Pfizer conta as pílulas que faltam para controlar o Teuto

  • 30/11/2015
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  Em meio ao estardalhaço gerado pela aquisição da Allergan, a maior operação de M&A da história da indústria farmacêutica, discretamente a Pfizer retomou uma conturbada negociação no mercado brasileiro: a compra dos 60% restantes do Teuto pertencentes aos quatro filhos do fundador da empresa, Walterci de Melo, que morreu em maio do ano passado. As duas partes concordaram em contratar um banco para definir o valuation da companhia e, consequentemente, da participação em poder da família. Trata-se não apenas de um passo fundamental para a transferência do controle, mas, sobretudo, um sinal de trégua numa tensa relação societária, que se acicatou ainda mais após o falecimento de Walterci. Do lado da Pfizer, quem está à frente desta intrincada operação é o próprio presidente da subsidiária brasileira, Victor Mezei. O executivo traz o handicap de ter conduzido a negociação com Walterci de Melo para a compra dos 40% do Teuto. Pela companhia goiana, as tratativas têm sido lideradas por Marcelo Leite, presidente do laboratório e homem de confiança de Walterci, e por um dos filhos do empresário, Ítalo Melo. Consultada, a Pfizer não quis se manifestar. Já a Teuto disse que “as partes avaliam o melhor momento” para concluir a transferência do controle.  Ao fechar a aquisição de 40% do Teuto, em 2010, a Pfizer acertou com o empresário uma opção de compra do restante do capital que poderia ser exercida em 2014 – posteriormente, o prazo foi estendido para 2016. À época, ficou acordado que os norte-americanos pagariam, pelos 60%, o valor proporcional de 14,4 vezes a geração anual de caixa do laboratório goiano. O que era para ser um balizador para o ato final da operação se tornou um cabo de guerra após a morte do patriarca. Desde então, a Pfizer passou a acusar os filhos de Walterci de Melo de inflar o Ebitda do Teuto para forçar a venda do controle em condi- ções irreais. A rigor, a multinacional não tinha qualquer obrigação de tomar uma decisão: bastaria esperar por 2016 e a opção de compra estaria automaticamente desfeita. Só que, do outro lado, a família subiu o tom: desde o ano passado, ameaça entrar na Justiça para retomar os 40% em poder dos norte-americanos, sob a alegação de que o acordo firmado por Walterci de Melo era lesivo aos interesses dos herdeiros. Neste clima de guerra fria, a Pfizer permanece onde sempre esteve. O que mudou foi a capacidade bélica dos herdeiros de Walterci de Melo. Seu paiol se esgotou e hoje a família se encontra em uma posição de fragilidade. Os R$ 400 milhões pagos pela Pfizer em 2010 praticamente se evaporaram no pagamento de dívidas e em malsucedidos investimentos da famí- lia em outros negócios, notadamente no setor agrícola.

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