Destaque

Um ponto de interrogação nos negócios da Vale em metais básicos

  • 9/04/2024
    • Share

Há um ponto de atenção na divisão de metais básicos da Vale – a Vale Basic Metals (VBM) Os negócios da empresa no Peru têm exigido uma atenção especial da gestão de Eduardo Bartolomeo – ou de quem venha a ocupar seu cargo – e, por extensão, dos novos sócios da companhia na área de não ferrosos – a Manara, joint venture entre o fundo soberano saudita PIF e a mineradora Ma´aden, e a Engine. Segundo informações filtradas da própria Vale, há fatores de risco que podem forçar a mineradora a reavaliar ou mesmo suspender investimentos no país vizinho, justo no momento em que importantes projetos começam a sair do papel. Uma dessas ameaças vem da esfera tributária. O governo da presidente Dina Boluarte estuda aumentar os impostos sobre o setor de mineração. Há uma pressão política nesse sentido, a partir do entendimento de que as empresas do setor ganham muito e retribuem pouco ao Estado. Uma das propostas em estudo é a criação de um fundo soberano com recursos amealhados da taxação sobre o cobre – o país é um dos três maiores produtores mundiais do minério. Fala-se também na cobrança de royalties com base no lucro das mineradoras – algo similar à CFEM, no Brasil.

Ao mesmo tempo, a Vale enfrenta problemas na área de ESG, um território no qual a companhia é um benchmarking às avessas – vide as tragédias socioambientais de Brumadinho e Mariana. Há pressões de comunidades indígenas contra a atuação da empresa brasileira. O caso mais rumoroso ocorre no distrito de Vischongo, no departamento de Ayacucho. Etnias indígenas, especialmente os Quechua, alegam que as concessões da Vale na região de Chuku Urqu – “Vale914” e “Vale915”, obtidas pela subsidiária Vale Exploration Peru – são ilegais, uma vez que teriam sido outorgadas pelo governo federal sem aprovação das autoridades locais. Com o apoio de ONGs internacionais, cobram do governo a revogação das licenças da empresa brasileira. Procurada pelo RR, a Vale não se manifestou.

A reação das comunidades locais é alimentada pelo próprio avanço da Vale no Peru. No momento, a empresa ensaia uma nova leva de investimentos no país. O RR apurou que, na semana passada, a companhia encaminhou ao Instituto Geológico Mineiro e Metalúrgico (Ingemmet) o pedido de nove concessões para a extração de cobre nas regiões de Acayucho, Huancavelica e Tacna, no sul do país. A Vale já desenvolve atividades exploratórias do mineral em jazidas localizadas em Ancash e Moquegua. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas a Vale sabe melhor do que ninguém que caminha sobre um terreno arenoso e instável. Segunda a mesma fonte, a diretoria da Vale condiciona os novos investimentos a uma melhora do ambiente.

#Vale

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.