Um réquiem para o Rio direto de Londres

  • 29/03/2022
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Sábado, 19h30, a temperatura girando em torno de sete graus, com sensação térmica de quatro graus. Londres mais Londres do que nunca. O cenário é o restaurante estrelado Savoy Grill, ao lado do tradicional hotel Savoy. A cozinha da casa é pilotada pelo renomado chefe Gordon Ramsay. Quase no centro do salão, uma mesa ocupada por dois homens jovens chamava a atenção pelo tom de voz alto de ambos. O RR estava ao lado e entreouviu a conversa, identificando a dupla como gestores de fortunas de uma badalada asset management carioca. Um deles conhecido pela newsletter. O papo foi mais ou menos o seguinte:

Sr. A: O Rio está inviável. Não faz mais sentido permanecermos na cidade.

Sr. B: Todas as instituições financeiras vão partir.

Sr. A: Ficarão só o Dínamo, o Gávea e o Opportunity.

Sr. B : Mais o Opportunity não é bem uma gestora ou banco. É um bicho diferente. Sempre foi.

Sr. A: Vão sair todos. Questão de tempo.

Sr. B: A parada é São Paulo. É onde está todo mundo. E o dinheiro está lá.

Sr. A: Ou aqui, em Londres, que é a capital da grana. O André (Esteves) sacou na frente. Fez o circuito São Paulo/Londres/São Paulo.

Sr. B: Não tem jeito. Vamos sair. Só ficarão os obsessivos ou perdedores.

Pausa para um bife Wellington, preciosidade da casa, servido por um garçom treinado até a medula.

Um dos homens reconheceu o RR, acenou um tanto constrangido e voltou a conversar com seu interlocutor. Agora, em voz baixa. Síntese do jantar: o Rio vai ficar um deserto. Mexa-se Eduardo Paes. Antes que o dinheiro grosso da cidade escoe pela ponte aérea.

#Eduardo Paes #Rio de Janeiro

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