Tag: Lojas Americanas
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Destaque
Chegou o momento do último ato dos “Lemann’s Brothers” na Americanas?
4/10/2024Começou a circular o Expresso 2222, que parte da Lojas Americanas para depois – que Gilberto Gil perdoe a apropriação da sua letra. O exército de escritórios de advocacia e advisers de todos os gostos e feitios arregimentados pela rede varejista iniciou o périplo para varrer o mundo financeiro em busca de um comprador para a empresa, conforme apurou o RR. Esse seria o “quarto pilar” das propostas emanadas da diretoria anterior, pega em flagrante.
Os outros pilares, conforme publicado na edição do Valor Econômico da última terça-feira, seriam o fechamento de capital da empresa – medida de espertalhão para ganhar tempo – a procura de um sócio para a conversão de debt em equity ou, por fim, se juntar a um concorrente global. A priori todas as soluções continuam valendo, mas a venda direta tem predileção.
Procurada pelo RR, a Americanas não quis se pronunciar. Quem pilota a cabine da operação de alienação do controle acionário é Beto Sicupira, sócio de maior referência no desvario da gestão das Americanas. Quem pariu Mateus que o embale. Afinal, Sicupira era cantado e decantado em prosa e verso como o grande responsável pelo case de sucesso da empresa desde a sua aquisição pelos “Lemann’s Brothers”.
Talvez Sicupira não tenha tido tanta ou nenhuma importância no soerguimento da varejista lá atrás ou menos ainda na debacle do presente. Mas isso é o que menos importa neste momento.
O fato é que as condições para a alienação da Americanas melhoraram enormemente nesse período em que se rearrumou a estrutura de capital da companhia, com o aporte feito pelos “míticos” investidores biliardários e a conversão da dívida em ações por parte dos credores. O papel da empresa está de graça nas bolsas – na casa dos R$ 4,50, ou o equivalente a 0,6% da cotação negociada em janeiro de 2023 na véspera da revelação dos crimes financeiros da rede varejista. Se vacilar, o próprio trio Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles começa a recomprar a ação na xepa.
O governo Lula praticamente garante um boom de consumo doméstico. Mesmo que os juros subam, encontrará uma solução à la “Desenrola” para manter a demanda pedalando. Afinal, 2026 é logo ali. A concorrência também não anda lá tão bem das pernas. O brand da Americanas continua sendo um ativo atrativo.
A Americanas passou a ser um pilar do “risco sistêmico” do crédito do varejo, ou pelo menos entendida como tal. É bom para todo o mercado que suas finanças estejam com o hedge de um big investidor. Dificilmente a companhia recuperará seu goodwill mantida a atual divisão acionária. O deságio simbólico da empresa pode ser resumido na declaração disparada por Warren Buffett pouco depois que a fraude contábil veio à tona.
Mesmo sem citar nominalmente a Americanas, Buffet chamou a “contabilidade criativa” de “vergonha do capitalismo”. E quem o disse foi um dos maiores especialistas em Jorge Paulo Lemann no mundo, seu parceiro em outros negócios. Por sinal, Buffet, não custa lembrar, deixou o Conselho da Kraft Heinz em abril de 2018 sem maiores explicações. Menos de um ano depois, estourava a notícia de que a SEC, a CVM norte-americana, havia instaurado uma investigação para averiguar políticas contábeis suspeitas no grupo.
Três anos mais tarde, no que pode ser interpretado como uma confissão de culpa, a Kraft Heinz pagou uma multa de US$ 62 milhões ao órgão regulador para encerrar o processo.
O momento da venda da Americanas é agora, e faz todo o sentido. Lemann e sua turma mitigariam o baita prejuízo que tiveram, a empresa sofreria uma necessária operação cleaner e surfaria em pelo menos um triênio em que a absorção doméstica promete vendas gordas de produtos básicos de consumo, de uma frigideira a lençóis de cama. Bem, querer não é poder.
Mas sugando da poética de Gilberto Gil mais uma vez, fica o bom augúrio. “Refestança, dança, dança, dança, dança… Que a esperança é vontade.” Tomara que tenha chegado a hora da Americana desatar seu cinto de segurança.
Destaque
Por que a Americanas desmontou a Ame Digital de forma tão repentina?
9/09/2024Das duas uma: ou a Ame nunca foi essa joia da coroa que a Americanas sempre alardeou ou há algo muito mal contado nessa história. A decisão da companhia de simplesmente encerrar uma carteira digital com mais de 32 milhões de usuários cadastros, sendo 12 milhões ativos, causou estranheza no varejo. No setor, já se dava como certo a venda de toda a operação da Ame.
Segundo o RR apurou, o Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, demonstrou interesse na aquisição. A Americanas foi sondada também por uma grande plataforma de e-commerce chinesa. As conversas, no entanto, não alcançaram etapas mais avançadas e fulcrais. De acordo com a mesma fonte, nenhum dos dois pretendentes chegou a mergulhar nos números da Ame. Ou seja: não tiveram uma visão intestina do negócio. Não só eles.
No mercado, notadamente entre aqueles que conhecem a fundo as demonstrações financeiras da empresa, é voz corrente que a Americanas jamais deu o devido disclosure aos números e à performance da sua fintech.
O head de um grande asset, fonte do RR, cita, como exemplo dessa penumbra, o mais recente balanço da companhia, referente ao segundo trimestre deste ano.
Na rubrica “Outros assuntos”, consta que “Os trabalhos de auditoria da controlada indireta AME Digital Brasil Instituição de Pagamento Ltda. (“AME Digital”) ainda não haviam sido concluídos em sua totalidade, de forma que não nos foi possível reunir evidências de auditoria apropriadas e suficientes, em relação a potenciais impactos que poderiam ser gerados sobre as demonstrações contábeis, individuais e consolidadas, do exercício findo em 31 de dezembro de 2022.
Com a conclusão desses trabalhos, as distorções significativas foram reconhecidas em 2022.” Que “distorções significativas” são essas? O balanço do segundo trimestre não explica. Talvez não passem de filigranas contábeis. Mas é a velha história da mulher de Cesar parafraseada sob medida para a Americanas. Tratando-se da protagonista do maior escândalo contábil da história recente do Brasil, não basta ser honesta; tem de parecer honesta.
O RR encaminhou uma série de perguntas à Americanas, entre outros pontos, abordando as distorções citadas em balanço em relação à Ame Digital. A empresa, no entanto, não respondeu os questionamentos e limitou-se a reencaminhar o press release enviado à imprensa quando do anúncio da incorporação da Ame.
Em 2021, a Ame Digital chegou a ser avaliada em aproximadamente R$ 10 bilhões. Naquele período, no intervalo de apenas cinco meses, a empresa enfileirou a aquisição de três fintechs – BIT Capital, Parati e Nexoos. Pouco depois, o braço financeiro da Americanas passou a empilhar números preocupantes. Segundo informações publicadas pela Bloomberg, no último dia 2, no fim de 2022 a operação acumulava prejuízo de R$ 1 bilhão e um passivo de R$ 2,5 bilhões. No entanto, para além das cifras negativas, o que tem alimentado as mais diversas ilações no mercado é a forma como a rede varejista de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles deu cabo do negócio.
A base de clientes e parte da operação serão incorporadas pela própria Americanas. Mas não será uma incorporação elas por elas. O que está sendo carregado para dentro da Americanas é uma miniatura da Ame. A plataforma deixará de oferecer serviços de conta-pagamento, de credenciadora e de participante indireta do PIX. O CNPJ e a licença de instituição de pagamento (IP) serão vendidos a quem interessar possa.
No ano passado, a própria Americanas confirmou publicamente as conversas com potenciais interessados na compra da Ame Digital. Por que a empresa não foi negociada? Como uma fintech que até pouco tempo tinha um valuation estimado de R$ 10 bilhões é simplesmente desmontada, não como uma joia da coroa, mas como uma bijuteria da 25 de março? São algumas das perguntas para as quais o mercado busca respostas.
Empresa
Iguatemi já tem novos inquilinos para o lugar da Americanas
4/09/2024O Shopping Iguatemi de São Paulo já tem dois fortes candidatos a assumir a loja ocupada pela Americanas. O que se diz no setor é que um dos pretendes é a rede de artigos esportivos Decathlon. O Iguatemi entrou na Justiça para despejar a Americanas – conforme noticiou o Valor Econômico no último dia 30. A rede varejista tem uma dívida pela locação do imóvel de quase R$ 3 milhões, incluída em seu processo de recuperação judicial. Mas não é só pelo atraso no aluguel que o Iguatemi quer colocar a Americanas na rua. O desempenho de vendas da loja está abaixo do esperado.
Destaque
Credores apontam suas baterias para os donos da 123 Milhas
30/08/2024A relação entre a 123 Milhas e seus principais credores atravessa uma zona de turbulência. Há informações de que o Banco do Brasil, o maior deles, avalia entrar na Justiça para pedir o afastamento dos sócios controladores, os irmãos Ramiro e Augusto Madureira, da gestão da companhia. O BB não está sozinho. Outros importantes credores, como Google e Banco Itaucard, também estão dispostos a seguir o mesmo caminho.
Entre bancos e fornecedores de serviços, o entendimento é que os sócios teriam adotado expedientes contábeis que acabaram lesando os credores. Por esta razão, os credores entendem que ambos não poderiam seguir participando do dia a dia da 123 Milhas durante o processo de recuperação judicial. Entre os bancos, alguns executivos mais exaltados chegam a dizer que a empresa tinha sua própria espécie de “risco sacado”, em alusão às fraudes contábeis da Americanas.
Tomara que seja apenas uma mera figura de linguagem. Um laudo elaborado pela KPMG e pela perita Juliana Ferreira Morais, a pedido do desembargador Alexandre Victor de Carvalho, da 21ª Câmara Cível de Belo Horizonte, aponta que a 123 Milhas teria lançado em balanço mais de R$ 1 bilhão em gastos com publicidade como ativo. Segundo o relatório encaminhado à Justiça, a manobra contábil teria permitido à empresa distribuir R$ 44 milhões em dividendos aos seus controladores.
Ressalte-se que, durante dois anos seguidos, 2021 e 2022, a plataforma de viagens foi apontada em rankings como a maior anunciante do Brasil, com gastos somados de R$ 3,5 bilhões. Talvez não tenha sido apenas por uma decisão de marketing.
Entre os protagonistas do enredo, impera o silêncio. O RR enviou perguntas à 123 Milhas. No entanto, a assessoria de imprensa informou que a companhia não está comentando o assunto. O mesmo se aplica ao Banco do Brasil, Banco Itaucard e Google. Todos responderam ao RR que não iriam se pronunciar.
Empresa
Americanas separa o joio do trigo em suas marcas digitais
29/08/2024A diretoria da Americanas discute o que fazer com as marcas Submarino e Shoptime – no início de julho, as duas plataformas de e-commerce foram extintas e suas operações, incorporadas à Americanas.com. A companhia já recebeu sondagens de interessados na aquisição dos brands, inclusive de marketplaces chineses. O que se diz no setor é que os executivos da Americanas consideram a Submarino descartável. A dúvida maior se dá em relação à marca Shoptime. O brand ainda pode dar um caldo, por conta do recall conquistado pela TV Shoptime entre 1995 e 2023, quando encerrou suas operações. Umas das ideias cogitada seria usar a marca em um novo formato de canal de vendas, exclusivamente nas redes sociais. A ver o que a varejista de Jorge Paulo Lemann e cia. decidirá fazer com as raspas e restos da maior fraude contábil da história do mercado de capitais brasileiro.
Economia
Recuperação extrajudicial e falência estão na ponta da língua do empresariado
13/08/2024Há um princípio de histeria entre as empresas que carregam elevados passivos ou programaram altos investimentos. O desespero reflete o medo de que a combinação da Nova Lei de Falências com debacles como as da Light ou casos tenebrosos como o das Lojas Americanas (uma prática criminosa que não entrou na Lei do Colarinho Branco, sabe-se lá por que) leve a economia a um estado de recessão.
O recorde de recuperações extrajudiciais, conforme publicado ontem pelo Valor Econômico, pode acabar criando um efeito cascata. Credores ficam mais seletivos, fornecedores temem entrar pelo cano e investimentos são suspensos. Um não paga o outro. O RR levantou, por meio de ferramenta de inteligência artificial, o número de vezes que os termos “recuperação judicial” e “recuperação extrajudicial” foram mencionados neste ano em comparação a 2023 – sendo que o atual calendário somente está nos meados do oitavo mês.
Pois bem, arredondando, o aumento foi de 2.373%. É bem verdade que a Americanas representa quase metade disso. Mas, mesmo assim, o percentual é superlativo. Com a prenunciada possibilidade de elevação da taxa de juros, com o viés de alta já aventado pelo Banco Central, as bancas de advocacia da área de falências estão esfregando as mãos.
Para dar um toque de humor negro, vale uma historieta. Nos idos de 1964, a dupla Roberto Campos e Octávio Gouvêa de Bulhões produziu um enorme arrocho monetário para o ajuste da economia do país. Os empresários já não sabiam mais o que fazer: juros altos, crédito escasso, controle da base monetária, o inferno.
Na ocasião, um dos maiores potentados do empresariado nacional, o empreiteiro Sebastião Camargo, dono da Camargo Corrêa, foi ao professor Bulhões, conforme o então ministro da Fazenda era denominado, e pediu pelo amor de Deus que o governo arrefecesse a duríssima política econômica. Afirmou que todos os empresários iriam se jogar pela janela se o ministro não mudasse de postura. Bulhões, o “santo irredutível” – conforme os dizeres de Roberto Campos – olhou Camargo com a placidez de sempre e mostrou ao empresário: “A janela está ali mesmo”.
Empresa
Fraude da Americanas coloca sob suspeição todo o comércio eletrônico
4/07/2024É que a força tarefa de Curitiba foi desbaratada e o próprio Lula fará tudo para que não se repita uma operação congênere à Lava Jato. Mas já existem mais do que indícios para que a Polícia Federal iniciasse uma “Lava Prateleira”. Os documentos contábeis da Americanas levam a diversos fornecedores. Segundo o Valor Econômico, na edição de ontem, estão sob suspeição, para se dizer o mínimo, fornecedores dos mais diversos tipos de produtos, de canetas a pastas de dente. Se a cadeia da felicidade da contabilidade de mentira se limitasse à indústria já seria péssimo, mas ela pode se estender até os demais operadores de e-commerce. A priori, não se pode sequer estimar o número de empresas de comércio eletrônico que use desse artifício contábil fraudulento.
O volume de estabelecimentos do “varejo internético” é quase impossível de ser investigado. Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), divulgados em maio de 2024, em 2022 já existiam 565.300 sites de comércio eletrônico no Brasil. Há várias plataformas do mesmo dono, o que também, caso a Lei valesse para todos, seria necessário investigar nessa “Lava Prateleira”. O negócio é tão doido que se até mesmo fossem chamadas as “big five” das auditoras (PwC, KPMG, Deloitte etc), com seus escritórios mundiais, seria difícil desatar esse emaranhado de fraudes potenciais. E, mesmo assim, a operação fantasiosa teria de ser feita com um pé atrás em relação às auditorias.
A PwC, conforme é mais do que sabido, não identificou a mutreta do risco sacado nas Americanas. O fato é que as malandragens da empresa de Jorge Paulo Lehman, Beto Sicupira e Marcel Telles fez um mal inominável ao país: criaram a economia da suspeição. O RR entrou em contato com a Abcomm e a Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e net), entidades representativas do e-commerce, mas ambas não se pronunciaram até o fechamento desta matéria.
Empresa
Um “nada consta” para os acionistas de referência das Americanas
1/12/2023Há uma razão principal para o Safra não ter aceitado o acordo com o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que prevê a conversão de dívidas a capitalização da Americanas. Na leitura dos advogados do banco, existe uma sutileza jurídica na proposta. O entendimento é que, mais à frente, o próprio trio poderá usar o acordo como uma espécie de concordância legal dos credores de que os sócios de referência da Americanas não tiveram participação na fraude contábil. Procurado, o banco não se pronunciou.
Os Safra jamais utilizariam publicamente o termo com que tratam os “Lemann Brothers”. Mas, nas internas, o epiteto comum é “fora da lei”. Não obstante a nomenclatura ser forte, os Safra não estão errados. Deixar de enxergar durante 20 anos as fraudes nos balanços da sua própria empresa merecia uma segunda Lava Jato, na versão varejo. Mas o trio calafrio tem um marketing impecável.
Lemann, Telles e Sicupira se tornaram vítimas nesse episódio de referência internacional. By the way: a Americanas não está sozinha. Não faltariam casos para entrar no radar de uma eventual “Lava Jato varejista”. O Magazine Luiza admitiu recentemente que cometeu um “erro contábil” no balanço de março, referente ao reconhecimento das receitas de bonificações a fornecedores.
Em 2019, investigação independente constatou fraudes contábeis nas demonstrações da ViaVarejo relacionadas à “manipulação da provisão para processos trabalhistas”.
Empresa
O jogo de blefe na venda do Hortifruti
16/11/2023Há uma boa dose de jogo de cena na desistência da Americanas em se desfazer da rede Hortifruti Natural da Terra. Segundo o RR apurou, a companhia mantém conversações com Pátria Investimentos e Advent com o objetivo de trazê-los de volta à disputa. As duas gestoras saíram do páreo durante as negociações e nem chegaram a formalizar uma proposta. A Americanas recebeu apenas uma oferta firme pelo Hortifruti, do fundo norte-americano Catterton, no valor de R$ 700 milhões. Um terço do que a empresa de Jorge Paulo Lemann e cia. pagou pelo ativo há dois anos. Consultada, a Americanas não quis se manifestar.
Destaque
Credores querem exumar balanços da Americanas até 2002
5/10/2023O escândalo contábil da Americanas pode ganhar uma proporção ainda maior, com consequências mais graves para a empresa e seus acionistas de referência na esfera criminal. Segundo o RR apurou, Santander e Safra se mobilizam para exigir judicialmente que a rede varejista reapresente suas demonstrações financeiras até 2002. De acordo com a mesma fonte, há indícios de que a Americanas começou a adotar a prática do “risco sacado” a partir desse período, ainda que de forma incipiente.
A exumação das contas da companhia nesse intervalo de duas décadas tornou-se um movimento essencial para atestar ou não a suspeita e, consequentemente, para a estratégia jurídica dos bancos. Os credores trabalham com a tese de que, enquanto não for comprovado o momento exato do início do ilícito – ou seja, quando a Americanas começou a fraudar seus balanços – o crime não prescreve. Guardadas as devidas proporções, é como nos casos em que há ocultação de um corpo.
Na jurisprudência consagrada pelo direito penal brasileiro para alguns desvios cometidos durante o período militar, o crime de ocultação de corpos é considerado permanente, isto é, a prescrição somente começaria a fluir depois que o cadáver fosse encontrado. O direito criminal, ressalte-se, não pode julgar por analogia. Porém, advogados ligados ao caso cogitam lançar mão de tal equivalência. E uma das estratégias jurídicas por trás da exigência é a republicação dos antigos balanços da Americanas.
Em uma livre comparação, enquanto não aparecer o “cadáver” – ou seja, o momento em que a empresa passou a usar o risco sacado e consequentemente a fraudar suas demonstrações financeiras -, o crime não seria passível de prescrição. Ou seja: o caso não acaba enquanto não for resolvida a investigação contábil. O objetivo dos credores é evitar que a Americanas e seus sócios de referência, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, consigam se livrar dos processos criminais. Procurada, a rede varejista não quis se pronunciar. Santander e Safra também não se manifestaram.
Há uma intrincada construção jurídica que está sendo feita neste momento pelos credores, a partir da investigação das antigas demonstrações contábeis da Americanas. A ofensiva do Santander e do Safra, à qual outros bancos ainda poderão aderir – se deve, em grande parte, à demora da própria empresa em examinar e averiguar suas demonstrações financeiras passadas. Até o momento, passados oito meses da revelação da fraude contábil, a companhia não republicou seu balanço de 2021, conforme havia se comprometido junto aos credores.
Tampouco divulgou seus resultados de 2022. A retificação das demonstrações financeiras é um processo chave, que pode ter grandes consequências no âmbito administrativo (CVM) e nas esferas cível e criminal.
A comprovação de fraude colocaria em xeque as contas aprovadas e, potencialmente, a legitimidade dos dividendos distribuídos a partir de lucros apurados a partir do uso de contabilidade criativa. Ou seja: caso a irregularidade contábil seja identificada, os credores poderão pedir na Justiça que os acionistas que receberam indevidamente dividendos restituam a companhia da participação nos lucros. Cabe enfatizar que a Lei de Recuperação Judicial não possui dispositivo específico determinando a devolução de dividendos distribuídos antes da recuperação judicial, ainda que baseados em lucros artificiais.
De acordo a própria Lei das S/A, em seu artigo 134 §3º, a aprovação sem ressalvas das contas pela Assembleia significa que os acionistas concordaram com as demonstrações apresentadas pelos administradores, dando a eles quitação e exonerando-os de eventual responsabilidade futura. É o chamado quitus, ato irrevogável e irretratável. Há uma única exceção, prevista no mesmo artigo: quando constado “erro, dolo, fraude ou simulação”, o que seria o caso da Americanas. No entanto, de acordo também com a Lei das S/A, em seu artigo 286, a ação para anular deliberações em assembleia geral decairia em dois anos. Ou seja: a rigor, os credores ou mesmo acionistas da Americanas só poderiam pedir a anulação das assembleias – e, consequentemente, da aprovação das demonstrações financeiras – até 2021. É pouco. Os bancos querem ir muito mais longe. Têm evidências de que devem ir muito mais longe.
Segundo o advogado Matheus Sousa Ramalho, especializado em litígios empresariais e presidente da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-RJ, alguns credores já estão se movimentado para anular a aprovação das contas da companhia como forma de viabilizar pedidos de restituição dos dividendos potencialmente distribuídos indevidamente. De acordo com Ramalho, a eventual republicação dos balanços e a consequente confirmação de que a contabilização correta da dívida financeira reverteria o resultado apurado teriam importantes implicações práticas.
Abririam uma brecha para que os credores burlassem o quitus e pleiteassem a devolução de dividendos distribuídos indevidamente referente a exercícios anteriores a 2021.
LEIA AINDA HOJE NO RR: Os balões de ensaio de Lemann e cia. para desviar o foco da Americanas
Empresa
Allos quer “despejar” Americanas de seus shoppings
19/09/2023A Allos, leia-se a empresa criada com a fusão entre BR Malls e Aliansce, está no meio de intrincadas conversações com a Americanas. O objetivo é negociar um acordo para que a rede varejista entregue algumas lojas localizadas em shopping centers da companhia. Seria uma espécie de “despejo consensual”. Segundo o RR apurou, vários contratos de locação estão com os pagamentos atrasados.
No entanto, a Americanas está protegida pela recuperação judicial: mesmo com a inadimplência, a Allos não pode obrigar a empresa a devolver as lojas. A ideia seria acertar algum tipo de acordo envolvendo um waiver de parte das dívidas. A administradora de shoppings tem outros planos para esses imóveis, a começar pela sua locação a clientes que paguem em dia. Procuradas pelo RR, Americanas e Allos não quiseram se pronunciar.
Contencioso
Banco Safra avança sobre recebíveis da Americanas
1/09/2023O Banco Safra deverá entrar na Justiça com um pedido de bloqueio dos R$ 192 milhões que a Americanas vai receber pelo encerramento das atividades da Vem Conveniência, joint venture com a Vibra Energia. A instituição financeira quer que os recursos sejam usados automaticamente para pagar credores da rede varejista. Não será a primeira vez que o Safra faz um movimento similar.
Em março, o banco conseguiu, por meio de decisão da 18ª Câmara de Direito Privado do TJ-Rio, reter R$ 95 milhões em recursos da Americanas para cobrir créditos contra a companhia. No total, a empresa de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles deve R$ 2,4 bilhões ao Safra. Procurados pelo RR, Americanas e Safra não se manifestaram.
Finanças
BB é mais um a precificar em balanço o possível calote da Americanas
28/08/2023A demora na aprovação do plano de recuperação judicial da Americanas está empurrando o Banco do Brasil para a ponta extrema do conservadorismo. O banco deverá provisionar 100% da dívida da rede varejista – R$ 1,6 bilhão – já a partir do balanço do terceiro trimestre. Ou seja: o passivo da Americanas passará a ser grau H, o pior nível de acordo com a classificação de risco de operações de crédito adotada pelo Banco Central. Atualmente, o Banco do Brasil provisiona o equivalente a 70% da dívida da Americanas, aproximadamente R$ 1 bilhão. O BB não será a primeira instituição a considerar a hipótese de não receber um centavo da companhia de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Ressalte-se que o Itaú e Bradesco já provisionou 100% dos créditos contra a companhia. Procurado pelo RR, o BB não quis comentar o assunto.
Empresa
Carrefour prepara nova oferta de ações do Atacadão
11/07/2023Enquanto o concorrente Casino está com um pé e meio fora do Brasil, o Carrefour pretende fortalecer sua posição no país. Há informações no mercado de que os franceses preparam um follow on do Atacadão. O grupo tem folga para ofertar um novo lote de ações na Bolsa: detém 66% do capital. Afetado pela crise que se abateu sobre todo o setor de varejo, na esteira do escândalo das Americanas, o papel não está no seu melhor momento: é negociado em torno de R$ 11,55, cerca de 11% abaixo da cotação registrada há exatamente um ano. Nos últimos dois meses, no entanto, a ação tomou um novo fôlego impulsionada por análises positivas de departamentos de research – o Citibank, por exemplo, recomendou a compra e estabeleceu um preço-alvo de R$ 15. Consultado, o Carrefour não se pronunciou.
Destaque
Ame Digital está na mira do Mercado Pago
3/07/2023O RR apurou que o Mercado Pago está na disputa pela compra da Ame Digital, fintech colocada à venda pela Americanas em meio ao seu processo de recuperação judicial. Com a aquisição, o braço financeiro do Mercado Livre poderá se consolidar como um dos maiores bancos digitais do país, notadamente em soluções de pagamento e crédito ao consumidor. O Mercado Pago mira no que há de mais valioso da Ame: uma carteira com mais de 30 milhões de contas ativas. A fintech nasceu, em 2018, como um apêndice da Americanas, quase que exclusivamente para atender o ecossistema de vendas da rede varejista. Hoje, no entanto, é uma operação independente, que soma ainda cerca de dois milhões de cartões e um volume de movimentações financeiras da ordem de R$ 35 bilhões no ano passado. Ainda assim, está longe de ser um negócio rentável: em 2022, teve um prejuízo de R$ 696 milhões. Procurados pelo RR, Mercado Pago e Americanas não quiseram comentar o assunto.
Além de ser um negócio importante per si, com mais de 45 milhões de contas cadastradas, o Mercado Pago tende a ter um peso cada vez maior para a própria operação do Mercado Livre no Brasil. Principalmente por conta do ambiente de maior concorrência no e-commerce, diante dos investimentos já anunciados pelas chinesas Shein e Shopee no Brasil. Gradativamente, o Mercado Pago tem ampliado seu escopo de atuação: da conta digital e das soluções de pagamento, seus negócios originais, já espraiou sua atuação para a área de segurança, criptomoedas e, mais recentemente, investimentos, com a criação de fundos próprios.
Empresa
Acionistas da Renner só pensam em um nome: José Galló
22/06/2023Há um zunzunzum nos corredores da Renner de que fundos acionistas da companhia estariam tentando convencer José Galló a reassumir a presidência, ainda que em caráter temporário. A volta de Galló à cadeira de CEO, hoje ocupada por Fabio Faccio, teria como objetivo dar um choque de expectativa no mercado neste momento em que o varejo vive uma notória crise de crédito, no arrasto das fraudes da Americanas. Ou seja: Galló, com todo o seu justificável prestígio, seria uma espécie de avalista da Renner, junto notadamente a bancos e fornecedores. O executivo, que hoje comanda o Conselho de Administração da rede varejista, é uma reserva de competência e reputação da companhia.
Segundo informações filtradas da Renner, ainda que não formalmente, na prática é como se José Galló já estivesse assumindo aos poucos as funções de presidente. Nos últimos meses, o chairman passou a ter uma interlocução mais frequente com os diretores. Estaria, inclusive, participando diretamente de algumas decisões estratégicas nevrálgicas, como o fechamento de lojas do grupo – só da bandeira Camicado, 13 pontos de venda encerraram suas atividades desde janeiro. Na esteira das turbulências que afetam o varejo como um todo, a Renner não vive um momento dos mais alvissareiros. No primeiro trimestre do ano, reportou um lucro de R$ 46,8 milhões, 75% inferior ao resultado obtido em igual período em 2022. A companhia enfrenta ainda problemas em sua operação internacional, como o fechamento temporário de lojas na Argentina, conforme o RR já noticiou. Na visão dos acionistas, Galló é o comandante certo para a Renner atravessar essas tormentas. Em contato com o RR, a empresa afirmou “José Galló é o presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner S.A. e, assim como os demais conselheiros, atua próximo do negócio, dentro do seu papel.” Perguntada especificamente sobre a eventual volta de Galló ao cargo de CEO, a companhia não se pronunciou.
Empresa
Americanas faz demissões em sua operação digital
15/06/2023O lado mais fraco da corda segue pagando a conta das fraudes na Americanas. Como se não bastasse o fechamento de loja atrás de loja, a empresa estuda uma leva de demissões na operação do Submarino e do Shoptime, canais de vendas digitais. No caso deste último, há dúvidas até sobre a continuidade do negócio. Ressalte-se que a Americanas já encerrou as atividades do Shoptime na TV aberta e fechada. Os programas estão disponíveis apenas nas redes sociais.
Crédito
Equipe econômica elabora uma versão do “Desenrola” para os fornecedores da Americanas
6/06/2023Um dos novatos da Fazenda, levado por Fernando Haddad para o governo, sugeriu uma reunião com o Banco Central para propor a redução do recolhimento compulsório sobre os depósitos a prazo e à vista como uma solução temporária para o desengargalamento do crédito, provocado pela crise das Americanas. Os recursos que deixariam de ser recolhidos ao BC serviriam para cobrir a inadimplência da empresa junto aos fornecedores. Ou seja: essa espécie de “Desenrola” versão Americanas daria fôlego para os próprios bancos refinanciarem essas dívidas. Ressalte-se que a companhia e seus acionistas não ficariam livres de pagar um centavo do que devem. Na proposta idealizada pelo jovem economista da equipe econômica, o próprio BC ou a União passaria a ser o detentor dos créditos contra a rede varejista. Teria de ser feito um encontro de contas ou algum expediente que levasse em consideração a liberação dos recursos do recolhimento para o sistema financeiro e, em contrapartida, a assunção da cobrança da dívida por parte do Estado.
Trata-se de uma engenharia intrincada, mas com significativo impacto para aliviar o garrote da crise no crédito. O calote da Americanas atingiu mais de oito mil fornecedores, o equivalente a mais de 85% da lista total de credores apresentada pela empresa em seu plano de recuperação judicial (em torno de 9,4 mil). Em termos financeiros, o passivo com essa classe corresponde a aproximadamente 11% das dívidas totais inscritas na recuperação, de R$ 50,1 bilhões. Nesse rol, figuram grandes corporações, com fôlego para aguentar o tranco, como a Samsung, a quem a Americanas deve mais de R$ 1,2 bilhão. No entanto, a fila de fornecedores é, em grande parte, composta por empresas de menor porte, sem gordura para financeira para suportar a inadimplência da rede varejista.
No caso do recolhimento agir como funding, seria uma forma dos bancos resolverem o problema abrindo, indiretamente, o seu próprio bolso, porque os depósitos retidos no BC são, em última instância, das instituições financeiras. Caso a geringonça ande para frente, há que se ver o que acha o BC, que tem mantido os juros lá em cima para apertar a liquidez e cumprir a draconiana meta de inflação de 3,25%, neste ano, e 3% em 2024. A autoridade monetária teria de fazer um movimento contraditório de fechar a mão que fere com o ferro da Selic e abrir a outra mão, que afaga e irriga com o compulsório.
Atualmente, conforme a agência de rating Fitch divulgou ao jornal O Globo, o número de empresas no Brasil com chance real de calote subiu de três para 10. Na Fazenda, há quem compare – como a fonte do RR – o episódio das Americanas a uma versão pocket da crise da Federal Home Loan Mortgage Corporation – ou Freddie Mac – e da Federal National Mortgage Association Fannie Mae, os dois pilares do refinanciamento imobiliário dia Estados Unidos. A hecatombe levou o FED a intervir nas empresas e bancos afetados por um risco de quebra generalizado.
Destaque
São Carlos “paga” a fatura da fraude da Americanas
2/06/2023A São Carlos Empreendimentos – holding que reúne investimentos imobiliários de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – parece estar pagando parte da conta da fraude contábil da Americanas. Literalmente. Há informações no setor que a empresa estuda se desfazer de alguns dos principais empreendimentos do seu portfólio, notadamente em São Paulo. Um dos ativos sobre o balcão seria o Edifício Corporate Plaza, um edifício de 17 andares na Chácara Santo Antônio. Corre também à boca miúda que a São Carlos estaria disposta a se desfazer da EZ Towers – Torre A, uma mega torre de escritórios na região da Berrini, com 31 pavimentos. Trata-se de um dos pingentes mais valiosos no colar de ativos da companhia – o edifício representa cerca de 14% da ABL (Área Bruta Locável) do portfólio de escritórios da companhia.
Coincidência ou não – muito provavelmente, não -, desde que o escândalo da Americanas estourou, a São Carlos tem vendido ativos da sua carteira em um ritmo sem precedentes. Em março, se desfez do Edifício Leblon Green, na Zona Sul do Rio, por R$ 91 milhões. Em abril, negociou, por R$ 90 milhões o Edifício Itaim Center. No mesmo mês, vendeu o edifício João Brícola, que sediou a loja de departamentos Mappin por mais de 60 anos, ao valor de R$ 71,5 milhões. A eventual venda do Corporate Plaza e da EZ Towers teria um impacto maior e daria uma outra ordem de grandeza à alienação de ativos da empresa de Lemann, Telles e Sicupira. Para efeito de comparação, há cerca de três anos, o BTG comprou a Torre B da EZ Towers por quase R$ 1 bilhão. Não que o trio precise. Mas, apenas a título ilustrativo: esse valor já cobriria pouco mais de 8% do aporte de capital da Americana prometido por Lemann e cia. – da ordem de R$ 12 bilhões.
No setor de real estate, a redução no portfólio da São Carlos tem alimentado rumores até mesmo sobre a continuidade de Lemann, Sicupira e Telles no negócio. Em conversa com o RR, a companhia afirmou que “a reciclagem de ativos faz parte do modelo de negócio da companhia que c/tem como objetivo comprar, realiza retrofit, alugar e vender os imóveis com ganho de valor sobre o valor pago”. Perguntada sobre a possibilidade de venda do próprio controle da companhia, a São Carlos garantiu que “Não há nenhum movimento dos acionistas nesse sentido.”
A São Carlos Empreendimentos e a Americanas estão historicamente imbricadas. A empresa de real estate nasceu nos anos 80 exatamente para administrar os imóveis da rede varejista. Cresceu e se tornou dona de uma das mais valiosas carteiras de ativos imobiliários, notadamente corporativos, do país. Ao longo do tempo, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles foram pulverizando suas participações acionárias na companhia entre os herdeiros. A composição societária da São Carlos é uma galeria dos três afortunados sobrenomes: ao todo, dez filhos de Lemann, Sicupira e Telles dividem o controle da empresa. Na prática, porém, todo o mercado sabe que é o trio que dá as cartas na São Carlos.
Negócios
Magazine Luiza surge como candidata à compra de ativo da Americanas
18/05/2023O Grupo Uni.co, colocado à venda pela Americanas, foi oferecido ao Magazine Luiza. A conversa é conduzido pelo Citibank, que está com o mandato para a venda da companhia. Nos últimos três anos, a empresa de Luiza Helena Trajano manteve uma política voraz de M&As, com mais de 20 aquisições. A ver se o apetite segue o mesmo, com a retração do consumo e a crise de desconfiança no varejo, deflagrada pela fraude contábil da própria Americanas. Ressalte-se que, nesta semana, o Magazine Luiza reportou ao mercado resultados frustrantes. Entre janeiro e março, a empresa teve perdas de R$ 309 milhões, o que significou o quinto trimestre consecutivo no vermelho. O Ebitda, de R$ 448 milhões, ficou 12% abaixo das projeções. O mercado respondeu rapidamente aos números: em um único pregão, o papel caiu 18%. O que não chega a ser uma novidade na trajetória recente da companhia: desde o pico histórico da ação – R$ 24,20 em novembro de 2020 -, o valor de mercado do Magazine Luiza caiu 85%. Entre tantos indicadores decepcionantes, há, ao menos, um importante contraponto: as vendas das lojas físicas da rede subiram 6,7% em relação ao primeiro trimestre de 2022, acima do crescimento da receita geral do grupo (3,5%). Esse bom desempenho no varejo presencial pode ser um estimulante para a aquisição do Grupo Uni.co.
O Grupo Uni.co reúne as lojas Imaginarium, Puket e Lovebrands. São aproximadamente 420 lojas, todas no sistema de franquia. O que se diz no mercado é que a Americanas já se dará por satisfeita em empatar o valor pago na compra do Grupo Uni.co em 2021 -cerca de R$ 350 milhões, entre a aquisições de ações e assunção de dívida. No entanto, por todas as circunstâncias já sabidas, a posição da companhia de Jorge Paulo Lehman, Marcel Telles e Beto Sicupira à mesa de negociações é extremamente frágil.
Empresa
Americanas aumenta o número de lojas no “corredor da morte”
11/05/2023O RR apurou que a direção da Americanas discute o fechamento de aproximadamente 120 lojas até o fim do ano. São 50 unidades a mais do que o número inicialmente estimado pela rede varejista para minimamente equilibrar os custos operacionais. A guilhotina é geral: incluiria pontos de venda de rua, em shoppings e estabelecimentos no conceito Express, de menor porte. O número equivale a cerca de 6% do total de lojas da bandeira Americanas. Desde o estouro da fraude contábil, em janeiro, a empresa já desativou 17 unidades. Procurada, a Americanas não quis se manifestar.
Empresa
Americanas e Vibra a caminho dos tribunais
6/04/2023O desenlace forçado entre a Americanas e a Vibra Energia pode parar na Justiça. O RR apurou que a área jurídica da rede varejista estuda acionar a ex-parceira exigindo o pagamento de uma indenização pelo rompimento da joint venture mantida entre as duas empresas no negócio de lojas de conveniência. A Americanas alega ter direito ao ressarcimento pela decisão unilateral da Vibra de encerrar a associação. De acordo com a mesma fonte, até agora as gestões feitas junto à empresa de energia deram em nada. A antiga BR Distribuidora não reconhece qualquer dívida. Nos bastidores, o clima entre as duas ex-parceiras é tenso. De acordo com a mesma fonte, executivos da Vibra dizem, em conversas reservadas, que a Americanas estaria agindo de má fé, com o objetivo de acenar aos seus credores e acionistas com uma suposta receita adicional. Procuradas pelo RR, as duas empresas não quiseram se manifestar.
Destaque
Venda da Kraft Heinz entra no radar de Lemann e seus sócios
13/03/2023O escândalo da Americanas pode levar a uma rearrumação na prateleira mais alta dos negócios de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Entre os cenários traçados pelo trio a partir da grave crise financeira da rede varejista está a venda da participação na Kraft Heinz – segundo informações apuradas pelo RR junto a duas fontes próximas à 3G Capital. A operação ajudaria a reduzir o impacto que a inexorável capitalização da Americanas terá no bolso de Lemann, Telles e Sicupira. O caminho mais provável, de acordo com as mesmas fontes consultadas pelo RR, seria uma negociação em bloco das ações da gigante global da área de alimentos, o que permitiria aos três investidores capturar um prêmio sobre o preço da ação em bolsa. A 3G detém 7,9% do capital da Kraft Heinz. Com base no valor de mercado da companhia, trata-se de algo equivalente a US$ 3,7 bilhões ou o correspondente a R$ 19 bilhões, quase duas vezes o aumento de capital de R$ 10 bilhões que os acionistas de referência da Americanas negociam com os credores. Em tempo: ao que tudo indica, o mercado ainda não acusou a possibilidade de venda da Kraft Heinz, dada a acomodação dos preços do papel. Desde meados de janeiro, a cotação tem oscilado em um intervalo pequeno, entre US$ 38 e US$ 41.
A fraude contábil na Americanas, ao que tudo indica, já começou a mexer no mosaico de ativos de Lemann, Sicupira e Telles. No início de março, a 3G Capital negociou em bolsa cerca de 2,2 milhões da Restaurant Brands International, dona do Burger King, amealhando US$ 143 milhões. Difícil dissociar a venda da Kraft da crise na rede varejista e da necessidade de um aporte emergencial na companhia. A negociação de ambas as empresas seria o desmonte da dobradinha entre hambúrguer e ketchup, que, ao lado da cerveja, leia-se AmBev, formou a tríade de alimentos nada saudáveis que fez de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles os mais transnacionais entre todos os empresários brasileiros.
Sob certo aspecto, talvez a hecatombe da Americanas esteja apenas precipitando decisões e acelerando passos que já vinham sendo dados, ainda que em uma cadência mais lenta. Em novembro de 2021, a 3G vendeu em mercado 30,6 milhões de ações da Kraft Heinz. Poucos meses depois, em maio de 2022, aumentou a dose, repassando a outros investidores mais 88 milhões de ações. Sua participação, que chegou a ser de 24%, caiu para os atuais 7,9%. Ou seja: a inapetência de Lemann, Sicupira e Telles pela companhia não vem de hoje. Não custa lembrar que, a exemplo da Americanas, a Kraft também carrega a mácula de uma fraude contábil. Em 2021, a empresa fechou um acordo com a SEC e pagou uma multa de US$ 62 milhões para encerrar uma investigação sobre a assinatura de contratos falsos com fornecedores.
O fato é que a fusão entre as antigas Kraft e Heinz não surtiu as sinergias e ganhos na proporção idealizada por seus acionistas. Que o diga Warren Buffett, sócio do trio na empresa. Há pouco mais de um mês, Charles Munger, vice-presidente do Conselho da Berkshire Hathaway, fundo de Buffett, e um dos principais vocalizadores do megainvestidor, disse que “a parceria da empresa com a 3G Capital para a formação da Kraft Heinz não funcionou bem”. E 2019, o próprio Buffett afirmou que “pagou caro demais pela Kraft”. Talvez a Americanas seja apenas o acelerador de um desmanche mais do que anunciado. Ou o trio Lemann, Sicupira e Telles esteja mesmo fazendo uma inflexão com o objetivo de partir para outros negócios.
Justiça
Americanas provoca operação de guerra no TJ-RJ
8/03/2023Já há uma movimentação no TJ do Rio para a transferência temporária de servidores de outras esferas do Tribunal para a 4ª Vara Empresarial, comandada pelo juiz Paulo Assed Estegan. O objetivo é dar conta do processo de recuperação judicial da Americanas. Só de credores são quase dez mil pessoas físicas e jurídicas. Desde já, uma das maiores preocupações é o trabalho coordenado com a Justiça norte-americana – vários bancos credores já sinalizaram que vão entrar com ações contra a rede varejista em Nova York.
Negócios
A comunicação da Americanas também está cheia de “inconsistências”
13/02/2023Depois da fraude, o engodo. O comunicado publicado hoje pela Americanas nos principais jornais do país, assinado pelo CEO interino, João Guerra, é uma peça com informações artificiais, cujo objetivo não dito é usar os funcionários da empresa como trampolim da comunicação junto aos demais públicos afrontados – credores, fornecedores e os próprios colaboradores da companhia. Dirigindo-se aos “amigos da Americanas” – ainda existe algum? -, a empresa não responde às questões centrais, fala o óbvio e vale-se de um simulacro da realidade para induzir os leitores a acreditarem que a companhia navega em águas mais tranquilas. Só que o dilúvio não passou. Só mesmo uma alta dose de cinismo para classificar o acréscimo de cem mil novos seguidores nas redes sociais como uma demonstração de “carinho” dos clientes. Ora, no ano passado, nos primeiros 30 dias após às graves denúncias de assédio a menores, o ex-vereador do Rio, Gabriel Monteiro, somou mais de 200 mil novos seguidores nas mídias digitais. Pela linha de raciocínio da Americanas, teria sido uma manifestação de “carinho” da população carioca ao então parlamentar?
A Americanas cita igualmente o número de 13 milhões de seguidores no Instagram como se isso fosse um atestado reputacional. Se é para se orgulhar de seus indicadores nas redes sociais, talvez a companhia pudesse ter dito que esses 13 milhões do Instagram equivalem a 86 vezes o total de seguidores da FTX, a exchange de criptomoedas protagonista de uma das maiores fraudes financeiras dos Estados Unidos. O que vale para um valeria para outro, colocadas as múltiplas ressalvas. Em tempo: não há nada que comprove que esse número de adesões nas redes sociais tenha se dado por geração espontânea e não por expedientes artificiais.
Na ponta do lápis, se é para extrair estatísticas da Internet, os números do noticiário dizem muito mais sobre a Americanas e o esfarelamento do seu capital reputacional. De acordo com ferramenta de monitoramento da mídia utilizada pelo RR, desde o dia 11 de janeiro, quando a companhia revelou publicamente suas “inconsistências contábeis”, os principais jornais e sites de notícia do país publicaram 20.808 matérias vinculando a Americanas à palavra “rombo”. O termo “fraude”, por sua vez, aparece 8.447 vezes. Hoje, são expressões indissociáveis da rede varejista e de seus acionistas Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Nas redes sociais, o sentimento acompanha o diapasão das mídias. De acordo com outra ferramenta, específica para perfis nas mídias digitais, o RR levantou que, nos últimos sete dias, 70,4% das citações à Americanas são negativas. Cerca de 23,7% das referências foram classificadas como neutras. Menções positivas? Apenas 5,9% do total.
Na peça, a Americanas menciona ter mantido a certificação RA 1000, uma espécie de “investment grade” conferido pela plataforma Reclame Aqui às empresas com melhores índices de atendimento ao consumidor. Trata-se de um terço da verdade. Apenas as lojas físicas da empresa, com 1.400 reclamações nos últimos 12 meses, ostentam o RA 1000. Por sua vez, a Americanas Marketplace e a loja online da Americanas, tratadas pelo Reclame Aqui como entes distintos, não possuem o certificado. Ambas somam, respectivamente, 44 mil e 17 mil reclamações nos últimos 12 meses, sendo que a última está com reputação em declínio no intervalo de 60 dias.
No comunicado, a Americanas diz ainda que “salários, benefícios e direitos são a prioridade da administração”. Estranho seria se dissesse o contrário. Sobre o que realmente aflige os funcionários, nenhuma palavra. Não há qualquer menção à preservação de postos de trabalho ou lojas. Assim como não existe qualquer informação nova aos credores.
Diante de um comunicado vazio e tão cheio de “inconsistências”, fica até a dúvida: os acionistas de referência da Americanas chegaram a tomar ciência do texto ou também vão dizer que não sabiam de nada?
Destaque
Justiça norte-americana é a maior ameaça a Lemann, Telles e Sicupira
10/02/2023Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira estão chorando migalhas para capitalizar as Lojas Americanas. Não querem colocar um “bilhãozinho” sequer da sua fortuna pessoal – o patrimônio somado do trio, segundo a Forbes, é de R$ 160 bilhões. Mas, se forem acionados na Justiça norte-americana, os mais festejados capitalistas do Brasil talvez tenham de pagar muito mais caro. Segundo juristas ouvidos pelo RR, um dos maiores fatores de risco é como a Corte dos Estados Unidos vai encarar a responsabilidade da Americanas e de seus principais sócios à luz da Absolute Priority Rule. Em linhas gerais, trata-se do regramento do direito norte-americano que estabelece a ordem de pagamento dos credores nos processos falimentares, segmentando cada classe da maior para a menor preferência no recebimento de valores. Em seu fato relevante, a própria Americanas admitiu que suas demonstrações financeiras divulgadas nos últimos anos partiram de premissas equivocadas. Mais do que isso: os erros contábeis colocam em xeque os resultados positivos apurados pela companhia. Ou seja: muito provavelmente, a rede varejista distribuiu dividendos e bônus em cima de lucros imaginários, para não dizer ganhos maquiados. Esses pagamentos pregressos podem ser interpretados pela Justiça norte-americana como uma violação à Absolute Priority Rule. Se as demonstrações financeiras retificadas da Americanas trouxerem uma reversão do resultado, isto é, lucro virar prejuízo, a companhia estará “confessando” à Justiça dos Estados Unidos que gastou ontem o dinheiro que deveria ser usado hoje para o pagamento de credores. Nessa hipótese, ficará configurado que acionistas e executivos “furaram” a fila de credores – no direito falimentar norte-americano, ambos são considerados “residual owners”, na prática aqueles que somente podem receber depois que todos os credores forem pagos.
No Brasil, o mea culpa da Americanas em relação aos erros das suas demonstrações financeiras não produz efeitos adversos na recuperação judicial. O mesmo não pode ser dito no caso dos Estados Unidos. O direito norte-americano prevê a figura do claw back, que se aplica tanto à falência quanto aos procedimentos de reestruturação judicial. Por esse mecanismo, os beneficiados indevidamente pela distribuição de dividendos e bônus podem ser obrigados a devolver os valores recebidos, para que os recursos sejam redistribuídos entre os credores, seguindo a ordem rígida imposta pela Absolute Priority Rule. E, em caso de irregularidades, quem mais teria se locupletado de dividendos gerados artificialmente se não o trio Lemann, Sicupira e Telles, maiores acionistas da companhia?
O claw back é um afiado bisturi que corta fundo empresas fora da lei e seus gestores. O mecanismo permite também que transações fraudulentas deliberadamente preparadas pelo devedor para dilapidar o patrimônio antes do pedido de reorganização sejam objeto de impugnação. Pode ser aplicado também para suspender operações financeiras ou societárias realizadas dentro de um período considerado “suspeito”. Nesse caso a Justiça costuma perseguir medidas realizadas por acionistas que poderiam configurar algum tipo de proteção já antevendo que uma bomba está prestes a explodir. Apenas a título ilustrativo: a Corte dos Estados Unidos pode, por exemplo, colocar foco sobre a reestruturação societária das Americanas em 2021, quando Lemann, Sicupira e Telles deixaram de exercer a figura de controladores para se tornar “apenas” acionistas de referência, reduzindo sua participação acionária de 53,3% para 29,2%.
Um exemplo do rigor com que a Justiça norte-americana costuma tratar violações à Absolute Priority Rule e determinar o claw back: no caso Madoff, uma das maiores fraudes financeiras da história, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos permitiu que algumas vítimas que investiram de boa-fé na pirâmide devolvessem parcela dos recursos recebidos. A medida foi adotada exatamente para assegurar que a divisão dos ganhos e prejuízos entre os credores fosse feita de maneira homogênea. Outro episódio que mostra a enrascada jurídica de Lemann e cia.: no recente caso de fraude da FTX, Sam Bankman-Fried, fundador da empresa, teve a sua prisão decretada pouco tempo depois do recebimento do pedido de falência, com base no Chapter 11, e da rápida proliferação de solicitações de claw back. Acusado de envolvimento nas fraudes que levaram ao colapso da exchange de criptomoedas, Bankman-Fried só deixou a cadeia, para acompanhar o processo em liberdade, após pagar uma fiança de US$ 250 milhões. A imagem de Fried escoltado por policiais e com uma tornozeleira eletrônica certamente não se coaduna ao que um dia Lemann, Sicupira e Telles convencionaram chamar de o “sonho grande”.
No arcabouço jurídico norte-americano sobram previsões legais que tornam a situação não só da Americanas como de Lemann, Telles e Sicupira bem mais delicada. Nos Estados Unidos existem as chamadas Punitive Damages, ou “danos punitivos”, também conhecidas como “danos exemplares”, que pode multiplicar dezenas de vezes o valor das indenizações devidas aos credores lesados. O espírito das Punitive Damages é exatamente fazer com que o ilícito saia muito mais caro para o fraudador do que os lucros auferidos com as irregularidades. Na legislação brasileira, não existe punição equivalente. “No direito norte-americano existe uma série de standards jurisprudenciais e doutrinários aplicáveis aos casos de securities litigation com enredo semelhante ao da Americanas. Portanto, é mais fácil antever a consequência de alguns atos do que no direito brasileiro”, afirma ao RR o advogado Matheus Sousa Ramalho, especializado em direito empresarial e litígios falimentares e presidente da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB-RJ. Ramalho ressalta que no direito norte-americano “o tipo de prova separa o joio do trigo, isto é, distingue as hipóteses de erro grosseiro da cegueira deliberada, que imputa o conhecimento do ilícito ao beneficiário, e, principalmente, da fraude ou conduta equiparável. Essa mistura de normas substanciais e processuais facilita a aplicação do regime indenizatório a ser aplicado em cada caso, fazendo com que exista maior clareza no cálculo da dosimetria das penas e liquidação dos danos”.
Segundo Ramalho, “algumas particularidades do modelo processual praticado nos Estados Unidos facilita a reunião de elementos probatórios para a construção de teses jurídicas mais certeiras, por meio dos procedimentos de Discovery”. Por Discovery entenda-se uma série de mecanismos do direito norte-americano que permitirão à Justiça dissecar as entranhas contábeis da Americanas, desvendar o modus operandi ilícito e eventualmente comprovar a participação dos acionistas de referência. Por este instrumento, antes mesmo do início formal do processo, o juiz pode permitir que as partes façam uma varredura cruzada em busca das melhores provas para a construção do caso. É que os juristas chamam de “busca da verdade real”. “Poucos países dispõem de um instrumento similar e tão contundente para investigar o cometimento de um eventual ilícito. Os mecanismos assegurados pelo procedimento de Discovery poderiam trazer maior transparência sobre as informações contábeis da Americanas, o que possibilitaria a realização de perícia contábil-econômica com base em informações bastante próximas da realidade. Além disso, o Discovery possibilitaria quebra do sigilo de comunicações entre os investigados, assim como a acesso à amplo acervo documental para além da contabilidade,”, explica Matheus Ramalho.
É irônico constatar que foi a própria Americanas que trouxe a Justiça dos Estados Unidos para o caso ao evocar o Chapter 15, pedido já deferido pelo juiz Michael E. Wiles, do Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. Em busca de um movimento preventivo, os advogados da empresa teriam acionado os mecanismos de proteção previstos na referida seção do Bankruptcy Code com um objetivo principal: obter os efeitos advindos do Automatic Stay, ou seja, o poder de paralisar a realização de medidas expropriatórias contra a companhia. Trata-se de um hedge que vai além das fronteiras dos Estados Unidos: diversos países atribuem ao Automatic Stay reconhecido pelas Bankruptcy Courts norte-americanas eficácia global. No entanto, o movimento feito pelos advogados da Americanas traz um risco embutido, ao abrir brecha para que a própria Justiça dos Estados Unidos americana chame para si um protagonismo maior na investigação e responsabilização de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.
Negócios
Americanas custou muito caro para o BlackRock
1/02/2023O BlackRock realizou um senhor prejuízo ao se desfazer de quase toda a sua participação na Americanas. Segundo o RR apurou, a maior parte da posição – algo em torno de 40 milhões de ações – foi montada entre novembro e dezembro, quando o papel foi negociado a um preço médio de R$ 13,08. Na semana passada, quando o BlackRock se desfez de aproximadamente 5% da rede varejista, a cotação não passava de R$ 1. Ou seja: uma perda superior a 90%.
Destaque
Lojistas do marketplace da Americanas buscam proteção na Justiça
31/01/2023Além dos bancos e dos fornecedores, empresas de e-commerce que atuam no marketplace da Americanas também buscam mecanismos de proteção contra um eventual calote de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Segundo o RR apurou, diversos sellers, como são chamados os lojistas parceiros, estão se mobilizando para entrar na Justiça contra a rede varejista. Esse grupo incluiria de pequenos e médios varejistas a grandes fabricantes de eletroeletrônicos que mantém lojas próprias hospedadas no Americanas.com, como LG e Samsung – esta última um dos fornecedores que mais têm apertado o cerco contra a companhia. O objetivo dos sellers é obter alguma medida cautelar que garanta o pagamento antecipado referente às vendas realizadas por meio do Americanas.com. Não é só. De acordo com a mesma fonte, paralelamente lojistas parceiros têm reduzido ou mesmo cancelado a oferta de produtos no site da varejista. Ou seja: na prática, estão brecando novas vendas de mercadorias por meio da plataforma de e-commerce.
Entre os sellers, há um crescente temor de que a rede varejista dos “Lemann Brothers” não honre os pagamentos aos vendedores que coabitam a Americanas.com. Hoje, todas as vendas realizadas por meio da plataforma de e-commerce são faturadas pela própria Americanas, que retém as comissões previstas em contrato e posteriormente repassa o restante do valor aos parceiros. Em contato com o RR, a Americanas assegurou que “mantém o fluxo normal de repasse em seu marketplace e realizou normalmente na data de 16/01 o pagamento aos sellers. As operações seguem da mesma forma, tanto para pequenos parceiros, como para indústrias que usam a plataforma da companhia”. A questão é: até quando a rede varejista seguirá com o “fluxo normal”? Desde o estouro da fraude contábil, a Americanas passou a viver um dia de cada vez, e o que vale para hoje pode não existir amanhã. A preocupação dos lojistas é que, mesmo com o pedido de recuperação judicial, credores consigam penhorar recebíveis da Americanas, afetando os pagamentos da rede varejista aos parceiros do marketplace. À boca miúda, segundo a fonte do RR, os sellers temem também que a empresa comece a reter deliberadamente repasses pelas vendas feitas no Americanas.com para cobrir pagamentos a outros credores com maior poder de pressão, notadamente os próprios bancos e fornecedores. Pode até ser excesso de paranoia, mas como tirar a razão dos varejistas? A essa altura, a credibilidade de Lemann, Telles e Sicupira está no chão.
A grave crise da Americanas ameaça levar de arrasto um enorme ecossistema de parceiros no marketplace. Ao todo, a Americanas.com soma quase 150 mil sellers – em sua maioria, pequenos e médios varejistas com baixo fôlego financeiro. Para piorar, o escândalo contábil estourou justo em um momento que a relação entre a companhia e os parceiros lojistas já enfrentava alguns solavancos. Segundo o RR apurou, em 1º de janeiro deste ano – coincidentemente poucos dias antes da fraude da Americanas vir a público -, a rede varejista aumentou a taxa de comissão cobrada dos sellers. Em alguns segmentos, como o de higiene, a derrama passou de 12% para 17%. Naquele momento, acionistas e dirigentes da Americanas já sabiam que iriam precisar de receita nova para cobrir seu enorme rombo contábil.
Negócios
Americanas só terá produtos da Samsung se pagar à vista
30/01/2023O RR apurou que a Samsung, um dos maiores fornecedores da Americanas, está exigindo pagamento à vista para entregar novas mercadorias à empresa. A dívida dos “Lemann Brothers” com a fabricante de eletroeletrônicos passa de R$ 1 bilhão. A Samsung, ressalte-se, está apertando a Americanas step by step. Primeiro, cobrou a dívida de forma agressiva. Depois, passou a exigir a devolução de mercadorias não quitadas. E agora exige o pagamento das faturas à vista.
Negócios
Fraude da Americanas joga luz sobre os fios soltos da Light
27/01/2023Dessa vez não é o caso de recomendar “follow the money”, conforme fizeram os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein na investigação do Caso Watergate. A receita a seguir agora é buscar a accounting inconsistency. Basta uma rápida pesquisa sobre os nomes de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira e suas empresas para verificar que as estranhezas na contabilidade são também um fator de união do trio. Mesmo quando os negócios são individuais e pertencem somente a um dos três sócios, surgem “inconsistências”. A Light, que é controlada por Sicupira (10% do capital) e o banqueiro Ronaldo Cezar Coelho (majoritário, com 20%), não carrega acusação de fraudes. Mas trata-se de uma gestão no mínimo esquisita. Não são comuns os episódios em que o chairman e o CEO – no caso específico da Light, respectivamente os badalados Firmino Sampaio e Raimundo Nonato, contratados para dar um choque de gestão na companhia – abandonam quase conjuntamente o manche da empresa sem dar maiores justificativas.
A Light tem um problema crônico que dificulta a realização de lucros mais permanentes: os chamados “gatos” ou furto de luz. A companhia calcula que o nível de perda de energia chega a 80% do que é fornecido em comunidades, o que representa algo em torno de R$ 600 milhões. A empresa estima que a energia furtada em sua área de concessão daria para abastecer todo o município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por quatro anos.
A situação da Light, com prejuízos recorrentes no ano passado, pode piorar. A expectativa de uma reestruturação rápida micou com a saída de Nonato. Segundo o JP Morgan, a devolução dos créditos tributários é outro pepino para a companhia descascar, em um ambiente econômico imprevisível e com o custo da dívida subindo. O esperado turnaround da Light com a chegada de Beto Sicupira e seu apoio a Ronaldo Cezar Coelho ficou a ver navios. Ou “gatos” nas contas de luz.
Com o episódio das Americanas, a Light foi em alguma parte contaminada. Há acionistas dispostos a mergulhar nas contas dos negócios. São números estranhos, para uma empresa estranha com controladores diferenciados, digamos assim. Ronaldo Cezar Coelho não tem um histórico de “inconsistências contábeis”, não obstante carregar 43 processos, segundo o Jus Brasil. Coisas dele e não da companhia. Já Beto Sicupira, que nunca participa de grandes projetos de reestruturação empresarial sem estar acompanhado pelos sócios da 3G, encontra-se em meio a operações cabeludas com seus parceiros. Isso se a solidão de Sicupira não for relativa. Há fundos e fundos cruzados onde Lemann e Telles poderiam estar acomodados, sem se expor a uma posição acionária na Light. O fato é que a volta do trio a uma situação de plena confiança na gestão dos seus negócios parece demorada. Qualquer um dos três bilionários, mesmo nas empresas que controlam solitários, contaminaram o business com o vírus da Americanas. Mas Lemann, Sicupira e Telles já reescreveram situações em que o insucesso parecia inevitável. Não é improvável que ocorra de novo.
Negócios
Americanas sangra o caixa do estado do Rio
27/01/2023O Rio de Janeiro não chega a ser o primo pobre da história, já que há estados carregando maiores passivos da varejista. Mas não escapou da mordida de R$ 215 milhões dos R$ 43 bilhões confessados que a Americanas tem em dívidas. Os números ainda podem aumentar. E bem. A Secretaria Estadual da Fazenda está atualizando as cifras, com o levantamento de autos de infração ainda não contabilizados na dívida ativa Fluminense.
Negócios
Santander estuda provisionar até 70% do risco Americanas
26/01/2023O Santander, a ex-casa bancária de Sergio Rial, deverá tratar os créditos contra a Americanas com dose extra de conservadorismo. O banco já avalia provisionar até 70% da dívida da rede varejista, que soma R$ 3,7 bilhões. Cerca de R$ 1,8 bilhão desse valor se refere à modalidade do “risco sacado”, para o pagamento de fornecedores, justamente o terreno em que brotou a fraude contábil das Americanas. Ressalte-se que Sergio Rial acumulou por dez dias os chapéus de CEO da rede varejista e de chairman do Santander Brasil, cargo ao qual renunciou na última sexta-feira, dia 20. Essa interseção, ou promiscuidade, só reforça o cuidado com o que o Santander precisa administrar o caso Americanas.
Destaque
Americanas é a campeã de empréstimos do BNDES ao varejo
26/01/2023Entre tantos outros pontos até então na penumbra, o escândalo contábil da Americanas joga luz sobre a excessiva generosidade do BNDES com a companhia de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcelo Telles. A enorme diferença entre o volume de recursos disponibilizado pelo banco para a empresa e para suas principais concorrentes causa estranheza. Segundo levantamento feito pelo RR, entre 2002 e 2018 o BNDES liberou para a Americanas R$ 5,529 bilhões, em 12 operações de empréstimo. No mesmo período, Carrefour, Pão de Açúcar, Magazine Luiza e Via Varejo, somadas, receberam do banco um total de R$ 2,497 bilhões, ou seja, menos da metade do crédito concedido à companhia de Lemann, Sicupira e Telles. Entre as big five do varejo, quem chegou mais “perto” nesse intervalo foi o Carrefour, com um total de R$ 1,193 bilhão em financiamentos. Significa dizer que a rede francesa tomou junto ao BNDES apenas 21% da dinheirama obtida pela Americanas entre 2002 e 2018, como mostra a tabela abaixo.
De imediato, os números deixam no ar algumas perguntas: por que coube ao BNDES financiar a instalação de quiosques, por exemplo? Afinal não são as empresas de Lemann e sócios um exemplo de capitalização via mercado? A crítica ao acesso do dinheiro bom e barato do BNDES pelas empresas do varejo não deveria ser feita pelas próprias instituições financeiras que dinamitam o banco desde o governo Lula 2? Por que tanta condescendência com o trio? Não faz sentido desviar recursos de pequenas e médias empresas, infraestrutura e de todo o setor secundário da economia para o varejo. E o que é pior, praticamente uma única empresa do varejo. Trata-se de um setor responsável por mais de 26% do PIB brasileiro, enquanto a indústria segue a passos largos em seu processo de africanização – a indústria de transformação afunda na casa dos 11% do PIB, menor índice desde 1947.
Há outro número que salta aos olhos, conforme o gráfico abaixo. Os acordos firmados entre os “Lemann Brothers” e o BNDES cresceram significativamente ao longo das últimas duas décadas, até chegar à soma de R$ 4 bilhões obtidas em duas operações entre 2013 e 2108.
A maior soma anual de empréstimos foi registrada em 2018, no valor de R$ 2,4 bilhões – do valor contratado, segundo o RR apurou, a rede varejista utilizou efetivamente R$ 1,2 bilhão. A cifra bate o recorde anterior, de 2014, que, por sua vez, bate o recorde de 2010, que, por sua vez, bate o recorde anterior, de 2009. Outro dado chama a atenção e escancara ainda mais o abismo que separa a Americanas de suas concorrentes no ranking de empréstimos da agência de fomento. A partir de 2011, não há registro de novos empréstimos para Magazine Luiza, Via Varejo, Pão de Açúcar e Carrefour.
Ao se colocar uma lupa sobre o volume de recursos liberados pelo BNDES à Americanas, crescem também as dúvidas sobre a própria viabilidade do modelo de negócio da companhia. O objetivo dos empréstimos sugere uma crescente necessidade da empresa de Lemann e cia. de ir ao mercado para financiar o seu dia a dia. Das duas grandes operações de crédito fechadas entre 2014 e 2018, no já citado valor somado de R$ 4 bilhões, aproximadamente R$ 1,6 bilhão tiveram como finalidade declarada, de forma integral ou em parte, o financiamento ou reforço do capital de giro da rede varejista. É justamente onde foi depositado o ovo da serpente das “inconsistências contábeis” traduzidas em um rombo no balanço de ao menos R$ 20 bilhões. Talvez a maior esquisitice nessa relação materna do BNDES com a Americanas não seja especificamente a deferência do banco à varejista, e, sim, o intervalo de tempo em que esses empréstimos se realizaram. A transferência da grana do banco para o bolso corporativo de Lemann e seus sócios, digamos assim, se deu majoritariamente nos governos do PT. Ou seja, os ícones do financismo mamaram nas mesmas tetas que alimentaram, por exemplo, Marcelo Odebrecht e os irmãos Batista, da JBS. No momento, cabe aprumar o BNDES de forma a evitar que esses desvios de prioridade aconteçam e o dinheiro que deveria irrigar a economia física e estratégica do país vá parar nos dutos das “inconsistências contábeis” de espertos que se autointitulam os reis do mercado.
Negócios
Vibra Energia quer um fundo para ocupar vazio deixado por Americanas
25/01/2023A Vibra Energia pretende buscar um novo sócio para a Vem Conveniência, braço que reúne a rede de lojas BR Mania. A ideia não é necessariamente manter o modelo de associação com um parceiro do varejo. Segundo o RR apurou, a empresa cogita vender parte do negócio para um fundo de investimento. Conforme o Relatório Reservado antecipou, a Vibra rompeu a joint venture com a Americanas por conta da fraude contábil da empresa.
Negócios
A estranha relação entre Sergio Rial e os “Lemann brothers”
18/01/2023Esquisitas ou, no mínimo contraditórias, as declarações do ex-presidente do Santander – um dos grandes credores da Americanas – e ex-CEO desta última, Sérgio Rial, sobre o episódio de inconsistências (ou fraudes) contábeis na empresa varejista. Rial disse que “jamais transigiria com sua biografia”, mas se posiciona como quem, sim, está transigindo com sua imagem e profissionalismo. O histórico é mais ou menos o seguinte: Rial era o titular do Santander – portanto, o fato de o banco ser grande credor da empresa deve ter de alguma forma influenciado na sua escolha pelos donos da bola, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles; até por que, imagina-se, ele estaria bem informado sobre a empresa.
Em 10 dias, Rial pede para sair do cargo, em meio à denúncia de um escândalo de R$ 20 bilhões, e os sócios de referência, que o convidaram (Lemann e seus principais acólitos), não sabiam de nada, é claro. Pois bem, os donos das Americanas, frios e conhecidos pelo mergulho nas contas das suas empresas, não só ignoravam todos os problemas contábeis, como quando a bomba explode e Rial pula fora do barco, o convidam para assessorá-los. Rial aceita, mesmo que de alguma forma e ainda que sendo “rápido no gatilho” do seu pedido de demissão, o episódio tenha tingido sua trajetória profissional.
Quando Rial concorda em permanecer no mesmo time dos “Lemann Brothers” ele indulta os acionistas de referência e recebe deles um indulto cruzado. Estão todos juntos e sem responsabilidade pelos desatinos contábeis ocorridos nas Americanas. Em seu comunicado ao mercado, Rial afirma que “essa correção de rota” partiu da “transparência e apoio incondicional que recebeu do Conselho e dos acionistas de referência”. Ou seja, o ex-CEO agradece, por quesitos ausentes no processo (tais como “transparência”), e isenta aqueles que, em qualquer lista de credores e acionistas, estão no andar mais alto da cadeia de responsabilidade sobre os “prováveis crimes” ocorridos: Jorge Paulo Lemann, Beto Sucupira e Marcel Telles. Um dado sobre o qual não se falou foi o acordo de rescisão de Rial. Não que haja suspeição direta sobre o executivo, mas somente para cumprir com atributo da transparência que ele tanto preza. Parece razoável que em condições normais o executivo deveria querer a maior distância possível dos acionistas de referência e não ficar agradecendo o seu apoio. Mas apoio a que? De que? A quem? No mercado dizia-se, ontem, que Rial sofre de uma “síndrome de Estocolmo versão Faria Lima”. De qualquer forma, tudo é muito, muito estranho.
Destaque
Mais Credit Suisse nas Americanas?
17/01/2023Se procurar acha. Era esse o rumor que corria ontem no mercado sobre a relação entre a 3G Capital e o Credit Suisse nos negócios do private equity de Jorge Paulo Lemann e seus acólitos, Beto Sicupira e Marcel Telles. O boato pode ser uma operação dos credores das Americanas para fragilizar o trio e assim conseguir uma mordida maior em cima da 3G. Como se sabe, o banco não anda muito bem das pernas. No momento, a associação é ruim para ambos. De qualquer forma, é impossível não verificar que o namoro entre os “suíços” – Lemann também é de origem helvética – existe e vem de muito tempo.
Tudo pode ser coincidência, mas o Credit Suisse já chegou a deter mais de 5% das ações ordinárias das Americanas – até o fechamento desta edição, o RR não conseguiu levantar qual a posição acionária atual do banco. Fato é que nunca esteve longe. Foi ele o escolhido pelo trio para estruturar a operação de aumento de capital das Americanas. À época o follow on teria como objetivo levantar recursos – quem diria – para a realização de aquisições. O banco suiço sempre avaliou as Americanas como se fosse uma joia. E foi quem salvou Lemann com a compra do Banco Garantia, que estava com a língua de fora.
Em um determinado momento chegou mesmo a ser cogitado que o trio voltaria ao setor bancário comprando o Credit Suisse, que já ia de mal a pior. O banco ganhou fama de negligente após tomar prejuízos bilionários com as empresas Archegos e Greensil. Em 2022, teve uma saída líquida de US$ 88 bilhões em ativos e investimentos nele depositados. Quase quebrou. A informação de que haveria mais de Credit Suisse nas Americanas, através da triangulação de fundos envolvendo as duas empresas, chegou ao mercado no final da tarde. O RR registra tão somente.
Negócios
Lojas das Americanas tem uma prateleira de inconsistências?
16/01/2023O comitê independente que vai apurar as “inconsistências contábeis” das Americanas se debruçará de imediato no quesito abertura de lojas da rede. O foco são os últimos três anos. A auditoria se dará sobre os critérios técnicos que nortearam a expansão da rede física de lojas. Mas seja como for haja loja nova para triscar os R$ 20 bilhões.
Negócios
Investidores preparam ofensiva jurídica contra Americanas
13/01/2023Negócios
Irregularidade contábil da Americanas ricocheteia na Vibra Energia
13/01/2023O escândalo contábil da Americanas causou um rebuliço na área de compliance da Vibra Energia. O RR apurou que a empresa já cogita romper a joint venture com a rede varejista, que administra as mais de 1,2 mil lojas de conveniência instaladas nos postos BR.
Negócios
De Alex Haegler à Americanas, as várias peças no mosaico de Lemann
12/01/2023Há várias mitologias sobre a construção da “lenda viva” Jorge Paulo Lemann. O “superherói” das finanças”, envolvido no megaescândalo das Lojas Americanas, entre outras barbeiragens contábeis e financeiras, teria recebido um empurrão inicial do também operador financeiro e trader de armas, Alex Haegler, que faleceu no ano passado. O controverso empresário, de origem suíça tal como Lemann e também seu primo, tinha o pupilo como uma espécie de afilhado. Haegler foi responsável pelo aporte inicial para a construção do que viria a ser o império financeiro de Lemann. Foi um dos primeiros sócios do Garantia, que quebrou e foi vendido ao Credit Suisse em 1998. O controverso empresário era onipresente no jet set carioca. Abriu as portas do Country Club, de Ipanema, para que Lemann desfilasse seu sucesso no jogo de tênis. No Brasil, Alex Haegler e sua filha caçula Bianca, se tonaram distribuidores dos fundos Madoff. Teria sido graças a Lemann que Haegler se aproximou do império de Madoff, responsável pela montagem do maior esquema Ponzi do mundo. O meliante norte-americano provocou perdas de US$ 50 bilhões para investidores de diversas partes do mundo – certamente entre eles não estava Jorge Paulo Lemann. Não faltam narrativas sobre o empresário que controla as companhias responsáveis por alguns dois grandes escândalos das finanças mundiais. Se o leitor quiser uma leitura de maior densidade pode conferir a tese de pós-graduação de Danillo Marchesano Ramos Alves, na Universidade Federal de Juiz de Fora: “Da economia política a educação – análise do projeto da Fundação Lemann” .
Negócios
Americanas cria um efeito dominó sobre os demais negócios de Lemann
12/01/2023O escândalo contábil da Americanas já não pertence apenas à Americanas. A “inconsistência” de R$ 20 bilhões no balanço da rede varejista desencadeia uma crise em cascata, de proporções ainda imensuráveis, colocando em xeque a lisura e a credibilidade das demais empresas pertencentes a Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. É possível confiar na gestão e, mais especificamente, nas demonstrações contábeis dessas companhias? Esta é a pergunta que grandes investidores internacionais têm feito nas últimas horas, desde o anúncio do “desaparecimento” de um passivo descomunal no balanço da Americanas. As primeiras consequências mais graves já começam a despontar. Desde cedo, corre no mercado que a Altria, dona de 10% da AB Inbev, vai pedir uma auditoria especial na contabilidade do grupo.
Além de inevitavelmente lançar dúvidas e suspeições sobre os demais negócios de Lemann, Sicupira e Telles, o rombo da Americanas dispara uma série de questionamentos e alimenta ilações que só aumentam o nervosismo nos mercados. Recentemente, o trio de investidores vendeu oito escolas do Grupo Eleva para a inglesa Inspired Education por R$ 2 bilhões. A erupção da possível fraude fiscal da Americanas suscita as interpretações mais perturbadoras. Há relação entre um fato e outro? Não obstante sua notória capacidade financeira, Lemann e seus sócios teriam negociado os ativos para gerar liquidez? Ou haveria a intenção de criar uma reserva com o objetivo de cobrir o rombo em suas empresas? Outras vendas de ativos estariam engatilhadas?
O track records de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles mais impulsiona do que aplaca a apreensão dos investidores e do mercado. Há estranhas coincidências ou aproximações entre o case Americanas e outros negócios do trio. Em 2021, a Kraft Heinz – também pertencente a Lemann e seus sócios – e dois ex-executivos da companhia aceitaram pagar US$ 62 milhões para encerrar uma investigação na SEC, a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. A gigante mundial da área de alimentos foi acusada de irregularidades contábeis por três anos seguidos, envolvendo a falsificação de contratos com fornecedores. Curiosamente, o possível rombo fiscal da Americanas também passa pela conta de fornecedores.
Bem antes disso, o Banco Garantia, que ajudou a construir a fama de Lemann, Sicupira e Telles, foi para o vinagre devido a operações perigosas. A instituição foi investigada e multada pela CVM devido à prática de fraude cambial e remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Uma sucessão de operações heterodoxas levou à debacle do Garantia, vendido na bacia das almas para o Credit Suisse em 1998. Quase 25 anos depois, Lemann, Sicupira e Telles estão novamente na berlinda, como protagonistas do que pode vir a ser a maior fraude contábil de uma companhia aberta na história do mercado de capitais brasileiro. O festejado trio de investidores, tal como Midas, toca com uma mão os ativos e eles viram ouro. Com a outra, faz com que eles se tornem escândalos financeiros. Quem paga o pato são os acionistas, a credibilidade dos auditores independentes e a fé pública no mercado de capitais. O poder destrutivo dos “Lemann´s Brothers” é incalculável.
Negócios
Os planos do Submarino para o varejo físico
5/01/2023A Shein está fazendo escola no Brasil. O Submarino, leia-se B2W/Americanas, estuda lançar lojas físicas no formato pop-up. Trata-se do modelo de lojas temporárias em shopping centers adotado pela gigante chinesa do e-commerce em todo o mundo e, mais especificamente, em sua recente entrada no mercado brasileiro. Esses pontos de venda funcionam por poucas semanas ou mesmo dias. Servem como test drive para a abertura de lojas definitivas. Dentro da mesma estratégia, o Submarino pretende também instalar novos quiosques pelo sistema de franquias – o primeiro foi lançado em dezembro no Shopping Tamboré, em Barueri (SP).
Negócios
Americanas vai passar o rodo no mercado de fintechs
28/12/2022Sergio Rial, que assumirá a presidência da Americanas nos próximos dias, já está debruçado sobre um plano de aquisições de fintechs. Rial quer fortalecer a operação financeira digital do grupo, encabeçada pela Ame. A ideia é adquirir, sobretudo, fintechs especializadas em crédito e em soluções de pagamento, tanto para o consumidor quanto para parceiros da Americanas do B2B.
Negócios
Criptoamericanas
1/11/2022Projeto que fervilha na cabeça de Sergio Rial, futuro CEO da Americanas a partir de janeiro: a criação de uma criptomoeda própria para o grupo varejista.
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Onde há fumaça…
13/10/2022Há um forte buchicho no mercado de que a Lojas Marisa está em busca de um sócio ou mesmo de um novo controlador. No ano passado, a Americanas chegou a abrir tratativas para a aquisição da rede varejista, mas as conversas não avançaram. Os rumores foram combustível para a alta das ações da Marisa, que chegaram a subir 15% na semana passada.
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Novos tempos
23/08/2022Uma das primeiras missões que aguardam por Sergio Rial, futuro presidente da Americanas: o IPO da Ame Digital, a fintech da rede varejista, que movimentou mais de R$ 26 bilhões no ano passado.
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Spinoff
19/08/2022A Americanas estuda a cisão das lojas do Hortifruti, rede de supermercados comprada no ano passado. O passo seguinte será a venda de alguns dos imóveis.
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Derivativo
3/08/2022Há um novo projeto na prancheta da Americanas e da Vibra Energia: a montagem da operação de e-commerce da Vem Conveniência, a bandeira de lojas dos postos BR.
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Antes tarde…
28/07/2022A Americanas vai gastar, neste ano, 20% a mais do que desembolsou em 2021 em segurança cibernética. O aumento carrega o efeito da “porta arrombada”: em fevereiro, a rede varejista teve um prejuízo de quase R$ 1 bilhão com um ataque hacker a seus sites e aplicativos.
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Nova viagem
19/07/2022Próximo destino da Americanas: a compra de plataformas de e-commerce de venda de passagens aéreas e pacotes turísticos.
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Funk do e-commerce
15/07/2022Espera-se um pancadão nas ações das empresas de e-commerce Magalu, Via e Americanas. Além do aumento do valor e extensão do Auxílio Brasil, há a expectativa de que caibam na PEC outras medidas capazes de ampliar a renda do trabalhador e, portanto, vitaminar o consumo.
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Conveniente
23/06/2022Americanas e Vibra Energia têm um projeto guardado a sete chaves: o spinoff e o consequente IPO da Vem Conveniência, a joint venture que reúne mais de 1,2 mil lojas nos postos da BR. A abertura de capital seria embalada ainda por um projeto para a área de e-commerce.
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Na soleira
19/04/2022O private equity Partners Group está rondando uma das maiores redes de varejo da Região Sul. Os suíços já têm um case de sucesso no setor: o Hortifruti, comprado da dupla Julio Bozano e Paulo Guedes em 2015 e vendido à Americanas no ano passado.
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IPO à vista
11/04/2022Segundo o RR apurou, a Americanas prepara o IPO da Ame Digital. A fintech da rede varejista movimento mais de R$ 26 bilhões em transações financeiras no ano passado.
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Sobrevoo
3/03/2022A Americanas entrou na disputa para a compra da Viajanet, agência de viagens online controlada, entre outros, pelos fundos norte-americanos Redpoint eventures e Pinnacle. Segundo fonte envolvida nas negociações, a operação pode chegar a R$ 1 bilhão.
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A era Americanas começou
14/02/2022O Hortifruti, rede comprada pela Americanas em agosto do ano passado, trabalha em um grande projeto para reformular sua operação de e-commerce e de delivery.
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Americanas mesmo
14/01/2022O martelo está batido: a Americanas SA vai abrir seu capital em Nova York ainda neste semestre. Será o grand finale da reestruturação societária que levou à criação da nova holding.
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Amazon corre contra o tempo no Brasil
1/11/2021Segundo o RR apurou, a Amazon estuda instalar não apenas um – como chegou a anunciar -, mas três novos centros de distribuição no Brasil em 2022. O investimento total deve bater na casa dos R$ 150 milhões. O sarrafo está subindo rápido demais: o grande desafio concorrencial do e-commerce no momento são as entregas rápidas. A Americanas.com., por exemplo, está gastando os tubos para aumentar o número de pedidos entregues em meia hora. Procurada pelo RR, a Amazon informou que “não comenta planos de lançamentos futuros”.
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Fortificante
26/10/2021A Americanas está conversando com a Raia Drogasil, com objetivo de fisgá-la para a sua plataforma de marketplace. ideia é atrair outras redes do varejo farmacêutico. A venda de remédios no Brasil é quase uma renda fixa: cresce 10% ao ano.
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Casa própria
30/08/2021A Americanas acompanha com lupa a inclusão do hortomercado da Cobal, no bairro do Leblon, no Rio, no PPI. O local daria uma bela megaloja do Hortifruti, recém- comprado pela rede varejista.
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Americanas a jato
19/07/2021A Americanas.com vai iniciar a construção de mais dois centros de distribuição ainda neste ano. O projeto é fundamental para aumentar o volume de entregas expressas, ou seja, no mesmo dia da compra.
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As lojas das Americanas
25/09/2020Mesmo com o investimento intensivo no e-commerce, a Americanas aposta alto no comércio físico. A rede varejista de Jorge Paulo Lemann e cia. estuda abrir cerca de 200 lojas em 2021. Vai servir para tirar o atraso provocado pela pandemia: no primeiro semestre deste ano, a Americanas abriu apenas nove pontos de venda, contra 41 no mesmo período em 2019.
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Superonda no varejo
20/08/2020A rede varejista gaúcha Grazziotin estuda fazer um follow on em Bolsa. O momento é de surfar na onda positiva para as empresas do setor, vide as recentes e bilionárias ofertas de ações de Americanas e ViaVarejo. Em tempo: desde o início da pandemia, em março, o papel da Grazziotin já subiu quase 30%. Consultada sobre a oferta de ações, a empresa informou que “qualquer comunicado relevante estará sendo divulgado aos investidores.”
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Fila indiana
5/08/2020Na esteira da Lojas Americanas e da ViaVarejo, o Grupo Guararapes, dono da Lojas Riachuelo, também estuda uma nova oferta de ações em Bolsa.
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Volatilidade
19/03/2020Ontem, as lojas Americanas Express no Centro do Rio abriram às 7 da manhã com um tesouro valioso: um novo carregamento de álcool gel. Meia hora depois, estava tudo esgotado.
…
No Mercado Livre, há embalagem de 500ml de álcool gel sendo vendida até a R$ 1.200. Talvez seja o caso de uma lei antitruste específica para o coronavírus.
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Lemann é um old school
19/08/2019A Lojas Americanas já mira 2020. De acordo com informações filtradas da própria empresa, a rede varejista planeja abrir 180 lojas no ano que vem, 60 a mais do que a marca prevista para este ano. A tecnologia avança, os algoritmos mandam na economia, mas Jorge Paulo Lemann e cia. não abrem mão da velha cerveja, do ketchup e do varejo físico.
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Reforma trabalhista
17/05/2019A Americanas “encolhe” para crescer. Das mais de 220 lojas que serão inauguradas neste ano, cerca de 150 seguirão o conceito Express. Os custos de abertura neste modelo de varejo são até 60% mais baixos do que o das lojas convencionais. O número de funcionários, por sua vez, não chega sequer à metade. Os investimentos previstos para 2019 beiram os R$ 800 milhões.
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Universo Lemann
8/03/2019A Americanas deverá investir cerca de R$ 2 bilhões no biênio 2019/20. De acordo com informações filtradas da empresa, a maior parte dos recursos será destinada à abertura de lojas no modelo express e à plataforma de e-commerce. O RR acredita que não há paralelo com a Kraft Heinz, também controlada por Jorge Paulo Lemann e cia. No mês passado, antes da crise, o CEO da empresa, Bernardo Hess, deu declarações à imprensa de que a companhia aumentaria os investimentos. Dois dias depois, a Kraft iniciava seu inferno astral. Dois raios não caem no mesmo lugar. A Americanas deve estar muito bem, obrigado.
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Conveniência
4/09/2018Além da Americanas, a GP entrou na disputa pela BR Mania. Trata-se da segunda investida da gestora sobre as lojas de conveniência da BR Distribuidora em dois anos.
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Americanas encolhe para crescer
11/05/2018As mega lojas vão perder espaço no plano de expansão da Americanas. Segundo o RR apurou, das mais de 200 inaugurações previstas para este ano, cerca de 70% serão de pontos de venda no conceito Express, que têm um custo operacional, em média, 30% inferior. No ano passado, a proporção de lojas novas foi praticamente de 50% a 50%. Se bem que, independentemente dos custos e do tamanho tanto um modelo quanto o outro têm peso cada vez menor nos resultados da Americanas. Projeções da própria empresa indicam que, até 2019, o faturamento da operação de e-commerce vai superar as vendas das lojas físicas pela primeira vez na história.
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No bolso de Lemann
18/04/2018O RR apurou que, nos últimos 12 meses, os roubos de cargas das Lojas Americanas no Rio de Janeiro já somariam cerca de R$ 30 milhões. É por essas e outras que, volta e meia, os executivos da rede varejista discutem o fechamento do centro de distribuição no Rio.
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Apartheid
1/03/2018A Americanas.com decidiu restringir a entrega de produtos em algumas regiões do Rio de Janeiro. Os roubos a caminhões da rede varejista dispararam nos últimos meses.
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Mãos ao alto
15/09/2017Somente neste ano, os prejuízos da Lojas Americanas com roubos de carga e assaltos a lojas no Rio de Janeiro já teria passado dos R$ 20 milhões. Não é à toa que Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, não quer abrir nem um quiosque no estado.
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As contas da Americanas
11/05/2017Do recente aumento de capital de R$ 2,4 bilhões, a Americanas vai separar R$ 1,3 bilhão para a expansão da rede. Tudo crescimento orgânico, ressalte-se. Se houver uma aquisição pelo caminho – algo como uma Via Varejo ou, vá lá, uma BR Distribuidora – o calibre do tiro terá de ser bem maior.
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Americanas traça um novo roteiro para a B2W
23/03/2017O anunciado aporte de R$ 1,2 bilhão na B2W é apenas a ponta do iceberg de uma operação ainda maior. A Lojas Americanas estaria preparando o fechamento de capital de sua empresa de e-commerce. A reestruturação acionária, por sua vez, abriria caminho para a entrada de um investidor institucional ou mesmo uma futura associação com outra companhia do setor. Para isso, a Americanas planeja subscrever a totalidade dos 110 milhões de ações que serão emitidas pela controlada. Dessa forma, ampliará sua participação societária de 62% para 71%.
Posteriormente, deverá lançar uma oferta pública para comprar os títulos da B2W ainda em mercado. Em um exercício meramente hipotético, tomando-se como base o valor estimado para a subscrição em andamento – em torno de R$ 13,30 por ação –, a Americanas desembolsaria pouco mais de R$ 1,3 bilhão para raspar o tacho dos papéis da controlada em bolsa e ficar com 100% do capital. Seria o último ato de uma operação que vem se desenhando há cinco anos, período no qual a holding já fez outros quatro aportes na B2W, aumentando sua fatia de 51% para os atuais 62%.
Ao dispor integralmente do capital da B2W, Jorge Paulo Lemann e cia. terão toda a margem de manobra para repensar o modelo societário da companhia entre as opções que estão sobre a mesa. Recentemente, surgiram no mercado especulações sobre uma possível fusão com o braço de comércio eletrônico do Casino no Brasil. Não custa lembrar que a Lojas Americanas é citada como uma das candidatas à compra da própria ViaVarejo. Independentemente do caminho escolhido, a Americanas está empenhada em dar um novo rumo à sua operação de e-commerce, na qual já injetou mais de R$ 2 bilhões nos últimos cinco anos sem interromper sua escalada de prejuízos. Somente nos últimos dois anos, a B2W teve uma perda em torno de R$ 900 milhões.
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O mercado não gostou
13/03/2017Coincidência ou não, desde 20 de fevereiro, quando a Americanas anunciou o plano de abrir 600 lojas até 2019, a ação da rede varejista já acumula uma queda de 11%.
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A âncora de Lemann para a BR
20/02/2017A Lojas Americanas não enterrou seu interesse pela BR Distribuidora. Pelo contrário. A ideia com a aquisição não é pendurar uma loja da varejista em cada um dos postos. Quem pensou em algo tão simples subestimou as artes de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles – exibidas, mais uma vez, com a megaoferta pela Unilever. O projeto passa por implementar minishoppings em diversos postos, tendo a Americanas como loja âncora. Adquirida a rede de postos, o trio calafrio abriria negociações para atrair players complementares como parceiros ou mesmo sócios. Paralelamente seria necessário um choque de gestão no core business de distribuição de combustível, cujas margens são as mais baixas do setor. Mas tudo isso ao mesmo tempo e agora somente se a Petrobras topar ser minoritária e abrir mão da gestão. Por enquanto está difícil.
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Atrás do dinheiro
18/01/2017A emissão de R$ 190 milhões em notas promissórias, anunciada em dezembro, foi só o aquecimento. A Lojas Americanas está preparando uma grande captação no mercado internacional. Coisa próxima da casa do bilhão.
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Blue Friday
30/11/2016A BlackFriday fez muito bem às ações das empresas de varejo. Nos últimos três dias, a cotação do Magazine Luiza subiu 6%. No caso da B2W, leia-se Submarino e Americanas.com, a alta foi ainda maior: 8% desde sexta-feira até o pregão de ontem.
Acervo RR
Americanas
29/03/2016Jorge Paulo Lemann quer transformar suas Lojas Americanas em fast food. Metade dos estabelecimentos estaria dedicada a vender o “melhor cachorro quente”. Em tempo: no passado, algumas lojas da rede varejista já funcionaram como lanchonete.
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Americanas
29/03/2016Jorge Paulo Lemann quer transformar suas Lojas Americanas em fast food. Metade dos estabelecimentos estaria dedicada a vender o “melhor cachorro quente”. Em tempo: no passado, algumas lojas da rede varejista já funcionaram como lanchonete.