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Walter Faria prepara o trono para a filha

  • 16/03/2016
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  Na segunda maior cervejeira do país, a palavra “sucessão” ainda é pronunciada com extrema cautela, quase aos sussurros – mesmo porque são muitas as leveduras que podem interferir na fermentação deste processo. No entanto, salta aos olhos dos executivos da companhia a rápida ascensão de Giulia Faria, filha de Walter Faria, no comando do Grupo Petrópolis. Em um espaço de tempo razoavelmente curto, a empresária de 24 anos teria ampliado seu raio de ação na gestão dos negócios, ainda que, em alguns casos, dividindo espaço com outros diretores ou com o próprio pai. Antes restrita à área de marketing, onde deu seus primeiros passos na Petrópolis há pouco mais de dois anos – hoje, todas as campanhas publicitárias passam pelo seu crivo –, Giulia estaria à frente dos planos de expansão da empresa em novos segmentos, notadamente o de cerveja premium. Walter Faria também a teria encarregado de buscar novas marcas no exterior, sobretudo nos Estados Unidos. Se o objetivo do empresário é submeter a filha a uma espécie de vestibular de gestão, deu-lhe uma prova na qual executivos bem mais experientes já fracassaram. A Petrópolis praticamente inexiste no segmento de cervejas premium, no qual a empresa acumula alguns fracassos. O mais recente foi a tentativa de uma parceria com a SABMiller para engarrafar marcas da companhia no país. No meio do caminho, a cervejaria sul-africana foi comprada pela AmBev e as negociações viraram espuma.  Gradativamente, Walter Faria também teria dividido com a herdeira a responsabilidade de capitanear a expansão territorial da Petrópolis, com foco no mercado nordestino. Ao lado do pai, Giulia Faria vem participando das negociações com prefeitos na escolha do local que abrigará a terceira fábrica da empresa na região – o Ceará é o candidato mais forte. Em dois anos, a cervejaria instalou suas duas primeiras unidades industriais no Nordeste, uma em Alagoinhas (BA) e outra em Itapissuma (PE). Aquele é um pedaço do mapa estratégico para o grupo: no ano passado, a empresa teve um crescimento na região superior a sua performance no restante do país. Em pouco mais de um ano, pulou de 9% para 15% de share, tomando mercado principalmente da Brasil Kirin.  Procurada, a Petrópolis nega que exista qualquer processo de sucessão em curso. Afirma também que Giulia segue circunscrita ao marketing. Talvez o marketing tenha engolido outras áreas da empresa, o que explicaria a constante presença da executiva em reuniões das quais não costumava participar, com distribuidores, bancos e possíveis parceiros. A escalada de Giulia Faria na gestão da Petrópolis suscita diferentes interpretações mesmo entre privilegiados espectadores do processo. Há quem diga que tudo acontece dentro do tempo natural das coisas, de acordo com os planos e o ritmo traçados por Walter Faria. Neste caso, sequer passaria pela cabeça do empresário deixar a linha de frente da gestão, mesmo porque a Petrópolis tem suas sutilezas e particularidades – caso, por exemplo, das relações comerciais com os distribuidores, um caminho cheio de atalhos e trilhas que só o patriarca sabe percorrer. Para outros, no entanto, tudo se deu de forma rápida demais. É como se Walter Faria tivesse a firme preocupação de acelerar o ciclo de maturação da herdeira, antevendo um tempo, neste momento de ciladas mil para o empresariado brasileiro, em que ele próprio possa não estar pessoalmente à frente dos negócios.

#Ambev #Brasil Kirin #Grupo Petrópolis #SAB Miller

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