Tag: Delfim Netto
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Destaque
Lula flerta com a ideia de criar um conselho de economia
21/08/2024O falecimento de Delfim Netto fez ressurgir no ambiente do Palácio do Planalto, notadamente no próprio Lula, a ideia de criar um conselho técnico de economia. O colegiado reuniria notáveis do pensamento econômico no Brasil. Lula simpatiza com a possibilidade de ter uma instância de aconselhamento diretamente vinculada à Presidência da República.
Ao seu redor, há quem enxergue no novo órgão uma espécie “Câmara de semi-arbitragem” capaz de ajudar na deliberação de medidas e no enfrentamento de adversidades de várias ordens. Para não falar do ganho político: Lula passaria a ter o amparo de nomes com elevado nível técnico para a tomada de decisões de maior relevância. Ainda que tacitamente, seria uma forma de dividir a responsabilidade pelas ações adotadas.
Além do assessoramento direto do presidente, o conselho poderia ser também um cristal entre os ásperos algodões da República, funcionando como um lócus de mediação de disputas entre Poderes – seja por divergências conceituais, seja por questões de ordem “política-pessoal”. Esse papel seria fundamental para destravar o andamento de projetos importantes da área econômica, tanto no Congresso, como no Judiciário ou nos órgãos de controle do Estado, como o TCU.
A principal referência citada no Palácio do Planalto é o National Economic Council (NEC), criado em 1993, nos Estados Unidos, para assessorar o presidente em questões relacionadas à economia norte-americana e global e participar da formulação de policies. Atualmente, o NEC é comandado pela economista Lael Brainard, que já ocupou a Subsecretaria do Tesouro para Assuntos Internacionais e a vice-presidência do FED.
Em uma das últimas conversas que tiveram, o próprio Delfim recomendou a Lula a criação de uma instância similar – em outros tempos, com o petista no Poder, o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento provavelmente seria o único nome com cadeira cativa no colegiado. Aliás, o que não falta à medida é o apoio da mais alta estirpe de economistas do país. Em artigo publicado no Valor Econômico, no último dia 6, André Lara Resende defendeu, entre outras medidas que tirariam o sono dos ortodoxos de carteirinha, exatamente a criação de um “pequeno conselho de experts, de notório saber” para a “coordenação das políticas monetária e fiscal – interdependentes e indissociáveis”. Na suas palavras, o papel desse colegiado seria “se contrapor à camisa de força ideológica da macroeconomia adotada pelos analistas financeiros e a grande mídia.”
Essa é uma ideia que vai e volta, volta e vai, em diferentes momentos e levantada por personagens dos mais distintos matizes ideológicos. Em 2018, ainda na posição de coordenador do programa econômico do então candidato Jair Bolsonaro, Paulo Guedes sugeriu a criação de um “superconselho” econômico. Caso a proposta seja levada adiante, um dos desafios do governo é garantir a independência e a blindagem dos integrantes do conselho em relação às forças políticas e aos grupos de interesse. Outra missão é emprestar legitimidade e peso a esse comitê de notáveis.
Assessores mais próximos de Lula chegam a mencionar que esse novo conselho deveria ser criado por meio de PEC, para que se configurasse como um órgão de Estado e não como um interruptor na parede do Palácio do Planalto, que poderia ser ligado ou desligado ao sabor do presidente da vez. Caso contrário, periga se tornar um novo “Conselhão”, inodoro, insípido e incolor. O colegiado tampouco seria um espelho do Conselho Monetário Nacional nos anos 70, que incluía de empresários, como Abílio Diniz e Jorge Gerdau, a sumidades, como o professor Octavio Gouvêa de Bulhões – membro permanente do CMN.
Em tempo: antes que alguém pense que a iniciativa representaria a fragilização dos ministros da área econômica, é exatamente o contrário. Nas vezes em que o assunto veio à baila no Palácio, o próprio Lula teria deixado claro que o conselho não teria superposição com Fernando Haddad e Simone Tebet, que jogam de tabelinha. A priori, o objetivo seria exatamente o de fortalecimento de ambos. Até porque, o governo Lula está ancorado ao êxito da sua dupla de ministros.
Memória
Que falta faz um Delfim Netto à frente da política cambial?
12/08/2024Delfim Netto faleceu acreditando piamente que a intervenção do governo no câmbio, tema controverso e que retornou ao debate econômico, era um mal necessário. Um ponto de vista que é defendido há décadas por um dos seus interlocutores, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira. O RR falou inúmeras vezes com Delfim, que foi o correspondente a Asmodeu entre os economistas de esquerda desde sua aparição na vida pública. Depois, quando aderiu a Lula, foi “levemente” perdoado pela oposição. Os dois, Delfim e Lula, tornaram-se proseadores frequentes. Em uma das conversas com o RR, Delfim verbalizou, com seu jeito irônico de expressão, que “quando Lula fala, parece que está errado, mas quando ele coloca em prática, faz de uma maneira que tudo fica certo. É um pragmático e a maior inteligência intuitiva do Brasil.” O elogio a Lula não foi uma confidência ao RR. Delfim repetiu sua opinião antes do petista se tornar mandatário da Nação pela primeira vez. Bem, Delfim também errou um bocado. E Lula também.
Um dos erros atribuídos a Delfim Netto foi o de ter ignorado a crise do petróleo, nos anos 70, o que deixou sequelas na dívida externa, nas contas fiscais e na carestia – alguma rebarba desse equívoco também foi atribuída a Mario Henrique Simonsen. Delfim, chamado de o “Gordo” durante quase toda a sua passagem por diversos governos, culpava Geisel por ter desacreditado nos sinais que já vinham da França, e recomendavam que o Brasil baixasse a bola e não recorresse tanto ao mercado internacional de dólares para financiar seu investimento. Os preços do petróleo disparataram, o então presidente do FED, Paul Volker, jogou os juros nas alturas e deu no que deu. O balanço de pagamentos do país foi sangrado durante décadas e décadas a fio.
Delfim sempre foi um desenvolvimentista. Acreditava no crescimento como solução holística para todos os problemas brasileiros. Se estivesse entre nós, estaria defendendo a queda da taxa de juros. Desde março de 2009, passou a culpar os juros invariavelmente altos como uma das chagas do Brasil. Junto com Roberto Campos, foi um dos maiores frasistas do país. Quem conversou com o duradouro czar da economia brasileira nunca saiu sem um sorriso na boca. Foi um dos maiores entre os maiores. O RR se lamentou muito quando soube da sua situação quase terminal (https://relatorioreservado.com.br/noticias/a-sabedoria-de-delfim-netto-sempre-faz-falta/). Mas, fazer o que? Por dever de ofício, divulgamos o fato. Notícia é notícia. Hoje é uma das vezes em que nos entristecemos em ter acertado uma informação. Melhor seria se tivéssemos errado, e a realidade fosse outra.
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Delfim vs. Pastore?
26/11/2021Em outras épocas poderia se imaginar que Delfim Netto também estaria migrando para a candidatura de Sergio Moro. Ele e Affonso Celso Pastore eram unha e carne. Porém, mais recentemente, os dois economistas esfriaram suas relações. Há quem diga que o desfecho não foi nada amistoso. A separá-los há também a paixão de Delfim por Lula.
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Agora é Lula. Agora…
4/10/2021Delfim Netto não quer saber de terceira via. Para Delfim, só há uma via: Lula. Os dois se falam pelo menos uma vez por mês. Entretanto, não custa ressalvar que o ex-ministro tem um histórico de mudança de opinião.
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Fuzuê
20/01/2020Do ex-ministro Delfim Netto sobre o fuzuê com a proposta de criação de teto e limites para o cheque especial: “Para que isso? No meu tempo, eu chamava os banqueiros e resolvíamos em torno de uma mesa. Eles não chegam a meia dúzia”.
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Devida publicidade
9/07/2018Depois de Ciro Gomes e Fernando Haddad, agora é Geraldo Alckmin quem costura um encontro com Delfim Netto. Tudo, claro, com a devida publicidade.
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O candidato do Delfim
1/06/2018Em entrevista ao programa Poder em Foco, que será exibida no próximo domingo à noite pelo SBT, Delfim Netto revelou que tentou “várias vezes” convencer Joaquim Barbosa a disputar a eleição à Presidência. Para Delfim, o ex-ministro do Supremo seria o candidato
com mais “musculatura” para vencer a disputa.
Negócios
Sem açúcar e sem afeto
22/03/2018As denúncias contra o ex-ministro Delfim Netto na Lava Jato põe em risco a sua permanência no board da Biosev, braço sucroalcooleiro da Louis Dreyfus. As normas de compliance do grupo francês são extremamente severas para casos dessa natureza.
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Desonestidade 1
7/03/2018Delfim Netto, conforme dizia Mário Henrique Simonsen, nunca primou pela honestidade intelectual. Mas não precisava tanto. Em seu artigo de ontem no Valor, com o objetivo de louvar Michel Temer, Delfim mistura alhos com bugalhos; intervenção federal com uma agenda de 15 medidas das quais 12 já estavam no Congresso – o que ele mesmo reconhece. Quem ler verá.
Desonestidade 2
“Plunct, plact, zum, não há mais déficit algum”. José Serra se inspirou na canção de Raul Seixas para em uma só tacada mágica mudar a regra de ouro fora da Constituição, livrar o atual presidente e seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de responsabilidades pelo descalabro fiscal de 2019 e dar um sumiço no desequilíbrio das contas públicas. Justiça seja feita, é exagero do RR: o projeto de lei do senador tucano só fatia o déficit do próximo ano pela metade, e não some com ele por inteiro. Mas é de um oportunismo raro e demonstra uma criatividade contábil para deixar os verdugos de Dilma Rousseff enrubescidos. Vá lá, Serra resolveu com seu condão um dos maiores problemas do futuro governante do país. No entanto, em ordem de grandeza, os principais favorecidos são os que estão hoje no timão. O tucano, pelos serviços prestados, está apto a ser vice-presidente de Michel Temer ou de Henrique Meirelles.
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Um Delfim para cada ocasião
19/12/2016O ex-ministro Delfim Neto hoje critica duramente os métodos do big stick de Donald Trump para despertar o espírito animal dos empresários. Delfim meteu o malho na bravata de Trump – o futuro presidente norte-americano disse que ligaria para cada um dos empresários que estivesse ameaçando deixar o país e produzir desemprego, resolvendo o assunto no grito.
No entanto, nos idos do regime militar, o então ministro usava de um procedimento similar e ainda se gabava disso. Dizia que bastava juntar os grandalhões em uma mesma sala e anunciar o que ganhariam e o que perderiam se caminhassem “contra o interesse nacional”. O “gordo” costuma rebater quem o acusa de incoerência citando Ortega y Gasset: “O homem é o homem e suas circunstâncias”. Delfim parece ter vivido mais circunstâncias do que a maioria dos homens públicos.
Acervo RR
Delfim Netto
24/03/2016Delfim Netto diz que Dilma Rousseff não governa mais. Fala que ela foi responsável pelo desastre na economia. Já articula o ministério de Michel Temer. Sugere o nome de Armínio Fraga na Fazenda e de outros oito craques para as demais pastas. Todo esse frenesi, ressalte-se, usando o epíteto de conselheiro de Dilma e Lula. Como diz a professora Conceição Tavares, especialista em Delfim Netto: “A honestidade intelectual do gordo vai até onde se começa a sua locupletação”
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Delfim Netto
24/03/2016Delfim Netto diz que Dilma Rousseff não governa mais. Fala que ela foi responsável pelo desastre na economia. Já articula o ministério de Michel Temer. Sugere o nome de Armínio Fraga na Fazenda e de outros oito craques para as demais pastas. Todo esse frenesi, ressalte-se, usando o epíteto de conselheiro de Dilma e Lula. Como diz a professora Conceição Tavares, especialista em Delfim Netto: “A honestidade intelectual do gordo vai até onde se começa a sua locupletação”
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Dilma desperdiça ida ao Congresso Nacional
4/02/2016O ex-ministro Delfim Netto atendeu ao telefonema de um jornalista velho de guerra, anteontem, após a visita feita pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso, com os seguintes dizeres: – Deu certo, viu, ela já devia ter ido lá antes. Delfim Netto tinha feito na semana passada uma espetacular ofensiva em todos os grandes jornais do país conclamando a presidente a encaminhar ao Congresso as grandes reformas capazes de viabilizar a governabilidade. “Ela tem que presidir o país”, falou. O ex-ministro acertou em parte. Dilma se dirigiu ao Congresso para pedir o seu apoio e levou projetos importantes para o curto prazo, como a DRU e a CPMF. Mas, reformas de fôlego que poderiam escavar mais fundo em busca do ânimo nacional, pois bem, essas ficaram encruadas, guardadas para uma segunda visita. A presidente mencionou sua antiga proposta para a mudança na contribuição da previdência, por prazo e tempo de idade, mas empurrou sua apresentação para daqui a seis meses. Falou sobre o controle das despesas do governo e sobre a meta fiscal flexível para o pagamento da dívida pública, vinculada à arrecadação. Também é algo cujo projeto deverá ser submetido ao Congresso depois do primeiro semestre. Todas essas últimas ideias são chocas e requentadas. É uma pena. Por uma dessas estranhas combinações do zodíaco político, talvez essa tenha sido uma das melhores oportunidades para Dilma chamar o Congresso à sua responsabilidade no enfrentamento da crise nacional. Mesmo com um noticiário avesso – queda da popularidade, recessão, Lava-Jato, apupos no plenário etc. – havia um desejo latente de que ela comparecesse à grande arena e, quem sabe, despejasse sobre os parlamentares centenas de medidas legislativas reprimidas. Podia não dar em nada, mas resultaria, pelo menos, na quebra da imobilidade gerencial e política que pauta sua gestão e um bom momento para a posteridade. Talvez a culpa tenha sido de Delfim, que criou a expectativa de uma atitude épica da presidente, bradando da tribuna as reformas que mudariam o país. Seria a primeira vez que Dilma apresentaria um programa de governo para valer, abrangendo questões matriciais que atravancam o país nas áreas tributária, trabalhista e de reforma do Estado, além, é claro, da previdenciária. Mas o ex-ministro, consultor autodeclarado do ex-presidente Lula, meio mago e meio ogro, acha que o mais importante foi ela ter aprendido o caminho do Congresso. Se Dilma não for definitivamente inviável, ela volta. E aí, quem sabe, o conteúdo das “reformas” fará jus aos aconselhamentos do professor Delfim. Ao contrário do que pregam os minimalistas, menos, no caso da presidente, não é mais. É mínimo.
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Devagarinho
8/09/2015Entreouvido de uma conversa entre Delfim Netto e um antigo colaborador dos tempos de Ministério do Planejamento: “O Paulo é assim mesmo. Mas, se você falar bem devagarinho, explicando as coisas, ele entende”. O “Paulo” é Paulo Skaf, o gênio da Fiesp.