021 (R$ 63,4 bilhões), a ajuda aos moradores de Petrópolis vira uma migalha: 0,0015% do lucro distribuído aos acionistas. Em meio à catástrofe, qualquer doação é muito bem-vinda, mas, para a maior empresa sediada no Rio de Janeiro, a cifra demonstra muito mais a disposição de fazer um brilhareco do que verdadeira compaixão.
Mergulho no Golfo
18/02/2022Segundo informações filtradas da Petrobras, a colombiana Ecopetrol já sinalizou interesse na participação de 20% da estatal na MP Gulf of Mexico, joint venture com a Murphy Exploration & Production que opera 14 campos no Golfo do México.

Os próximos passos da Acron no Brasil
16/02/2022Há um movimento cruzado de afagos diplomáticos entre Brasil e Rússia. Em meio à visita de Jair Bolsonaro a Moscou, uma delegação da russa Acron desembarcará no Mato Grosso no Sul nos próximos dias. A empresa fechou recentemente a compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III da Petrobras em Três Lagoas – a negociação foi antecipada pelo RR em 10 de dezembro de 2021. Segundo a newsletter apurou, executivos da Acron pretendem se reunir com o governador Reinaldo Azambuja. Em pauta, a manutenção dos incentivos fiscais concedidos à Petrobras para a construção da fábrica – as obras estão paradas desde 2014. Outro desafio dos russos é garantir o fornecimento de gás para a UFN III. De acordo com a mesma fonte, o mais provável é que a companhia feche um contrato com a estatal boliviana YPFB.
Política
Espírito de corpo
9/02/2022O RR recebeu a informação de que a direção do Sindipetro avalia divulgar um manifesto contra declarações feitas por Sergio Moro na semana passada, chamando a Petrobras de “empresa atrasada”.
Shell está com todo o gás
7/02/2022Segundo uma fonte da própria Shell, a empresa negocia um acordo para a venda de gás à Cegás, distribuidora do Ceará. O RR apurou ainda que há conversas com outras concessionárias do Nordeste. A Shell tem avançado a passos largos no mercado brasileiro de gás: fechou recentemente contratos com a Unigel e a Bahiagás e já é a segunda maior produtora do insumo no país, atrás apenas da Petrobras. Procurada, a companhia não se pronunciou, alegando estar em período de silêncio.
Dobradinha
2/02/2022Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, a exemplo da Petrobras, Jair Bolsonaro quer também um militar na presidência da PPSA (Pré-Sal Petróleo), hoje comandada pelo engenheiro José Eduardo Kerk.

Latifúndio russo nos fertilizantes
31/01/2022Após comprar a Tocantins Fertilizantes e a Heringer – informação antecipada pelo RR na edição de 13 de agosto -, a Eurochem estaria mantendo conversações com a Petrobras para a possível aquisição do projeto da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN III) em Três Lagoas (MS). Segundo a fonte do RR, a companhia russa estaria disposta a aportar cerca de R$ 1,5 bilhão no empreendimento para a conclusão das obras, paradas desde 2014. Há cerca de dois anos, não custa lembrar, a Petrobras esteve perto de negociar a Unidade de Nitrogenados para outro grupo russo, a Acron. Consultada pelo RR, a estatal confirma que “o processo de venda da UFN III está em curso e as próximas etapas serão divulgadas oportunamente.”. A Eurochem não se pronunciou.
A federação contra a Petrobras
18/01/2022Os governos de Pernambuco e Amazonas também deverão entrar na Justiça para barrar o aumento de 50% no preço do gás fixado pela Petrobras. Quatro estados – Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas e Sergipe – já conseguiram liminares para derrubar o reajuste. Estima-se que essa correção tenha um impacto de até 30% nas tarifas cobradas ao consumidor.

UBS aposta suas fichas na privatização do Banco do Brasil
4/01/2022A missão é difícil, mas não impossível. É o que pensa o UBS sobre a privatização do Banco do Brasil. O lobby do banco suíço em Brasília é feito à luz do sol, quer seja no Congresso, quer seja no Ministério da Economia. Neste último, conta com um aliado declarado: o ministro Paulo Guedes, que, na aurora do governo Bolsonaro, anunciou sua intenção de que o BB fosse desestatizado e que seu futuro dono fosse o UBS.
O banco helvético já está com um pé dentro da estatal. É sócio majoritário (50,01%) do banco de investimento e de uma corretora de valores, que operará em cinco países latino-americanos – Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai -, conforme comunicado feito à CVM. Com a associação, o UBS passa a dividir com o BB a administração de grandes fortunas, além das operações no mercado de capitais.
Procurados, o UBS e o Ministério da Economia não quiseram se pronunciar. O UBS tem usado essa “cabeça de ponte” para convencer o próprio funcionalismo do BB. Os suíços têm ainda no deputado Eduardo Bolsonaro seu maior aliado no Palácio do Planalto. Eduardo meio que comanda o lobby dos helvéticos no Congresso. Mas mesmo que seu pai, Jair Bolsonaro, se torne carta fora do baralho em 2023, o UBS acredita que poderá sensibilizar Lula, caso o candidato petista seja eleito, com uma “privatização meia bomba”, ou seja, com golden share, diferença mínima no controle acionário e restrição à venda para outra empresa.
Um dos argumentos usados pelos defensores da venda da instituição é matusalênico. Com a Caixa Econômica cada vez mais ingressando em áreas que eram circunscritas ao BB, como o crédito agrícola, não faria sentido a União controlar duas instituições financeiras. A privatização do BB, portanto, seria diferente da Petrobras. A questão é tirar do imaginário brasileiro o simbolismo de um Banco do Brasil estatal. Provavelmente, nem Lula consegue.
Petrobras tem pressa na Amazônia
28/12/2021A Petrobras tem feito gestões junto ao Ibama na tentativa de acelerar a análise e concessão de licenças ambientais para exploração de óleo e gás na Foz do Amazonas e em blocos entre o Pará e o Maranhão. A pressa está relacionada à forte expectativa em relação a blocos operados pela estatal nas bacias sedimentares da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão/Barreirinhas e Potiguar. De acordo com estudos geológicos, as áreas em questão mostram expressivas semelhanças com campos na Guine Equatorial, na África, onde foram feitas importantes descobertas de reservas nos últimos meses. Consultada sobre a articulação junto ao Ibama, a estatal saiu pela tangente: “O licenciamento ambiental é uma importante ferramenta da Política Nacional de Meio Ambiente e a Petrobras segue rigorosamente todos os seus requisitos.” Ainda bem…
Ouro líquido
27/12/2021A Petrobras reforçou a escolta dos caminhões-tanque que saem de suas refinarias. Além disso, as viagens de madrugada, comuns
para reduzir a evaporação de combustível, passaram a ser evitadas. Sinal dos tempos: o roubo de combustível aumentou com alta dos preços. O “valuation” de um caminhão-tanque cheio chega a R$ 200 mil.
…
Por falar em combustíveis: ao longo do ano, a Uber já perdeu cerca de 15% de seus motoristas no Brasil. É gente que não aguentou os custos para manter um carro na rua. Ou seja: o governo Bolsonaro está conseguindo desempregar até os desempregados.
Extraordinário
22/12/2021Informação de cocheira: a Petrobras corre para fechar a venda de mais um ativo até o dia 28. Até lá o Conselho deve se reunir de forma
extraordinária para aprovar o negócio.
Acervo RR
Remake
10/12/2021A russa Acron voltou a bater na porta da Petrobras, disposta a comprar a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN- III), em Três Lagoas (MS). O projeto está parado desde 2014. Estima-se que sejam necessários R$ 4 bilhões para a conclusão das obras. Procurada, a Petrobras confirma que o “processo de venda da UFN-III está em curso e as próximas etapas serão divulgadas oportunamente.”
Remake
1/12/2021Petrobras e Petrogal estariam costurando um consórcio para o leilão dos volumes excedentes dos campos de Sépia e Atapu, na Bacia de Santos, marcado para 17 de dezembro. As duas companhias já são sócias em um bloco na área de Atapu.
Em queda
29/11/2021O petróleo brent caiu 11,5% no mercado futuro na última sexta-feira. O WTI teve queda de 13%. A ver quanto tempo a Petrobras vai levar para ajustar os preços dos derivados.
Estados abrem fogo contra a Petrobras
22/11/2021Os governadores reunidos no Consórcio Nordeste pretendem entrar com uma representação no Conar contra a Petrobras. O objetivo é tirar do ar a campanha publicitária lançada pela estatal, sugerindo que os preços dos combustíveis são elevados por conta dos tributos estaduais. Na paralela, 13 estados já ajuizaram uma ação civil pública contra a empresa pelo mesmo motivo. Por ora, a Petrobras ganhou o primeiro round: a 6a Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal manteve as propagandas e publicações da estatal – conforme a companhia informou ao RR.

O Grupo Ultra desistiu mesmo da Refap?
19/11/2021Dentro da Petrobras, a decisão do Grupo Ultra de encerrar as negociações para a compra da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) é vista como um blefe. Seria uma manobra para forçar a redução do preço do ativo em uma nova rodada de negociações. O Ultra teria oferecido cerca de US$ 1,5 bilhão. A Petrobras estaria pedindo aproximadamente US$ 1,8 bilhão. Procurada, a estatal informou que está “em trâmites internos para realização de novo processo competitivo para a Refap”. Perguntada especificamente sobre o Ultra, a empresa não se pronunciou. O grupo também não se manifestou.
A falta que o general Geisel faz à Petrobras
12/11/2021Se o tempo desse uma meia cambalhota para trás e voltasse, metade da laranja, para os idos de 1969, quando o general Ernesto Geisel era presidente da Petrobras, permanecendo a outra metade da laranja nos dias de hoje, com a barbárie de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, teríamos, como diz o cantor Lobão, “sangue e porrada, na madrugada”. O “Alemão” considerava a Petrobras mais do que uma petrolífera; para ele, era um símbolo do Brasil. O escárnio que está sendo feito com a companhia não ia sair barato. Geisel achava que Bolsonaro “era um mau militar, que vivia pedindo golpe. Um caso completamente fora do normal”.
As declarações estão contidas em um longo depoimento dado ao CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas, em 1993. Quanto a Paulo Guedes, não consta que o velho general tenha lhe dado qualquer atenção. Talvez um pouquinho, quando Guedes faltou, sem avisar aos organizadores, a um evento no Centro de Estudos Antônio Carlos Magalhaes, em Salvador – criado para suprir o interregno entre as participações de ACM no Congresso e no governo da Bahia. O atual ministro da Economia seria um dos palestrantes. Mário Henrique Simonsen estava presente como um dos conferencistas, e Geisel, então presidente da Norquisa, como convidado especial.
Se, no passado, Guedes não era nem uma pulga para o “Alemão”, se encontrasse o ministro nesse tempo híbrido de duas eras, daria uns cascudos no “Chicago Boy”. Imagine só tratar a Petrobras como se fosse a “casa da mãe Joana”. Geisel se foi. A Petrobras ficou. Mas está sendo enxovalhada e se tornando um exemplo de uma época sem lei. Pelo menos no que diz respeito à decência em relação ao Estado brasileiro e suas empresas. Bolsonaro antecipou a correção dos preços dos combustíveis quando essa iniciativa deveria ter sido primeiro aprovada pelo Conselho de Administração da estatal. Não recebeu uma advertência da CVM por antecipar informação relevante ao mercado. Nem um comunicado da B3 estranhando o fato do presidente tratar a empresa como uma casa de maus costumes. Em tempo: se Geisel estivesse convivendo com o general Joaquim Silva e Luna, nesse tempo de encontros impossíveis, enquadraria o oficial devido a sua gestão leniente e submissa ao “mau militar”.
Bolsonaro disse diversas vezes que a estatal não seria privatizada. Agora, com a birutice que lhe é peculiar, disparou que encomendou um estudo a Guedes sobre a venda da empresa. O ministro confirmou, piorando a situação, uma vez que a estatal é uma sociedade de economia mista. A CVM, mesmo que timidamente, chamou o ministro às falas. Não adianta. Guedes disse que a empresa não valerá nada daqui há 30 anos. Afirmou que a estatal é lerda em tirar petróleo do fundo da terra ou do mar, quando, sabidamente, a Petrobras é considerada uma petroleira de indiscutível eficácia – com o avanço da exploração para as áreas offshore, então, virou referência no setor.
Paulo Guedes fala ainda que os preços elevados da gasolina não seriam os mesmos se o controle da estatal fosse privado. Falsidade. Guedes sabe como ninguém que o preço do combustível está fora do lugar devido ao câmbio, cuja disparada diz muito mais respeito aos seus insucessos fiscais, à crise hídrica e às diatribes do seu chefe destrambelhado. Se o governo quiser que subsidie os preços dos combustíveis com recursos fiscais. O pior é que Guedes sempre apoiou uma política de correção dos derivados do petróleo com base na paridade dos preços internacionais.
Para o ministro, vender a Petrobras traria investimentos, distribuição de riqueza para os pobres e um fundo de estabilização do preço dos combustíveis, reduziria a dívida bruta e conteria a inflação. Ficaria faltando somente arrumar um pouco de juízo na cabeça dos mandantes da República. Às vezes dá até uma tentação de torcer para que uma autoridade, dessas que impõem respeito, estilo Geisel, surgisse para colocar a pior representação que tivemos nessa República no seu devido lugar. Mas esse tempo bizarro de situações impossíveis não existe. Hoje temos Bolsonaro, Guedes e o general Silva e Luna dirigindo a Petrobras. Resta torcer pelo efeito higiênico da democracia. É o que temos.

Economia inicia estudos para o “open pension funds”
1/11/2021Segundo o RR apurou, o governo iniciou estudos para a criação de uma espécie de “open banking” da previdência complementar. As discussões envolvem o Ministério da Economia, mais precisamente a Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), e o Ministério do Trabalho. A principal mudança seria a permissão para o beneficiário escolher seu fundo de pensão independentemente da empresa em que trabalha. Ou seja: um funcionário da Petrobras, da Caixa ou mesmo de uma companhia privada poderia, por exemplo, ser contribuinte da Previ.
Há questões sensíveis que precisam ser equacionadas. Uma das principais preocupações do governo é evitar que a abertura da porteira venha a abalar o equilíbrio atuarial dos fundos de pensão. O próprio superintendente da Previc, Lucio Capelletto, chegou a dar uma pista do assunto em recente evento: “Se temos um open banking e um open insurance, por que não um open pension funds?”. Talvez tenha falado mais do que devia a julgar pela forma cautelosa com que o assunto é tratado no governo.
A ponto de diferentes instâncias de poder baterem cabeça entre si quando consultadas sobre o tema. Procurada, a Previc empurrou a questão para a Pasta do Trabalho: “Uma eventual discussão sobre mudanças nas regras da previdência complementar fechada deverá ser realizada no âmbito da Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência.”. O que se seguiu foi um processo kafkaniano.
O Ministério da Economia também respondeu que o assunto deveria ser direcionado à Pasta do Trabalho. Esta, no entanto, devolveu a bola: por meio de sua assessoria, disse ao RR que “o tema deve ser tratado pela Economia mesmo.” Novamente consultado, o Ministério da Economia informou que “redirecionamos o seu pedido internamente após consulta ao Ministério da Previdência e Trabalho.”. No entanto, a Pasta não se pronunciou.
Sempre no contrapé
28/10/2021O ministro Tarcísio Freitas levou um pleito ao andar de cima. Na condição de principal interlocutor do governo junto aos caminhoneiros, acha que deveria ser informado previamente dos aumentos de combustíveis realizados pela Petrobras. Não é o que vem acontecendo.
Palácio do Planalto semeia nova “intervenção” na Petrobras
21/10/2021Enquanto Jair Bolsonaro e Paulo Guedes insistem em dizer que gostariam de privatizar a Petrobras, dentro do Palácio do Planalto estaria sendo urdida uma nova intervenção na estatal. A ingerência da vez seria usar a empresa na tentativa de reduzir o déficit de fertilizantes no país. Ou seja: a Petrobras seria forçada a voltar ao passado e retornar ao setor, na contramão de todo o seu planejamento estratégico.
A manobra do governo Bolsonaro se daria no âmbito do novo Plano Nacional de Fertilizantes, que está sendo elaborado sob coordenação da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência e deve ser apresentado até o fim do ano. Em termos práticos, nesse contexto muito provavelmente a Petrobras seria obrigada a retomar a construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3), em Três Lagoas (MS), paralisada desde 2014, e a reabrir a fábrica de nitrogenados de Araucária (PR), em hibernação desde o início de 2020. Ambos os ativos estão à venda há mais de um ano. Procurados, a Presidência da República e a própria Petrobras não quiseram se pronunciar. A recriação dessa espécie de Petrofértil não interessa ao núcleo técnico da Petrobras.
Mesmo o presidente da estatal, o general Joaquim Silva e Luna, sabidamente alinhado com Bolsonaro, já teria se manifestado internamente contrário à ideia. A proposta seria uma extravagância além do compreensível até mesmo para os padrões do governo Bolsonaro. Uma coisa é a empresa ser utilizada pelo Palácio do Planalto para disponibilizar R$ 300 milhões em subsídio para a população de baixa renda comprar gás. Ainda que esta tenha sido uma decisão imposta de fora para dentro, ao arrepio da governança da empresa, trata-se de uma ação que pode ser justificada pelo seu mérito social.
Não seria o caso do anacrônico regresso da estatal à área de fertilizantes. Pelo contrário. Um movimento como este só causaria dispersão em relação a outros assuntos de real interesse estratégico para a Petrobras, a começar por energia renovável, segmento no qual a empresa está perdendo a corrida para suas congêneres. A única razão para a medida seria uma visão militar paranoica, quase de guerra, sobre o tema. É como se certos setores do governo estivessem temerosos quanto ao risco de um eventual boicote internacional ao Brasil, por questões de ordem ambiental, com a consequente suspensão do suprimento de adubo. O próprio Bolsonaro já falou publicamente “que vamos ter problemas de abastecimento de fertilizantes no ano que vem”, sem explicar muito bem ao que estava se referindo.
Um pé fora do Golfo
18/10/2021A Petrobras teria aberto conversações com a estatal colombiana Ecopetrol para a venda da sua participação de 20% na MP Gulf of Mexico. Trata-se da joint venture com a texana Murphy Exploration, que atua em 15 campos de petróleo e gás no Golfo do México. A estatal quer celeridade no processo: espera receber as propostas pelo ativo até o dia 30.

A errática agenda do ministro Paulo Guedes
7/10/2021Nos últimos dias, Paulo Guedes tem chamado mais atenção por suas ausências do que por suas aparições. Anteontem, por exemplo, não participou da coletiva de imprensa em que foi anunciado o projeto de unificação do PIS com a Cofins e do ICMS com o ISS, tema do maior interesse do Ministério da Economia. Na sexta-feira passada, outro forfait: após confirmar presença, Guedes não compareceu a um encontro com empresários catarinenses, em Florianópolis, organizado pelo senador Jorginho Mello. Durante a reunião, o ministro surgiu, de repente, por meio de videoconferência.
Corre no Palácio do Planalto que ele só entrou de forma remota no encontro após um puxão de orelhas de Jair Bolsonaro, que teria sido informado da “desfeita” de Guedes ainda durante o evento. Ressalte-se que Jorginho Mello é forte aliado do presidente. Em relação a esse episódio, o Ministério da Economia disse ao RR que Guedes não viajou a Santa Catarina em virtude de compromissos com Artur Lira.
Sobre a interferência de Bolsonaro, nenhuma palavra. O momento, digamos assim, mais recôndito de Paulo Guedes atingiu também sua agenda internacional. Nesta semana, Guedes cancelou sua viagem a Paris, onde participaria da reunião de ministros do conselho da OCDE. As ausências de Paulo Guedes podem ser interpretadas de duas formas. Talvez seja um incômodo do ministro com o andar da carruagem: o descarrilamento da economia, a morosidade das reformas, a intervenção do governo na Petrobras e mesmo o noticiário sobre seus investimentos offshore. Mas, pode ser também apenas uma recaída do bom e velho Paulo Guedes, com o seu hábito de não cumprir compromissos ou simplesmente arbitrar sua presença ou não conforme o seu humor.

E olhe que Guedes queria privatizar a Petrobras…
4/10/2021Apesar do subsídio para a venda do gás de cozinha reduzir em um dedinho a pressão sobre os gastos fiscais com a política compensatória do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ficou incomodado com a medida. O anúncio de que a Petrobras vai destinar R$ 300 milhões para favorecer a compra do botijão escancarou de vez o uso da companhia como uma “agência de utilidades”. Os recursos parecem pequenos. Mas representam mais de 10% do que o governo pretende arrecadar com o IOF até o final do ano. É a chamada “operação cata caquinho”. No caso da Petrobras, é como se a empresa tivesse deixado de ser uma sociedade de economia mista e se tornado um departamento do Palácio do Planalto. Assim como se refere ao “meu Exército”, Bolsonaro bem que poderia dizer “minha Petrobras”.
Se alguém ainda tinha alguma dúvida, o governo vai usar a empresa como um aríete político-eleitoral. O subsídio para o gás de cozinha – medida que, diga-se de passagem, tem seu mérito social – vai além do papel de intervenção estatal que o governo Dilma Rousseff atribuía à Petrobras. O “desvio de função” da Petrobras já estava dado quando da saída de Roberto Castello Branco da presidência da estatal. Na ocasião, ficou claro que a empresa iria interferir na formação de preços como se fosse uma espécie de “CIP dos combustíveis” – uma alusão ao velho Conselho Interministerial de Preços. Essa postura intervencionista deverá ter efeitos sobre o programa de desmobilização de ativos da companhia. A venda das quase 50 subsidiárias que Castello Branco deixou prontas para a privatização subiu no telhado. Uma das joias da coroa seria a Transpetro, que, no ano passado, teve um de seus maiores resultados operacionais. Tudo mudou. Se a gestão Castello tinha como foco a geração de valor para o acionista, na atual administração o que importa é a vontade do sócio majoritário, o governo.
Ou seja: a Petrobras dificilmente vai desestatizar subsidiárias, deixará de privilegiar o acionista, servirá de “poder moderador” na formação dos preços dos combustíveis e será linha de apoio do governo para mitigar a pobreza. A presença do general Joaquim Silva e Luna no comando da empresa é um facilitador das pretensões do presidente Bolsonaro. Trata-se de um oficial sério e respeitado, mas com muito menos independência do que tinha seu antecessor. Curiosamente, a decisão do governo de subsidiar a venda de gás por intermédio da Petrobras foi tomada um dia após Henrique Meirelles dizer que a solução para os preços dos combustíveis era “muito simples”: bastaria a estatal reduzir sua margem de lucro “extraordinária”. Se o conselho do secretário de Fazenda de São Paulo tinha como intenção cutucar o governo Bolsonaro em prol do candidato João Doria, o tiro saiu pelculatra. A proposta de reduzir a rentabilidade da Petrobras não só calou fundo no Palácio do Planalto como foi bem acolhida. O próprio Silva e Luna correu para dar uma entrevista, afirmando que o subsídio ao gás de cozinha já estava sendo pensado na empresa antes (não é verdade) e que os dividendos da estatal poderiam ser destinados às famílias carentes e/ou caminhoneiros, mas que essa decisão não cabe à Petrobras (é verdade). De realmente crível é que as duas medidas foram e estão sendo urdidas no Palácio do Planalto. Para 2022 – quem sabe? – Bolsonaro não cria também o “Vale diesel”, o “Vale lubrificante” etc.
Refinaria 1
23/09/2021Segundo informações filtradas da Petrobras, a estatal estuda oferecer a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e a Repar, no Paraná, em um único pacote. A possibilidade de maior escala no negócio poderia funcionar como um atrativo aos candidatos. Até agora, as tentativas da Petrobras de vender em separado as duas refinarias deram em nada.

Os próximos “divórcios” entre a Vibra Energia e a Petrobras
22/09/2021Não bastam a venda integral do controle e a mudança de nome. A Vibra Energia (ex-BR Distribuidora) pretende, aos poucos, desvincular também seus produtos e serviços da Petrobras. Trata-se de um processo intrincado, que passa pela renegociação ou mesmo a rescisão de contratos de licenciamento com a estatal. Segundo a fonte do RR, a cúpula da antiga BR já estaria discutindo cenários para dois de seus brands mais relevantes, as linhas de combustíveis Podium e Grid.
As duas marcas pertencem à Petrobras e estão cedidas à Vibra por um contrato com vigência até 2031. Do ponto de vista do marketing, ambas estão demasiadamente associadas ao antigo controlador – suas logos, inclusive, trazem os nomes “Petrobras Podium” e “Petrobras Grid”. É o que a “nova BR” menos quer. A direção da empresa, a começar pelo presidente, Wilson Ferreira Junior, não estaria disposta a esperar o fim do acordo, ou seja, mais dez anos, para apagar o nome da Petrobras desses produtos.
Uma solução de médio prazo seria a Vibra adicionar seu nome às duas marcas, em um modelo de cobranding. A título de exemplo, algo similar ao que o ABN Amro fez ao comprar o Banco Real: por alguns anos, os holandeses mantiveram o nome ABN Real e gradativamente a menção ao antigo banco foi sumindo das peças de marketing, até desaparecer em definitivo. No entanto, segundo a mesma fonte, o acordo de licenciamento com a Petrobras teria amarras que dificultariam a supressão do nome da estatal.
Uma hipótese mais imediata seria a Vibra negociar a compra em definitivo das marcas Podium e Grid, o que lhe daria autonomia, inclusive, para sumir com os dois brands. Essa saída dependeria de uma negociação com a Petrobras, antes do fim do contrato. A marca dos postos é um caso à parte. Por mais que a Vibra queira desvincular sua imagem da Petrobras, a bandeira BR ainda é o seu principal ativo. Nesse caso, a pressão do tempo é até maior do que em relação às linhas de combustíveis.
O contrato com a Petrobras para uso da marca BR se encerra em 2029. São oito anos para a Vibra tentar negociar a compra do nome ou construir um brand do zero. O RR enviou uma série de perguntas à Vibra, mas a empresa foi sucinta, limitando-se a tratar das linhas Podium e Grid. Informou que “tem um contrato de licenciamento de dez anos com a Petrobras, com perspectiva de renovação por mais dez e não há expectativa ou planos de mudança para isso”. Especificamente sobre a marca BR, nenhuma palavra. Também procurada, a Petrobras não se pronunciou.
Classificados
20/09/2021O RR apurou que a Petrobras busca um comprador para o petroleiro Pedreiras, pertencente à frota da Transpetro. Com capacidade para 80 mil toneladas de óleo cru, a embarcação é usada pela estatal desde 1993. Consultada, a Petrobras não se manifestou.

Total recarrega os investimentos em energia limpa no Brasil
2/09/2021A francesa Total prepara um pacote de investimentos em energia renovável no Brasil. Um dos projetos mais ambiciosos em estudo seria a entrada no segmento de geração eólica em alto-mar. O grupo teria planos de construir um cinturão de energia em torno de suas plataformas offshore. Os franceses detêm participação em 18 blocos de petróleo e gás em sete bacias da costa brasileira, em 10 dessas áreas como operadores.
Procurada, a Total não quis se pronunciar. O Brasil é peça importante no tabuleiro do padrão ESG da Total. O grupo se compromete a zerar suas emissões de carbono até 2050. A meta dos franceses é chegar a essa data com 40% do seu faturamento provenientes da geração de energia elétrica, notadamente de fontes renováveis. Hoje, a empresa já tem uma capacidade instalada de 12 GW, sendo 7 GW oriundos de usinas eólicas e solares.
A Total deverá buscar parceiros para os seus investimentos no Brasil. Quem sabe não poderia ser a senha para os franceses reabrirem conversações com a Petrobras? Em 2019, as duas companhias romperam uma joint venture para investimentos conjuntos em geração eólica e solar. De lá para cá, cada um tomou um rumo diferente. A Total avançou em energia verde no Brasil: hoje, soma cerca de 300 MW, contabilizando-se projetos já em operação e em construção. A estatal, por sua vez, vive um curioso stop and go and stop no segmento de renováveis. Nos últimos meses, a fase é de “stop”. A Petrobras vendeu participações em usinas eólicas e praticamente restringiu seus investimentos em novas fontes de geração à área de pesquisa e desenvolvimento – ver RR edição de 19 de maio.

Uma operação gasosa
1/09/2021A venda da participação da Petrobras na Gaspetro para a Compass, leia-se Cosan, corre o risco de parar nos tribunais. Governadores, notadamente do Nordeste, têm discutido a possibilidade de entrar na Justiça para brecar a operação até que os estados exerçam o direito de preferência para a compra da participação da holding em suas respectivas concessionárias. A Gaspetro está no capital de 18 distribuidoras estaduais de gás. Ressalte-se que os governos da Bahia e da Paraíba já confirmaram que pretendem recomprar as ações da BahiaGás e da PBGás.

Todos os homens do general da Petrobras
26/08/2021O processo de “militarização” da Petrobras avança a passos largos. Segundo a rádio-corredor da estatal, o coronel da reserva do Exército Ricardo Pereira Bezerra foi promovido a general de quatro estrelas na hierarquia peculiar da companhia. Bezerra é assessor direto e, não é de hoje, homem de confiança do general Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras. O coronel manda e desmanda. Em Itaipu, por exemplo, ocupava a chefia de gabinete de Silva e Luna na presidência da estatal. A ala militar da Petrobras tem ainda nomes como o coronel da reserva Ricardo Silva Marques, gerente executivo da área de Inteligência e Segurança Corporativa, e o capitão-tenente da reserva da Marinha Carlos Victor Guerra Nagem, também assessor da presidência – ver RR de 14 de junho. Nos corredores da companhia, são chamados de “todos os homens do general”.
Desinvestimento em marcha lenta
11/08/2021A Petrobras está retomando o processo de venda da Araucária Nitrogenados, fábrica de fertilizantes no Paraná. Entre idas e vindas, lá se vão quase dois anos tentando passar o ativo adiante.
Ponto final
11/08/2021Não retornaram ou não comentaram o assunto: Via, Presidência da República, Arauco, Revolut e Tiendas 1.

YPFB quer lugar da Petrobras no Gasbol
6/08/2021O RR apurou que a YPFB entrou na disputa pela participação de 51% da Petrobras na TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil- Gasbol). O ativo está avaliado em aproximadamente US$ 1 bilhão. Segundo uma fonte envolvida nas negociações, a estatal boliviana estaria, inclusive, conversando com a belga Fluxys sobre a possibilidade de uma oferta conjunta pelas ações. Ambas já estão no capital da TBG: a Fluxys detém 29% da companhia; os bolivianos, por sua vez, aumentaram recentemente sua participação de 12% para 19%. A investida da YPFB pode não apenas representar uma reviravolta no processo de venda da TBG como dar aos bolivianos um peso ainda maior no mercado brasileiro de gás. A empresa passaria a ter uma posição relevante nas duas pontas da operação: como grande fornecedora do insumo para o Brasil e como controladora da principal malha de transporte de gás do país. Ressalte-se que a YPFB tem feito movimentos também para fechar a venda direta do combustível para estados, vide o recente acordo firmado com o governo do Mato Grosso.
Fim de ciclo?
26/07/2021A Petrobras estaria esperando apenas o fim dos Jogos de Tóquio para rever sua política de patrocínios aos esportes olímpicos. As discussões passarão muito pela performance do Brasil na Olimpíada. Atualmente, a estatal financia 25 atletas – cinco deles paralímpicos -, a um custo médio de R$ 3 milhões/ano. Em tempo: caso venha a cortar os recursos, a gestão do general Joaquim Silva e Luna vai repetir o que a Petrobras fez em 2016, sob a direção de Pedro Parente.

Caminhoneiros no radar do GSI
15/07/2021O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) intensificou o monitoramento dos sindicatos de caminhoneiros. Fonte da área de Inteligência informou a RR que o GSI acompanha, desde o último fim de semana, líderes da categoria. Eles têm discutido a possibilidade de uma greve de advertência. A probabilidade de uma paralisação vem crescendo entre os sindicalistas. Seria uma reação ao aumento médio de R$ 0,10 nos preços do diesel anunciado na semana passada. As atenções do GSI estariam voltadas, sobretudo, para São Paulo e Rio Grande do Sul, onde os caminhoneiros, nos últimos tempos, têm se mostrado mais hostis ao governo. Foram os dois estados que articularam a fracassada tentativa de paralisação da categoria no fim de janeiro. Procurado pelo RR, o GSI informou que “não irá se pronunciar, positiva ou negativamente, por se tratar de assunto de Inteligência de Estado”.
…
Por falar em caminhoneiros – e em “monitoramento”, a decisão de Jair Bolsonaro de demitir Roberto Castello Branco da Petrobras teve menos relação com a política de preços da estatal e mais a ver com a antipatia do presidente pelo executivo. Desde que o general Joaquim Silva e Luna assumiu o comando da estatal, em abril, os valores dos combustíveis subiram, na média, 2%. Bolsonaro sempre implicou com o estilo sofisticado e independente do ex-presidente da Petrobras. Castello acreditou na promessa de Paulo Guedes de que teria autonomia na gestão da empresa. Bulhufas! Para subir ou descer os preços dos combustíveis, quem quer que seja, tem de pedir benção a Bolsonaro. Na verdade, ao tirar Castello Branco do comando da Petrobras, Bolsonaro buscou infiltrar na empresa um quadro fiel aos seus interesses. Talvez já de olho na maior verba de comunicação do país para as eleições de 2022…

Greve inflamável
6/07/2021A paralisação dos funcionários da Petrobras Biocombustível (PBio) está gerando um impasse de difícil resolução. A Petrobras, do general Joaquim Silva e Luna, não vai ceder terreno aos pleitos dos grevistas, a começar pelo principal deles: a transferência para outras empresas do grupo de trabalhadores da PBio que não aderiram ao Plano de Demissão Voluntária da companhia. Consultada, a estatal informou que a “PBio é uma subsidiária da Petrobras, com autonomia estatutária e personalidade jurídica distinta, patrimônio e gestão próprios. A incorporação dos empregados da PBIO aos quadros da Petrobras, pleiteada pelas entidades sindicais, encontra óbice no princípio constitucional da concursividade”.
Ponto final
14/06/2021Os seguintes citados não retornaram ou não comentaram o assunto: Petrobras, SBT, Light e Afya.

Petrobras parece até outra empresa com Silva e Luna
7/06/2021Quem viu Roberto Castello Branco e vê agora Joaquim Silva e Luna na presidência da Petrobras tem a mesma sensação de quem assiste a um economista à frente do BC e um general no comando de um quartel. Os maneirismos, usos, práticas, em síntese, os estilos de gestão de um e de outro são completamente distintos. Enquanto Castello tinha preferência por reuniões remotas, o general tem exigido agendas presenciais para praticamente todos os compromissos. Não custa lembrar que Jair Bolsonaro, grosseiro como de hábito, chamou Castello Branco de “vagabundo” por fazer reuniões virtuais. Ou seja: Silva e Luna já havia recebido o recado anteriormente.
As diferenças entre ambos se espraiam por outros pontos. O ex presidente privilegiava as palavras “alavancagem” e “desinvestimento”; o atual praticamente sumiu com esta última dos documentos oficiais. Até mesmo as apresentações da estatal têm chamado a atenção dos funcionários. Na era Castello, todos os PowerPoint ou materiais do gênero respeitavam o padrão visual da Petrobras. No entanto, desde que Silva e Luna assumiu, os PowerPoint da presidência da companhia passaram a ser feitos em um formato próprio, até antiquado. Por ora, não é questão de melhor ou pior, até porque não deu nem tempo para se fazer qualquer avaliação da gestão do general na Petrobras. Mas as diferenças entre um e outro estão na ordem do dia 09nos corredores da estatal.

Petrobras vai na contramão da energia renovável
19/05/2021Se depender do general Joaquim Silva e Luna, a preocupação da Petrobras com energia renovável será ainda mais tímida, segundo informações provenientes de setores da empresa. Silva e Luna deverá acentuar o distanciamento entre a companhia e a agenda ambiental. A administração anterior, de Roberto Castello Branco, já vinha cortando
os investimentos da Petrobras em novas fontes de geração. Quase ao fim da gestão, Castello deu uma guinada, anunciando aportes na área de pesquisa e desenvolvimento em energia verde. O então presidente da estatal já estava meio que convencido da necessidade de retomada de investimentos em fontes renováveis. Não deu tempo. Agora, especulase na companhia que o volume de recursos destinado às atividades de P&D poderá ser revisto.
Dentro da Petrobras, não há qualquer disposição de que o tema venha a ser tratado com algum destaque. O Plano Estratégico da companhia para o período 2021-2025 prevê um desembolso da ordem de US$ 1 bilhão em compromissos ambientais. A estatal, ressalte-se, divide esses investimentos em três rubricas – Inovação nas Operações, BioRefino e Competências para o Futuro -, mas não abre o valor discriminado por área. Nos corredores da empresa, a expectativa é de que a projeção total de gastos não será cumprida. O processo de alienação da Petrobras Biocombustível, em curso desde o ano passado, e as vendas de participações no segmento de energia eólica justificariam os novos cortes de recursos. Consultada sobre a possibilidade de revisão dos investimentos previstos no Plano Estratégico 2021 2025 para P&D em energia renovável, low carbon, bioprodutos e projetos compensatórios, a Petrobras não quis comentar. A estatal informou que sua estratégia é “maximizar valor por meio do gerenciamento ativo de portfólio, mantendo os investimentos em pesquisa e desenvolvimento de energia renovável”. Diz ainda que, “para investir nessas áreas no futuro”, planeja aportar “US$ 70 milhões/ ano em P&D para descarbonização e energias renováveis”. Trata-se exatamente do valor anunciado pela gestão Castello Branco em abril de 2020. Ou seja: a estatal continua onde estava há pouco mais de um ano como se o mundo não tivesse mudado – ou como se Joe Biden ainda não tivesse nascido.
Para muitos dentro da companhia, o general Joaquim Silva e Luna estaria refletindo a visão do presidente Jair Bolsonaro. Nessa toada, o governo está desperdiçando a oportunidade de criar uma Petrobras Energia, leia-se uma empresa com largura estratégica, presença nos mais diversos segmentos e, sobretudo, guiada por uma forte visão de futuro. Quando todos os grandes players do petróleo no mundo – entre os quais Total, Shell, BP – buscam diversificar seus negócios e olham para a energia verde, a estatal caminha na contramão. Não basta só descarbonizar. É preciso gerar novas fontes de riqueza. Ressalte que a Petrobras tem conseguido antecipar as suas metas de redução do passivo – somente entre março de 2020 e março de 2021, a dívida bruta caiu US$ 18,2 bilhões. A desalavancagem acima do previsto permitiria que algum quinhão fosse reinvestido em energia renovável.
Ajuste de rota
11/05/2021Ontem, às 14h34, a Petrobras soltou um comunicado interno informando que as futuras promoções de funcionários passarão a ser distribuídas de forma igualitária entre todas as diretorias, e não mais proporcionalmente ao cumprimento das metas de cada área. Para bom entendedor, basta ler a edição de ontem do RR, que revelou a insatisfação dos colaboradores da estatal com a política de remuneração.

Política de remuneração cria um “apartheid” dentro da Petrobras
10/05/2021Se, de fora para dentro, o principal desafio da Petrobras será equilibrar o intervencionismo do presidente Jair Bolsonaro na governança da estatal; interna corporis o general Joaquim Silva e Luna terá uma missão igualmente complexa: levantar o moral da “tropa”. Entre grande parte dos funcionários, há uma crescente insatisfação com o atual modelo de avaliação de desempenho de cada área e, consequentemente, com a política de remuneração variável da companhia. O descontentamento se concentra, notadamente, entre os petroleiros do “chão de fábrica” – leia-se exploração e produção, refino e logística. Trata-se da grande massa de trabalhadores da Petrobras, reconhecida pela sua capacidade de mobilização, tanto interna quanto externa. Este é um fator sensível que muito provavelmente já está no radar do general Silva e Luna, recém-empossado na presidência da Petrobras.
O entendimento entre os petroleiros é que as regras em vigor criaram um sistema segregacionista, que, na hora da divisão do bolo, privilegia as funções corporativas em detrimento das atividades operacionais, aquelas que realmente fazem a empresa existir. O modelo de avaliação de desempenho da Petrobras e de seus funcionários é baseado no balance scorecard. Ao fim do ano, a empresa atribui notas às respectivas áreas com base, principalmente, no cumprimento das metas. Até aí, nada muito distante das melhores práticas corporativas. No entanto, há questionamentos aos critérios de medição. A voz corrente na Petrobras é que os setores administrativos recebem metas mais fáceis de serem cumpridas – e até questionáveis – do que as áreas operacionais. Isso explicaria a goleada nos resultados de 2020, que serviu de base para o último bônus distribuído. Em uma escala de 0 a 5, das 44 gerências executivas, 15 receberam nota máxima, todas elas corporativas. Entre as unidades operacionais, o quadro é distinto. Muitas delas não passaram sequer da nota 4: Refino (3,2), Logística (2,9), Comercialização interna e externa (3,2), Exploração (3,5), Poços (3,9), Libra (3,8), Búzios (3,7), Águas Ultra-Profundas (3,8) e Águas Profundas (3,8).
O scorecard é determinante para definir o “teto” da remuneração variável dos funcionários vinculados a cada uma das gerências executivas. Entre os petroleiros, esse sistema – denominado PPP (Prêmio por Performance) – é visto como draconiano e injusto. Uma fonte do RR informou que o maior problema é que as metas não refletem o verdadeiro retorno das áreas para a empresa. Aqui e ali, já despontam vozes reivindicado o retorno ao tradicional modelo de PL, com divisão mais igualitária dos lucros.
Conversa refinada
26/04/2021A holandesa Vitol reabriu conversações com a Petrobras para a compra de ativos em refino da estatal. As duas empresas têm uma relação de idas e vindas. Fisgada pela Lava Jato, a Vitol ficou proibida de fazer negócio com a Petrobras. Recebeu salvoconduto após um acordo de leniência de R$ 232 milhões.
Custo Covid
5/04/2021Segundo o RR apurou, a Raízen estaria disposta a pagar algo em torno de US$ 2 bilhões pela Refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), no Paraná. É bem menos do que os US$ 3 bilhões estimados inicialmente pela Petrobras. Mas isso foi pré-pandemia

Uma degola comemorada na Petrobras
1/04/2021A demissão do gerente de RH da Petrobras, Claudio Costa, na última segunda-feira, foi festejadíssima pelos funcionários da estatal, segundo relatos de colaboradores da empresa ao RR. Sem entrar no mérito do motivo do seu afastamento – a suposta venda de ações da companhia dias antes da divulgação de resultados –, Costa tinha um elevadíssimo índice de rejeição entre os empregados. Dois episódios ajudam a ilustrar o porquê do rating tão baixo. Em meados de 2019, Costa encomendou uma pesquisa para mostrar que a Petrobras pagava salários mais altos do que o setor privado em funções correspondentes. Para piorar, divulgou internamente o resultado do estudo como forma de constranger os colaboradores.
Quando a Petrobras fechou seu escritório em São Paulo, Costa reuniu os funcionários da regional para dizer que cortes e demissões eram normais, faziam parte do ciclo de qualquer empresa etc – um discurso talvez aceitável na iniciativa privada, mas absolutamente desconexo da cultura Petrobras. A fala de Costa foi gravada, viralizou entre os funcionários e fez disparar a objeção a ele dentro da companhia.

Governo Bolsonaro lança dúvidas sobre o futuro da BR
23/03/2021A BR Distribuidora virou uma bola de pingue-pongue, rebatida de um lado para o outro da rede entre estratégias e interesses conflitantes entre si. Do Palácio do Planalto, surgem vazamentos sobre a ideia de reestatização da companhia. Nesse caso, a Petrobras, que mantém uma participação de 37,5% na distribuidora de combustíveis, seria usada pelo governo para a recompra de ações da BR em mercado. Essa hipótese quica sobre a mesa como um rebote da raquetada do presidente Jair Bolsonaro na governança da
petroleira.
Se é possível interferir na Petrobras, por que não na BR, ainda que a participação do governo na companhia se dê de forma indireta? Pelo silogismo bolsonarista, se a Petrobras é sócia da empresa, está resolvido: “La BR c ´est moi” No sentido contrário, está o projeto de privatização completa da BR, com a venda do restante das ações ainda em poder da Petrobras. Os fundos que coabitam o capital da empresa pressionam por esta solução. Esta, inclusive, seria a principal missão de Wilson Ferreira Junior, que as-
sumiu a presidência da distribuidora de combustíveis na semana passada. Ferreira tem o perfil de embalador de empresas para a privatização, ainda que não tenha alcançado sucesso na Eletrobras.
Na estatal, ele perdeu a viagem. Já na BR, o executivo vem calejado pela arritmia decisória do governo Bolsonaro. No meio dessa troca de bolas de um lado para o outro, o RR recebeu também a informação do interesse da Americanas em ter uma participação expressiva na BR. A rede varejista, ressalte-se, já enxerga o negócio por dentro: firmou recentemente um acordo operacional com a distribuidora no segmento de lojas de conveniência. A compra das ações da Petrobras faria da Americanas o principal acionista individual da BR. A operação significaria o ingresso do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira em um setor extremamente disputado.
Além do varejo per si, com a gestão das lojas de conveniência, Lemann e cia. passariam a competir com Raízen, Ultra/Ipiranga, entre outros menos votados. No mercado especula-se também que a ida de Marcos Lutz para o conselho do Grupo Ultra teria como objetivo a aquisição da BR. Lutz, enquanto esteva na Cosan, era o executivo dedicado a uma operação de compra da estatal. Mas tudo ainda está no campo das conjecturas. Os 37,5% do capital nas mãos da Petrobras indexam o destino da BR aos humores de Jair Bolsonaro.
O gás que vem da Bolívia
11/03/2021Em meio ao turbulento processo de sucessão, a Petrobras negocia um novo contrato para a importação de gás da Bolívia. O acordo terá validade de três anos. Segundo o RR apurou, o volume negociado será da ordem de 20 milhões de metros cúbicos/dia. Em tempo: de acordo com a mesma fonte, a estatal boliviana YPFB receberá ainda em março cerca de US$ 20 milhões referentes ao contrato temporário firmado com a Petrobras, em vigor neste momento.

Legado
9/03/2021Às vésperas de se mudar para a Petrobras, o presidente de Itaipu, general Joaquim Luna e Silva deu uma última contribuição para aplainar as arestas com o governo do Paraguai. Autorizou o repasse de US$ 76 milhões ao país vizinho, referente à cota dos paraguaios no faturamento da companhia. O valor inclui ainda US$ 37 milhões relativos à compra da energia que o Paraguai não usa.
Efeito Bolsonaro
26/02/2021A intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras segue na ordem do dia. O RR apurou ontem que senadores do PDT e da Rede se mobilizam com objetivo de convocar, para depoimento, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o presidente do Conselho de Administração da estatal, o almirante Eduardo Bacellar Ferreira.
Continua de pé?
25/02/2021A conturbada sucessão na Petrobras tira o sono dos executivos do Mubadala. A compra da refinaria Landulpho Alves, por US$ 1,65 bilhão, está fechada. Mas, não assinada. Consultada, a Petrobras limitou-se a confirmar a oferta do Mubadala.

Petrobras de farda
24/02/2021O general Eduardo Garrido Alves está cotado para assumir um cargo na Petrobras. Garrido é colaborador figadal do general Joaquim Silva e Luna, novo presidente da petroleira. Atualmente, dirige o Parque Tecnológico de Itaipu, indicado por Luna. Antes, foi assessor especial do general na Pasta da Defesa. Consultada, Itaipu informou que “não tem condições de confirmar nomeações ou indicações que são prerrogativa do governo federal”.
Estilhaços da intervenção de Bolsonaro na Petrobras
23/02/2021- Até o fechamento desta edição (ontem, às 20h) Paulo Guedes completou 72 horas sem se pronunciar sobre a demissão de Roberto Castello Branco. Muy amigo…
- Depois do que fez na Petrobras, Jair Bolsonaro não deve estar mais querendo a aprovação da autonomia do Banco Central. Seria a única instância da República em que ele não poderia demitir o subordinado.
- Ontem, circulou a informação de que Jair Bolsonaro está consultando seu conselho militar em busca do nome de um oficial para a Eletrobras. Não é difícil de entender que a privatização foi para a o espaço.
- Também ontem, correu no mercado a informação de uma substituição da substituição na BR. Wilson Ferreira Junior, que deixou a Eletrobras e ganhou como prêmio de consolação a presidência da distribuidora, não assumiria mais o cargo. O novo indicado seria o ministro Bento Albuquerque. Sua missão seria tocar uma “nova BR”, com a reestatização da empresa. Segundo informação que circulou em uma grande corretora, a Petrobras compraria, até junho, 15% das ações da distribuidora que pertencem a fundos e bancos internacionais, reassumindo o controle.
- A possível indicação do almirante Bento Albuquerque para a BR enseja ainda duas interpretações. A primeira é que Bolsonaro quer colocar alguém seu na empresa para fazer política de preços e tarifas dos combustíveis. A segunda é que o presidente pretende abrir espaço no Ministério de Minas e Energia para o Centrão.
- A explosão de Jair Bolsonaro deverá atingir, ainda que de leve, a cota de Paulo Guedes. O secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues Junior, está na linha de tiro do presidente.
- O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, já está espanando a cadeira. Sabe que sua demissão pode não ser agora. Mas será mais à frente, conforme já sinalizou Bolsonaro.
- Ontem era tido como certo no mercado que o programa de privatização do governo vai ficar restrito à xepa das estatais. A insegurança jurídica alimentada por Bolsonaro é um repelente para os investidores.
- O que se considerava, ontem, em Brasília é até que ponto a aprovação da PEC Emergencial será suficiente para mitigar o estrago feito com as mexidas conduzidas por Bolsonaro. Tá tudo dominado, mas não por Paulo Guedes…

Bolsonaro atira em Castello Branco e bala ricocheteia no ministro Paulo Guedes
22/02/2021A forma impolida e desrespeitosa com que o presidente Jair Bolsonaro defenestrou do cargo o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, l coloca o ministro da Economia com um pé fora do governo. Mesmo que seja procedente uma suposta covardia de Paulo Guedes, ligando na madrugada para suplicar que Castello renunciasse da sua posição, os dois estão indexados. Para início de conversa, a intervenção de Bolsonaro na companhia, impondo um subsídio aos combustíveis, vai na mão inversa de tudo o que Guedes vem defendendo.
Na realidade, ela foi “assinada” pelo ministro durante todo o tempo. A medida já seria um bom motivo para que o ministro começasse a arrumar seus apetrechos. Mas digamos que Guedes seja subserviente ao chefe ao ponto de negar o que disse durante toda a sua gestão. Pois bem, vai carregar uma cruz: terá ressuscitado Dilma Rousseff com sua política de intervenção nos preços dos derivados de petróleo – só falta interferir nas tarifas de energia elétrica.
Dilma estará arrastando correntes, à meia-noite, pelos corredores da Petrobras sussurrando que a captura da estatal não foi um episódio exclusivo do seu tempo. Não bastasse isso, a diatribe do presidente cria uma situação de risco jurídico e regulatório que praticamente joga uma pá de cal no plano de desinvestimentos da Petrobras. Quem vai querer comprar um ativo da estatal se a qualquer momento Bolsonaro pode ter um faniquito e cismar de reduzir os preços? Muito provavelmente toda a diretoria deixará a empresa por ocasião da saída de Castello.
O Conselho de Administração ficará em uma situação constrangedora, pois sequer poderá discutir se renovaria ou não o mandato do atual gestor, conforme decisão que seria tomada em sua reunião de amanhã. Melhor acabar logo com o Conselho ou substituí-lo por um colegiado de generais. Se Paulo Guedes não aceitar a humilhação, ao contrário do que vem ocorrendo em sua gestão, teria chegado o momento do ministro da Economia afivelar as malas e voltar à paz do seu apartamento do Leblon.
Castello não é só o executivo mais renomado que Guedes trouxe para o governo como também é a mais perfeita tradução do seu pensamento. Não bastasse, há uma longa história de amizade e colaboração profissional entre ambos. Castello era presidente do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) nos idos dos anos 80, quando trouxe Paulo Guedes, então na Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), para o cargo de diretor técnico. Logo a seguir, Castello foi para a diretoria bancária do Banco Central e fez de Guedes seu sucessor.
Ambos estudaram na Universidade de Chicago, uma fraternidade que envolve, além das ideias, a fidelidade entre seus discípulos. Castello tem feito uma gestão elogiada por todo o mercado. Conseguiu domar a fúria da corporação contrária a sua política liberal. Seu projeto sempre foi tornar a companhia enxuta, hiper focada e resistente às intempéries. Não previu que os raios e trovoadas viriam do Palácio do Planalto. Castello foi estorricado. E sua fritura flamba o ministro da Economia. É um desatino escangalhar a Petrobras e afastar o mais próximo colaborador de Paulo Guedes. A não ser que Bolsonaro queira flechar pelas costas o principal ministro do seu governo.
Salada internacional
18/02/2021Além da norte-americana Diatoms, o Mubadala mantém conversações com investidores chineses interessados em se associar à refinaria Landulpho Alves (RLAM). Os árabes fecharam a compra da RLAM junto à Petrobras na semana passada – conforme o RR antecipou em 29 de janeiro.
Último ato
30/01/2021A Petrobras vai sacramentar em fevereiro a venda da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, para o fundo Mubadala. Os valores giram em torno de US$ 2 bilhões.
Um partido família
13/01/2021O governo do Mato Grosso do Sul vai enviar uma comitiva à Bolívia. Missão: negociar a compra direta de gás boliviano, sem depender da Petrobras/TBG. A medida é vista como prioritária para reduzir o custo do insumo e atrair indústrias para o estado.

Naturgy na disputa pela Gaspetro
14/12/2020A espanhola Naturgy reabriu conversações com a Petrobras para a compra da sua fatia de 51% na Gaspetro, holding com participações em 18 distribuidoras de gás. A estatal esteve perto de fechar negócio com a Compass, leia-se Cosan, mas a operação micou após restrições impostas pelo Cade. Em tempo: são grandes as chances de que a Mitsui, dona dos 49% restantes da Gaspetro, também se desfaça das suas ações.

Oferta na mesa
7/12/2020Informação que circula na Petrobras: a chinesa Sinopec já sinalizou que vai apresentar uma oferta de compra da refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), no Paraná. O prazo final estipulado pela estatal para a entrega das propostas é o próximo dia 10.
…
O que se diz na Petrobras é que a Glencore estaria preparando uma oferta de última hora pela refinaria Landulpho Alves, na Bahia. Até o momento, o fundo Mubadala é o candidato mais forte ao negócio, mas a estatal já anunciou que vai receber novas propostas.
“Bolsa petróleo”
27/11/2020Graças, em grande medida, à Petrobras, o governo do Rio conseguirá quitar em dia o 13o salário do funcionalismo público neste ano. O estado vai destinar integralmente aos servidores a quantia de R$ 1,8 bilhão paga recentemente pela estatal ao Fisco fluminense. O valor envolve um acordo sobre débitos e multas do ICMS sobre as operações de consumo de óleo diesel em plataformas marítimas.
O target da Petrobras
6/11/2020Internamente, segundo o RR apurou, a Petrobras trabalha com a expectativa de arrecadar até US$ 8 bilhões com a venda de ativos ao longo de 2021 – neste ano, com a pandemia, esse valor somou aproximadamente US$ 1 bilhão. Oficialmente, a empresa informa que não estabelece metas e o valor dependerá das condições de mercado.
Bloco na rua
28/10/2020A Repsol está interessada na compra da participação da Petrobras (45%) no Bloco Tayrona, no litoral nordeste da Colômbia. Ressalte-se que a estatal colombiana Ecopetrol, dona do restante do ativo, tem direito de preferência.
Acervo RR
Lâmina afiada
19/10/2020A Vale está se inspirando no estilo da Petrobras de ceifadora do que vê dentro de casa. Está estudando uma série de corte de ativos e alguma redução na própria carne, para não dizer que não sofreu nada. O RR lamenta as perdas, caso ocorram.
Lâmina afiada
19/10/2020A Vale está se inspirando no estilo da Petrobras de ceifadora do que vê dentro de casa. Está estudando uma série de corte de ativos e alguma redução na própria carne, para não dizer que não sofreu nada. O RR lamenta as perdas, caso ocorram.
Reta final
14/10/2020A Petrobras vai receber ainda nesta semana as novas propostas pela refinaria Presidente Getulio Vargas (Repar), no Paraná. Grupo Ultra e Raízen disputam o mata-mata final. O martelo deve ser batido ainda em outubro.
Modus operandi
12/08/2020O banqueiro Juca Abdalla, dono do Banco Clássico, vem comprando mais e mais ações da Cemig. A julgar pelo que fez na Petrobras, não demora muito e vai tentar ampliar seu poder no Conselho da estatal mineira, onde ele próprio já ocupa um assento. No mês passado, Abdalla foi eleito para o board da Petrobras e ainda emplacou outros dois representantes.
De grão em grão…
10/08/2020A Petrobras está conseguindo um ganho mensal médio da ordem de US$ 5 milhões com o novo formato do contrato de fornecimento de gás da Bolívia para o Brasil, firmado em março. A economia vem, sobretudo, do ato de a estatal boliviana YPFB ter assumido o custo de transporte do insumo dentro daquele país, numa linha de aproximadamente 550 km, de Rio Grande a Porto Suarez, na fronteira com o Brasil. O volume contratado diário varia de 14 milhões de metros cúbicos a 20 milhões de metros cúbicos.
Solução caseira
7/08/2020A Ecopetrol já teria sinalizado à Petrobras que pretende exercer o direito de preferência para a compra da sua participação de 44% no bloco Tayrona, no litoral da Colômbia. O restante do capital pertence à própria estatal colombiana.
Fundo perdido
10/07/2020A Avianca Brasil, que pediu falência nesta semana, deve mais de R$ 150 milhões à Petrobras, referentes à compra de combustível. É dinheiro que a estatal provavelmente não vai ver mais.
Um pé fora do Uruguai
15/06/2020A Petrobras estaria em conversações com a espanhola Disa para a venda de seus ativos no Uruguai. O pacote inclui 88 postos, 16 lojas de conveniência, uma planta de querosene de aviação e um terminal de lubrificantes. A Disa já opera no Uruguai, com a bandeira Shell.
Habeas corpus para Raupp
5/06/2020Os advogados do ex-senador Valdir Raupp (MDB-RO) estudam entrar no STF com um pedido preventivo de habeas corpus. Sinal de apreensão com o julgamento de Raupp na 2a Turma do próprio Supremo, marcado para a próxima terça-feira. Ele e dois assessores parlamentares são acusados, no âmbito da Lava Jato, de ter recebido propina da Queiroz Galvão. Segundo as investigações, o pagamento de R$ 500 mil teria sido contrapartida para contratos firmados entre a empreiteira e a Petrobras.
Venda casada
2/06/2020O governo gaúcho entabula conversas com a Petrobras para a venda conjunta das participações do estado e da Gaspetro na Sul-gás. Seria uma forma de aumentar o valuation do ativo. Mas, como quase tudo, é projeto só para 2021.
Muito gás e pouco contrato
11/05/2020A boliviana YPFB vem procurando grandes grupos industriais e empresas privadas de geração no Brasil para vender gás a preço de ocasião. Até agora, as boas relações da presidente interina, Jeanine Áñez, com o governo brasileiro não tem adiantado muito. Ressalte-se que a YPFB amarga perdas expressivas com a decisão da Petrobras de reduzir a importação de gás boliviano, no rastro da retração da atividade econômica.
Mudanças
24/04/2020Parece que Jair Bolsonaro mudou a bandeira da distribuidora (de ideias) do seu “Posto”. Aderiu à Petrobras. Mas a escolha é por aquela estatal de antes do governo Lula.
Questão de timing
17/04/2020A Petrobras cogita suspender o processo de venda da sua participação de 51% na Gaspetro. A entrega das propostas já foi adiada uma vez – do fim de março para o dia 30 de abril.

A peça que faltava no mosaico da Petrobras
1/04/2020A decisão da Petrobras de criar uma diretoria de logística representa, a um só tempo, o equacionamento de um gap histórico da companhia e uma medida vital para o enfrentamento dos efeitos do novo coronavírus sobre a cadeia do petróleo. A nova área, a cargo do executivo André Chiarini, terá a responsabilidade de integrar todo o processo logístico das operações de upstream e downstream, que sempre funcionaram de maneira isolada, sem necessariamente conversar entre si.
A crise atual exige visão holística. A baixa demanda por combustíveis, no Brasil e no mundo, está elevando os estoques de óleo e seus derivados. A Petrobras já sinalizou a hibernação de unidades de águas rasas e a redução na produção mensal de petróleo em plataformas. Com o agravamento da pandemia e o isolamento da população por tempo ainda indeterminado, o mais provável é que outras atividades sejam paralisadas nas próximas semanas. A redução da carga processada de refino é praticamente inexorável, dadas as curvas de crescimento dos estoques.

Petros alivia seu “ajuste fiscal”
27/03/2020Em meio à borrasca que se anuncia na economia, os beneficiários da Petros terão um oportuno alívio no bolso até a última semana de abril. É o prazo estimado pela própria diretoria da fundação para a entrada em vigor do novo plano de equacionamento atuarial. A cobrança da contribuição extra para funcionários e aposentados da Petrobras, realizada desde 2018, prossegue – o “ajuste fiscal” é mais do que necessário cobrir um rombo de R$ 37 bilhões. No entanto, a mordida será menos dolorida: em vez de uma taxa fixa para todos, haverá uma alíquota progressiva, proporcional aos rendimentos dos contribuintes. Faixas menores pagarão menos.
Endereço certo
19/03/2020A Petros tem municiado o Ministério Público com novas provas de irregularidades em aportes na Sete Brasil. As flechadas estariam concentradas em Luis Carlos Afonso, ex-presidente da fundação, e Wilson Santarosa, todo-poderoso na comunicação Petrobras no governo Lula – ambos já denunciados pelo MPF. Para o governo Bolsonaro, a “Operação Dedo Duro” contra o passado petista da Petros soa como música.
Queda do petróleo põe estados em uma encruzilhada
10/03/2020O jogo da tributação do petróleo, objeto de recente divergência entre Jair Bolsonaro e governadores, mudou. O governo federal deverá
aproveitar a forte queda da cotação do barril – 25% apenas ontem – para propor aos estados que o ICMS cobrado sobre os combustíveis deixe de ser aplicado em cima do valor pago pelo consumidor. A taxação se daria sobre o volume de venda na porta da refinaria. Esse novo modelo funcionaria como um sistema de contrapeso para a inevitável perda que as unidades da federação terão caso a queda do petróleo perdure ao longo dos próximos meses.
Além de funcionar como um hedge para os estados, com essa mudança a equipe econômica deixaria a Petrobras livre para executar sua política de preços. Essa nova forma de tributação eliminaria o problema do carregamento dos preços com impostos quando a cotação do petróleo voltar a subir. O mundo dá voltas. Não faz muito tempo, as discussões sobre o petróleo giravam em torno da alta do preço do Brent.
O consequente aumento dos combustíveis atrapalhava o governo federal, que propôs aos estados a redução do ICMS para evitar que o preço final na bomba ficasse elevado demais. Bolsonaro chegou a bravatear que, se os governadores cortassem o imposto sobre circulação de mercadorias, ele reduziria todos os tributos federais sobre os combustíveis. O assunto acirrou ainda mais a já tensa relação entre o presidente e os chefes do executivo estadual.
Os governadores se recusaram a abrir mão de receita. Agora o panorama está invertido. Com a drástica queda no preço do Brent, que ontem chegou a US$ 33 o barril, a arrecadação de ICMS tende a cair expressivamente. O vento mudou de lado e, agora, talvez os governadores tenham de fazer um mea culpa e estender a mão à Brasília para não assistirem a uma deterioração ainda mais acelerada de suas respectivas contas públicas.
Corrida contra o relógio
10/03/2020O governador gaúcho Eduardo Leite considera não ter mais outra opção se não acelerar a privatização da Sulgás. A Petrobras já anunciou a venda da sua participação de 51% na Gaspetro, por sua vez dona de 49% da distribuidora gaúcha de gás. Ou seja: por via indireta, um novo investidor privado passará a ser sócio da empresa. O temor do governo gaúcho é que a operação comandada pela Petrobras esvazie a venda do controle da Sulgás.
Santander é uma estrela na Justiça do Trabalho
10/02/2020Das 20 empresas com o maior número de reclamações no TST nos últimos 12 meses, nove são do poder público. Quase sempre foi assim, dado o gigantismo de corporações como Petrobras, Caixa e BB. A novidade do período é o Banco Santander, sexto no ranking geral e primeríssimo entre as empresas privadas.
Semente de esperança
17/01/2020A russa Acron vai apresentar até o fim do mês uma nova oferta para a compra da unidade de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS). A proposta inclui o pagamento de antigas dívidas. Só o passivo trabalhista deixado pelo antigo consórcio responsável pela construção gira em torno de R$ 150 milhões. As obras estão paradas desde 2014.
Petrobras corta mais de R$ 1 bilhão em custos
13/01/2020O “Chicago Old” mais celebrado pelo mercado, à exceção é claro do hors concours Paulo Guedes, é indiscutivelmente o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. O executivo acerta em todas as direções e está realizando a proeza de pouco a pouco debelar a resistência da corporação a uma gestão de corte liberal. Do período do seu ingresso na estatal aos dias de hoje, a antipatia do funcionalismo com Castello arrefeceu bastante. Soma para isso seu discurso de valorização da estatal.
Castello é um “mercadolatra”, mas joga para cima a imagem da Petrobras. Pois agora, conforme apurou o RR, o executivo está liderando o que se anuncia como o maior programa de corte custos da história recente da empresa. Já para este ano, está prevista uma redução de despesas gerais e administrativas da ordem de 20%, em termos absolutos algo superior a R$ 1 bilhão. Trata-se de uma economia bem superior à obtida pela gestão de Pedro Parente, mesmo com o apoio da consultoria Falconi e aplicando o incensado método do Orçamento Base Zero. Antes que alguém pense em uma carnificina de empregos – o mais tradicional e, na maioria dos casos, o mais preguiçoso instrumento de corte de gastos –, não haverá demissões em massa na estatal.
Uma parte significativa da economia virá, sim, de programas de desligamentos voluntários ainda vigentes e outros PDVs que estão por vir. Mas haverá, sobretudo, um ataque ao desperdício. A direção da Petrobras estipulou uma meta global de cortes e cada setor ficará responsável por identificar onde poderá reduzir mais suas despesas. As áreas de serviços deverão renegociar ou mesmo encerrar contratos com fornecedores, reduzir custos imobiliários, devolver prédios. A orientação, comum a todos os departamentos, é atacar também os gastos miúdos, tradicionais roedores de grandes somas no acumulado: despesas com viagens, transporte, serviços de telefonia, papel para impressão, material de escritório, assinaturas de jornais (nada a ver com a vendeta de Jair Bolsonaro contra a mídia) etc etc.
AGU contra os petroleiros
16/12/2019Vem chumbo grosso para cima dos petroleiros. Além da Petrobras, a AGU vai recorrer da decisão do TST que livrou a Federação Única dos Petroleiros e sindicatos filiados de pagarem multas de R$ 32 milhões. As sanções se referem a paralisações dos trabalhadores da estatal entre 25 e 29 de novembro, consideradas indevidas pela companhia. O dueto Petrobras-AGU chama atenção. Embora a petroleira seja controlada pela União, não é a prática mais comum.
Acervo RR
Roleta russa
10/12/2019Após a fracassada negociação para a compra da unidade de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS), a russa Acron tem um novo alvo no Brasil: a Heringer. Em recuperação judicial, a fabricante de fertilizantes estaria avaliada em torno dos US$ 120 milhões. A Acron duela com duas conterrâneas: as também russas Uralkali e Uralchem.
Refino verde e amarelo
4/12/2019Finalistas na disputa pelas refinarias da Petrobras, o Grupo Ultra e a Raízen estariam costurando um consórcio para a compra casada dos ativos. A dupla brasileira tem interesse na Alberto Pasqualini e na Repar.
A culpa é da Bolívia
28/11/2019Não foi apenas o risco de desabastecimento de gás que levou a Acron a desistir da compra da fábrica de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS). A crise na Bolívia também jogou por terra o acordo que vinha sendo alinhavado entre os russos e a YPFB. Segundo o RR apurou, a estatal boliviana seria sócia na aquisição, com 12%. Agora, a Petrobras volta à estaca zero, em busca de um comprador.
Uma apólice contra a crise boliviana
14/11/2019No momento que a crise boliviana se torna um fator de risco ao fornecimento de gás para o Brasil, a Petrobras lança mão de um hedge. Está prevista ainda para esta semana a chegada ao porto de Salvador do navio Excalibur, que transporta 138 mil metros cúbicos de gás liquefeito contratado pela estatal junto à argentina YPF. O insumo foi extraído do xisto produzido na Patagônia.
Acervo RR
Gás boliviano
3/10/2019O governo do Mato Grosso proclamou independência antecipada do monopólio da Petrobras no gás. Está prestes a fechar com a Bolívia um contrato de longo prazo para a compra de energia térmica. O insumo virá de uma termelétrica a gás estatal em Santa Cruz de la Sierra.
Gás 1
6/09/2019A russa Acron já “quebrou” o monopólio da Petrobras no gás. O grupo, que comprou a unidade de nitrogenados da própria estatal em Três Lagoas (MS), vai entrar pesado na aquisição do insumo diretamente da Bolívia, sem intermediários. O gás é o maior custo estimado do empreendimento, cujas obras ainda serão concluídas pela Acron.
Calendário Maia
29/08/2019O marco regulatório do gás, que quebra o monopólio da Petrobras, será votado na Câmara até 15 de setembro. Palavra de Rodrigo Maia para o Palácio do Planalto.
A sina de Três Lagoas
29/08/2019A venda da unidade de nitrogenados de Três Lagoas (MS) pela Petrobras para a russa Acron está longe de ser um ponto final nos imbróglios que cercam o empreendimento. Um grupo de aproximadamente 50 fornecedores ainda cobra judicialmente dívidas do antigo consórcio responsável pela construção da fábrica, encabeçado pela Galvão Engenharia e pela chinesa Sinopec. As empreiteiras já teriam reconhecido um passivo da ordem de R$ 140 milhões, mas os fornecedores garantem que o buraco passa de R$ 1 bilhão.
Monteiro em dose dupla
28/08/2019O ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro recebeu um convite casado para assumir um assento não apenas no Conselho de Administração da Light, mas também da Cemig, sua controladora. Não custa lembrar que, como diretor financeiro da estatal, Monteiro esteve à frente do processo que culminou com a privatização da BR Distribuidora.
Por muito menos já se abriu CPI
22/08/2019O próprio presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do governo ficaram indignados com a informação de que a Petrobras seria vendida ainda na atual gestão. Primeiramente porque um assunto de tamanha magnitude política não poderia ser comunicado dessa maneira. Pior ainda seriam as intenções subterrâneas de interferir na Bolsa, chacoalhando as ações da estatal no pregão à vista e no cassino do mercado de opções. Segundo fonte do RR, Bolsonaro pediu providências e rigor na apuração do responsável.

Comperj é um caso de polícia
15/08/2019A Petrobras fez um segundo pedido ao governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, para que tome as medidas de combate ao tráfico na região do Comperj, no município de Itaboraí. A exemplo das regiões próximas do Jardim Catarina e Salgueiro, o Comando Vermelho (CV) domina a área, impedindo a construção de projetos estruturantes. A estrada UHOS, que liga o píer, na Praia da Beira, ao Complexo Petroquímico, tornou-se uma via expressa do crime.
Por onde deveriam ser transportadas milhares de toneladas de peças, são encontrados grupos paramilitares que lembram as FARCs. Em Itaoca, São Gonçalo, a 18 quilômetros do píer, vasos pressurizadores, torres e reatores, entre outros, aguardam a liberação para atravessar o percurso em direção ao Comperj. Quem manda na região não é o estado, mas o CV. Para Wilson Witzel esse tem sido o pior dos mundos. O governador tem assistido aos investimentos de US$ 13 bilhões já realizados no Complexo Petroquímico se depreciarem, ao mesmo tempo em que os aportes de US$ 57 bilhões ainda a serem realizados ficam cada vez mais distantes.
Segundo uma fonte do RR, Witzel é favorável ao enfrentamento para resolver a situação. Só que o aparelho de segurança do estado não tem poder de fogo e tampouco capacidade de ocupação para evitar que os traficantes, uma vez expulsos, retornem posteriormente. Uma das hipóteses seria chamar os militares novamente para uma “intervenção tópica”, restrita e mais duradoura. Mas é necessário verificar sua viabilidade à luz da Constituição. Enquanto o CV manda e desmanda, os chineses, que já confirmaram sua participação no investimento, vão exercendo a arte da paciência milenar. E dezenas de milhares de empregos ficam voando. Só não vão faltar maconha, cocaína e crack.

Putin & Morales na terra de Bolsonaro
15/08/2019Uma dobradinha “comunista” poderá se formar sob o teto da Unidade de Fertilizantes de Nitrogenados de Três Lagoas (MS). Prestes a comprar o empreendimento da Petrobras por aproximadamente R$ 8 bilhões, a russa Acron estaria em conversações com a boliviana YFB para a sua entrada no negócio. Em troca do fornecimento de gás para a unidade – cerca de 2,3 milhões de m3 por dia – a estatal do país andino assumiria até 30% do capital da empresa. Sempre há o risco de os anticorpos ideológicos de Jair Bolsonaro reagirem à negociação. Mas o presidente da Bolívia, Evo Morales, e Bolsonaro têm trocado alguns afagos recentes.
Mordida nos dividendos
15/08/2019Os acionistas da Engie Brasil vão dar sua cota de sacrifício pela compra da TAG junto à Petrobras, operação que chegou a US$ 8,5 bilhões. A empresa vai puxar o freio de mão no pagamento de dividendos. Pela primeira vez desde 2016, não distribuirá 100% dos lucros. A prioridade é conter o crescimento da dívida.
Próximo capítulo
27/06/2019Além da oferta de ações da Petrobras, da ordem de R$ 7,3 bilhões, a área de investimentos da Caixa Econômica já trabalha na venda da participação do banco na Alupar, holding de energia e infraestrutura. Serão de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão a mais que deverão ir diretamente para o Tesouro.
Audiência de peso
5/06/2019Todos os diretores da Petrobras, sem exceção, estarão hoje em Brasília acompanhando o presidente da petroleira, Roberto Castello Branco, na sessão plenária do STF que decidirá sobre o futuro dos desinvestimentos da estatal. Os votos dos juízes da Suprema Corte podem valer cerca de US$ 45 bilhões em vendas de empresas e ativos.
Conto do falastrão
13/05/2019Era uma vez um paladino cantante das mazelas da Petrobras. Representante das maiores distribuidoras de combustíveis do país, o diretor de planejamento da Plural, Helvio Rebeschini, tomou como sua missão a crítica permanente à estatal. Bate no refino, endividamento, excesso de pessoal, intervencionismo, insegurança jurídica, bate até na alma do ex-presidente Ernesto Geisel. Virou folclore esse “Roniquito Chevalier” do setor de distribuição de soprando marimbondos contra a Petrobras. Mas tudo tem seu limite. O diretor da Plural desatinou de defender um corte de 30% dos funcionários da estatal, excedente de pessoal que não faria a menor diferença, segundo suas contas. A história passou a ser contada nos corredores da empresa, passando de algo desimportante a um fato gerador de revolta. Rebeschini ganhou seus minutos de fama. Se ousar uma incursão pela Av. Chile encontrará um monte de petroleiros dispostos a sangrar o combustível da sua garganta matraqueira.
A “Lava Jato portenha”
15/03/2019Segundo fonte da própria Polícia Federal, novas investigações no âmbito da Operação Descartes, desdobramento da Lava Jato, confirmam que recursos desviados da Petrobras alimentaram um esquema de suborno a autoridades da Argentina. O RR apurou que o doleiro Leonardo Meirelles, ex-sócio de Alberto Yousseff, delatou ao Ministério Público Federal o nome de cinco altos integrantes do governo argentino que teriam sido beneficiados, a partir de propina que era paga pelo laboratório Labogen. Em março do ano passado, a própria Polícia Federal citou o suposto envolvimento no caso do diretor do Serviço de Inteligência da Argentina, Gustavo Arribas. Procurada, a PF informou que “não comenta a situação de pessoas físicas ou jurídicas que porventura sejam investigadas/mencionadas”. Quanto ao inquérito da Operação Descarte, a instituição disse que “ele se encontra em andamento, em segredo de Justiça”. Também consultado, oMPF informou que a “Operação está em andamento regular e estão sendo realizadas diligências de investigação.” Em tempo: é sintomático que o delegado Elzio Vicente da Silva, que comandou a diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal até o início deste ano, seja o nome mais cotado para assumir o posto de adido da corporação em Buenos Aires – ver RR edição de 20 de fevereiro.

Pedro Parente abrevia sua via crucis na BRF
26/02/2019A nomeação do ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro como CFO da BRF é vista na própria empresa como um rito de passagem. O RR apurou que Pedro Parente antecipará sua saída da presidência da companhia, inicialmente prevista para junho. Caberia a Monteiro a missão de substitui-lo, em um déjà vu do que ocorreu na Petrobras. De acordo com a mesma fonte, Parente vai se unir a um grupo de investidores na montagem de um fundo de private equity. A princípio, permanecerá apenas como hairman da BRF. Não chega a ser uma posição confortável se o exemplo mais recente, o de Abilio Diniz, for o modelo de comparação. A mudança na gestão executiva coincide com o turning point da companhia. A BRF terá pela frente um labirinto de negociações com a Justiça e órgãos de controle da República até fechar a Caixa de Pandora da Operação Carne Fraca, que investiga pagamentos de propina a fiscais do Ministério da Agricultura. Segundo a fonte do RR, os próprios advogados da empresa estimam que a negociação do acordo de leniência não estará concluída em menos de oito meses, considerando-se apenas as tratativas com o Ministério Público Federal (MPF). O MPF ainda terá de designar um comitê de investigação para submergir nas entranhas da BRF e conduzir todo o trabalho de apuração dos malfeitos. Após a conclusão dos trabalhos do comitê de investigação do MPF, a BRF ainda será obrigada a implantar um
novo sistema de compliance e higienizar os seus processos internos. Somente, então, poderá ter o sinal verde dos procuradores e sacramentar o acordo de leniência. O enigma é: que BRF existirá ao fim deste calvário? Estima-se que a empresa terá de vender algo próximo a R$ 4 bilhões em ativos para levar seu passivo para um nível razoavelmente palatável – no último balanço divulgado, no terceiro trimestre de 2018, a relação dívida líquida/ebitda era superior a seis para um.
De volta para o futuro
22/01/2019A diretoria da Petrobras estuda o retorno para a o Edise. Trata-se do imponente edifício sede da estatal, na Av. Chile, que até a administração de Aldemir Bendine era locus do comando da companhia. A gestão de Roberto Castello Branco vai resgatar a melhor tradição, trazendo novamente a diretoria para a sua sede. Sempre foi difícil enxergar o Edise como um prédio oco e destituído do poder de mando dos altos executivos da Petrobras.
Está chegando a hora da onça beber água
26/11/2018O grande desafio do governo Jair Bolsonaro no ano da graça de 2019 não será a reforma da Previdência, que representará, sem dúvida, um tento, mas já está dada como pré-condição para o ajuste fiscal. O teste de força será a apresentação, nos primeiros seis meses do ano, da “agenda do incômodo”. São as medidas que baterão de frente com os grupos de interesse e lobbies mais poderosos do país. O RR considera que são três os maiores espinheiros: a desregulamentação, que envolve cortes de subsídios, renúncias fiscais, barreiras tarifárias e desonerações tributárias; o choque anticorporativista, que prevê alterações no fim da estabilidade dos cargos do funcionalismo público, demissões, um pacto pela produtividade, mudanças no Sistema S, entre outras medidas dolorosas; e o ajuste fiscal dos estados e municípios. É no interior desse mosaico que será capturado o complemento para zerar estruturalmente o déficit primário. As privatizações maciças são mais um discurso de campanha, já que a equipe econômica sabe que não é simples a venda de estatais a granel. Mas empresas vinculadas às estatais poderão ser vendidas sem a burocracia das licitações clássicas, tais como os ativos de distribuição e refino da Petrobras e subsidiárias do Banco do Brasil. Os grupos de interesse já estão se movendo para defender os seus territórios. Algumas federações de indústria já buscaram dar o seu apoio de praxe, para depois negociar alguns pontos. Isso teria provocado, inclusive, algumas rachaduras entre essas entidades. Espera-se que os cortes e fim das tarifas alfandegárias estejam vinculados, em alguns casos, a contrapartidas do aumento da produtividade. Haveria métricas próprias e prazos para que fossem cobrados os compromissos, algo que nunca foi feito nesses de distribuição farta de benefícios.
Bom augúrio
26/11/2018Hoje, às 8h, o futuro presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, adentra o gramado da companhia. Bom augúrio para a estatal.
Um combustível para o conteúdo local?
13/11/2018Diante da intenção de Jair Bolsonaro de reduzir a exigência de conteúdo local na área de óleo e gás, um dado curioso: fabricada integralmente no Brasil, a plataforma P-66 tornou-se neste mês a maior produtora do pré-sal, batendo as marcas de 148,3 mil barris de petróleo e seis milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Por sua vez, a P-67, concluída no estaleiro Modec, da China, só deverá entrar em operação no fim de dezembro, um ano e meio depois do que previa o cronograma original da Petrobras. O equipamento chegou ao Brasil com problemas no flare (mecanismo de queima de gases e líquidos eliminados durante o processo de exploração) e no sistema de ancoragem. Estima-se que o atraso no início das atividades da P-67 tenha representado um prejuízo de aproximadamente R$ 5 bilhões para a Petrobras. Procurada, a estatal confirmou que a plataforma está sendo deslocada para o Campo de Lula e iniciará suas atividades ainda neste ano. Sobre o valor das perdas, com a P-67, a companhia diz “não ter essa informação”.
O semiárido da Petrobras
7/11/2018Segundo o RR apurou, a russa Acron ameaça retirar a oferta de US$ 800 milhões pela fábrica de nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS) caso a estatal não destrave a operação até dezembro. O problema atende pelo nome Ricardo Lewandowski: o ministro do STF suspendeu a venda de ativos da Petrobras, condicionando-a à autorização do Congresso.
Custo Comperj
29/10/2018Petrobras e China National Petroleum Corporation (CNPC) vão ter de gastar mais do que o previsto para terminar as obras do Comperj. Segundo o RR apurou, a própria estatal já trabalha com uma estimativa da ordem de US$ 3,5 bilhões para a conclusão das obras. As projeções iniciais orbitavam em torno de US$ 2,5 bilhões.
Dinheiro para Lula
19/10/2018A portuguesa Petrogal deverá investir algo em torno de 200 milhões de euros no megacampo de Lula, no pré-sal da Bacia de Santos, onde é sócia da Petrobras. O Brasil vale quanto pesa nos barris do grupo: já responde por quase 90% de toda a produção de óleo dos portugueses no mundo.
Fio de esperança
16/10/2018A Uralkali, uma das maiores fabricantes de fertilizantes da Rússia, manifestou à Petrobras interesse na compra das fábricas de nitrogenados da Bahia, Sergipe e Paraná. Os ativos mofam sobre o balcão há mais de um ano.
Petrobras acelera venda de refinarias no Nordeste
15/10/2018A Petrobras trabalha para fechar ainda neste ano a venda de ativos na área de refino. Segundo o RR apurou, as negociações mais avançadas envolvem a transferência do pacote Nordeste, leia-se a participação de 60% nas refinarias Landulpho Alves (Bahia) e Abreu Lima (Pernambuco). De acordo com informações filtradas da estatal, do outro lado da mesa estariam a National Iranian Oil Refining and Distribuition Company (Niordc) e a chinesa Guangdong Zhenrong Energy – esta última envolvida também no projeto de construção de uma refinaria no Ceará. A operação é estimada em aproximadamente US$ 2 bilhões. Assim como no caso da venda da Transportadora Associada de Gás (TAG), a estatal pretende utilizar um dispositivo da Lei do Petróleo (9.478) que permitiria a negociação, apesar da liminar do STF que condiciona a alienação de ativos da Petrobras a um aval do Congresso. O timing da negociação dos ativos de refino ganha ainda mais importância diante dos sinais trocados que têm saído do QG de campanha de Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas eleitorais. No mesmo dia em que o candidato, surpreendentemente, falou em limitar as privatizações na área de energia, coube ao aliado Levy Fidelix, presidente do PRTB, correr para “tranquilizar” os investidores, afirmando que a venda de participações da Petrobras em refino seria mantida. Não foi o suficiente para evitar que a companhia perdesse R$ 12 bilhões em valor de mercado em um só pregão.
Prazo expirando
25/09/2018No alto escalão da Petrobras ninguém duvida que o prazo de validade do presidente Ivan Monteiro acaba em dezembro, caso seja eleito Jair Bolsonaro ou Fernando Haddad. A chance de permanência seria com Alckmin. Seria…
À caça
18/09/2018O Fatima Group, do Paquistão, está à caça de ativos na área de fertilizantes no Brasil. Basta bater na porta da Petrobras. Se é que já não bateu…
Petrobras embala Baúna para venda
4/09/2018O programa de desmobilização de ativos da Petrobras deverá avançar algumas jardas ainda no minguante governo Temer. O RR apurou que a Karoon teria aberto negociações para a compra do campo de Baúna, na Bacia de Santos – processo retomado pela estatal na semana passada. Estima-se que a operação possa chegar à casa de US$ 1 bilhão. O mundo dá voltas. No início do ano passado, a Karoon esteve na disputa pela aquisição não apenas de Baúna como também do campo de Tartaruga Verde. A operação, no entanto, foi suspensa devido a uma ação judicial movida pelo sindicato dos petroleiros de Sergipe. Curiosamente, à época, além do imbróglio jurídico, a diretoria da estatal decidiu não levar o negócio adiante por considerar a proposta dos australianos “inconsistente” e repleta de incertezas. De lá para cá, mudou a Petrobras ou mudou a Karoon? Os australianos, por sinal, vivem um momento de forte ofensiva no Brasil. Em outro front, a Karoon negocia a compra da participação da chinesa Sinochem no campo de Peregrino, na Bacia de Campos. O ativo estaria avaliado em mais de US$ 3,5 bilhões. Trata-se de uma das principais áreas operadas por investidores privados no país. A produção de Peregrino está na casa dos 100 mil barris/dia.
A segunda vez da Liquigás
30/08/2018A Petrobras vai retomar a venda da Liquigás. De acordo com entendimentos prévios com o Cade, os grandes distribuidores de GLP deverão ser alijados do processo – a primeira tentativa de negociação, com o Ultra, foi barrada pelo Conselho. A intenção da Petrobras, desta vez, é oferecer a Liquigás a fundos de investimento.
Adiós, México?
23/08/2018A diretoria da Petrobras discute encerrar as operações no México, com a venda das participações em dois blocos de gás na Bacia de Burgos. Além do esforço da estatal para vender ativos e reduzir sua dívida, neste caso pesa também o risco jurisdicional. O novo presidente mexicano, o nacionalista Manuel López Obrador, promete avançar sobre as empresas estrangeiras que atuam em exploração e produção no país.
Petrobras espreme seu monopólio no gás até a última molécula
22/08/2018O absolutismo da Petrobras no setor pode até estar com os dias contados, mas, ao que tudo indica, os grandes compradores de gás do país ainda terão de pagar um custo severo até que a alforria comercial se consume. A companhia tem adotado uma política de preços draconiana no fornecimento do insumo, na visão de térmicas e indústrias com o deliberado objetivo de espremer a laranja do monopólio até o bagaço. Para tanto, a Petrobras está empurrando em praticamente todos os contratos custos referentes à suposta importação, transporte e regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL), o que automaticamente aumenta a formação do preço final do produto.
Os grandes consumidores de gás acusam a estatal de não dar disclosure sobre a sua composição de custos e tampouco comprovar a fração de GNL contida nos volumes fornecidos. Ou seja: quem compra não sabe se está efetivamente levando o gás natural liquefeito, mais caro, ou o combustível proveniente de outras fontes, seja da Bolívia, seja a produção local. A diferença é considerável. A estatal paga cerca de US$ 6 por milhão de BTU pelo gás boliviano. Com o argumento do uso de GNL, o preço cobrado pela empresa ao mercado chega a mais do dobro do valor pago aos bolivianos.
A formação dos preços da Petrobras é uma caixa-preta quase sagrada. Na semana passada, a ANP se manifestou sobre o tema com a habitual cautela e quase reverência à empresa. Propôs – e sublinhe-se o “propôs” – que a estatal e demais companhias do setor apresentem as variáveis utilizadas na composição das tarifas de combustíveis. Uma consultoria pública sobre o tema já foi aberta, mas, por ora, tudo tem um ar de jogo de cena. Enquanto isso, a Petrobras aproveita os anos que ainda tem para encurralar o mercado e impor sua estratégia de preços sem que os consumidores tenham para onde correr.
Na prática, a quebra do monopólio da estatal, já contemplada na Lei do Gás, só se consumará no início da próxima década, quando os grandes grupos internacionais que arremataram blocos no Brasil iniciarem a produção em maior escala e não mais venderem o gás para a Petrobras em alto-mar. Algumas destas companhias, inclusive, já se associaram a projetos de termelétricas para dar vazão ao próprio gás, casos da Shell e da BP. Antes disso, em dezembro de 2019, chegará ao fim o atual contrato da Petrobras com o governo boliviano – ressalte-se que a relação comercial ainda durará, segundo os próprios bolivianos, até 2024, período no qual a estatal poderá importar uma cota referente ao volume de gás já pago e ainda não recebido.
Oferta da BR
14/08/2018Além da possível venda de uma fatia da rede de conveniência BR Mania, a Petrobras estuda a oferta de um novo lote de ações da BR Distribuidora. Na primeira tranche, realizada no fim do ano passado, a nave-mãe se desfez de 28% da subsidiária. De lá para cá, o valor de mercado da BR subiu aproximadamente 25%.
Petrobras e Acron ainda sob impasse
3/08/2018Há arestas a serem aparadas para a venda da unidade de fertilizantes nitrogenados da Petrobras em Três Lagoas (MS) ao russo Acron Group. A mais pontiaguda delas diz respeito ao principal: o valor do negócio. O Acron quer deduzir do preço a cifra de aproximadamente R$ 1,5 bilhão que terá de desembolsar para concluir as obras da planta – ainda faltam aproximadamente 20% do projeto. Outro ponto ainda nebuloso é a obsolescência dos equipamentos já instalados. A construção da unidade está paralisada desde 2014, quando do estouro da Lava Jato.
Na ponta do lápis
2/08/2018A Stone – empresa de pagamentos pertencente a diversos fundos, entre os quais o Gávea e o inglês Actis – estima amealhar mais de R$ 1 bilhão com o IPO na Bolsa de Nova York. A companhia tem uma trajetória curiosa: nasceu da costela da Braspag, que pertenceu a Silvio Santos, e passou pelo Banco Pan e pelo BTG.
Fósforo aceso
1/08/2018A Operação Margem Controlada, deflagrada ontem com a prisão de funcionários da Petrobras, Ipiranga e Raízen, reacendeu a chama da criação de uma CPI para investigar possíveis fraudes na formação dos preços de combustíveis no país. O pedido da senadora Vanessa Grazziotin já conta com as 27 assinaturas necessárias.
Projeto Topázio se esconde em águas profundas
30/07/2018Os poucos investidores que ainda persistem na produção onshore de petróleo no Brasil têm questionado a falta de transparência da Petrobras no chamado Projeto Topázio. Trata-se do programa de desmobilização de ativos em bacias terrestres da estatal. O leilão está programado para novembro, mas, até agora, não há definição do modelo de venda e dos blocos que serão ofertados. O silêncio da estatal tem alimentando o disse me disse no mercado em relação até mesmo à validade da concorrência. Nos bastidores, corre a informação de que, se o resultado da oferta não for satisfatório, a Petrobras poderá fazer um rebid, ou seja, uma relicitação, com uma nova rodada de propostas. O leilão de ativos da Petrobras é visto como uma injeção de ânimo no segmento de exploração e produção onshore. Salvo uma ou outra exceção, a situação das empresas que produzem em campos terrestres é complicada. A produção caiu 30% nos últimos cinco anos. Nesse intervalo, muitas petroleiras repassaram seus ativos ou encerraram as atividades. Há diversas bases de operação em hibernação.
Vale a pena ver de novo?
26/07/2018Quem esteve no Rio na semana passada foi o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, participando de evento no Sinaval, com representantes de estaleiros. Gabrielli, que é coordenador geral da campanha de Lula à presidência, teria dito que a Petrobras, em um novo governo petista, seria a âncora para a retomada das encomendas junto aos estaleiros.
Petrobras faz a sua própria “reforma” das leis trabalhistas
23/07/2018A Petrobras está jogando pesado em seu novo plano de cargos e salários, chamado de PCR. Oferece como ganho a mobilidade no cargo, verba adicional e uma distinção informal ao funcionário que aderir. Com a iniciativa, a estatal pretende se proteger contra ações trabalhistas e aumentar a produtividade do trabalho. A Federação Única dos Petroleiros tem feito forte oposição à mudança. A medida permite à Petrobras ter uma maior flexibilidade em relação às leis do trabalho. Nas primeiras três semanas para adesão ao plano, cerca de 20 mil dos mais de 60 mil empregados da estatal aceitaram a proposta. O prazo final para adesão é o mês de setembro. A expectativa na companhia é de que pelo menos 90% da sua força de trabalho concordem com o plano.
Panelas batidas contra a Petrobras
19/07/2018A Petrobras será a “estrela”, ainda que involuntária, da Petronor– Conferência do Setor de Petróleo do Norte e Nordeste. O RR apurou que até amanhã, data de encerramento do evento em Salvador, operadores de blocos exploratórios em terra, fornecedoras de bens e serviços e entidades do segmento vão soltar um manifesto contra a estatal. O documento será encaminhado paralelamente à ANP, ao Ministério de Minas e Energia, ao Conselho Nacional de Política Energética e até mesmo ao TCU. O objetivo é expor publicamente os impactos negativos da queda dos investimentos da Petrobras para o segmento onshore e as regiões onde a atividade está concentrada, a exemplo de estados como Bahia e Rio Grande do Norte. O resultado do jogo, no entanto, já é sabido: muito barulho por nada. Seja o que for não deverá ter nenhum efeito prático sobre a estatal e o governo.
Petrobras é a mantenedora e o “problema” da Petros
17/07/2018O presidente da Petros, Walter Mendes, tem sido pressionado por entidades que representam os funcionários e aposentados da Petrobras a cobrar judicialmente a dívida da estatal com o fundo de pensão. Estima-se que as contribuições atrasadas seriam da ordem de R$ 11 bilhões. Beneficiários da fundação já estariam se mobilizando, inclusive, para acionar Mendes e os demais diretores na Justiça, na tentativa de obrigá-los a cobrar os valores devidos pela Petrobras. Não consta que o presidente da Petros tenha batido à porta de Pedro Parente para fazer tal cobrança. Talvez agora, com Ivan Monteiro no comando da estatal, a história flua de outra maneira. A Petros tornou-se um caldeirão previdenciário, em efervescência devido ao rombo atuarial de aproximadamente R$ 27 bilhões. Consta que mais de 11 mil participantes, ou um quinto do total de beneficiários do Plano Petros do Sistema Petrobras (PPSP), já obtiveram liminares na Justiça para não pagar a contribuição adicional ao fundo de pensão. A derrama extra foi imposta aos funcionários e aposentados da estatal no âmbito do plano de equacionamento atuarial aprovado pela direção da Petros no ano passado.
Cade “quebra” um monopólio já estilhaçado
16/07/2018A decisão do Cade de montar um grupo de trabalho para dar fim ao monopólio da Petrobras na área de refino não poderia ter um timing mais cômodo. O órgão antitruste chega para jogar uma partida cujo resultado já é mais ou menos conhecido. Até que os conselheiros do Cade decidam que ativos a Petrobras terá de vender, provavelmente a empresa já terá se desfeito de algumas de suas refinarias, dentro do seu plano de desmobilização. Ou seja: o monopólio da companhia será quebrado por ela própria.
O triângulo das bermudas dos acordos de leniência
13/07/2018Empreiteiras que já foram reabilitadas pela Petrobras, caso especialmente da Andrade Gutierrez, estão apreensivas com o risco de que o seu “habeas corpus” venha a ser desautorizado por outros órgãos, impedindo a prestação de serviços à estatal. A empresa de Sergio Andrade encontra-se em situação particularmente frágil por ter fechado um acordo de leniência com o Ministério Público Federal. O TCU, por exemplo, quer declarar a inidoneidade da empreiteira. Por razões mais do que óbvias, talvez a Petrobras esteja sendo mais precavida do que todas as demais esferas de controle da República. Ainda há 14 grupos na sua lista suja.
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Essa perversão institucionalizada do “Sistema U” (apud Elio Gaspari) – constituído pela Advocacia Geral da União (AGU), Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) – ao dispor sobre os acordos de leniência das empresas em uma espécie de duradouro bafo-bafo entre os três órgãos, tem provocado inanição das companhias e perda de milhares de empregos. Não fossem a anomia e o déficit de autoridade que grassam no país, já teria sido regulamentado um prazo mínimo para o fechamento dos acordos de leniência empresarial. Até porque uma das maiores burrices do país é continuar insistindo que a punição de dirigentes malfeitores deve se estender as suas companhias.
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Desde final de 2016, a Advocacia Geral da União, a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União estudam a criação de um sistema único integrado para agilizar os acordos de leniência. O Ministério Público Federal, que também intervém no processo, tem estado pouco presente nas discussões. O fato é que todos batem cabeça, e um desautoriza o que o outro aprovou. Uma fonte do RR apurou que não há data ou prazo limite para a definição da ação colaborativa dos órgãos da União. É praticamente certo que neste governo a burocratização da leniência permaneça dando a tônica do inferno empresarial. Hoje, dependendo da fonte, o número de empresas consideradas inidôneas devido à Lava Jato varia. Vai de uma dezena a quase o dobro, dependendo do órgão consultado. Sabe-se que seis companhias tiveram suas tratativas encerradas pelo governo. Este, por sua vez, não informa o nome dos grupos que tiveram o pleito negado. Mais justo seria se o trio de juízes-xerifes da União também fizesse um acordo de leniência com as empresas condenadas ao limbo devido à morosidade e ao atraso no cumprimento das suas funções. As multas de um lado e de outro poderiam ser compensadas. A Nação, esta já foi condenada a pagar o pato dos erros cruzados.
México vira uma área de risco para a Petrobras
4/07/2018A eleição mexicana acendeu o sinal de alerta no alto-comando da Petrobras. A direção da estatal está debruçada sobre possíveis riscos decorrentes da chegada de Andrés Manuel López Obrador ao poder. A preocupação é que o novo presidente mexicano promova uma caça às bruxas contra a empresa, sem necessariamente qualquer fato que justifique tal atitude. A Petrobras é operadora de dois blocos de gás natural, localizados na Bacia de Burgos. No último domingo à noite, no discurso da vitória, Obrador disse com todas as letras que vai revisar “contratos milionários” no setor de energia e recorrer a tribunais internacionais caso encontre “anomalias e suspeitas de corrupção” nos acordos. Na direção da estatal, noves fora o discurso contra a corrupção que caracterizou sua campanha, a interpretação é que o novo presidente mexicano – o primeiro líder da esquerda a ocupar o cargo no país – estaria criando uma narrativa para sancionar a eventual suspensão de contratos públicos e concessões em favor da petroleira local Pemex. E se há uma petroleira na América Latina com telhado de celofane, em que qualquer insinuação de malfeito, por mais despropositada que seja, acaba grudando, lamentavelmente é a Petrobras.
Um pouco mais de adubo no caixa da Petrobras
25/06/2018Estão avançadas as negociações entre a Petrobras e a russa Acron para a venda da unidade de nitrogenados de Três Lagoas (MS). A operação gira em torno dos US$ 600 milhões, além do investimento que os russos terão de fazer para concluir a construção do empreendimento. Segundo o RR apurou, a própria Petrobras mantém gestões com o governo da Bolívia para garantir o fornecimento de gás e, assim, viabilizar a venda da unidade e a retomada das obras.
Camargo Corrêa à espera do salvo-conduto
14/06/2018A Camargo Corrêa estaria muito perto de deixar a lista de empresas proibidas de prestar serviços à Petrobras. A empreiteira já fechou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal e está prestes a selar outro com a CGU – os valores da multa podem chegar a R$ 2 bilhões.
De volta à rotina
6/06/2018Em meio à inflamável polêmica do preço dos combustíveis e à conturbada troca de comando, a Petrobras está colocando à venda a sua rede de postos na Colômbia. São 115 estabelecimentos, além de 10 lojas de conveniência. O RR apurou que a Raízen já demonstrou interesse na operação. A dobradinha entre Rubens Ometto e Shell comprou recentemente postos na Argentina e quer expandir seus negócios em distribuição na América do Sul.
O destino de Parente está traçado
4/06/2018A “Rádio BRF” informa: o ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, não só vai assumir o cargo de CEO da empresa como já teria, inclusive, acertado sua remuneração: um salário anual em torno de R$ 6,8 milhões – o triplo do que recebia na estatal. Esta é a informação que circulava nos corredores da companhia na última sexta-feira, poucas horas após Parente anunciar seu desligamento da Petrobras. O que se dizia, inclusive, na fabricante de alimentos é que, inicialmente, Abilio Diniz teria convidado Parente para assumir a presidência executiva da BRF e não o Conselho de Administração, posto que ocupa hoje. Em tempo: que ninguém acuse o executivo de ter uma atitude pouco ética ao eventualmente aceitar a missão de comandar a BRF. Se há um Brutus nesta história é o próprio governo, que esfaqueou Parente pelas costas. Primeiro, forçou o executivo a engolir uma redução dos preços de diesel; depois, fritou Parente ao jogar sobre suas costas a responsabilidade pela política de preços dos combustíveis da Petrobras, que, em uma última instância, também era sua. O destino de Parente está traçado.
…
Por falar em Pedro Parente, o RR apurou que Fernando Henrique Cardoso tentou demover seu antigo ministro da Casa Civil da ideia de deixar a presidência da Petrobras. A conversa teria ocorrido no feriado da última quinta-feira. Em vão.
O dia em que “Pôncio Parente” lavou as mãos
1/06/2018Em um mundo quase perfeito, o estrago político e econômico provocado pela regra de reajuste dos combustíveis com base nos preços internacionais poderia ter sido evitado há exatamente três meses e quatro dias. Vale retroagir à data de 28 de fevereiro, por ocasião de International of Oil, realizada na fundação Getúlio Vargas. Um breve resumo do diálogo entre os presidentes da Petrobras, Pedro Parente, e da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, que pode ser encontrado no Youtube, mostra como uma singela proposta teria impedido um terremoto:
Carlos Ivan: A Petrobras está vendendo seus produtos a preços internacionais. Essa regra impede interferências políticas e o populismo. Mas a inflação está caindo no Brasil. É uma coisa que não e boa para os consumidores é a volatilidade nos preços de energia. Então, como você decide o que é bom para a Petrobras o que é bom para o mercado? A solução para isso não depende da estatal porque a Petrobras tem que cobrar os preços internacionais. A saída seria substituir o ad valorem tax (imposto cobrado com base em um percentual sobre o preço), pelo adrem tax (valor fixo sobre as vendas dos combustíveis). Então, conseguiríamos separar o que é interesse do governo e o que é interesse da Petrobras, ampliando a competitividade da empresa e dos mercados internos contra as importações.
Pedro Parente: Não é verdade… Gostei do que você falou antes, mas…
Carlos Ivan: Reduziria volatilidade…
Parente: Não tenho certeza…
Carlos Ivan: Se a taxa é , se cobraria de todos, certo? Então, não faz diferença se for importado ou produzido internamente. E se temos um bom planejamento do ponto de vista das finanças públicas, deve dar o mesmo resultado. O que você acha disso?
Parente: Eu gosto dessa ideia, mas quem deveria tomar essa iniciativa? Não é a Petrobras. Então, o máximo que posso dizer é que é uma ideia muito inteligente. Mas o que eu tenho de fazer é continuar praticando os preços da política internacional. Eu tenho de manter um olho no market share e outro nas margens da empresa. Se não cuidarmos disso, o que vai acontecer é que perderemos participação no mercado ou reduziremos as margens. Então, a Petrobras está enfrentando um momento diferente. Foi muito mais fácil no passado, porque não havia concorrência. Não estou dizendo que competição é ruim. É muito bom para o país. Mas é uma nova realidade para a empresa e temos de lidar com isso. Então, eu gosto da ideia, muito inteligente, mas não nos cabe lidar com isso.
Obs: Se fosse aplicado o imposto sobre os combustíveis, o efeito sobre a majoração dos preços teria sido de 18% e não os 60% praticados.
Déficit da Petros põe mais fervura no caldeirão da Petrobras
30/05/2018Em meio ao momento mais conturbado da gestão de Pedro Parente, uma bomba-relógio de R$ 27 bilhões que parecia desativada volta a ser motivo de apreensão na Petrobras. Segundo o RR apurou, a direção da Petros já trabalha com o cenário de suspensão do plano de equacionamento lançado no ano passado para cobrir seu rombo atuarial. O regime emergencial de contribuições tem sido esfarelado no Judiciário pelas seguidas contestações feitas por funcionários e aposentados do Sistema Petrobras.
De acordo com informações obtidas pelo RR, cerca de 40 associados da Petros já entraram na Justiça para se livrar da cobrança adicional. É bem provável que levem. O cancelamento do plano automaticamente empurraria o problema na direção da Petrobras e de suas controladas. Em seu Artigo 48, o regulamento do PPSP, plano que acumulou déficits bilionários entre 2013 e 2015, determina que as patrocinadoras do fundo assumam a responsabilidade por encargos adicionais caso os recursos em carteira sejam insuficientes.
Apenas para efeito de comparação, tomando-se como base os R$ 350 milhões de perdas iniciais que a estatal teria ao reduzir o preço do diesel por 15 dias, o buraco de R$27 bilhões na Petros equivale a algo como 77 greves dos caminhoneiros. Procurada, a Petrobras não quis se manifestar. A Petros, por sua vez, nega a suspensão do plano de equacionamento. Consultada especificamente sobre o número de processos que já grassam na Justiça, a fundação não se pronunciou. A 20a Câmara Civil do TJ-RJ já concedeu liminar a alguns dos beneficiários da Petros desobrigando-os de pagar a taxa extra.
A bola de neve tende a crescer: entre os petroleiros, articula-se uma ação coletiva que daria ainda mais fôlego na batalha contra o fundo de pensão. A própria área jurídica da Petros considera provável que os tribunais superiores corroborem a decisão da Justiça do Rio de Janeiro, impondo à fundação uma escalada de derrotas. Nessa toada, a suspensão do plano seria um recuo pragmático e quase inevitável, ainda que trouxesse a reboque o desgaste de uma cobrança à própria Petrobras.
Dinheiro no Comperj
30/05/2018Em meio ao maremoto causado pelos preços dos combustíveis, ao menos uma boa notícia para a Petrobras: a Shandong Kerui Petroleum vai aportar a primeira tranche de US$ 200 milhões nas obras do Comperj.
Forte candidata
28/05/2018A norte-americana PBF Energy é forte candidata à aquisição da funesta refinaria da Petrobras em Pasadena, na Califórnia.
O RR na crise dos preços da Petrobras
25/05/201845. O Relatório Reservado sabe que foi o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, quem ligou para Pedro Parente dizendo que o governo teria de mexer na política de preços da Petrobras.
. O RR não ouviu, mas tem certeza do tom de voz arrogante e do caráter afirmativo de Moreira ao comunicar a decisão em nome do presidente Temer.
. A newsletter não estava próxima, mas é quase como se tivesse visto Parente suspirar fundo e afirmar a Moreira que retornaria com a melhor fórmula de colaboração da empresa.
. O RR tem a informação do charivari ocorrido na cúpula da Petrobras depois da chamada telefônica de Moreira Franco, com consultas a conselheiros e deliberações em conjunto com a diretoria executiva.
. A newsletter sabe também que o insight de reduzir o preço do diesel por um curto prazo, a “solução temporária”, foi do próprio Parente, em meio a múltiplas ideias.
. O RR tem convicção de que o presidente da Petrobras não cogitou deixar o cargo, pelo menos no calor dos fatos, segundo disse a colaboradores. Parente é um homem de aparelho de Estado, forjado nas maiores crises. Não deixaria a luta por fricote de orgulho ferido.
. Segundo o RR, a sinalização dada ao mercado incomodou bastante Parente. Em um ano político, com um presidente da República caindo aos pedaços, não há por que os agentes financeiros pensarem que este episódio de intervenção na política de preços foi o único.
. O RR extraiu daquele ambiente conturbado que uma das grandes preocupações do presidente da estatal e seu staff diz respeito ao impacto da medida sobre os planos de desinvestimento da empresa. Que investidor aceitará se associar à área de refino da Petrobras com esse grau de intervencionismo do governo?
. Parente tem consciência da ranhura que a medida representa na sua gestão, que pode ser considerada o melhor acontecimento do governo Temer.
. O RR tem certeza de que um dos detalhes que mais irritou Parente foi a forma como o “Gato Angorá” falou com ele.
E agora, José?
24/05/2018O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que somente permaneceria na estatal se não houvesse intervenção na política de preços dos combustíveis. E agora, Pedro?
Petrobras ainda busca o “ponto ótimo” do compliance
21/05/2018A troca de guarda na nevrálgica área de compliance da Petrobras é cercada de expectativas na companhia. Segundo o RR apurou, Rafael Mendes Gomes assume hoje a diretoria de Governança e Conformidade em substituição a João Elek com uma missão prioritária conferida pelo alto comando da estatal: reestruturar o departamento de apuração de denúncias. O preço da Lava Jato será sempre a eterna vigilância e um grau de rigidez por vezes um tom acima.
No entanto, a área tem sido alvo de críticas dentro da Petrobras: os funcionários enxergam muitos excessos e baixa efetividade. O departamento é questionado por acolher acusações pouco fundamentadas, pela falta de qualidade técnica das investigações, pela baixa transparência e por penalizações consideradas indevidas. Há hoje um caso notório dentro da sede, na Av. Chile: um gerente que atuava no projeto da Petroquímica Suape foi demitido por justa causa devido a acusações graves de irregularidades.
No entanto, o funcionário contesta a denúncia. Em carta enviada à Ouvidoria, elenca uma série de questões que põem em xeque a profundidade das investigações internas. O cenário hoje em nada lembra a terra-arrasada de 2015, quando João Elek assumiu a área de Governança e Conformidade – única diretoria da Petrobras em que o titular deve ser obrigatoriamente contratado no mercado. Elek chegou em meio ao turbilhão da Lava Jato e da maior crise da história da Petrobras.
Em três anos, estruturou o modelo de compliance da companhia e encerrou as ações coletivas das quais a estatal era alvo nos Estados Unidos, fechando o acordo de US$ 3 bilhões no ano passado. Elek, é bem verdade, teve um sobressalto na sua passagem pela empresa: em agosto do ano passado foi afastado temporariamente do cargo devido à contratação direta, sem licitação, da Deloitte, no momento em que sua filha se candidatava a uma vaga de emprego na empresa de auditoria – acabaria contratada pouco depois. O caso chegou ao Comitê de Ética da Previdência da República. Elek foi inocentado.
Teve melhor sorte do que as dezenas de funcionários da estatal que passaram pelo crivo da sua diretoria e acabaram demitidos por conta de denúncias até mais brandas. Desse episódio, surgiu, inclusive, um cargo sui generis na Petrobras. A área de compliance é a única a ter um diretor adjunto. Segundo informações filtradas da companhia, o posto foi criado profilaticamente para suprir uma eventual suspensão definitiva de Elek. Curiosamente, a função foi mantida mesmo após a volta do executivo.
Pedro Parente quer deixar a “PetroGreen” como um de seus legados
18/05/2018Ainda circunscrita ao âmbito das discussões de cenários e megatrends, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, e seu comitê estratégico voltaram a se debruçar sobre uma ideia que ronda a estatal já faz tempo. Trata-se da conversão da companhia, hoje integralmente focada na exploração, refino e distribuição dos derivados de petróleo, em uma empresa voltada também à produção e comercialização de energia limpa. A “PetroGreen” já foi, inclusive, pauta de reunião do Conselho de Administração nas gestões de Henri Philippe Reichstul e de José Sérgio Gabrielli. Com a eclosão da Lava Jato, a crise financeira da companhia e o imbróglio fiscal do país, além da hegemonia do pensamento desestatizante no Brasil, essas ideias submergiram em um profundo estado de criogenia.
Agora que as águas por onde navega a Petrobras estão mais tépidas, é possível a Parente pensar em um prazo mais longo sem que a gestão do dia a dia ameace incinerá-lo. O executivo sabe que os dados já estão jogados: as petroleiras em todo o mundo vêm se transformando em companhias de energia latu sensu, com a ampliação do core business crescentemente em favor da geração de energia limpa. O pré-sal seria uma dádiva, um ponto de apoio na direção do futuro. Só que essa âncora estaria se tornando cada vez mais fluida devido à velocidade dos fatos.
A repetição do truísmo de Keynes tornou-o até enfadonho, mas ele continua imbatível; “A realidade muda, eu mudo”. A Petrobras não mudou e está cada vez mais distante do seu amanhã estratégico, não obstante todos os surveys projetarem uma queda da demanda dos derivados de petróleo vis-à-vis as novas energias. Nas duas últimas gestões da companhia, a diversificação foi praticada até com algum entusiasmo.
A estatal encantou-se com o biodiesel a partir de insumos renováveis da natureza e criou a Petrobras Biocombustível. Montou também um colar de PCHs, o que, no rastro da saga de malfeitorias da empresa, logo depois tornou-se um projeto controverso devido ao processo de escolha dos sócios, modelo de negócio e motivações outras inconfessáveis. O alvo nas PCHs caiu por terra e os ativos desmobilizados. A unidade de biodiesel, por incompetência em criar mercado, também se escafedeu.
O espaço natural para que a companhia crescesse fora do petróleo seriam as áreas de energia solar e eólica, conforme já dito. Faz todo sentido, com a redução da sua alavancagem, a Petrobras provisionar no seu orçamento recursos a serem aplicados no investimento em diversificação energética. Em tempos de Lava Jato e paranoia quanto à interpretação de novos gastos, é provável que o desenvolvimento de projetos de energia limpa fique como recomendação para o futuro governo. Mas folga saber que a “PetroGreen” está sendo pensada a sério.
Em caso de derrota
14/05/2018Com a adesão do Banco do Brasil, da Caixa e de outras instituições financeiras, o processo de arbitragem coletiva contra a Petrobras poderá passar dos R$ 25 bilhões. Esta é a estimativa com a qual a própria estatal trabalha em caso de derrota.
Operação Total
8/05/2018A Total mantém conversações com a Petrobras para se associar à estatal na área de refino. O negócio é estratégico dentro do arco de operações dos franceses no Brasil. A Total quer ter uma estrutura de refino para dar suporte às suas atividades de E&P no Brasil, na qual está investindo cerca de US$ 5 bilhões.
Postos à venda
4/05/2018A Petrobras está colocando à venda a sua rede de 88 postos de Uruguai. Um forte candidato ao negócio é a Raízen, que acaba de comprar a operação de distribuição de combustíveis da Shell na Argentina.
Venda de ativos da Petrobras vira adubo político
30/04/2018O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, intercedeu junto ao presidente da Petrobras, Pedro Parente, na tentativa de acelerar as negociações para a venda da unidade de nitrogenados de Três Lagoas à russa Acron. Candidato à reeleição, tudo o que Azambuja mais quer é subir no palanque e anunciar a retomada de um projeto de R$ 2 bilhões, capaz de gerar três mil empregos. O governador já garantiu à Acron benefícios fiscais para o reinício das obras, paralisadas pela Lava Jato. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas o problema é que a oferta apresentada pelos russos à Petrobras não chega sequer à metade do valor do ativo, cerca de US$ 700 milhões.
Chinatown
23/04/2018A chinesa Qingdao Xinyutian Chemical mantém conversações com a Petrobras para se associar às refinarias Landulpho Alves (BA) e Abreu Lima (PE). Talvez seja o caso de a estatal mudar a diretoria de refino para Pequim. A empresa negocia também a entrada da China National Petroleum Corporation no Comperj.
Parente e Bendine, tão perto, tão longe
20/04/2018Parece haver um irresistível magnetismo entre a Petrobras e a BRF. Caso se confirme sua nomeação como chairman da empresa de alimentos, curiosamente Pedro Parente seguirá os passos de seu antecessor, Aldemir Bendine, tornando-se o segundo presidente da estatal no board da companhia. A coincidência não poderia unir personagens tão distintos e de biografias tão díspares. Bendine dispensa comentários. Já Parente é, há muito, um dos mais bem cotados executivos do país. A julgar pelo seu histórico, ele levará a concórdia à BRF. Parente tem como tradição tocar a gestão de forma harmoniosa mesmo quando o cenário exige decisões mais contundentes, vide a própria Petrobras.
Cobrança de papelão
21/03/2018A recente declaração do presidente da Petros, Walter Mendes, de que está cobrando da Petrobras dívidas atrasadas com o fundo de pensão soaram como uma bala de festim aos conselheiros da entidade. Até o momento, a fundação não teria sequer uma ação ajuizada contra a estatal. O passivo gira em torno de R$ 11 bilhões.
Operação panzer
12/03/2018A francesa Engie e a australiana Macquarie estariam se unindo para apresentar uma oferta pela TAG, rede de gasodutos da Petrobras no Norte e Nordeste. A coalizão tem como objetivo superar o fundo árabe Mubadala, visto como o mais forte candidato à compra do ativo. Estima-se que a operação possa chegar a US$ 8 bilhões.
Liquigás rumo à bolsa
6/03/2018A direção da Petrobras planeja realizar uma oferta de ações da Liquigás em duas etapas, chegando a 49% do capital. O objetivo é evitar que o lançamento em uma única tranche jogue para baixo o valor da ação. Consultada, a estatal informa “que está analisando alternativas para o desinvestimento da Liquigás, não havendo qualquer definição”.
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Em tempo: segundo o RR apurou, os estudos para o IPO da Liquigás começaram em dezembro. A Petrobras já dava como certo o veto do Cade à venda da empresa para a Ultragaz.
Consulado chinês
23/02/2018Estão bem avançadas as negociações para que a China National Petroleum Corporation (CNPC) compre um pedaço do Comperj, projeto da Petrobras. A operação seria da ordem de US$ 2 bilhões. O acordo, segundo o RR apurou, poderá ser anunciado em março, conjuntamente à assinatura do contrato com a Shandong Kerui Petroleum. A empresa vai retomar a construção da Unidade Produtora de Gás Natural do Comperj.
BR Properties de carteira cheia
5/02/2018O anúncio de que a Petrobras vai devolver 30 mil m2 de área locada no Centro do Rio, que fez a ação da BR Properties cair 3% na última sexta-feira, foi tratado como um soluço pelos dirigentes da companhia. A empresa de real estate da GP Investimentos tem mais de R$ 1,2 bilhão em caixa para aquisições.
Plano para cobrir déficit atuarial causa racha na Petros
2/02/2018O plano de equacionamento do déficit atuarial de R$ 27 bilhões da Petros, aprovado no último mês de setembro, enfrenta forte resistência interna. Segundo o RR apurou, há uma articulação entre integrantes dos próprios Conselhos Deliberativo e Fiscal do fundo de pensão e entidades representativas dos beneficiários com o objetivo de barrar judicialmente sua execução. A alegação é de que, antes da implementação do plano, a Petros precisa cobrar de seus mantenedores, especialmente da Petrobras, antigas dívidas e pendências financeiras. De acordo com a fonte do RR, o passivo seria da ordem de R$ 11 bilhões.
Somente depois deste acerto de contas é que o déficit restante poderia ser repartido entre as empresas mantenedoras e os funcionários e aposentados. Procuradas, Petros e Petrobras não quiseram se manifestar. A questão é controversa e provoca posicionamentos convenientemente distintos. De acordo com informações filtradas da própria fundação, o presidente da Petros, Walter Mendes Filho, alega que só pode exigir da Petrobras e das demais empresas do sistema pagamentos referentes a ações já julgadas pela Justiça. Do lado oposto, membros da atual gestão e beneficiários entendem que a Petros pode, sim, cobrar as dívidas na esfera administrativa, sem depender de decisões judiciais.
Ao mesmo tempo, acusam a diretoria administrativa de se esquivar da responsabilidade para não criar qualquer fricção com a Petrobras. A direção da Petros bate na tecla de que o plano será executado conforme o desenho original, com a cobrança aos beneficiários de taxas extras entre 6,7% e 19% pelo período de 18 anos. No entanto, as divergências já causaram o adiamento de sua implementação, prevista para 20 de dezembro do ano passado. Além dos questionamentos em relação à dívida das mantenedoras, há informações de que a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest), vinculada ao Ministério do Planejamento, fez uma série de exigências para a aprovação do plano, entre as quais um parecer jurídico sobre o Termo de Compromisso Financeiro relacionado exatamente às pendências entre a Petrobras e o fundo de pensão.
Petrobras e Repsol Sinopec trocam alianças
31/01/2018Segundo o RR apurou, Petrobras e Repsol Sinopec negociam uma associação. A aliança envolveria troca de participações na área de Exploração e Produção e a formação de um consórcio já com o objetivo de disputar a quarta Rodada de leilões do pré-sal, prevista para junho. A prioridade da dupla seria a licitação da área conhecida como Dois Irmãos, na Bacia de Santos. Ressalte-se que a estatal e o grupo sino-espanhol já são sócios no campo de Lapa, na Bacia de Santos.
Pedro Parente promove uma revolução digital na estrutura de trabalho da Petrobras
30/01/2018O presidente da Petrobras, Pedro Parente, vai dar um tiro de morte na “Petrossauro”. A empresa, sob sua gestão, está promovendo silenciosamente a maior revolução digital do trabalho que já se viu na esfera do Estado e dificilmente comparável mesmo entre corporações do setor privado. A Petrobras vai implementar o regime de teletrabalho, que permitirá a seus funcionários atuarem de forma remota em alguns dias da semana. O projeto-piloto será implementado de forma gradativa, em cinco “ondas”, com a meta de atingir 1,2 mil empregados até outubro.
A primeira “onda”, prevista para fevereiro, envolverá 200 funcionários do RH e do departamento jurídico. A segunda, 100 trabalhadores das equipes de responsabilidade social e saúde, meio ambiente e segurança (SMS). A terceira etapa atingirá 150 pessoas da área de projetos de sistemas de superfície. A quarta e a quintas fases englobarão, respectivamente, 300 e 450 colaboradores, das áreas de Gestão Integrada de Exploração & Produção, Refino & Gás, Comunicação, Estratégia, Finanças, Conformidade e Tecnologia da Informação.
Após estudos internos, todas estas gerências foram consideradas compatíveis com o teletrabalho, com uma quantidade de empregados em regime administrativo flexível no Rio de Janeiro adequada à capacidade tecnológica de cada onda e vistas como da diversidade de atividades e perfis da Petrobras. Ou seja: trata-se de uma amostragem cujos resultados servirão de termômetro para a expansão do projeto a outras áreas. A implementação da proposta traz a reboque alguns desafios para a Petrobras, a começar pela forma de controle das horas efetivamente trabalhadas e do nível de produtividade dos funcionários que aderirem ao novo sistema. Ao mesmo tempo, o projeto é uma adaga de dois gumes. Por um lado, é a prova de que uma estatal pode ser eficiente independentemente da sua origem; por outro, também pode ser interpretado como a evidência de que tudo está sendo feito para que ela deixe de ser uma estatal. Vai depender do gosto do freguês.
O regime de teletrabalho chegou a ser discutido em 2015, ainda na gestão de Aldemir Bendine. No entanto, a ideia acabou engavetada em meio à reestruturação da companhia e, sobretudo, ao tratamento das chagas descobertas pela Lava Jato. O projeto voltou à ordem do dia no ano passado, seguindo algumas premissas. O novo modelo estará disponível para todos os empregados em regime administrativo flexível (com ou sem função gratificada), terá adesão voluntária, com o limite de até três dias por semana. Ressalte-se que não haverá qualquer custo adicional para a estatal.
Inicialmente, o projeto-piloto foi idealizado para um público-alvo de até 2,5 mil funcionários. No entanto, a Petrobras teve de readequar o programa por recomendação da área de tecnologia. O sistema de TI da companhia só dispõe de 1,5 mil licenças de acesso remoto simultâneo. Desse total, cerca de 1,1 mil de autorizações vêm sendo utilizadas sistematicamente em horários de pico, o que deixa uma margem de apenas 400 novas licenças. Por isso, a opção de implantação do projeto em “ondas”,uma forma calculada de mitigar riscos e dar tempo para que a estatal possa estimar o custo de criação das licenças adicionais e a viabilidade econômica não só do projeto-piloto, mas da sua extensão para o maior número possível de funcionários.
O legado digital-trabalhista de Pedro Parente poderá atingir, já em 2019, cerca de 20 mil funcionários. Este é o público-elegível para o teletrabalho projetado pela estatal para o próximo ano. A companhia já está calculando o investimento necessário, notadamente em infraestrutura tecnológica, para alcançar este universo. Trata-se de uma contribuição da Petrobras que eventualmente poderá ser estendida a outras empresas do setor público. O projeto-piloto da petroleira dará respostas determinantes que vão da otimização das despesas operacionais ao interesse dos empregados pelo regime de teletrabalho, os dias da semana mais requisitados, a adaptação do funcionário e os ganhos de produtividade.
O sétimo selo de Renato de Duque
29/01/2018O RR apurou que o juiz Sérgio Moro está prestes a finalizar mais uma sentença envolvendo o ex-Petrobras Renato Duque, com base na delação do ex-lobista da Toyo Setal, Julio Camargo. O executivo confessou ter pago R$ 12 milhões em propina a Duque. O ex-dirigente da Petrobras é figurinha carimbada da Lava Jato: já foi condenado por Moro em outros seis processos, cujas penas somam mais de 70 anos de prisão.
Pedro Parente, o “Meirelles” da vez
19/01/2018Se Henrique Meirelles realmente se desincompatibilizar do cargo para disputar a Presidência, o governo já tem um nome para o posto de ministro da Fazenda: o curinga Pedro Parente. O problema vai ser conseguir dobrá-lo. Parente já foi sondado informalmente e respondeu que de jeito nenhum volta para Brasília. Nos últimos tempos, talvez tenha sido o presidente da Petrobras menos questionado e, certamente, com menos problemas com o corporativismo da empresa. Mas há quem diga que, se Parente é bom na Petrobras, seria ainda melhor na Fazenda. Melhor até do que Meirelles.
Plataforma esquecida
19/01/2018Quase três anos após a Petrobras enviar a plataforma P-67 para a China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC), o equipamento ainda não voltou para o Brasil e sua montagem sequer foi concluída. O cronograma da estatal previa que o FPSO (Floating Production Storage and Off loading) entrasse em operação em 2017. A Petrobras retirou a plataforma do Estaleiro Rio Grande, da Ecovix, em agosto de 2015, quando mais de 90% da montagem já estavam finalizados.
Privatização será a agenda do próximo quadriênio
18/01/2018Não é possível dizer com absoluta certeza que as estatais têm um encontro marcado com a privatização no quadriênio 2019/2022, mas essa probabilidade é enorme. À exceção óbvia de Lula, que tem como bandeira a preservação do status quo das grandes empresas do Estado, os demais candidatos à Presidência ou defendem a desestatização abertamente ou se mostram ao menos sensíveis à medida. A julgar pelas suas próprias declarações ou de seus assessores, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobras e Embrapa, só para citar as mais votadas, se tornarão public company ou serão simplesmente transferidas para o setor privado.
O ambiente político, segundo o discurso desses candidatos, estaria maduro para a privatização dos ícones do Estado. O exemplo da Eletrobras é convincente. Não houve nenhuma reação à medida além dos entraves de praxe na burocracia e na área jurídica. O candidato Jair Bolsonaro já afirmou que privatizaria a Petrobras, para início de conversa. Seu virtual ministro da Fazenda, Paulo Guedes, teria vendido todos os ativos da União há meio século. O candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, o “Chuchu”, é mais cauteloso; murista conforme a tradição tucana. Mas seus assessores econômicos Marcos Lisboa, Roberto Gianetti e José Roberto Mendonça de Barros não deixam dúvida sobre suas convicções privatistas. Mesmo que alguma parte do estoque seja preservada.
Se Luciano Huck vier candidato, a desestatização já é dada como certa. Seu inconteste futuro ministro da Fazenda, Armínio Fraga, está rouco de defender a medida. Igualmente enfático é o principal assessor de João Amoedo, candidato do Partido Novo, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que namora uma candidatura pelo PSB, não tem dúvidas: “Tem que privatizar”. Ele enxerga na medida uma forma de coibir as práticas ilícitas que grassam no Estado. Marina não fala sobre o assunto, aliás, pouco fala sobre qualquer coisa. Mas seu vistoso assessor da área econômica, Eduardo Gianetti, está no time da privatização. Henrique Meirelles – o pré-candidato “dois em um”, que traz a tiracolo ele próprio como seu Ministro da Fazenda – já disse que a privatização é uma “agenda nacional” e “ainda tem muita a coisa a vir nesta área”. Sobra quem? Ciro Gomes, que oscila entre meter o pau nas estatais e afirmar que elas são fundamentais para alavancar o projeto de desenvolvimento nacional.
Digamos que Ciro pouparia a Petrobras. Para o mal ou para o bem, o mercado já está valorando as estatais. A consultoria estrangeira Roland Berger estima que está entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões o preço de 168 estatais e 109 subsidiárias da União. Há razões ideológicas e até fetichistas na pulsão de venda ou destruição das estatais. Mas a verdade é que ela explicita o desespero em relação ao trade off entre as demandas legítimas da democracia – e suas despesas respectivas – e a incapacidade de cortar os gastos até o osso, atendendo ao mesmo tempo à exigência de crescimento com justiça social. É um enrosco e tanto a banalização do ajuste fiscal, quer seja pelos argumentos de direita ou de esquerda.
BR Distribuidora desperta de sua hibernação
16/01/2018Após virar a página do IPO da BR Distribuidora, Pedro Parente tem duas preocupações mais agudas em relação à estatal: recuperar o terreno perdido na distribuição de combustíveis e reforçar a blindagem na estrutura de compliance da subsidiária, tantas vezes vazada no passado recente. Contra a primeira moléstia, o receituário prescreve cerca de R$ 2,5 bilhões. É o volume de investimentos previstos para a BR ao longo dos próximos quatros anos. A meta é chegar a dez mil postos até 2021 – o número hoje gira em torno dos oito mil. As medidas incluem ainda um banho de loja na BR Mania, com mudanças no layout e no portfólio de serviços.
Consultada, a BR informou que não pode passar informações “que não constam do formulário de referência registrado na CVM“. Seja devido à Lava Jato e ao seu impacto sobre a capacidade de investimento da Petrobras, seja por conta das idas e vindas que cercaram o IPO da BR, a empresa entrou em hibernação nos últimos anos. O prejuízo a ser tirado não é pequeno. De 2012 para cá, a participação da estatal nas vendas de derivados de petróleo caiu de 40% para cerca de 35%.
Cada ponto percentual significa algo como R$ 2,5 bilhões em receita. A concorrência, notadamente Ipiranga e Raízen, agradece. Ao mesmo tempo, Parente carrega a ideia fixa de que a BR precisa apertar ainda mais as porcas e parafusos do compliance, sobretudo agora que responde às liturgias de uma empresa de capital aberto. Assim como a nave-mãe, a subsidiária serviu de esconderijo para ratos e insetos das mais diversas espécies. O episódio mais controverso envolve o suposto esquema para a compra irregular de etanol comandado pelo diretor da BR nos anos 90 João Augusto Henriques, apontado pela Justiça como operador do PMDB. Segundo as investigações, o próprio presidente Michel Temer, à época congressista, teria sido o responsável pela ida de Henriques para a BR, beneficiando-se posteriormente dos dividendos gerados por tal nomeação.
Inimigo íntimo
8/01/2018O acordo da Petrobras com os acionistas norte-americanos enfrenta resistência no “chão de fábrica”. A Aepet confirmou ao RR que pretende entrar na Justiça para barrar o pagamento de US$ 2,95 bilhões aos investidores.
Cabe mais
3/01/2018A direção da Petrobras já discute uma oferta adicional de ações da BR Distribuidora para o primeiro semestre de 2018. Os ventos sopram a favor. A demanda no IPO da estatal, em dezembro, chegou a duas vezes e meia o total de papéis negociados. Além disso, ainda há um bom lastro para a Petrobras vender ações da subsidiária sem mexer no controle: mesmo após o IPO, a holding manteve 71% do capital.
Chamada final da Petrobras em Uberaba
21/12/2017Surgiu uma fagulha de esperança para um dos tantos projetos da Petrobras interrompidos pela Lava Jato. A estatal montou um grupo de trabalho com o objetivo de buscar uma saída para a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados de Uberaba (MG), cujas obras encontram-se paradas desde 2015. A previsão é que os estudos estejam concluídos em 90 dias. A princípio, nada de dinheiro novo da Petrobras – a companhia não tem interesse em tocar o empreendimento, orçado em quase R$ 2 bilhões. O caminho mais provável é a venda integral do complexo, a exemplo do que está sendo feito com a planta de nitrogenados de Três Lagoas (MS). Trata-se de uma costura complexa, que envolve também a Gasmig. A viabilidade do projeto depende da construção de um gasoduto para o fornecimento de gás natural à fábrica de amônia. A unidade de Uberaba, ressalte-se, esteve na beira da cova: em cima do laço, a Petrobras suspendeu o leilão dos equipamentos já instalados, que ocorreria no último dia 14 de novembro.
O Brasil ainda está barato
13/12/2017A Blackstone parece viver um idílio com o Brasil. A gestora norte-americana, que ofereceu R$ 6 bilhões pelos gasodutos da Petrobras no Nordeste, já teria iniciado a captação de um novo fundo para investimentos no país.
Ho ho ho
6/12/2017O espírito natalino invadiu a Lava Jato. Além de Marcelo Odebrecht, que deixará o regime fechado no dia 19, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró poderá sair de casa nos dias úteis a partir de 26 de dezembro.
Depende da Petrobras
6/12/2017Paulo Hartung está decidido a privatizar a distribuição de gás no Espírito Santo no primeiro semestre de 2018. O senão é a pendenga com a Petrobras. O governo capixaba tenta romper o contrato de concessão com a estatal.
Demissões na UTC
5/12/2017Desde julho, a UTC Engenharia teria demitido mais de três mil trabalhadores somente em Macaé, no Norte do Rio. A companhia, inclusive, teria planos de vender a sua base de operações na cidade fluminense. A unidade se tornou praticamente um elefante-branco depois que a Petrobras negou-se a firmar aditivos contratuais com a UTC, reteve pagamentos e incluiu a empresa no seu índex. Devastada pela Lava jato, a empreiteira do delator Ricardo Pessoa entrou em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 3,5 bilhões.
Petrobras e BTG querem distância total
1/12/2017Petrobras e BTG teriam aberto conversações com a Total para a venda do controle da Petrobras Oil&Gas, a malfadada joint venture entre ambos na África, com participação em três campos em águas profundas na Nigéria. O grupo francês é operador de dois deles – Akpo, já em produção, e Egina, ainda em fase de desenvolvimento. Segundo o RR apurou, a Petrobras Oil&Gas também teria sido oferecida à Chevron, responsável pela operação do campo de Agbami. Os norte-americanos, no entanto, parecem estar na mão contrária em relação à África. Recentemente venderam um pacote de ativos em exploração e produção na África do Sul para a Glencore. A joint venture entre a Petrobras e o BTG, não custa lembrar, remete a um passado que tanto a estatal quanto o banco querem enterrar. O negócio chegou a ser investigado pela Lava Jato devido a suspeitas de pagamento de propina a autoridades locais.
Fosfato valioso
27/11/2017Deve ter uma mina de ouro debaixo da Unidade de Fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas (MS). Segundo o RR
apurou, dez grupos estrangeiros já procuraram a estatal dispostos a assumir o negócio.
Uma pedra no caminho da Braskem
27/11/2017O investidor Lírio Parisotto não está disposto a dar sossego à Petrobras e aos Odebrecht. Minoritária da Braskem, a Geração Futuro L. Par, de Parisotto, deverá contestar na Justiça a recompra da Cetrel pela Braskem. É provável que outros acionistas se unam à ação. No entendimento dos investidores, a aquisição configuraria gestão temerária. Na
Assembleia Geral Extraordinária de outubro, a Geração Futuro L. Par já havia votado contra a operação. Com o sinal verde da Petrobras, uma vez que a própria Odebrecht se absteve de votar, a Braskem readquiriu a empresa de soluções ambientais por R$ 610 milhões. A Cetrel estava pendurada na Odebrecht Ambiental, vendida para a Brookfield, que, por sua vez, não quis ficar com a controlada. Ou seja: no fim das contas, a Braskem resolveu um problema para o seu acionista controlador. Procurada, a empresa disse que “a Cetrel tem papel relevante na gestão dos processos ambientais das atividades do Polo Petroquímico de Camaçari”.
Parente prepara o descarrego da Braskem
22/11/2017O presidente da Petrobras, Pedro Parente, bate todo o dia na madeira e repete a ladainha: pé de pato, mangalô, três vezes. Parente pensa na umbanda, na Bahia e na petroquímica. Pensa, sobretudo, em como se livrar da Braskem. O executivo tem dez milhões de motivos para querer bem longe a companhia monopolista da petroquímica brasileira: as enroscadas negociações do preço da nafta, nas quais a estatal, sócia da Braskem, acaba quase sempre se dando mal; o risco Odebrecht, intrínseco ao negócio; a expectativa de resultados financeiros cadentes da empresa; e, principalmente, a necessária desmobilização de ativos da Petrobras. Os 47% que a estatal detém na Braskem podem valer mais do que a abertura de capital da BR Distribuidora.
Há ainda outra vantagem em relação ao underwriting da subsidiária: a companhia pularia fora por inteiro da petroquímica, que tem um histórico repleto de nebulosas transações. O Ministério Público denunciou perdas de R$ 6 bilhões da Petrobras em tenebrosos contratos de venda da nafta para a Braskem, no período de 2009 a 2014. O presidente da petroquímica, Carlos Fadigas, disse que se tratava de uma alucinação. Não fosse por uma delação premiada, estaria mofando na prisão. Eparrei, minha mãe Yansã. O medo, contudo, generalizou-se.
A Itaúsa, holding da família Setubal, e a Dow Chemical, grupos que demonstraram interesse, pularam fora antes mesmo das controladoras, Petrobras e Odebrecht, definirem a modelagem da venda. A Shell também foi cogitada e fingiu-se de morta. Os sócios da petroquímica depositam sua esperança em uma operação complexa de abertura do capital na NYSE e transferência da sede para os EUA.
A engenhosa tacada, a cargo do Santander, permitiria a redução dos riscos Brasil e Odebrecht, com consequente destravamento do preço da companhia, dando porta de saída para os controladores – pelo menos a Petrobras – com a pulverização das ações. Mas até mesmo o banco espanhol, bastante empenhado em faturar sua comissão, sabe que é uma pedreira exportar o centro de decisão de um monopólio, cuja existência se deve em grande parte a largos favorecimentos estatais. Some-se a isso o fato de a Braskem sofrer as agruras de um acordo de leniência que pode ser suspenso a qualquer momento pela miríade de órgãos fiscalizadores e reguladores envolvidos, Ministério Público, TCU, AGU, PGR. Por enquanto, Parente, com seus rasos e ouriçados fios de cabelos, faz até mais do que pode. Resta observar o horizonte, de onde provem o tam-tam dos atabaques no terreiro da Odebrecht. Valei-me, meu santo Atotô Obaluaê.
Efeito manada
21/11/2017Na Petrobras, a expectativa é que mais de mil investidores vão aderir ao processo de arbitragem coletiva, cobrando uma indenização por perdas decorrentes de atos de corrupção. Segundo o RR apurou, nos cálculos da empresa, o valor da ação deverá passar dos R$ 30 bilhões após a adesão de Previ, Petros e Funcef. A estatal diz que “a legislação não respalda a iniciativa e se defenderá para garantir seus interesses e de seus acionistas.”
A ingratidão de João Lyra
13/11/2017O RR apurou que o usineiro João Lyra pretende se unir ao bloco de empresas sucroalcooleiras que processa a Petrobras na Justiça. São mais de 30 companhias – entre elas pesos-pesados como Raízen e São Martinho – que cobram da estatal uma indenização por supostos prejuízos decorrentes da sua política de preços de combustíveis. A empresa de Lyra, a Usina Laginha, entrou em recuperação judicial em 2008 e teve sua falência decretada em 2012, com aproximadamente R$ 2 bilhões em dívidas. O usineiro, ao que parece, busca um bode expiatório para a quebra
da companhia. Logo a Petrobras, que tanto o ajudou… A Lava Jato investiga supostos repasses ilegais de recursos da BR à Usina Laginha, no valor de R$ 7,2 milhões, que teriam sido feitos com a intermediação de Fernando Collor.
Terreno fértil
1/11/2017Além da CNPC, a também chinesa Sinopec apresentou uma oferta firme à Petrobras para assumir a unidade de nitrogenados da estatal em Três Lagoas (MS), projeto de R$ 2 bilhões. Não custa lembrar que a empresa integrava, ao lado da Galvão Engenharia, o consórcio responsável pelas obras do complexo, que foi alvo de investigações do Ministério Público. Menos mal que a denúncia foi arquivada.
Santo de casa
1/11/2017A Petros vai decidir até o fim de novembro se adere ou não ao processo de arbitragem contra a Petrobras aberto por minoritários da estatal na B3. Por ora, segundo informações filtradas junto à fundação, a balança pende para o “não”. Seria um alívio para a Petrobras. Estima-se que as perdas da fundação tenham chegado aos R$ 7 bilhões.
Dupla de ouro
25/10/2017Na ANP, é grande a expectativa de que Petrobras e Exxon repitam nos leilões da próxima sexta-feira, a dobradinha da 14ª Rodada de Licitações, realizada em setembro. O principal alvo da dupla seriam ativos localizados na Bacia de Campos. Petrobras e Exxon foram as grandes responsáveis por inflar o ágio médio do certame de setembro. A dupla representou 95% do bônus total arrecadado pela ANP, de R$ 3,84 bilhões.