Prisão de Eike fecha o cerco ao “premiê” de Cabral

  • 1/02/2017
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A prisão de Eike Batista e sua eventual delação prometem trazer para a ribalta um personagem chave no governo de Sérgio Cabral: o ex-secretário da Casa Civil Regis Fichtner. Segundo confidenciou ao RR um deep throat da “república de Curitiba”, os procuradores da Operação Calicute, o braço da Lava Jato no Rio, estariam puxando o fio da meada dos pagamentos feitos pelo Grupo EBX ao escritório de advocacia Andrade & Fichtner, do qual o ex secretário de Cabral é sócio. A firma presta serviços à LLX, em um contrato que remonta à construção do Porto do Açu. À época, em 2009, o governo Cabral desapropriou, com rara celeridade, cerca de 90 quilômetros quadrados para a instalação do complexo logístico-portuário.

Dezenas de proprietários de imóveis e terras entraram na Justiça contra a LLX e o estado. Do limão, fez-se uma limonada. Coube ao Andrade & Fichtner defender a empresa. Àquela altura, o escritório era comandado pela irmã de Regis Fichtner, Viviane Fichtner Pereira. O então secretário da Casa Civil estava afastado da banca havia três anos – ao deixar o governo, retornou para a empresa. Procurado, o Ministério Público Federal não se pronunciou até o fechamento desta edição, alegando que todos os procuradores que acompanham o caso estavam envolvidos com o depoimento de Eike à PF. Por sua vez, o Andrade & Fichtner confirmou que presta serviços à LLX desde abril de 2009. Disse desconhecer “a existência de qualquer investigação” no âmbito da Calicute. Por fim, afirmou que o sócio Regis Fichtner não tem qualquer relação de “parentesco, afinidade, amizade ou inimizade” com Eike Batista.

Regis Fichtner foi um dos personagens mais poderosos da gestão Cabral. Era praticamente o seu “primeiro-ministro”: cuidava da articulação política à contratação de fornecedores, passando pelas grandes obras e projetos do estado. Foi também tesoureiro na primeira campanha de Cabral ao governo do Rio,  em 2006. Em 2010, embora a função tenha sido oficialmente entregue a Wilson Carlos Carvalho – preso em novembro –, auxiliou na arrecadação de doações para a reeleição do governador.

Entre outras esquinas, Eike Batista e Regis Fichtner também se encontraram na concessão do Maracanã, em 2013. À época, Fichtner conduziu o processo de privatização do estádio, inclusive representando pessoalmente o governo em audiências públicas. A licitação foi vencida pelo consórcio Maracanã S/A, liderado pela Odebrecht. Não obstante sua diminuta participação societária por meio da IMX – apenas 5% –, Eike era a principal face, quase o garoto-propaganda do pool de investidores, que tinha ainda a norte-americana AEG.

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