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“Chanceler” Lula assume negociações para acordo entre Mercosul e Japão

18/03/2024
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Enquanto as articulações entre o Mercosul e a União Europeia não atam e nem desatam, o governo Lula vai mergulhar em outra intrincada costura diplomática: a negociação de um tratado de livre comércio entre o bloco econômico e o Japão. O próprio presidente Lula chamou a missão para si, como fez nas gestões para a entrada de novos países nos BRICs e no ingresso da Venezuela no próprio Mercosul. Segundo uma alta fonte do Itamaraty, a diplomacia dos dois países já trabalha nos preparativos para uma visita do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, ao Brasil, ainda neste semestre. Lula e Kishida tiveram uma conversa por telefone no início do ano, quando o premiê japonês disse com todas as letras ser favorável ao acordo com o Mercosul.

Esta é mais uma agenda que deve provocar fricções dentro do Mercosul. O governo Lula dá uma relevância ao acordo que não encontra paralelo nos países vizinhos. No ano passado, em visita à cidade japonesa de Nigata, o ministro Fernando Haddad declarou publicamente o interesse do Brasil em negociar o tratado. Dizer que Lula está falando sozinho é exagero. O governo do Paraguai já deu sinais de que apoia as tratativas com o Japão. O mesmo não se pode dizer de Argentina e Uruguai, que têm deixado o Mercosul de lado para cuidar da própria vida e buscar acordos bilaterais. Mas convém lembrar que ficar fora do acordo é desdenhar da influência do Brasil – motor do Mercosul -, com o Paraguai na esteira, e da possibilidade que estes façam seus acordos bilaterais na contramão dos países dissidentes. No Itamaraty, a leitura é que a maior resistência virá do governo uruguaio. No momento, os esforços do presidente Luis Lacalle Pou na área de política externa estão concentrados na negociação de um tratado de livre comércio com a China.

#Brics #Japão #Lula #Mercosul

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Petrobras e Saudi Aramco têm um encontro marcado na energia renovável

18/09/2023
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O governo Lula reserva um papel relevante para a Petrobras nas relações bilaterais entre Brasil e Arábia Saudita. Há articulações para uma parceria entre a estatal e a Saudi Aramco na área de transição energética. A ideia é que as duas companhias façam investimentos conjuntos em geração eólica e na produção de hidrogênio verde no Brasil.

O acordo poderá ser turbinado com aportes do PIF (Public Investment Fund), fundo soberano saudita, que já anunciou um mega plano de desembolsar globalmente US$ 1 trilhão ao longo da próxima década em setores estratégicos, como energia limpa e cadeia de alimentos. O acordo reforçaria a estratégia do governo de impulsionar a atuação da Petrobras em geração renovável por meio da associação com grandes grupos internacionais, vide a Equinor. A estatal já firmou um memorando de intenções com a petroleira norueguesa para a construção de até sete usinas eólicas offshore no litoral brasileiro. Procurada pelo RR, a Petrobras não quis comentar o assunto.

As tratativas envolvendo Petrobras e Saudi Aramco se dão em um contexto diplomático mais amplo e favorável ao Brasil. O presidente Lula foi um dos principais articuladores da entrada da Arábia Saudita, assim como de outros países, no bloco dos BRICs. Seu prestígio junto aos sauditas pode ser medido pelo recente encontro reservado com o príncipe Mohammed bin Salman por ocasião da reunião de cúpula do G20 na Índia.

O Brasil tem a oportunidade surfar na enxurrada de investimentos que a Arábia Saudita está fazendo para renovar sua matriz energética e econômica – baseada em petróleo, petróleo e petróleo. Recentemente, a própria Saudi Aramco anunciou investimentos de US$ 2,5 bilhões na instalação de duas usinas solares no país. Nos planos sauditas cabem projetos colossais, como The Line, a cidade futurista que está sendo construída no deserto e será toda abastecida com energia limpa. A associação com a Petrobras em transição energética tem correlação também com outros investimentos já feitos pelos árabes no Brasil, como a recente aquisição de 13% da Vale Metals pela Manara Minerals, leia-se o próprio PIF. Com o acordo, a Arábia passou a ter em território brasileiro uma privilegiada fonte de suprimento de níquel e cobre, essenciais para a produção de baterias elétricas.

#Arábia Saudita #Brics #Lula #Petrobras #Saudi Aramco

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Governo Lula costura aliança entre BRICs e banco de fomento da América Latina

31/08/2023
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O governo Lula está empenhado em redesenhar o mapa da geopolítica global. Após ser um dos artífices da entrada de novos membros no clube dos BRICs, ainda que em escala menor o Brasil quer fazer algo similar na CAF (Corporación Andina de Fomento). Segundo o RR apurou, o governo pretende liderar gestões para o ingresso de países dos BRICs no banco de desenvolvimento latino-americano. Já existem tratativas para a chegada dos Emirados Árabes e do Catar. Seria só um aquecimento.

O grande objetivo do Brasil é trazer, sobretudo, a China e a Índia, o que aumentaria o poder de fogo da CAF, hoje um organismo de pequeno calibre se comparado a outras agências de fomento multilaterais. Ressalte-se que os dois países já têm um pé na entidade: China e Índia, esta por meio do Eximbank of India, figuram entre os aliados globais da CAF.  

Tão ou mais importante do que o efeito concreto dessa parceria é o seu impacto simbólico. O governo Lula tem sido uma força motriz importante para a reconfiguração das alianças multilaterais, a partir de uma nova análise combinatória entre países e blocos. Trata-se de uma construção que tem sido erguida gradativamente, como neste caso específico. Em junho, por exemplo, o New Development Bank (NDB) – o Banco dos BRICs – e a CAF renovaram um acordo de cooperação firmado originalmente em 2016. Na ocasião, Dilma Rousseff, presidente do NDB, e Sergio-Diaz Granados, presidente-executivo da agência latino-americana, citaram textualmente a disposição de “co-financiar projetos de desenvolvimento públicos e privados em países de interesse mútuo”. 

Este é um movimento visto como estratégico dentro do Itamaraty. O apoio dos BRICs à CAF reforçaria a posição de liderança do Brasil na América Latina, colocando o país em uma posição ainda mais privilegiada nas relações de troca regionais. Ao mesmo tempo, evidenciaria a proeminência do Brasil entre os próprios BRICs. A inclusão dos Emirados Árabes Unidos e do Catar vai por este caminho. Sob certo aspecto, o ingresso dos endinheirados do petróleo no banco latino-americano seria uma espécie de contrapartida tácita ao empenho do Brasil para inclusão dos dois países entre os BRICs.

De acordo com uma alta fonte diplomática em Brasília, a iniciativa tem também o apoio da Argentina, um membro razoavelmente influente dentro do CAF. Nesse caso, em relação especificamente ao Catar, não há nada de tácito: o voto argentino seria mesmo uma retribuição ao recente empréstimo de US$ 775 milhões do país árabe para o governo de Alberto Fernández quitar obrigações financeiras junto ao FMI.

Como de hábito, não há jogo só de ida na geoeconomia global. Para nações como China e Índia, assim como outros membros dos BRICs, a associação à CAF seria um caminho para aumentar a influência em uma região chave para a economia do futuro. Na América Latina, a começar pelo próprio Brasil, estão alguns dos maiores projetos de transição energética em curso no mundo. O Mercosul, com sua produção de grãos, é um dos grandes fiadores da segurança alimentar no mundo. E quem quiser cobre, cobalto e, sobretudo, lítio terá de fincar bandeira na América do Sul.  

Em tempo: além dos BRICs, o Itamaraty trabalha também pela inclusão de países menos abonados da América Latina na CAF. Os dois primeiros seriam Belize e Martinica. O assunto deverá ser discutido na reunião de cúpula da CAF prevista para o próximo dia 14 de setembro, em Madri. 

#Brics #CAF #Lula

Política externa

Imbróglio logístico entre Brasil e Argentina chega ao fim

29/08/2023
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Uma novela diplomática que o RR vem acompanhando no backstage da diplomacia, detalhe por detalhe, está perto do fim: segundo uma fonte do Itamaraty, a Argentina já comunicou ao governo brasileiro que vai suspender a cobrança de pedágio na hidrovia Paraná-Paraguai. Para todos os efeitos, a decisão dos argentinos vai vigorar por 60 dias, o tempo para que o assunto seja discutido no Comitê Intergovernamental da Hidrovia. No entanto, no Ministério das Relações Exteriores, ninguém leva fé que o governo Alberto Fernández vai retomar o pedágio às embarcações que atravessam o corredor logístico. Sobretudo depois que Lula abriu a porta dos Brics para a Argentina e propôs que, na falta de dólares, o país vizinho possa pagar as exportações brasileiras com Yuan. Estava escrito nas estrelas – e no RR – que o governo Lula tinha crédito de sobra para acabar com o contencioso multilateral.  

#Alberto Fernández #Argentina #Brics #Lula

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Lula veste novamente o figurino de grande estadista da América Latina

1/11/2022
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Lula pretende assumir um protagonismo internacional mesmo antes da sua posse. Os assessores do petista para a área de política externa, à frente o ex-chanceler Celso Amorim, já discutem alguns movimentos mais agudos neste sentido. Uma das ideias que ganha corpo é a possibilidade de um encontro com o presidente russo Vladmir Putin. De volta à posição de principal liderança da América Latina, Lula buscaria, desde já, um papel relevante em eventuais tratativas internacionais em torno da guerra com a Ucrânia.

Seria uma agenda de estadista, com forte caráter humanitário. Não custa lembrar que, em agosto, o petista declarou que os demais membros dos Brics deveriam atuar em uma solução para o fim dos conflitos entre os dois países. Ressalte-se que, ontem mesmo, tanto Putin quanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, parabenizaram publicamente o petista pela sua vitória nas eleições. A reunião com Vladimir Putin seria o ponto de partida de uma série de agendas internacionais, em que Lula se apresentaria como um emissário da paz e do distensionamento.

Ou seja: de alguma maneira, o presidente eleito replicaria para o mundo a imagem de um conciliador, a exemplo do que tem sido a sua postura para dentro do próprio país – vide seu primeiro discurso após a vitória nas eleições, na noite do último domingo. O eventual encontro com Vladimir Putin reforçaria também a mensagem de que o governo Lula vai dar atenção especial aos BRICs em sua política externa. É mais do que esperado que o Brasil apoie a entrada da Argentina no bloco. Em setembro, o presidente Alberto Fernández – com quem Lula encontrou-se ontem, apenas um dia após a sua vitória nas eleições – enviou ao presidente da China, Xi Jinping, um pedido formal de ingresso no grupo dos países emergentes.

#Brics #Lula #Vladimir Putin #Volodymyr Zelensky

BRICs terão lugar especial na diplomacia de Lula

20/08/2021
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Devagar, devagarinho, Lula vai fazendo uma inflexão por trás dos panos no seu programa de governo para a política externa. O ex-presidente vem mantendo conversações tanto no âmbito doméstico quanto na esfera internacional – onde tem uma reconhecida rede de contatos – em torno de uma proposta para redesenho dos BRICs e da participação do Brasil no grupo dos países emergentes. A ideia orbita ao redor de dois eixos. O primeiro deles, nada original, é o alargamento dos BRICs, trazendo para o “clube” outas nações que não apenas as quatro originais do acrônimo (Brasil, Rússia, Índia e China), além da já incorporada África do Sul – cuja letra ainda não foi adicionada à sigla.

O segundo ponto é a transformação do Banco dos BRICs em algo mais próximo do Banco Mundial. A instituição teria um braço nos moldes e com a agilidade operacional do IFC (International Funding Corporation), passando, assim, a financiar não apenas Estados soberanos e entes subnacionais, mas também empresas privadas. Para Lula, a incorporação dos BRICs remodelados traria uma lufada de ar fresco a sua política externa. Não quer dizer que o petista esteja brigando com o passado. Tampouco negando a estratégia de intensificação das relações dentro da própria América Latina e com a África, que pautou o Itamaraty durante os oito anos do seu governo. No entanto, novos tempos pedem novas soluções.

Lula entende que há uma super oferta de liquidez no mundo e parte desses recursos poderia ser catalisada com o apoio do Banco dos BRICs e destinada às nações emergentes que fazem parte do grupo. Lula tem sido convencido de que o escopo do bloco precisa ser ainda mais ampliado. Hoje os BRICs são tudo, menos um mercado comum, com um tratado multilateral capaz de potencializar o comércio exterior entre os países. A proposta é de que o candidato pode usar seu prestígio internacional para galvanizar as conversas em torno dessa agenda.

Da mesma forma, o ex-presidente considera que o Brasil pode potencializar suas relações comerciais com os demais membros dos BRICs. Se o “MercoBRICs” fosse criado hoje, a situação comercial entre os países seria a seguinte: no ano passado, o Brasil teve déficit nas transações comerciais tanto com a Rússia (US$ 1,2 bilhão) quanto com a Índia (R$ 1,3 bilhão). No caso da China, por sua vez, o Brasil tem batido sucessivos recordes de superávit. Em 2020, o saldo a favor foi de US$ 33,6 bilhões, o correspondente  dos terços do superávit da balança comercial brasileira. No acumulado dos últimos cinco anos, as exportações para o país asiático superaram as importações em R$ 120 bilhões. Em tempo: Lula pretende usar mais as reservas do Brasil depositadas nas demais agências multilaterais, ou seja, Banco Mundial, BID e CAF.

#Brics #Lula

A bancada da milícia vai crescer

30/10/2020
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As próximas eleições serão marcadas pelo aumento do número de milicianos no Legislativo. A afirmação foi feita pelo antropólogo Luis Eduardo Soares, ex-Secretário Nacional de Segurança, no webinar “Milícias e captura eleitoral”, realizado na última quarta-feira pelo Foro Inteligência – canal especial de produção de conhecimento para os BRICS criado em parceria pela Insight e pelo BRICS Policy Center.

#Brics #Luis Eduardo Soares

Lula e Dilma só teriam a Força em outra galáxia

11/03/2016
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  Há um tempo não mensurável, em uma galáxia nas cercanias, personagens replicantes se confrontam em manifestações pelas ruas da cidade. Os seres análogos a Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, acuados pelas denúncias da oposição, veem exauridas as possibilidades de reagir ao adversário. Ambos perderam seu contato com a Força, leia-se a maioria da população sofrida e carente daquelas paragens do universo. Em um governo de coalizão com a traiçoeira timocracia e fragilizados pelos malfeitos de sua própria espécie, estão encurralados entre a masmorra e o abismo. Em meio à recessão, ao desemprego e à desesperança que se abatem sobre a República, a escolha só poderia ser governar para o povo e com o povo. A política de ajuste focada somente na redução do emprego, na desaceleração da economia e na queda do salário real seria revertida, tornando-se um fabuloso programa social e de retomada do investimento. Com essa decisão, “Dilma do B” unificaria sua base partidária, que se sentia traída pela adoção do receituário das hostes inimigas. O Lula intergaláctico, por sua vez, se tornaria ministro plenipotenciário para assuntos de Estado, com a missão de viabilizar o projeto o mais rapidamente possível, sem que isso significasse um ato de exceção diante de uma eventual condenação da Justiça.  Os replicantes Dilma e Lula ganhariam tempo para conseguir a tonicidade necessária à implementação das grandes reformas estruturais, que teriam sua realização garantida a partir do primeiro biênio de vigência das medidas. Como prova da solidez das iniciativas e da integridade das suas intenções, a dupla proporia a instituição do recall em um ano, contado a partir da data de anúncio das ações. A desaprovação popular, portanto, poderia  ceifar o mandato dessa “Dilma espacial” em pouco mais da metade da sua gestão. Ambos prestariam contas semanalmente em rede nacional de TV sobre os avanços e resultados do novo programa.  Os recursos seriam obtidos em fontes que não exigissem aprovação no Congresso, notadamente mudanças na Constituição, e tampouco implicassem a disparada da dívida pública bruta. A Petrobras seria capitalizada por meio da conversão do seu endividamento junto a bancos públicos em participação acionária e recompra de passivos por um fundo soberano constituído por fração das reservas cambiais. Os recursos da repatriação de capital, da securitização da dívida ativa da União, da venda emergencial de estatais e todo o patrimônio disponível seriam canalizados para esse “New Deal interestelar”. O orçamento da União seria preservado de uma contribuição maior. O governo iria buscar recursos no Banco Mundial, no BID, no Banco dos Brics e, eventualmente, através de dívida soberana para financiar o programa de recuperação do consumo. Os dois simulacros fariam da nova agenda a sua bala de prata para confrontar o exército inimigo. Mesmo que derrotados nessa guerra das estrelas, o ideário da República sobreviveria a um tempo de equívocos e arrependimentos. Cabe a pergunta: a Força estará com eles?

#Banco Mundial #BID #Brics #Dilma Rousseff #Lula #Petrobras

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