Sucessão de Mata Pires é um entrave à venda da OAS

  • 29/08/2017
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O falecimento de Cesar Mata Pires surge como um complicador para os planos de venda da OAS. O empreiteiro estava em conversações avançadas com um grande grupo chinês da construção pesada. Agora, a ausência de Mata Pires automaticamente empurra a questão para um território mais arenoso, no qual despontam seus herdeiros e seu notório sócio, Leo Pinheiro.

A situação dos três lança um ponto de interrogação sobre o futuro da construtora e o desenrolar das tratativas com os chineses. Dono de 10% da OAS, Leo está preso, após ser condenado, já em segunda instância, a 26 anos de detenção. Por sua vez, os dois dos três filhos do empreiteiro que estão à frente dos negócios da família, Cesar Mata Pires Filho e Antonio Carlos Mata Pires, negociam um acordo de delação. Procurada pelo RR, a OAS não quis se pronunciar.

A morte de Mata Pires é um obstáculo não só à venda do controle da OAS, mas à resolução de outras pendências que orbitam em torno do processo de recuperação judicial da empreiteira. Uma das mais fulcrais é a transferência, para os seus próprios credores, da participação societária da companhia na Invepar. Sem Cesar Mata Pires, a OAS perde seu sistema nervoso central, sua voz única de comando.

A fragmentação do poder decisório tem outros agravantes: consta que o relacionamento entre Leo Pinheiro e os filhos de Mata Pires se desgastou durante a Lava Jato. Antonio Carlos e Cesar Mata Pires Filho carregam a fama de brigões. Têm a quem puxar: em suas veias e artérias há a efervescente mistura do sangue de Cesar Mata Pires ao do avô materno, Antonio Carlos Magalhães. O próprio espólio de ACM é um exemplo desse poder de combustão. Ao lado de Mata Pires, seu marido, Tereza Magalhães, filha do ex-governador baiano, entrou com uma ação contra os irmãos e a própria mãe reclamando uma fatia maior na partilha. O contencioso durou quase 15 anos.

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