State Power descarrega bilhões para ser nº 1 do setor de geração

  • 7/06/2018
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A venda da Eletropaulo para a Enel ainda reluz nas manchetes e já existe outra grande operação de M&A em gestação no setor elétrico. O RR apurou que a chinesa State Power Investment Corporation (SPIC) costura sua entrada no capital das usinas de Santo Antônio e de Jirau, dois dos maiores projetos hidrelétricos da Amazônia. No primeiro caso, o ingresso se daria com a compra da participação da Cemig (10%) e de parte das ações em poder de Furnas, detentora de 39%. A Eletrobras, por sinal, é o ponto de interseção entre as duas operações. A porta de entrada da SPIC em Jirau seria a aquisição de um naco das ações pertencentes à Chesf e à Eletrosul, que, juntas, detêm 40% da Energia Sustentável do Brasil, consórcio controlador da hidrelétrica.

Para atar todos esses fios societários, estima-se que o desembolso dos chineses ultrapasse os R$ 12 bilhões. Procuradas pelo RR, SPIC, Eletrobras e Cemig não quiseram se pronunciar. A operação parece feita sob medida para as circunstâncias e as pretensões de seus três protagonistas. A SPIC, que recentemente pagou R$ 7 bilhões para comprar a hidrelétrica de São Simão junto à Cemig, se tornaria o maior grupo privado de geração de energia do Brasil. A empresa passaria a ter em sua carteira um colar de usinas com capacidade de produção de mais nove mil MW, superando a franco-belga Engie e a conterrânea Three Gorges – hoje as duas principais empresas do segmento.

A Cemig, por sua vez, está no meio de uma tour de force para alienar ativos e reduzir sua alavancagem financeira. Desde o ano passado, busca um comprador para a sua participação na Usina de Santo Antônio. A operação também aliviaria o torniquete da Eletrobras. A venda de uma parcela das respectivas participações de Chesf, Eletrosul e Furnas nas duas hidrelétricas geraria caixa em um momento de notória fragilidade financeira do grupo.

O próprio governo enxerga a operação com bons olhos, mesmo porque, a esta altura, ninguém mais em Brasília acredita na venda das distribuidoras federalizadas e muito menos na privatização da Eletrobras. Ressalte-se ainda que não é de hoje que a Eletrobras tem reduzido gradativamente sua participação no segmento de geração de energia elétrica. Em 2011, a companhia era responsável por 36% da capacidade instalada no país; hoje, esse índice beira os 30%. E tende a cair. Na década passada, a Eletrobrás respondeu por 28% da expansão da geração no Brasil. De 2011 para cá, entrou apenas com 15% dos novos projetos.

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